NOTAS INICIAIS
Esse é um capítulo especial. É mais curto e intimista. E ele é completamente dedicado a dois personagens muito amados por todos nós.
A DESCOBERTA DO OUTRO
"A princípio foi esse olhar um simples encontro; mas, dentro de alguns instantes, era alguma coisa mais. Era a primeira revelação, tácita mas consciente, do sentimento que os ligava (...) As mãos, de impulso próprio, uniram-se como os olhares; nenhuma vergonha, nenhum receio, nenhuma consideração deteve essa fusão de duas criaturas nascidas para formar uma existência única."
Helena, Machado de Assis, 1876.
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Helena estava na biblioteca lendo após o jantar.
Ela estava sozinha na mansão. Dick estava patrulhando a cidade, Alfred estava na caverna auxiliando-o e Damian ainda estava com os Titãs. A garota sentia-se um pouco entediada, mas também estava cansada do intenso treinamento que estava realizando, então não reclamou de passar a noite de sexta com um chá que ela mesmo preparara e um livro que planejava terminar de ler.
Ela estava muito concentrada na leitura, mas não ao ponto de ouvir quando a porta da sacada foi aberta. Ao olhar na direção do ruído, ela percebeu um vulto na penumbra.
- Você? – Helena indagou fechando o livro e repousando-o sobre suas pernas.
O vulto se aproximou tomando forma e logo estava em frente a poltrona onde Helena estava.
- "Helena" – ele pegou o livro que estava sobre as pernas da garota e leu o título. – Tem seu nome... do que se trata a história? – indagou curioso.
- É sobre uma garota que vivia em um colégio interno e é levada para morar com o meio-irmão, filho de seu pai. Mas ela e o irmão se apaixonam...
- Que falta de sorte... – ele disse engolindo em seco. – Além de muito errado...
- Nem tanto... eles descobrem que não são irmãos de verdade...
- Então fica tudo bem? – ele supôs com um ponta de esperança.
- Não, Helena morre e seu meio-irmão se casa com outra. – ela respondeu encarando-o.
Um silêncio incômodo surgiu entre os dois.
- Eu vim lhe devolver isso. – ele falou após um momento, colocando o livro sobre a mesinha ao lado da poltrona e estendendo um envelope branco que tirara do bolso do casaco. – Eu só abri hoje...
- Eu gostaria que ficasse com ele, Jason. – Helena disse ao ver o envelope.
- Eu não quero. – ele insistiu. – É seu.
- Por favor, me sinto em dívida com você. - Helena disse levantando-se e ficando frente a frente com ele. - Eu não te paguei pelo apartamento, nem pela comida...
- Você não me deve nada. – ele desviou o olhar. - Além do mais, essa é toda a grana que você economizou nesses meses. Você disse que era para sua liberdade e tem que usá-la pra isso.
- Que liberdade? – ela riu com amargura. - Eu não vou precisar enquanto estiver presa nesse lugar.
- Helena, eu não vou ficar com seu dinheiro. – disse categórico. - Eu não preciso dele!
- Será que não precisa? – ela duvidou. - Você nem consegue trocar aquele maldito sofá que está caindo aos pedaços!
- Eu não quero o dinheiro. – Ele reiterou jogando o envelope ao lado do livro sobre a mesinha. – E não preciso de você dizendo o que eu devo comprar pro meu apartamento.
- Tem razão, é o seu apartamento. – ela disse ressentida. – Faça bom proveito dele. Era só isso?
Jason olhou-a por um instante, mas não respondeu. No instante seguinte, ele deu as costas para a garota e andou para sacada. Helena ainda o olhou a tempo de vê-lo desaparecer.
Ela suspirou quando ele desapareceu. Por que tinha que ser assim? Diabos, seu desejo era abraçá-lo, mas só conseguia afastá-lo todas as vezes.
Como fazia com todo mundo...
Chateada, ela perdeu interesse pelo livro que estava lendo pela segunda vez e foi recolocá-lo na estante, sem dar atenção ao envelope que Jason deixara na mesinha. Ouviu um barulho vindo da sacada e seu coração disparou, virou-se para ver que ele havia voltado.
Mas não era o Jason que estava ali. Um... dois... três... quatro vultos vestidos de preto que estavam parados na biblioteca cercando-a, suas espadas brilhavam sob a luz do luar que entrava pela sacada.
Helena deu um passo para trás.
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Os vultos se aproximaram na direção de Helena e ela pegou um candelabro de prata que estava sobre o console da lareira, colocando-se em guarda.
Antes que qualquer um pudesse se aproximar dela, estampidos de bala foram ouvidos. Um vulto alto surgira pela sacada e começara a atirar contra os ninjas que afastaram-se da garota, buscando se desvencilhar dos tiros.
- Helena! Venha comigo!
Helena lutava para soltar-se dos braços de um dos ninjas que se aproximou e tentava segurá-la. Ela conseguiu acertá-lo na cabeça com o candelabro de prata e correr até o atirador, protegendo-se atrás dele. Eles correram enquanto ele atirava e pularam juntos pela mureta da sacada, caindo sobre o canteiro de rosas. Helena machucara o tornozelo na queda, mas conseguiu se levantar e acompanhou o rapaz, mesmo com dificuldade.
- Por aqui. – Jason voltou para ajudá-la e eles correram juntos até a moto dele que não estava muito longe dali. Ele atirava contra os vultos que os perseguiam. Quando chegaram a motocicleta, Jason acelerou o máximo que pôde, levando Helena consigo.
Em pouco tempo estavam fora do terreno da mansão Wayne.
- Al, alerta vermelho. – Jason falou pelo comunicador enquanto fugiam pela estrada.
- Já estou ciente, mestre Jason. – a voz calma do mordomo foi ouvida.
- Você está protegido?
- Sim, estou na caverna. O sistema de segurança da mansão foi ativado. A senhorita Helena está bem?
- Está. – Jason respondeu enquanto dirigia rápido. - Vou levá-la comigo até que a mansão esteja segura.
- Faça isso. Entrarei em contato.
Jason acelerou pela estrada escura, os braços de Helena lhe abraçavam com força.
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Quando chegaram a garagem do velho prédio e Jason estacionou a moto, eles andaram rápido até o velho elevador.
- Você está bem? – Jason indagou preocupado quando o elevador fechou, só agora vendo o estado da garota. Helena estava suja e tinha algumas escoriações nos braços e o jeans que estava vestindo havia rasgado nos joelhos.
- Estou bem. – Helena disse avaliando seus machucados. – Acho que caí de mal jeito... Mas, o que aqueles invasores estavam fazendo na mansão? Aquele não era o lugar mais seguro de Gotham?
- Devia ser. – Jason disse enquanto digitava no celular, guardando-o em seguida no bolso da calça. – Acho que já avisei todo mundo. Ei, você tá sangrando... – ele disse ao ver um grande arranhão no braço de Helena, levantando a mão para tocá-lo.
- Não é nada. É superficial. – Helena falou afastando o braço. – Devo ter arranhado nas roseiras... Aqueles ninjas foram enviados para me matar?
- Eles não queriam matá-la, se quisessem, você estaria morta agora. Eles não costumam deixar sobreviventes. Eles queriam levar você.
- Você os conhece?
- Talvez...
O elevador abriu e eles saíram, chegando ao apartamento em seguida. Quando entraram no local escuro, Helena olhou em volta sentindo uma onda de emoção.
Jason acendeu apenas a pequena luminária que ficava em sua mesa de trabalho e abriu um dos armários secretos na parede, de onde tirou algumas armas que passou a carregar.
- O que acontece agora? - Helena indagou quando ele terminou de carregar duas pistolas e um fuzil.
- Nós esperamos. – Jason disse tirando o casaco, afastando-se dela. – Alfred vai entrar em contato quando a mansão estiver segura.
Jason acendeu outra luminária que ficava próximo ao seu sofá, deixando o ambiente um pouco mais iluminado e se afastou, indo até a cozinha. Helena olhou em torno e o lugar parecia exatamente o mesmo, exceto por um detalhe.
- Você trocou o sofá! – Ela falou surpresa observando que o velho sofá cor de musgo fora trocado por um elegante e confortável sofá-cama bordô.
- Eu tinha encomendado antes de você ir embora. – ele disse retornando com duas latas de refrigerante, entregando uma para Helena. – Mas agora acho que não vou precisar mais dele...
- Ele é bem confortável. – Helena disse sentando-se no sofá-cama, enquanto tomava seu refrigerante em grandes goles. Ela terminou a bebida e colocou a lata sobre uma mesinha, então olhou para Jason que tomava seu refrigerante, encostado na mesa de trabalho. – Eu não queria ter saído daqui. – Ela sentiu necessidade de falar. – Mas... Nos últimos dias, você nem ficava mais aqui, talvez por que minha presença era incômoda... então acho que saí na hora certa...
- Por que você sempre entende tudo errado? – Jason indagou exasperado amassando sua lata de refrigerante vazia e atirando-a no cesto de lixo que ficava ao lado de sua mesa de trabalho. – Eu não ficava aqui, porque não suportava mais ficar no mesmo ambiente que você, e não porque você incomodasse ou porque eu não gostasse de você... – ele fez uma pausa. – mas porque eu gosto muito.
Helena emudeceu. Ele estava mesmo dizendo o que ela achava que ele estava dizendo? Não, ela sabia que não estava certo.
- Eu beijei você... - ela disse levantando-se e indo até ele. – e você me rejeitou... eu pensei que...
- Eu me afastei enquanto ainda tinha autocontrole. – ele suspirou. – Eu não queria que você fizesse algo que fosse se arrepender no dia seguinte.
- Por que eu me arrependeria? – ela falou dando mais um passo na direção dele, seus rostos muito próximos. Os corações dos dois igualmente acelerados. – Eu queria aquilo... – ela hesitou por um instante. – e ainda quero. – confessou olhando-o, seu estômago gelado.
Ele não esboçou reação. Um pouco decepcionada, Helena deu passo um para trás dando-lhe as costas, escondendo o rosto, já arrependida de suas palavras.
- Aquele dia eu tomei a iniciativa, mas isso não vai mais acontecer. – ela entrou em seu modo de defesa. - Eu não quero ser rejeitada de novo.
Jason não se mexeu e Helena achou que a conversa estava terminada. Ela sentiu que precisava se sentar, pois suas pernas estavam sem forças, tencionou caminhar de volta ao sofá-cama, mas foi detida quando Jason segurou sua mão.
Ela virou-se para olhá-lo e ele levou uma das mãos ao rosto dela e a olhou como se quisesse dizer algo, mas não disse.
Ao invés disso, ele se aproximou devagar e a beijou.
Jason levou uma das mãos aos cabelos dela, enquanto sua outra mão desceu pelas costas de Helena, trazendo-a para perto dele.
- Eu nunca te rejeitaria. – ele sussurrou quando deixou de beijá-la na boca e passou a explorar-lhe o pescoço com pequenos beijos.
Helena não foi capaz de articular uma resposta. Ela apenas deixou a cabeça pender e fechou os olhos, enquanto sentia a boca dele passear por seu pescoço e colo, acordando todo o seu corpo de uma forma que não acontecia há muito tempo.
Jason desceu as mãos pelas costas e quadris de Helena, mas hesitou ao alcançar a barra da camiseta dela. A garota afastou-se dele por um momento, e retirou a peça de roupa deixando à mostra a pele alva que contrastava com o sutiã preto, sem deixar dúvidas de sua intenção. Era possível observar sua respiração acelerada. Ela se aproximou dele e o ajudou a se livrar das barreiras que havia entre ambos. Em passos cegos, eles encontraram o caminho até o sofá-cama, onde Jason depositou o corpo de Helena antes de colocar-se sobre ela.
O toque de Jason era áspero, no entanto, preciso. Ele sabia onde tocar e como tocar, e pareceu se deliciar em como Helena reagia, ofegante e mordendo os lábios como que para conter um grito. E cada gemido dela o encorajava a continuar.
Helena era apenas sensação. Suas unhas marcavam os ombros e as costas de Jason enquanto ele explorava seu corpo em um misto de toques, mãos, dedos, lábios, línguas. Ela tentou retribuí-lo, mas Jason tomara o controle, entregando-lhe toda a iniciativa que ela cobrara dele.
Ao invés de rejeitada, Jason demonstrava agora como ela era desejada e Helena sentia isso no toque possessivo, urgente e nas evidências no corpo dele. Eles não se demoraram muito em carícias, tinham pressa, haviam esperado por tempo demais. E numa rápida troca de olhares, eles concordaram que estavam prontos.
E então, eles perderam-se um no outro.
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Tudo estava muito quieto.
Eles estavam deitados lado a lado. Exaustos, suados e ainda respiravam com dificuldade, mas não se tocavam mais.
O silêncio quase constrangedor que se instalou só foi quebrado quando eles se sobressaltaram ao ouvir um som de vibração.
Jason esticou o braço para pegar o celular que vibrava em sua calça que estava no chão ao lado do sofá-cama e Helena cobriu o corpo com uma coberta.
- Sou eu. – ele se sentou no sofá-cama e falava ao telefone sem se importar em cobrir sua nudez. Helena olhou para as linhas vermelhas nas costas dele, marcas que ela fizera.
– É claro que ela está bem!... – Jason falava aborrecido. - Estamos no meu apartamento ainda... É claro que aqui é seguro! Você o que?... Não é necessário... Em quanto tempo? Não preci—
Jason resmungou irritado quando desligou o telefone.
- Damian está a caminho. – disse voltando-se para olhar Helena.
A garota se sentou assustada, ainda coberta pelo lençol.
- Eu preciso... Ele não pode nos ver assim...
- Calma, - Jason pediu segurando-a pelos ombros e olhando-a. – Ele ainda vai demorar um pouco... acabou de chegar em Gotham.
Ela pareceu se acalmar com a notícia de que o irmão menor ainda demoraria, mas Jason percebeu que ela não parecia compelida a afastar-se do lençol que cobria seu corpo. Parecia tímida e desconcertada e Jason achou aquilo comovente. A maioria das garotas com quem ele transava pediam para acender um cigarro em seguida, não que ele as reprovasse por isso, mas ele apenas estava intrigado com a timidez de Helena. Resolveu dar espaço a ela.
- Eu estou morrendo de sede! – ele disse levantando-se e saiu muito à vontade, Helena acompanhando-o com os olhos. Jason parou no armário que servia de closet e pegou uma box preta, vestindo-a. Voltou pouco depois com uma garrafa d'agua e entregou para a garota.
Helena pegou a garrafa e bebeu em silêncio.
- Está tudo bem? – Jason indagou após terminar de beber sua água. – Eu fiz alguma coisa errada?
- Não. – Helena respondeu ainda tensa. – É que... Eu não sei o que fazer agora...
- Que tal um banho? – ele indagou tentando deixar as coisas mais leves, mas Helena lhe lançou um olhar assustado. – Um banho só pra você, Helena. – ele apressou-se em explicar. - Eu não preciso estar junto.
Ele buscou um roupão de banho para ela e voltou para a cozinha deixando-a à vontade para se levantar. A garota foi até o banheiro e fechou a porta.
Jason estava confuso. Tivera momentos intensos com Helena há pouco e agora ela agia como uma esposa virgem na lua de mel. Ele repassava tudo e sabia que não tinha feito nada de errado, sabia que tinha respeitado os limites dela e sabia que ela tinha curtido assim como ele. Pelos deuses, aqueles gemidos não eram de sofrimento...
Ele colocara burritos congelados no microondas e voltou ao armário de roupas para vestir uma calça, o que foi muito acertado, por que mal terminara de se vestir, um mal-humorado Damian Wayne adentrava pela janela de seu apartamento.
- Onde está minha irmã?
- Ela está no banho. – Jason respondeu tentando não parecer culpado, mas ele acompanhou o olhar do menino que foi das peças de roupa espalhadas pelo chão do apartamento até o sofá-cama desarrumado.
Era óbvio demais.
Jason preparou-se para um surto de Damian e talvez um chute em suas regiões mais sensíveis, mas o menino apenas deu-lhe as costas.
- Leve-a de volta para mansão. Já está seguro lá. Nosso pai está chegando, então não demore.
O garoto desapareceu pela janela deixando Jason muito intrigado.
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Helena saiu do banheiro alguns minutos mais tarde.
- Damian esteve aqui. – Jason comentou e a garota arregalou os olhos em pânico, seu olhar caindo direto sobre o seu sutiã e sua calcinha embolada que ainda estavam no chão da sala.
– Ele não...
- Sim, eu acho que ele sacou. – Jason foi direto. – mas ele não surtou, o que foi bom, embora muito estranho. Ele parecia preocupado. Disse para voltarmos a mansão o mais rápido possível.
- Isso não é bom... – Helena disse preocupada.
- Pegue, vista isso. – Jason entregou algumas roupas a ela. – Foi tudo o que encontrei, você deixou em uma bolsa embaixo da cama. Vou tomar um banho, tem burritos no microondas.
Helena vestiu o short azul e vermelho e a camiseta com os dizeres "Daddy's little monster" que pertenciam a sua fantasia de Arlequina, de seu trabalho no Batburger. Agora parecia fazer um milhão de anos que ela trabalhara lá.
Ela juntou as roupas que estavam pela sala e colocou no cesto de roupa suja, em seguida arrumou o sofá-cama e então sentou-se à mesa da cozinha para comer os burritos que Jason preparara, percebendo que estava faminta.
Quando Jason saiu do banho, ela o acompanhou olhando de esguelha, e em poucos instantes sentara-se a mesa com ela. Ele vestia um jeans, um casaco e uma camiseta vermelha.
- Esses burritos são ótimos, não são? – ele disse pegando um dos burritos e dando uma grande mordida. – e você ainda fica dizendo que comida congelada não é comida de verdade.
- Mas não é. – Helena teimou vendo-o comer mais dois burritos em questão de segundos.
- Se não é comida, você devia parar de comer. – disse tomando o burrito que Helena levava a boca.
- Ei, me devolve isso! – Helena protestou debruçando-se sobre a mesa para tomar o seu burrito, mas era tarde demais, Jason o colocara na boca de uma vez.
- Muito engraçado... – Helena disse revirando os olhos e voltando ao seu lugar. – Você é um grande chato, Jason.
- E você é linda. – ele disse mudando o tom, o que fez Helena paralisar.
- Acho que devemos ir logo. – ela se levantou tensa e recolheu os pratos, levando-os até a pia.
Jason levantou-se também e a deteve, pressionando-a contra o balcão.
- Por que você ficou estranha?
- Eu não estou estranha, - ela afirmou, mas não o encarava.
- Você está mentindo. Você não sabe mentir, Helena. Eu fiz alguma coisa que você não gostou? Porque se eu fiz, não foi intencional e peço desculpas.
- Você não fez nada... quer dizer, você fez muita coisa... e foi tudo muito bom...
- Então por que você está assim?
- Eu não sei... – ela suspirou. – Eu... acho que... eu me expus demais pra você hoje... e isso me deixa assustada, porque...
Ela hesitou.
- Porque... – Jason repetiu encorajando-a
- Porque na outra vez que me expus assim, as coisas não terminaram bem.
Jason então entendeu.
- Helena, eu não sou o Marcondes. – ele levou a mão ao queixo dela, fazendo-a olhá-lo de perto. - Eu não vou te fazer nenhum mal. Olha... eu também não costumo me expor assim... Não foi fácil dizer que eu gosto de você, mas eu disse e eu vou repetir: eu gosto de você, gosto muito.
- Eu também gosto muito de você, grandão. – ela confessou. - Eu levei muito tempo pra entender isso...
- Então estamos seguros. Você está segura. – ele sorriu. – Posso te beijar?
Ela afirmou com um gesto positivo de cabeça, sentindo o estômago gelar quando Jason abraçou-a pela cintura e beijou-a, pressionando-a contra a bancada da cozinha.
E eles estavam tão envolvidos naquele beijo, tão quentes, que as coisas quase evoluíram de novo. Porém, mais uma vez, o celular de Jason vibrou sobre a mesa, e, a contragosto, ele afastou-se de Helena para atender a ligação.
- Deve ser o Damian, de novo. – Jason disse irritado ao pegar o telefone, atendendo-o sem olhar o visor.
- Traga-a para casa. Agora.
Não era a voz de Damian do outro lado da linha, mas era uma voz igualmente carrancuda. E Jason sabia que aquele tom de voz de Bruce não expressava um pedido.
Era uma ordem.
NOTAS FINAIS
Esse capítulo foi bem difícil de escrever. Na primeira versão eu amei, depois odiei na primeira revisão, depois amei na segunda revisão, agora, na última revisão, acho que ficou aceitável.
Eu tentei tratar esses personagens com muito respeito, mas eu sei que o limiar é muito pequeno entre o romântico e o ridículo e entre o erótico e o vulgar, espero ter ficado dentro do limiar aceitável.
Me digam o que acharam. Obrigada por seu tempo.
