Notas do Autor
Disclaimer: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor desse texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas à JK Rowling.
Capítulo 8 - Pequenos incêndios por toda parte
No meu sonho, eu estava caminhando pela longa passagem secreta de novo, e eu tinha escolhido seguir pelo portal à direita, ali, nos meus devaneios, não haviam os sussurros que eu ouvi e esse parecia ser o caminho mais aconchegante e agradável, foi por isso que eu segui por ele. A passagem serpenteava e girava, e me vi descendo por mais um lance estreito de escadas que girava para baixo, dando voltas e mais voltas.
Quando eu já estava exausta de tanto descer, cheguei à base de um lance de escadas e parei. Diante de mim estava uma antiga porta de madeira, com uma estrutura metálica - uma aldrava no formato do símbolo de Hogwarts - no centro dela. Pelo menos, parecia com o símbolo de Hogwarts, mas, olhando de perto, os animais retratados na imagem não eram animais, mas apenas os esqueletos deles. Eu estremeci e esperei que alguma coisa sombria gritasse, ou que de repente o espaço onde eu estava ficasse frio e úmido. Mas não, ali naquele sonho, esse lugar ainda parecia ser um local acolhedor, então, eu alcancei a maçaneta, e sem nenhum ruído sequer, a porta se abriu.
Quatro archotes se acenderam magicamente e iluminaram quatro estátuas que jaziam sobre placas de pedra. Perdi o fôlego quando percebi que as estátuas eram de duas mulheres e dois homens, pois não precisei chegar tão perto de cada uma delas para saber de quem se tratavam. Eram quatro sarcófagos. Eu estava na tumba dos quatro fundadores de Hogwarts.
Um dos homens segurava uma espada de pedra na mão, o outro, tinha um medalhão no peito. Godric e Salazar, respectivamente. Rowena ostentava o diadema no topo da cabeça, e Helga sorria, enquanto olhava para o fundo da taça de pedra entalhada entre seus dedos da mão.
Eu me aproximei da estátua de Rowena Ravenclaw, afinal, foi a pintura dela que me guiou até aqui. Minha mão tremeu quando a estiquei e toquei na bochecha lisa da fundadora. Estava fria e dura, como uma estátua deve ser.
― Eu não sou da sua casa, porque você me chamou aqui? ― Falei em voz alta, reverberando as palavras pela câmara silenciosa.
Deslizei até a estátua da mulher ao lado dela, o sorriso congelado em pedra de Helga Hufflepuff era tão bondoso, que fez eu me lembrar de suas palavras quando fundou a escola 'ensinarei a todos e os tratarei como iguais'. Sussurrei um obrigado para ela, porque sei que sem o lema dela, eu poderia nunca ter vindo para Hogwarts.
Quando parei em frente da estátua de Godric Gryffindor eu acariciei a espada presa em suas mãos. Se não fosse por aquela espada, teríamos perdido a guerra mágica contra Voldemort. Eu fui da Grifinória, e tinha muito orgulho de saber que essa relíquia só vinha até os verdadeiros membros da casa vermelha e dourada. Lembrar que ela veio até nós, na guerra, sempre me reafirmava que eu era um membro legítimo dela.
Finalmente encarei a estátua do fundador da Casa Sonserina, aquela com o medalhão. Meu coração bateu violentamente no meu peito e me senti enjoada quando olhei para a corrente e o pingente, lembrando que ele foi impregnado de magia negra para abrigar um pedaço da alma de Voldemort e brincava com o nosso humor quando o usávamos no pescoço.
― Não vou agradecer a você. ― Sussurrei.
― Isso é um pouco rude. ― Falou uma voz masculina e branda, e me assustou tanto que eu gritei e tropecei nos meus próprios pés, caindo no chão.
A voz sorriu quando tentei agarrar minha varinha, mas eu a tinha esquecido sobre a minha mesa de cabeceira. Levantei os olhos e congelei. Diante de mim, estava um jovem inacreditavelmente lindo. Tinha cabelos negros na altura dos ombros que fluíam ao redor do rosto e olhos negros brilhantes, mesmo na trasnparência da névoa prateada que o cercava.
― Quem é você? ― Perguntei em um sussurro.
― Regulus Black, seu criado. ― Ele respondeu com um leve inclinar de cabeça.
Não me movi de onde havia caído. Eu nunca soube que Regulus era um dos fantasmas de Hogwarts.
― Não se assuste. Não estou aqui para assombrar este lugar. ― Ele olhou para o teto, e sua expressão ficou séria. ― Arrisquei muito vindo aqui esta noite.
Apesar de não querer, me levantei e dei um passo para mais perto do fantasma flutuando próximo de mim.
― Arriscou?
― Não posso ficar muito tempo, nem você. ― Disse ele. Que tipo de sonho absurdo é esse? – Eles estão distraídos agora, mas... ― Régulus olhou para os sarcófagos dos fundadores da escola.
Minha cabeça doeu. Distraindo? O que ele quer dizer com distraindo?
― Quem precisa ser distraído?
― Os dois primeiros; você sabe de quem falo.
Encarei o fantasma do Black mais novo, inexpressivamente. Não, eu não sabia.
― Os fundadores estão distraindo eles?
Régulus assentiu.
― Conseguimos ganhar algum tempo, e eu pude vir até você. ― Regulus flutuou até bem próximo de mim, aumentando o enjoo no meu estômago. ― Você precisa ouvir o que eu digo: algo maligno vive neste castelo. Você deve descobrir. Destrua essa coisa antes que seja tarde demais, antes que a magia nunca mais possa retornar. ― A cabeça dele se virou, como se tivesse ouvido alguma coisa. ― Não há tempo! Você entende as súplicas do povo que perdeu sua mágica. Eles precisam de você, senhorita Granger.
― Mas o que...
Régulus levou a mão ao bolso.
― Nenhuma criatura, viva ou morta, deve pegá-la aqui. Se pegarem... tudo estará perdido. Use isto se precisar me ver. ― Régulus empurrou algo frio e metálico para as minhas mãos. Você foi trazida para cá esta noite porque os fundadores querem que você liberte a magia. ― A cabeça de Régulus virou para o lado quando um rosnado irrompeu no ar. ― Eles estão vindo. ― Sussurrou ele.
― Mas não entendi nada! Como posso libertar a magia? Por favor, Régulus, me diga!
Régulus apoiou as mãos sobre os meus ombros, a névoa gelada fantasmagórica dele fazendo cócegas na minha pele, e me encarou nos olhos.
― Você sabe que é uma legítima grifinória, senhorita Granger. Mas um coração verdadeiramente corajoso, é algo raro. ― Disse ele com uma tranquilidade repentina. ― Deixe que o seu a guie.
Um grito estridente rugiu pelo ar e estremeceu as paredes ao nosso redor. Meu sangue se tornou gélido.
― Corra! ― Ele gritou para mim.
Subi as escadas tão rápido que mal tinha ideia de para onde estava indo. Ainda conseguia ouvir gritos ecoando na câmara abaixo conforme me impulsionava para cima. A iluminação do meu quarto surgiu, e, conforme me aproximava do buraco do retrato, ouvi gritos fracos atrás de mim. Disparei para dentro e só consegui enxergar a minha cama, antes de tudo ficar escuro.
Meus olhos se abriram, enquanto eu respirava com dificuldade, mas eu estava segura no meu quarto. Porque eu tenho essa tendência tão grande para sonhos estranhos? Esse era o "dom" de Harry.
E por que estou sem fôlego? Me virei para o lado e teria caído no sono de novo se não fosse pelo metal pressionando a palma da minha mão. Por favor, que seja a minha caneta, por favor.
Mas é óbvio que não era. Embrulhado na minha mão, estava uma réplica perfeita do medalhão de R.A.B., e eu sei que é uma réplica, porque nós destruímos o verdadeiro medalhão, a horcrux de Voldemort, anos atrás.
Levantei meus olhos até a pintura e notei que a passagem secreta no meu quarto, estava aberta. Fiquei tão aterrorizada que saltei da cama e me atirei contra a parede com tanta força que meu ombro fez um barulho feio de estalo. Apesar da dor, corri até a moldura do retrato de Rowena Ravenclaw e apontei minha varinha para ela, selando a porta com um feitiço. A última coisa que eu precisava era que o que quer que estivesse lá embaixo acabasse aqui.
Ofegante, encarei a jóia em minha mão. Esse medalhão era tão parecido com o original que quase me convenceria de que era ele. E mesmo que eu tenha visto o medalhão original destruído, a dúvida ainda pairava dentro de mim. Destrua essa coisa antes que seja tarde demais, antes que a magia nunca mais possa retornar. Sentei novamente na minha cama, agarrada à minha varinha e encarando o amuleto. Régulus me disse que o usasse se eu precisasse vê-lo.
Eu o apertei na palma da minha mão enquanto me deitava e puxava as cobertas até a altura do queixo, fechando os olhos e tentando respirar devagar. Porque essas coisas estavam acontecendo comigo? Faz mais de quatro anos que nós tentamos achar uma solução para o sumiço da magia, porque só agora um fantasma resolveu me visitar e dizer que há um horror no castelo e que eu preciso destruir tal coisa? E como eu faria isso, de toda forma? Inspirei fundo para me acalmar.
E como diabos eu estava sonhando, mas estou com esse medalhão na minha mão? Abri meus olhos e encarei o retrato na parede. Eu já não tinha muito com que me preocupar no momento? E o que ele quis dizer com nenhuma pessoa viva ou morta poder saber que os fundadores me contataram? Eu não podia sair investigando coisas sombrias pelo castelo quando e onde quisesse sem ninguém do meu lado. Eu fazia isso quando era criança. Não mais. Eu não sou idiota.
O máximo que posso fazer é investigar a tumba em busca de algum indício que prove que algo sombrio e que mora no castelo interferiu no desaparecimento da magia. E se isso não levasse a nada... bem, ao menos teria tentado.
Estremeci, lembrando que a última criatura que vivia numa câmara secreta do castelo, me petrificou quando eu tinha treze anos. Nada de bom podia vir de algo que vivesse nas entranhas de um castelo milenar.
Foi preciso um bom tempo até que eu me acalmasse o suficiente para conseguir cair em um sono perturbado.
A surreal realidade da minha viagem até o subsolo de Hogwarts martelava na minha cabeça em todos os momentos do meu dia. Mas fora isso, eu ainda tinha que começar a rastrear o membro da família Abbott que nem a própria Hannah conhecia. Eu tinha conversado com ela antes da minha 'aventura' pelo castelo, e nenhum membro da família dela sabia sobre o tal desvio na árvore genealógica deles. E a família Abbott era a primeira que eu tinha visitado, ainda haviam as outras.
Mas agora, o que eu precisava fazer, era arrastar todas essas preocupações para um canto da minha mente enquanto treinava. Isso porque o meu co-orientador estava cada vez mais insuportável e exigente.
— Que transfiguração bonitinha. — Debochou Snape, encarando a antes agulha que eu tinha transformado numa escultura. Ele me olhou de cima a baixo devagar e emitiu um estalo com a língua quando viu que era um leão rugindo. — Acho que essa escultura não combina com a nossa realidade, Miss Granger. A divisão das casas foi abolida há anos.
— Você não devia supervisionar os outros? — Perguntei desafiadoramente.
Ele teve a ousadia de rir.
— Dei dois meses de liberdade a você. Poderia ao menos parecer feliz em ter seus desejos de me fazer notá-la, realizados. — Respondeu, enquanto seguia vagarosamente em direção de onde as outras pessoas trabalhavam suas transfigurações.
A cor vermelha da vergonha explodiu em minha visão, e não consegui respirar rápido o bastante. Também não consegui pensar acima do rugido de ódio em minha cabeça. Em um segundo eu estava encarando as costas de Snape e no seguinte, minha varinha disparava um feitiço picante bem no meio da nuca dele.
Ele se virou, ergueu uma das mãos até o pescoço e arregalou os olhos. Minha varinha continuava apontada em sua direção e os lábios dele se retesaram, exibindo os dentes.
— Eu a desafio. — O temperamento explosivo dele queimou em suas órbitas negras.
Que bom, isso fazia dois de nós com puro ódio no olhar. Atirei outro feitiço em sua direção, com a mesma rapidez e força do primeiro.
A mão de Snape se ergueu, e ele desviou a minha maldição quando ela estava a apenas centímetros do rosto dele. Ele a direcionou para a minha estátua de leão, que se dissolveu em poeira preta, no meio da luz vermelha do jato do meu feitiço.
Ninguém da sala conseguiu esconder o choque ao ver um bruxo mestiço fazer uma exibição tão magnífica de magia sem varinhas e não verbal. Isso não era possível. Era?
Ele se aproximou de mim, observou minha mão, meu corpo, e ainda mais atentamente, a expressão de choque no meu rosto.
— Eu senti falta desse olhar no seu rosto. — Ele sussurrou quando se aproximou, seus olhos agora parecendo controlados, mais ainda letais. Tive dificuldades em sustentar seu olhar. — Estou disposto a aceitar seu agradecimento a qualquer hora. — murmurou, e retomou seu caminho, como se o meu destempero não fosse nada.
— Ele definitivamente é um nível sete. — Sussurrou Cho.
Sim. Sete era o nível máximo para um bruxo mestiço. Era o mesmo nível que Minerva e Flitwick.
Nos últimos cinco minutos, a equipe tinha ficado no corredor do escritório da diretora, aguardando as Chaves de Portais que nos levariam para o Ministério. Coincidentemente, estávamos indo para nosso teste de aptidão no Departamento de Mistérios. É o teste que confirma em qual nível mágico estamos. Enquanto esperávamos, nós observamos Snape, que estava parado ao lado de uma das gárgulas.
— O que você acha? — Cho me perguntou.
— Provavelmente. — Respondi, mas a minha cabeça latejava enquanto pensava na exibição mágica dele, de hoje mais cedo.
— Eu arriscaria um nível nove, se desconhecesse a genealogia dele. — Dean sugeriu.
Atirei-lhe um olhar que lhe dizia que concordava com a análise dele.
— Você descobre enquanto vou ao banheiro.
Andei rapidamente em direção ao banheiro no andar de baixo. Quando eu terminei de lavar minhas mãos na pia, meu telefone tocou. Na tela, o apelido 'Sis' brilhou.
― Ei, Ginny.
― Oi, você está ocupada? ― Ela perguntou.
― A caminho do Ministério, temos o teste de nível hoje. ― Respondi. ― E você?
― Tudo ok. Escute, é o Harry quem quer falar, mas ele esqueceu de carregar o celular dele pela terceira vez esse mês. Vou passar para ele, ok? Beijos.
Me despedi de Ginny e segundos depois, a voz de Harry preencheu a linha.
― Oi, Hermione! Eu queria saber se você acha que pode conseguir mais duas vagas na exibição com a Castelobruxo. Ron vai estar na cidade e ele quer ir. ― Harry disse lentamente.
― Oh, tenho quase certeza de que o convite de vocês vai entrar na cota da Minerva, então terei dois lugares reservados, mas vou confirmar hoje mais tarde, ok?
― Sim, sim. Tudo bem. Se não puder, não se preocupe. Ligue mais tarde quando você terminar o que estiver fazendo. E também diga ao Dean que eu disse que ele vai me pagar uma bebida após o evento.
Eu bufei e sorri e um instante depois, percebi que eu não trouxe o assunto sobre o incidente com Snape. Meu rosto corou e meu pescoço ficou quente.
― Harry, ei, desculpe-me sobre o evento da comunidade. Se eu soubesse que ele seria um idiota, eu poderia ter avisado. Eu sinto muito.
― Mione, você melhor do que ninguém sabe quantas vezes o Snape já foi assim comigo. Estou bem. Eu superei. ― Ele respondeu.
― Ele não tinha o direito de agir assim. Eu fiquei tão furiosa que fui até ele e o chamei de idiota. ― Admiti em voz alta pela primeira vez desde o incidente.
― Não! ― Harry gemeu.
― Sim. Eu fiz. Acho que ele me odeia agora. E em outra conversa eu vou te contar o tipo de porcaria que ele tem me dito nos treinos. ― Eu disse com um leve sorriso. Harry também riu.
― Sim, Hermione, eu vou querer ouvir essa história. ― Ele disse antes de fazer uma pausa. ― Mas, por favor, perdoe-o, ok? ― Eu gemi, tínhamos acabado de nos antagonizar na sala de Transfiguração. ― Você sabe melhor que isso.
Sim, eu sei o que Harry quis dizer: lembre-se das memórias dele. Snape nunca recebeu afeto. As imagens de um pai violento, uma mãe omissa e um amor não correspondido dançaram na minha mente. Suspirei.
― Posso tentar, Harry, mas e sobre você? Quer mesmo que eu seja boa para a pessoa que o machucou? ― A memória recente de Snape se referindo a Harry e Ron como imbecis ainda era novidade, mas eu não ia dizer nada a ele sobre isso.
― Sim. E lembre-se que os Marotos e o próprio Trio de Ouro foi um idiota com ele em toda a nossa passagem por Hogwarts. Exceto você. E o Ron ainda faz um caso disso só porque ele adora de se ouvir falar.
― Eu não sei, Harry. Não parece certo. Sinto que estou sendo desleixada com você.
― Está tudo bem. Você não está, eu lhe diria se você estivesse.
Eu quis revirar meus olhos com o altruísmo de Harry, mas consegui evitar; em vez disso eu suspirei e concordei com ele.
― Bem. Eu pensarei sobre isso. Ligo para você mais tarde. Te amo.
― Também te amo.
Desliguei a chamada e voltei para o corredor do escritório de Minerva. Todos já tinham partido. Todos, exceto ele e Vector.
― Estávamos aguardando você, Granger. Pegue a próxima com Severus, certo? ― Ela gritou para mim.
Engoli em seco, mas Vector não me deu tempo de responder, subiu pela escadaria do escritório da diretora e desapareceu lá em cima.
Fantástico. Absolutamente fantástico.
Segurando um gemido e um rolar de olhos que foi totalmente por cima, mantive meu olhar uniforme e fiz todo o caminho até a gárgula onde ele ainda estava encostado.
Eu posso fazer isso. Eu posso ser uma adulta madura. E eu tenho um rastro mágico para seguir e um problema gigantesco deixado pelo sonho bem real que tive com os fundadores da escola e o fantasma de Regulus Black. Eu não preciso continuar com esse jogo de gato e rato com Snape também. Harry estava certo: eu sabia melhor. Então eu respirei calmamente e disse para mim mesma: paciência garota, paciência. Você é uma pessoa melhor que ele, certo?
No segundo que parei ao lado dele, sussurrei:
― Podemos fazer uma trégua?
Ele piscou os olhos para mim. Não parecia ter ouvido a minha frase.
― O que disse? ― Ele perguntou, em uma voz tão baixa quanto a minha tinha sido.
― Podemos ter uma trégua? ― Mantive meu olhar para a frente, sem encará-lo. ― Eu não gosto de drama, e não posso continuar a sentir esse ódio tolo por você. E nunca direi nada sobre aquela noite no bar. Não importa o quanto você me irrite, isso é entre você e você. Se eu quisesse ser uma idiota, eu teria tirado fotos suas com meu telefone as teria enviado direto para Rita Skeeter logo após o ocorrido, você não acha? ― Ele não reagiu, então continuei. ― Eu também posso superar o fato de você ter chamado dois dos meus melhores amigos de imbecis e de você ter sido um idiota com Harry. Mas não ache que eu vou pedir desculpas pelo que disse a Minerva. Você realmente não estava sendo útil e isso não estava ajudando a equipe. ― Concluí.
Passou um minuto inteiro e ele não me deu resposta. Pisquei, olhando para a frente e então lentamente me virei para olhar para ele. Ele me olhava diretamente, cem por cento intenso e concentrado no meu rosto, como se fosse a primeira vez que ele tivesse me visto na vida. Eu o encarei de volta.
― Eu realmente estou tentando aqui, professor. ― Disse-lhe com cuidado.
Ainda assim, ele só ficou me olhando. Bem, eu não sou uma desistente. Eu fui um membro ilustre da Grifinória, determinação é uma das minhas maiores características.
― Eu não estou pedindo para você ser meu amigo, Snape. Nem mesmo para que você fale comigo. Eu me importo menos ainda se você gosta de mim, porque não é como se eu gostasse de você também. ― Óbvio que forcei essa mentira a sair da minha boca. ― Então, acho que podemos deixar essa porcaria de lado, tudo bem?
Aqueles olhos negros pareceram vibrar, e fechei os dedos em punhos conforme o olhar dele me percorreu. Por uma fração de segundo, deixei que a memória do sonho na borda da piscina me preenchesse. Até que me lembrei que este não é o mesmo homem que estava naquele sonho. Nem era também o professor Snape por quem eu era completamente apaixonada quando era mais nova. As pessoas mudam ao longo do tempo. Eu mudei. Esta era a versão de Severus Snape que eu tinha agora e teria que lidar pelos próximos meses. O olhar dele parou novamente no meu rosto e senti minha garganta estranha quando disse a mim mesma para não corar sob seu escrutínio.
― Na verdade, eu admirei você por muito tempo. Desde que eu soube que você estava protegendo o Harry contra o Quirrell. E eu respeitei você como professor por todo o tempo em que me lembro. Acho que você e Harry são os maiores ícones da nossa vitória contra Voldemort. ― Pisquei os olhos e ele piscou de volta, respirei fundo antes de continuar. ― Eu sei que não sou ninguém para você, mas eu estou aqui, e vou ficar até que tudo acabe, até encontrarmos ou não a saída para a ausência da magia. Então, se você ainda é aquele bruxo que eu admirava, o agradeceria se pudéssemos só... Passar por isso sem matarmos um ao outro.
Acho que foi a minha frase final que finalmente o fez reagir.
― Interessante você propor isso, Granger. Não foi você quem me amaldiçoou pelas costas há menos de uma hora atrás? ― Ele disse suavemente.
Meu rosto ficou quente. Uma gotícula de suor escorreu na minha têmpora. Eu o vi seguir a trilha dela com o olhar.
― Como perguntei no início, podemos ter uma trégua? ― Tentei pela última vez.
Ele apenas me olhou, antes de apontar para os degraus da escada circular do escritório da diretora.
― Nossa Chave de Portal ativa em um minuto.
Suspirei resignada. Bem, eu tinha tentado, mas não ia implorar a esse idiota para ser legal comigo.
― Suba. ― Ele ordenou a mim. ― E pelo menos tenha a decência de se referir a mim como um idiota apenas quando suas paredes de Oclumência estiverem levantadas.
― Você arrasou! ― Cho gritou a cerca de dois passos de mim e agarrou minhas bochechas, antes de me esmagar em um abraço. ― É isso aí!
Mesmo sufocada por ela, consegui moldar um sorriso.
― Você também!
― Você com certeza sabe que eu fiz, mas agora você é uma bruxa nível dez! A primeira em Hogwarts! ― A próxima coisa que ela fez, foi bater nas minhas bochechas e se virar para gritar por Justin.
Ela correu para abraçá-lo e eles seguiram em direção ao saguão, acho que os dois iam sair para comemorarem que ela também havia subido de nível, Cho era agora uma bruxa nível seis, um estágio antes do máximo para bruxos mestiços.
Eu estava feliz comigo mesma, mas eu não seria Hermione Granger se não já estivesse antecipando várias perguntas sobre o que o meu recém adquirido nível mágico, implicaria. O que vai mudar para mim? Ainda posso ser Curandeira ou eles vão exigir que eu seja algo além disso? Se eu for sincera, eu ainda me segurei naquele teste. Eu sentia dentro de mim que poderia ter ido além. Eu posso ser uma bruxa além do nível dez? Isso existe?
As dúvidas corroem meu interior, mas decido pensar sobre isso mais tarde. Tudo o que eu quero agora é voltar ao castelo, ir até a Sala Precisa e mergulhar na água quente da minha piscina particular. Minha mágica está esgotada por hoje e o meu corpo inteiro dói. É sempre assim que fico quando passo pela Câmara de Níveis do Departamento de Mistérios. No meu caminho até o saguão, onde pegarei a Chave de Portal de volta ao castelo, meu telefone começa a tocar.
― Oi, Harry. ― Atendi de imediato, estava cedo para ele já estar me ligando novamente. Houve um som estranho e ofegante do outro lado. ― Harry?
― Mione. ― Ele engasgou.
― Sim? Está tudo bem? ― Eu perguntei hesitante.
― Mione. ― Ele engasgou novamente. ― Você nunca vai acreditar no que chegou via correio coruja.
― O quê? ― Perguntei lentamente, esperando o pior. Harry definitivamente estava estranho.
― Não sei exatamente o que você disse ou fez, mas… ― Espere, Harry estava chorando? ― Eu cheguei em casa do trabalho hoje e duas corujas me esperavam na varanda.
― Certo… ― Murmurei.
― Havia um livro, com uma nota colada nele que dizia 'Minhas desculpas pela hostilidade.' E estava assinado, Hermione. Foi assinado por ele!
Eu parei de andar. Harry continuou.
― E havia dois kits infantis de Poções. Com mini caldeirõezinhos! Ele mandou presentes pros meus filhos!
Não. Um nó pequeno se formou na minha garganta com a alegria pura que ressoou na voz de Harry com o gesto inesperado. Dias se passaram desde o incidente, e eu não esperava que Snape se lembrasse ou se importasse o suficiente em se desculpar por ser um idiota. O fato dele não ter feito uma grande coisa sobre isso, mesmo quando eu o acusei hoje mais cedo… Eu engoli em seco e senti meu nariz arder um pouco.
― Isso é ótimo. ― Me ouvi dizendo, ainda de pé, no lugar onde tinha parado.
― Sim, não é? Isso é ótimo! Eu vou mostrá-los para Ginny assim que ela chegar. ― Era palpável a emoção na voz dele. ― Diga obrigado a ele. E que não há ressentimentos, você dirá, Hermione? Eu não saberia para onde enviar uma resposta, as corujas foram embora assim que me avistaram e não há nenhum endereço de retorno aqui.
― Sim, eu digo.
― Oooh! Isso é ótimo! Eu quero abrir os kits para brincar com as crianças e não posso ter o telefone na minha mão para isso. Ligue-me mais tarde.
― Ok.
Rapidamente dissemos adeus um ao outro e eu só fiquei ali, nariz ardendo, alívio bicando minha garganta. Eu lambi meus lábios por um segundo e então decidi agir como uma adulta sobre isso. Quando percebi, eu tinha me virado e comecei a caminhar de volta de onde vim. Ele ainda estava lá, aguardando outros membros da equipe saírem da câmara.
Quando o vi, limpei meu nariz em meu ombro e continuei. Desta vez, ele seguiu cada um dos meus passos até ele. Parei na frente dele, lambi meus lábios e respirei fundo. Por causa da estatura dele, bem maior que a minha, tive que inclinar a cabeça para trás para olhar para o rosto dele. Seus olhos estavam concentrados, a força da oclumência dele era quase palpável e, de repente, eu desejei que ele não esperasse automaticamente o pior de mim.
― Obrigado por enviar aquelas coisas para Harry. ― Eu disse a ele em uma voz que era muito mais suave do que o habitual. Era uma emoção nova que me preenchia por ele ter feito algo inesperadamente agradável, que deixou Harry feliz, e isso antes de eu me aproximar dele para pedir uma trégua. ― Ele apreciou o gesto. Então… Obrigada. ― Eu engoli. ― Ele disse para lhe dizer que não há ressentimentos de qualquer um de nós.
Antes que eu percebesse o que estava fazendo, estendi a minha mão para ele. O silêncio que se estendeu entre nós e os sessenta centímetros de espaço físico que nos afastava parecia eterno e infinito. Demorou dois segundos a partir do momento em que pus a mão no ar, para a mão quente e composta de dedos longos e palma ampla, se conectar com a minha. O olhar dele continuava retraído, mas calmo.
― Parabéns pelo resultado do seu teste. Está pronta para ser uma bruxa nível dez, senhorita Granger? ― Ele preferiu me lembrar que eu tinha algo para lidar na minha frente.
Enrijeci o corpo. Eu quase tinha esquecido meu novo nível, envolta demais pela emoção de Harry ao telefone.
― Ainda não, professor Snape.
― Severus. ― O olhar de surpresa no meu rosto quase o fez rir. ― Enquanto estivermos nos termos da nossa trégua, é Severus.
Eu só consegui assentir em resposta. Chocada e excitada demais pela demonstração de cordialidade dele. Sna… Severus, soltou a minha mão, e seguiu corredor acima. Meu olhar o acompanhou até que ele desaparecesse na próxima esquina.
Um elfo doméstico se materializou na minha frente, antes que eu alcançasse o saguão para partir de volta ao castelo. O que era agora? Essa manhã nunca terminaria?
― Olá? ― Perguntei curiosa. Não era comum elfos domésticos pelo Ministério hoje em dia.
― Miss Granger deve me acompanhar ao escritório do Sr Robards. ― Ele proferiu na vozinha fina características dos elfos.
Gawain Robards era o coordenador internacional dos programas de treinamentos mágicos. Ele havia sido designado por Kingsley para acompanhar a evolução de tudo o que dissesse respeito à busca pelo retorno da magia. Era praticamente o chefe de todos nós, até mesmo de Minerva. Não é preciso ser um gênio para perceber que uma reunião com ele, geralmente, não é uma coisa boa, mas preferi me iludir que o que ele tinha de assunto para conversar comigo, era algo a ver com meu recém descoberto nível mágico.
Ainda assim, não consegui disfarçar a minha cara de desgosto por ter de encontrá-lo. Eu e Robards não temos a melhor relação do mundo. Mas ele é o chefe, então o que posso dizer? Não, obrigado?
Estendo minha mão para agarrar a mão pequenina do elfo e ele nos aparata até uma sala de espera, guiando-me em seguida ao escritório que eu só tinha visitado três vezes ao longo dos anos. Eu sorrio para o elfo para ser educada e entro no que é um dos gabinetes mais luxuosos do Ministério. Por trás da mesa estava o bruxo que deveria ter uns sessenta anos, e que me lembrava dos chefes da máfia trouxa da década de cinquenta, se os chefes da máfia usassem túnicas roxas.
― Boa tarde, Sr. Robards. ― Eu disse, em frente do assento mais perto da porta, depois que seu elfo a fechou.
O homem mais velho inclinou-se através de sua mesa e apertou minha mão, olhando para a roupa trouxa com que eu estava vestida.
― Srta. Granger. ― Ele disse, finalmente tomando o seu lugar novamente e gesticulando para que eu me sentasse também.
Não fazia sentido desperdiçar tempo, certo? Eu estava cansada e só queria voltar à Hogwarts.
― O que posso fazer pelo senhor?
Ele bateu as unhas no tampo da mesa.
― Me diga, porque eu ouvi que você discutiu com seu co-orientador.
Ah, sério? Tinha passado mais do que tempo suficiente desde que minha discussão pública com Severus e Robards ia trazer isso à tona agora?
― Não foi bem uma discussão. Eu fiquei chateada com ele e o deixei saber sobre agir de uma forma inadequada, isso é tudo.
― Que interessante. ― Robards disse e mudou-se para descansar os braços nas laterais da cadeira. ― Ouvi dizer que você o chamou de idiota, acredito.
Eu não achava que queria sorrir, mas não consegui. Eu não tinha porque mentir para Robards. Eu disse o que eu disse e não ia voltar atrás.
― Sim.
― Você acha que é uma linguagem apropriada para usar na equipe? ― Ele perguntou.
― Acho que é conveniente quando alguém decide ser displicente com seus partidários. ― Pontuei, tentando conter minha irritação.
― Você entende quão importante é o envolvimento dele com o Mundo Mágico?
Robards estava me dando um olhar que me dizia exatamente o quão estúpida ele achava que eu era, e eu podia sentir a raiva borbulhando na minha barriga, deixando um gosto amargo na minha boca.
― Eu entendo completamente, Sr. Robards, mas eu sei o quanto é importante ter o apoio da comunidade mágica que perdeu seus poderes. Eles poderiam incitar uma revolta pela nossa demora em solucionar a extinção da magia. Todos esperam muito de nós, não é? O professor Snape não foi muito paciente, e tudo que fiz foi deixá-lo saber disso, sem usar palavras piores. Eu não o desrespeitei. ― Bem, eu não o desrespeitei muito.
Pelo tempo que conheço Robards, sei que ele é o tipo de pessoa que quer as coisas feitas no momento em que ele disse que as queria prontas. E ele sempre insistia em estar certo, mesmo que não estivesse. O que significava que esta conversa estava indo pelo ralo rápido, mas eu não ia desistir, mesmo que meu senso comum me implorasse por isso. Eu não tinha feito nada de errado e se eu pudesse voltar no tempo, eu faria a mesma coisa novamente.
― Senhorita Granger, tenha cuidado com o que você acredita ser certo ou errado; Estamos na mesma página? ― Esse filho da puta. ― Hogwarts é uma equipe, e essa não é a primeira vez que você se coloca contra fazer o que é melhor para todos.
Ele dizia isso por eu nunca ter aceitado ir nas coletivas de imprensa que o Ministério promoveu. Cada uma das vezes que eu tinha vindo até o escritório dele, exceto por uma única vez, ele ia para esse mesmo tópico.
― Eu quero que você peça desculpas. ― Continuou, ignorando o olhar odioso que lhe lancei.
― Não tenho nada para me desculpar. ― Eu disse em uma voz calma e firme.
Ele inclinou-se para a frente e estalou os dedos. Seu elfo apareceu ao seu lado no mesmo instante.
― Lamento discordar. ― Ele me disse, enquanto virava-se para a criatura do seu lado esquerdo. ― Pipper, estamos prontos.
Estamos prontos? Para quê?
Minha pergunta silenciosa foi respondida um minuto mais tarde, quando o elfo desaparatou e em seguida a porta do escritório se abriu, trazendo o mesmo Pipper de volta e mantendo a porta aberta para ninguém menos que Severus Snape. A expressão dele era fria, seus olhos, indo de mim para Robards.
― Entre, professor. ― Robards era uma pessoa completamente diferente agora, jovial e sorridente. Um maldito rato político. ― Sente-se ao lado da Senhorita Granger.
Nem sequer me forcei a fingir um sorriso no meu rosto; eu só olhei para ele. Eu sabia que Snape não tinha a mínima ideia do que era esta conversa, mas eu estava muito frustrada para perdoá-lo por chegar no escritório na hora errada. Ele sentou-se na cadeira ao lado da minha, impassível.
― Obrigado por ter vindo. ― Robards disse-lhe, sorrindo. ― Me desculpe tê-lo aqui sob estas circunstâncias.
Para dar-lhe crédito, Severus olhou para mim mais uma vez enquanto ignorava os gestos falsos e palavras que saíam do homem sentado em frente a nós.
― Do que se trata? ― A voz dele soou baixa e perigosa quando encarou Robards.
― Chegou ao meu conhecimento que você e a senhorita Granger tiveram um pequeno incidente no evento da comunidade e eu gostaria de pedir desculpas pelo comportamento dela. ― Os olhos azuis de Robards giraram para mim, exigindo que eu dissesse o que ele queria.
Franzi meus lábios juntos e lutei contra o ódio subindo pela minha garganta. Eu estava sendo tratada como uma criança idiota que foi pega quebrando as regras da escola. Era uma vergonha.
― Senhorita Granger, há algo que você queira dizer?
Não.
― Não há nada pelo quê se desculpar. ― Afirmou a voz do homem ao meu lado. Fazendo um inferno de ansiedade sair para fora de mim.
― Não seja comedido, profe…
Severus o cortou e eu senti um pico de prazer preencher meu peito com o brilho de irritação nos olhos de Robards, ele odiava não ser a pessoa a dar a última palavra.
― O julgamento da senhorita Granger era o correto. Nada do que me foi dito estava errado. Não preciso de nenhum de vocês dois me pedindo desculpas.
― Mas…
― Eu exagerei no meu comportamento e já chegamos a um acordo sobre isso. Certo, senhorita Granger? ― Severus perguntou, voltando sua atenção para mim.
Confirmei com a cabeça. ― Sim, nós chegamos.
Os olhos de Robards mudaram-se de mim para Severus e eu não perdi o rosa florescendo no pescoço dele, que me dizia com certeza que eu precisava sair da sala logo que possível.
― Professor Snape, desculpe-me, mas as ações da senhorita Granger são inaceitáveis. Não podemos permitir que…
O homem sentado ao meu lado levantou a mão para cortar o coordenador internacional dos programas de treinamentos mágicos.
― É aceitável, Robards. E eu e ela já lidamos com isso. Estou mais chateado com sua implicância por ela ser honesta e sincera comigo, duas características que devem ser comemoradas em vez de perseguidas. Nada mais precisa ser dito. Essa reunião foi apenas para isso? ― Severus perguntou, levantando-se.
Borboletas esvoaçaram furiosamente pelo meu estômago pelo elogio duplo que eu tinha acabado de receber. Foi um elogio, não foi?
― Sim, isso é tudo. Só achei que você merecia um pedido de desculpas para…
Severus não o deixou, de novo, terminar a frase.
― Se eu quisesse um pedido de desculpas, eu teria um. ― Aqueles olhos negros deslizaram sobre mim. ― Tenho uma Chave de Portal para pegar agora.
Robards estava ocupado olhando Severus para notar que também me levantei, pegando minha bolsa.
― Que eu também preciso, é a última para Hogwarts.
Arrastei minha bunda para fora de lá sem nem sequer me incomodar em dizer adeus ao rude coordenador. Eu podia ouvir um outro conjunto de passos enquanto fazia o meu caminho para os elevadores. Um momento depois de apertar o botão, Severus parou ao meu lado, assistindo os números diminuírem na tela pequena ao lado das portas.
Em uma manhã nós dois discutimos, eu o enfeiticei pelas costas, o propus uma trégua, ele tinha feito o dia de Harry e agora tinha acabado de me salvar de Robards. Eu sabia muito bem quando devia ser gentil.
Olhei para ele, encarando seu rosto de perfil, de novo, seu cabelo estava preso atrás da orelha e eu conseguia ver o corte curto na lateral. Corei quando um desejo de passar a mão naquela área raspada me inundou, enterrei essa vontade bem no fundo na minha mente, antes de falar.
― Obrigada por isso. ― Eu disse. ― Lá. ― Apontei com o queixo para a direção de onde tínhamos vindo. ― Não vou esquecer.
O olhar dele deslizou sobre o meu e ele estendeu a mão para que eu entrasse no elevador que tinha acabado de chegar. Foi só isso, ele não disse uma palavra, mas eu sorri e meu coração acelerou quando ele se juntou a mim dentro do espaço pequeno. Nos olhamos por alguns segundos, antes dele deslizar sua atenção para a frente e encarar as grades douradas do elevador.
Enquanto isso, a Hermione apaixonada que eu tinha esmagado dentro de mim semanas atrás, ressurgiu das cinzas, mais forte e poderosa do que nunca. Como uma fênix.
Notas Finais
Quem mais acha que estava mesmo na hora de uma trégua? Por aqui, eu já estou suspirando…
O título do capítulo homenageia um livro que eu amo é que recomendo a leitura.
Este capítulo foi postado hoje (terça-feira) porque amanhã eu terei um dia impossível. Semana que vem, voltaremos a programação normal.
