Esclarecimento: Só reiterando que esta história não me pertence, ela é uma adaptação do livro de mesmo nome, de Ally Blake, que foi publicado na série de romances "Modern Sexy", da editora Harlequin Books.


Capítulo 7

Havia uma dúzia de roupas sobre a cama de Ginny. Vestidos delicados de verão, saias e blusas sensuais, roupas de ginástica com listras sugestivas bordadas na parte de trás. Ela olhou para as peças como se não conseguisse identificá-las.

Estava tão furiosa no dia do aniversário da morte de seu pai consigo mesma, com sua mãe, com sua fixação em Draco. Ele tinha aparecido, todo maravilhoso, imponente e avassalador. E Ginny resolveu que abriria mão do controle, que viveria o momento.

Luna entrou no quarto trazendo duas canecas fumegantes de café. Olhou a bagunça sobre a cama e riu.

- Isso é o que eu posso chamar de guarda-roupas confuso. Em vinte minutos, Draco virá buscá-la para um fim de semana de sexo quente e Deus sabe mais o quê. Então, por que você está viajando pela estrada da nostalgia agora ? O que são essas roupas velhas e sem sentido ?

Ela suspirou.

- Entrei em pânico.

- Por quê ? Você tem sido capaz de se vestir sozinha há muito tempo.

- Não para um fim de semana no retiro familiar de uma centena de anos, listado como patrimônio familiar de Draco Malfoy. Não tenho me vestido sozinha para isso há anos.

- Você procurou na internet, não procurou ?

- Como uma maníaca.

- A família dele vai estar lá ?

- Por Deus, não ! Você está louca ? É um fim de semana dedicado à luxúria.

- Certo. Certo. Esqueça. Sem família na propriedade familiar. Um fim de semana atrevido, sensual e picante, no qual vocês dois possam transformar em sorbet o cérebro um do outro.

Ginny respirou fundo e, com vigor renovado, seus olhos analisaram a pilha, catalogando em um instante o que ela via diante de si. Escolheu várias opções, todas estilo casa de campo sensual em oposição à boate sensual, que poderia ser tirado com facilidade.

Ela viajaria com uma camisa azul, casualmente amassada, sobre uma blusa vaporosa verde-esmeralda, um jeans azul-claro, tamancos bronze com aplicações e delicados brincos de argola com algumas contas marrom. Confortável. Casual. Que era como ela se sentia, até Luna perguntar:

- Então, falando em pedidos de casamento, ele sabe sobre Harry e os outros rapazes ?

Ginny fechou a mala com tanta força que a tampa voltou e quase a acertou no queixo.

- Que horas são ? - perguntou ela, esperando que a amiga entendesse a deixa e mudasse de assunto.

- Falta um minuto para o grande momento. Você contou a Draco sobre Harry ?

Desta vez, Ginny fechou a mala com cuidado e a arrastou para fora do quarto.

- Não. Não com tantas palavras.

Com palavra nenhuma, na verdade.

- Ginny - a voz de Luna estava cheia de um tipo de preocupação que fez o coração de Ginny encolher.

- Tudo isso é irrelevante para o que está acontecendo conosco. É sim. De verdade.

Luna abriu a boca, claramente para discordar, mas a campainha do apartamento tocou, alertando-as para a chegada de Draco. E Ginny foi salva de ter que falar mais sobre aquele assunto.

Com a deliciosa emoção de ver Draco, que parecia ter saído de uma propaganda de revista, com seu suéter azul e calça cáqui, ela foi capaz de tirar aquilo da cabeça.

Quase.


Enquanto ele dirigia rumo a Yarra Valley, a pergunta de Luna dançava em sua mente.

Ela se perguntava se deveria contar-lhe sobre Harry, sobre os relacionamentos fracassados. Talvez devesse, se o momento certo se apresentasse durante o fim de semana.

- Um centavo pelos seus pensamentos.

Ginny saiu de seu devaneio para perceber que as casinhas amontoadas de subúrbio deram lugar a colinas cobertas com ondas de videiras amarelas.

Viu Draco sorrindo diante dela, antes de os olhos dele voltarem para a estrada. Seu cabelo loiro esvoaçava com a brisa agradável que entrava pela janela aberta. A luz do Sol batia em seu queixo soberbo. Ela pensou em contar-lhe tudo naquele momento. Realmente pensou. Mas o desconforto voltou e ela recuou.

Recostou-se no encosto de couro, inclinou sua cabeça em direção a ele, e em sua melhor representação de uma menina de seis anos, disse:

- Nós ainda não chegamos ?

Ele a surpreendeu diminuindo a velocidade e dizendo:

- Chegamos.

Ginny esperava algo imponente e grandioso, como se tivesse saído de uma minissérie inglesa ambientada no século XVIII. Em vez disso, ela encontrou um lar.

Aninhada entre árvores frondosas, a casa em si tinha dois andares de tijolos caiados e persianas cinzentas, sob um telhado inclinado de ardósia também cinzenta.

Até que eles saíssem do carro ao lado da casa, ela não tinha notado outra dúzia de carros já parados em uma fila. Carros europeus luxuosos, alguns carros esporte importados bem caros.

- Seus jardineiros certamente dirigem carros maravilhosos.

- Alexandra - disse Draco entredentes. O nome da irmã dele tirou Ginny de seu pânico confuso e a trouxe de volta para o mundo real.

- Ela está aqui ?

- Todos estão.

- Todos quem ?

- Primos. Uma tia, ou duas. Todo o clã dos Malfoy, pelo visto. Eu vou matá-la.

Ela fez uma careta.

Draco lançou-lhe um sorriso direto.

- Eu disse a Alexandra que eu queria a casa para o fim de semana, com um pedido expresso para que ela e Blaise não estivessem aqui. Em vez disso, ela me preparou uma emboscada.

"Para você ? Oh, não, não. Sou eu que estou deslocada aqui, amigo".

- Podemos voltar ? - perguntou ela, olhando para trás como se conseguisse virar o carro pela sua força de vontade - Ir para outro lugar.

- Lamento de verdade - disse ele, deslizando a mão pelo joelho dela, o que apenas contribuiu para a confusão de seu cérebro - E vou me certificar de que Alexandra também lamente. Não vamos ter que ficar muito, certo ?

Ele parecia ainda mais decepcionado do que ela.

- Certo - disse ela - Vamos enfrentar sua família.


Draco se deixou ficar à sombra, enquanto observava Ginny deixar que seus primos mais jovens a ensinassem como dançar os últimos passos da moda.

Seu jeans claro tinha manchas de grama devido ao jogo de rugby mais cedo. Seu cabelo caía em cascata de um improvisado nó que ela fez uma hora antes. Seu rosto estava corado, sua testa, franzida pela seriedade, enquanto ela mexia, torcia e batia os braços. Maldita mulher. Ela não percebia o que aqueles movimentos faziam com o autocontrole dele ?

Com o canto dos olhos, Draco viu alguém se esgueirando. Aquela monstrinha.

- Alexandra - disse ele.

Ela se aproximou, temerosa. Mas rindo.

- Então era isso que o estava mantendo ocupado até tarde. Você tem estado tão quieto sobre essa moça que eu estava começando a pensar que ela possuía duas cabeças.

- Não tem nada a ver com ela. Sou um homem ocupado.

- Nunca tão ocupado assim.

Ele se recusou a olhar para ela.

- Ela não... é que nós apenas... não é o que você está pensando que é. Trata-se de algo casual.

Alexandra riu.

- Certo. Se é tão casual o que há entre vocês, por que não deu meia-volta ? Por que a trouxe para conhecer a família ?

Ele abriu a boca para explicar que não era desse modo que ele agia. Mas gemeu e desistiu. Sua irmã iria acreditar no que ela queria.

- Digo que ela é tudo o que você não é - continuou a irmã dele - O mesmo que Blaise é para mim. Ele me mantém no chão.

- Ela é diferente - Alexandra piscou - Quando as pessoas sabem quem eu sou, vejo o momento em que seus cérebros começam a funcionar, enquanto pensam: "O que ele pode fazer por mim ?"

Alexandra colocou sua cabeça sobre o ombro dele.

- Sei disso, querido.

Draco cedeu e passou um braço ao redor dela.

- Nunca tive esse momento com ela. Nem uma vez. Para Ginny, eu não sou um Malfoy, tampouco sou um fundo financeiro ambulante ou um bom partido. Não um meio para chegar a um fim. Sou apenas Draco.

Depois de alguns momentos de silêncio pesado, sua irmã se afastou para olhar-lhe e disse:

- Uau. Nunca pensei que veria isso um dia.

- O que exatamente ? - perguntou Draco, sabendo que não iria gostar da resposta, mais incapaz de se impedir de perguntar de qualquer modo.

- O dia em que o grande e poderoso Draco Malfoy, a rocha humana, seria levado a se ajoelhar como todos nós.

Ele a avaliou com o olhar.

Alexandra mordeu o lábio para se impedir de dar uma risada.

- Oh, Draco, se você pudesse olhar a si mesmo quando olha para ela. Todo incoerente e meloso. É nojento, na verdade. Mas acho que vou me divertir me acostumando com isso - concluiu ela, beijando-o no rosto e se afastando na direção de Ginny.

Suspirando, ele deu meia-volta e tomou a direção da casa. No caminho, as palavras da irmã ecoaram dentro de sua cabeça.

Ele poderia ter ido embora, poderia ter levado Ginny para uma pousada. Então, por quê ? Porque ele queria que a irmã a conhecesse ? Queria exibi-la ? Queria que todos vissem como era maravilhosa ?

Draco nunca imaginara um futuro para aquele relacionamento. E agora...


A volta para casa na manhã seguinte foi quieta.

Enquanto Draco, com seu rosto suave, calmo, como se o fim de semana longe da cidade tivesse suavizado seus ângulos intensos, dirigia com o cotovelo descansado na janela aberta, Ginny já o conhecia o suficiente para saber que havia algo errado. Algo naquele fim de semana o deixara pensativo, talvez desconfortável.

Depois de um sábado agitado em meio ao clã, os dois se retiraram e dormiram aconchegados. Sem sexo, sem gargalhadas. Só carinho, silêncio, doçura. Como um casal.

Talvez ele estivesse apenas cansado. Certamente era isso.

Repentinamente, ela se deu conta. Em um instante, a expressão daquele rosto tão lindo e que ela adorava ficou clara.

O desapego. O esforço. Tinha visto isso em seu próprio rosto uma dúzia de vezes antes.

"Ele não está cansado", percebeu. "Está dando o fora".

E quando se despediram em frente ao prédio dela, pela primeira vez, não fizeram planos para a próxima vez.

Com um aceno casual, ela correu para as escadas de seu prédio, digitou seu código de acesso e correu para dentro sem olhar para trás. Seu peito realmente pesava com o esforço de se afastar de Draco.

Que os céus a ajudassem.

Assim que entrou em seu apartamento, jogou a mala na cama, completamente sem energia para desfazê-la.

Levantou-se de repente, foi até sua cômoda e abriu a gaveta do meio, onde guardava seu passaporte, chaves antigas, uma caixa de botões para substituição, cada carta e cartão de aniversário que seu pai tinha enviado da estrada, todos amarrados com uma fita azul...

E bem no fundo, escondida atrás de restos esfarrapados de seu ursinho de infância, havia uma bolsinha preta de camurça, uma caixa de papelão ondulado e um pote de cerâmica em forma de poodle articulado.

Puxou os três itens e os abriu. Dentro deles encontrou três anéis.

Três anéis de noivado.

Vê-los juntos, em fila, fez com que suas mãos começassem a tremer. Seu rosto ficou rosado e quente, enquanto sua respiração, repentinamente difícil.

Deslizou para o chão, esgotada.

Ela tentou devolvê-los, realmente tentou. Mas todos os três foram devolvidos. Parecia que ela possuía o dom de encontrar homens bons. Não a odiavam por mais que ela tentasse magoá-los. Ou talvez a odiassem tanto que não queriam ver os anéis nunca mais.

Cobriu o rosto com as mãos.

Naquela noite, com algum filme antigo em preto e branco passando ao fundo sem ser visto, ela pintou as unhas dos pés de roxo-escuro.

E se perguntou o que Luna poderia dizer sobre isso. Provavelmente algo como "Ginny, meu amor, acho que uma tempestade está chegando".


- Eu estraguei tudo - desabafou Ginny.

- O que você fez desta vez ? - perguntou Luna, depois de recuperar o fôlego em meio à caminhada pesada que faziam.

- Draco.

- Diga-me que você não dispensou aquele homem !

- Por Deus, não !

Há dias ela não tinha notícias dele. Nenhum e-mail, nenhuma mensagem, apenas vazio, dor e tristeza. E uma urticária que a fazia se coçar por inteiro.

Uma caminhada vigorosa não estava fazendo nada para ajudar a queimar a energia acumulada. Ginny caiu sobre o caminho de grama à margem do rio e olhou para o céu.

Quando Luna caiu ao seu lado com um grunhido, Ginny disse:

- Pensei que ele gostasse de mim - as palavras pareciam ter sido arrancadas dela por um alicate industrial.

- Hum - disse a amiga, sucintamente - E você gostava dele em retribuição. Sim, eu vejo o problema.

- Luna - disse ela, com a voz rouca - Isso é sério. Eu estou... acho que poderia...

E então, seu telefone tocou, vibrando contra seu quadril. Ela levantou-se da grama e puxou sorrateiramente o telefone da capa.

Era ele.

O rosto maravilhoso de Draco sorria para ela da fotografia que tinha tirado dele quando ele lhe deu seu número particular várias semanas antes.

Ela atendeu e pressionou o telefone e a fotografia dele bem forte contra o ouvido.

- Draco - disse ela com um suspiro - Oi !

- Na minha casa - disse ele simplesmente, com a voz rouca, como se também tivesse sentido cada minuto que estiveram separados - Hoje à noite, às nove horas.

A pele dela se aqueceu como se o Sol tivesse brilhado através de uma nuvem apenas para seu benefício. Concordou e depois se deu conta de que ele não conseguiria vê-la.

- Vou estar lá.

Ela olhou para a tela em branco. A urgência no tom de voz dele era inconfundível. Ele ainda a queria. Assim como ela o queria. O que era algo e tanto. O conhecimento trazia poder. O que quer que o tivesse enviado para sua caverna, não conseguiu mantê-lo longe dela, mesmo que ele tivesse tentado. Então, a tosse de Luna a lembrou que não estava sozinha com seus pensamentos excitados.

Luna ergueu uma sobrancelha

- Planos ? Planos desavergonhados ? - Ginny deu um empurrão na amiga antes de criar asas nos pés e sair voando dali.


P. S.: Nos vemos no Capítulo 8.