Esclarecimento: Só reiterando que esta história não me pertence, ela é uma adaptação do livro de mesmo nome, de Ally Blake, que foi publicado na série de romances "Modern Sexy", da editora Harlequin Books.
Capítulo 8
Finalmente, era a noite do lançamento do grande Z9, e Ginny havia conseguido ! Ela conseguira lidar com o pesadelo logístico de ter um circo montado no meio da icônica Melbourne Cricket Ground.
Estandartes, vermelhos e dourados, enormes, flamejavam acima dela, enquanto trapezistas, mágicos e cartomantes andavam em meio às centenas de convidados lindamente vestidos. Risadas ecoavam pelo espaço elevado junto ao som alegre de taças de champanhe tilintando e conversas barulhentas.
Ginny estava no meio do piso flutuante de madeira encerada com a estrela do espetáculo, um Pegasus Z9 azul-marinho brilhante, impecável. O carro esporte repousava graciosamente em sua base giratória lenta, com toda a energia contida, como um gato selvagem se preparando para saltar.
Seu pai teria amado o carro. Ela sentiu um formigamento de tristeza queimar sua espinha ao pensar no fato de que ele não estava ali para vê-lo, para vê-la. Para passar seu braço sobre o ombro dela como sempre fizera e dizer:
- Criança, você fez tudo muuuito bem.
Ela cruzou os braços sobre o peito e se apegou a essa lembrança...
- Você vem com o carro ? - uma voz grave ecoou junto a ela enquanto alguém beijava seu cabelo.
Sua tristeza se desvaneceu como neblina ao Sol e, com um suspiro, debruçou-se sobre aquele homem sólido como uma parede.
- Depende de quem pergunta.
A risada grave de Draco criou ondas de calor como um incêndio passando por ela. Ela esperava que ele viesse, mas não mencionara o convite novamente. E o fato de que ele estava lá, apoiando-a em sua grande noite, era muito mais do que ousara acreditar.
- Esta é a sua noite de sorte.
- Promessas, promessas - respondeu Draco.
E então, antes que Ginny pudesse pensar em uma rota de fuga, o chefe dela veio na direção deles.
- Sr. Fudge, este é meu... quer dizer, este é...
- Malfoy, certo ? - disse o chefe dela, praticamente babando - Cornelius Fudge. Muito prazer em conhecê-lo.
- Igualmente - disse Draco, sem soltá-la enquanto esticava o braço em volta dela para cumprimentar seu chefe - Você tem um vencedor aí.
Os olhos do sr. Fudge foram direto para o Z9 e ele acenou com a cabeça diversas vezes.
- Não é uma beleza ?
- Eu estava falando sobre quem planejou a festa, na verdade.
Ele olhou para Ginny.
- Sim, sim. Bom trabalho. Noite animada. Agora me conte o que você acha do pára-lama. Eu queria que lembrasse o do Bespoke Racer, mas com um toque contemporâneo.
Fudge chacoalhou um braço substancial para um garçom que passava servindo bebidas, que quase perdeu a bandeja quando virou cento e oitenta graus para servir o chefe.
Ginny rapidamente se desvencilhou, apenas para que Draco a encarasse silenciosamente e passasse a mão por sua cintura. O toque mais inócuo de todos e, ainda assim, a queimou com a ferocidade de um beijo perigoso. Mesmo isso não foi nada comparado à intensidade dos olhos de Draco.
Ela balbuciou:
- Você vai ficar bem - virou-se enfim e andou para longe o mais rápido que seus saltos conseguiram. Sendo a excitação do toque dele ou a intensidade de seus olhos que a deixaram insegura, tudo o que ela sabia é que precisava espairecer. Tinha trabalho a fazer. Lidaria com o resto depois.
Depois do que pareceram horas, Ginny encontrou um lugar atrás do trailer da cartomante para descansar por um instante.
- Ginny, isso está fantástico ! - disse Luna quando encontrou-a - Onde está Draco ? Ele é ou não é a alma da festa ?
Para um sujeito que não gostava de festas, parecia que ele havia nascido para entreter a multidão. Com uma camisa branca sem gravata e um blazer de linho cinza, ele emanava sofisticação sem fazer qualquer esforço, como ninguém que ela jamais conhecera. Tinha a ver com confiança. Se havia algo mais sexy do que um homem confortável sendo ele mesmo, ela ainda não havia encontrado.
Como se Draco houvesse sentido o olhar dela sobre ele, seus olhos encontraram-se com os de Ginny. Ele parou de falar no meio da frase, sem perceber o falatório que irrompeu ao seu redor. Naquele momento, ela duvidou que existisse alguém mais sexy que Draco Malfoy, e ponto final.
- Honestamente, nenhum homem deveria ter permissão para ser assim tão bonito. É injusto com o resto deles.
Ginny piscou e olhou para o lado. Ela havia esquecido que Luna estava ali.
- Desculpe, o que foi ?
- Seu homem. Ele é lindo, Ginny.
"Ele é", ela pensou. "Bonito. Brilhante. Feito para durar".
- Ei, eu sempre me esqueço de perguntar - disse Luna - O que aconteceu quando vocês finalmente tiveram a "conversa sobre o relacionamento anterior" ?
- Ainda temos que atravessar esse campo minado - disse uma voz grave atrás delas.
Ginny empalideceu, virou-se tão rápido que seu salto se prendeu em um tufo de grama e teve que se segurar na lanterna traseira do trailer para não cair de lado, enquanto Luna quase engasgou com um bolinho de caranguejo.
- Por que será que eu estou com a sensação de que, se tivesse esperado um minuto, teria chegado no meio de algo bem mais quente ? - perguntou ele, seus olhos cinza cheios de certeza, não de suspeita. Nem um pouquinho.
- Você não faz idéia - balbuciou Luna.
Ginny deu uma rápida olhada para a amiga, que estava resolutamente ignorando-a.
- Entendo. Então sobre o que estamos falando ? - perguntou Draco, agora olhando de uma para a outra - Uma fila de corações partidos ligando a Costa Central a Melbourne ?
- Bem... - começou Luna, até Ginny chutá-la na canela.
- Infelizmente, assinei contratos de não divulgação com todos os meus ex por razão de segurança nacional - disse Ginny.
Os olhos cinza de Draco colidiram com os dela, questionando, mas ainda não suspeitando.
- Tão quente assim ? Agora você me deixou curioso.
- E por esta noite você vai ter que permanecer assim. Lembra como decidimos que gostávamos de um misteriozinho ?
- Já decidimos ?
Luna se afastou discretamente.
- Venha comigo, vamos nos misturar - disse ela, segurando-o pela mão e puxando-o para a segurança da multidão, rezando para que ele não quisesse mais falar sobre aquilo.
Ele a puxou de volta para a sombra do trailer.
- Há outras coisas, que não incluem hordas de estranhos, que eu preferia estar fazendo com você.
Ela evitou seu olhar. Tentou uma brincadeira.
- Você é tão direto.
- Imutavelmente.
Conforme o hálito dele aquecia-lhe a pele, ela queria ainda mais debruçar-se sobre ele, absorver todo esse calor masculino lindo. Mas todos os pensamentos sobre seu passado amoroso criaram uma barreira em volta dela, como se estivesse embrulhada em celofane.
- Ginny ! Srta. Weasley !
A voz do chefe de Ginny quebrou o silêncio pesado, e ela ficou tão aliviada que poderia ter chorado.
- O dever me chama ! - cantarolou ela, afastando-se.
Depois de dar ao seu chefe as instruções sobre como chegar ao banheiro masculino, que era o que ele estava procurando, ela procurou por Luna, segurando-a pelo cotovelo e arrastando-a para longe do designer de tecidos para interiores do Pegasus com quem ela estava flertando.
- Não ! - disse Luna - Ele era o cara. Eu sei que era.
- Ele é casado.
- Droga !
Ginny encaminhou-se para um ponto recluso atrás de um vaso com uma palmeira enorme, os olhos dela varriam a sala para ter certeza de que ninguém estivesse perto o suficiente para ouvir.
- Luna, eu imploro para que você seja mais circunspecta.
- Sobre o quê ?
- Falando sobre mim, sobre assuntos privados, enquanto estou trabalhando na frente de Draco.
- Você quer dizer sobre você ter ficado noiva três vezes.
Ela fez que sim, sem olhar para a amiga.
- Nossa, Ginny, não consigo acreditar que você ainda não lhe contou !
- N-não é nada demais. Eu não disse que beijei Seamus Finnigan atrás do laboratório de ciências no quinto ano também. Ou que fiquei me esfregando no acampamento da escola com um menino cujo nome há muitos anos não lembro. Ou que eu, uma mulher adulta, tive uma paixão por Zac Efron durante todo o fenômeno High School Music.
- Não estamos falando de uma paixão ou duas. Eu estou falando de Harry Potter, de Michael Corner e... daquele com covinhas e o labrador chocolate.
"Dean Thomas", Ginny pensou. "Fiquei noiva dele por dois dias depois de sairmos por um mês. Não é de se estranhar que minha melhor amiga não consiga lembrar o nome do pobre homem". Ele afastou a lembrança.
- É complicado.
- Não - disse Luna rispidamente, balançando a cabeça na visão periférica de Ginny - Não é mesmo.
- Podemos parar com isso ? - perguntou ela, enquanto seu pescoço ficava mais quente e partes de sua pele começavam a coçar.
- Não. Não acho que devemos. Do meu ponto de vista, se você e Draco são exclusivos, então ele merece saber.
Ela sentiu uma imensa necessidade de colocar seus dedos nos ouvidos e gritar "Lalalalala".
- Então você não é exclusiva - disse Luna.
- Não... exatamente.
- Então o que vocês são um para o outro ? Como você o descreveu aqui, hoje, para alguém que tenha perguntado ? E se o velho Fudge quisesse saber ? Ele é seu namorado ? Seu amigo ? Seu amante eventual ?
- Luna...
- Pois é o seguinte, amiga, se você estiver com ele para sexo casual, por que tem medo de contar a verdade ? - Luna segurou suas duas mãos, forçando-a a olhar nos seus olhos - Ele não é o tipo de modelo que você troca quando a garantia acaba. Draco Malfoy é um homem para se manter. Em qualquer planeta. E até onde alguém com dois olhos e um pouco de inteligência pode ver, ele adora você até a pontinha dos seus dedos dos pés de unhas pintadas. Se você o quer, ele é seu.
Ginny gostaria que houvesse uma cadeira por perto. Se ela não pusesse a cabeça entre os joelhos logo, iria desmaiar.
Sua amiga estava certa, certíssima. Draco não era o prêmio de consolação de ninguém, o sexo casual de ninguém. Ele deixava uma impressão muito duradoura para ser considerado alguma coisa tão sem substância. Na verdade, ela se sentia bastante podre por dentro por alguma vez ter permitido a si mesma fingir que havia acreditado nisso sobre ele. Draco Malfoy era bonito, brilhante e feito para durar. O único problema: ela não era. Ela tentara, tentara mesmo. Tinha os anéis de noivado para provar. Mas quando se tratava do momento crítico, ela desabava. A idéia de se comprometer com uma pessoa, prometer amá-la por toda a eternidade, sabendo que tudo isso poderia ser levado embora num piscar de olhos, dava a Ginny ataques de pânico.
- Eu preciso... de mais tempo.
- Para quê ? Para terminar ? Para perder a intensidade ? Para perceber o que qualquer um que olha para vocês consegue ver em um instante, que você e ele, juntos, são fantásticos ?
- Não sei.
- Oh, querida. Saiba que eu estou apenas zelando por seu bem-estar. E que, se eu não der um tapa educado na sua cabeça quando acho que você precisa, não me intitularia sua melhor amiga. Está bem ?
Ela fez que sim com a cabeça.
- Vou dar uma volta. Encontrar um milionário solitário para mim - Luna a beijou - Pense no que eu falei, está bem, Ginny ?
Ginny esfregou o rosto, sabendo que o batom vermelho de Luna havia deixado uma marca, e, com a cabeça erguida, ela colocou um sorriso no rosto e voltou ao trabalho, sabendo que as marcas internas que a conversa havia deixado nela iriam levar muito mais tempo para desaparecer.
Sozinho pela primeira vez naquela noite, Draco olhou em volta até encontrar Ginny e observá-la de novo. E de novo. Seu vestido de noite verde sem alças tinha um brilho que refletia a luz. Seus olhos pintados. Seu cabelo sedoso.
Depois do fim de semana na casa de sua família, ele tomara a decisão de esfriar as coisas com Ginny.
Mas não havia compreendido a extensão do impacto que ela causara nele até que sentira falta dela. Ela tinha encontrado um caminho por debaixo da pele dele, ido fundo até os ossos. Ela enroscara-se em seus desejos mais profundos, mas só porque ele havia permitido. Fora algo assustador deixá-la chegar tão perto. Ele considerara virtualmente impossível confiar muito em qualquer coisa depois de seus pais terem lhe provado que qualquer um tinha o poder de feri-lo.
Porém, quanto mais ele a conhecia, mais tinha certeza de que Ginny era diferente. O que via era o que teria. E o que ele tinha era uma mulher aberta, honesta, frágil, engraçada, sexy e impertinente, que o fazia sentir-se...
Quantas noites mais ele queria com esta mulher ? Queria todas as noites possíveis com ela.
Quando Ginny se despediu com beijinhos do último convidado, ela pôde sentir Draco esperando por ela. Olhou em volta até encontrá-lo encostado no bar. Sentiu seu olhar e franziu o cenho rapidamente como um pedido de desculpas. Ele assentiu. O movimento normalmente não tinha nada demais, mas este era diferente. Era sério, intenso. Realmente deixou-a toda arrepiada. Tudo o que ela conseguiu entender foi que ele deve ter ficado remoendo a conversa que tiveram perto do trailer da cartomante a noite toda, pensando sobre os fantasmas do passado dos outros namorados. Ela com certeza pensara. Não conseguia pensar em outra coisa, a não ser neles sussurrando: "Conte. Ele é um bom homem. Merece saber com que tipo de mulher está envolvido".
Ela desviou o olhar e franziu o cenho olhando para os sapatos. Ela queria bater em Luna. Queria mesmo. Se Luna já não tivesse ido embora com um dos milionários nerds de tecnologia, Ginny teria encontrado um jeito de chacoalhar sua amiga até que seus dentes rangessem.
- Tudo bem ? - a voz profunda, grave e linda de Draco ecoou no ouvido de Ginny.
Ela piscou e percebeu que todos os convidados haviam saído. A lona estava completamente vazia.
- Sim, não. Tudo bem - Ginny balançou a cabeça, sem saber a resposta. Só sabia que sentia uma repentina necessidade desesperada de ar fresco. Ar que não cheirasse tão deliciosamente a roupa lavada, algodão fresco e sabonete. A Draco.
- Pronta ? - Draco pôs a mão em sua cintura e, desta vez, ela estremeceu.
- Ainda não - disse ela, sua voz tensa - Tenho que repassar pela última vez para garantir que ninguém precisa de alguma coisa. Mas está tarde. Pode ir. Eu vou ficar bem. Ligo para você amanhã. Ou, mais tardar, na semana que vem, pois vou estar atolada de trabalho. Está bem ?
Isso era bobagem. Uma desculpa esfarrapada para postergar a conversa inevitável sobre quem ela era e que, Ginny sabia, precisava acontecer. E também sobre o que ela fizera. Em algum momento. Logo. Semanas atrás. De repente, sentiu-se física e mentalmente exausta, tão tonta que mal conseguia ver direito. Seus joelhos cederam com seu peso e ela desequilibrou-se. Naturalmente, Draco segurou-a. Ele era esse tipo de homem.
- Você está em frangalhos. Vou levá-la para casa.
- Conquistador - balbuciou ela.
Ele riu e balançou a cabeça, os olhos dele finalmente se conectando com os dela.
- O que eu fiz na vida para merecer você, Ginny Weasley ?
Seguiram abraçados pelo caminho até o estacionamento. Ginny queria que ele fosse embora. Queria que ficasse. Queria... queria...
Draco estendeu a mão e acariciou o rosto dela. Gentilmente colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. Apoiou sua mão grande, protetora e quente no pescoço dela e se inclinou para beijá-la.
Tempo, espaço e ir mais devagar passaram por sua mente por uma fração de segundo antes de seus lábios encontrarem-se com os dele no mais gentil dos contatos. Então, apenas com isso, ela perdeu a luta. Puxou-o para perto e beijou-o com força. Como se uma represa houvesse se quebrado dentro de Draco, seu beijo tornou-se brutal, abastecido por uma avalanche de ânsia do tipo que Ginny nunca antes conhecera.
Medo, confusão e lógica foram pulverizados debaixo das forças conjuntas de seus desejos e em seu lugar surgiu uma excitação feroz que nenhuma pessoa poderia esperar sentir. Só quando a buzina de um carro de bêbados risonhos que passava tocou várias vezes é que eles se afastaram, ofegantes.
Ela apoiou a testa no peito duro de Draco, suas mãos trêmulas na cintura dele. Ele se sentiu tão pesado contra ela, como se precisasse da força dela para manter-se de pé. Depois de um longo tempo, ele passou um dedo por baixo do queixo dela e ergueu seu rosto para que ela o olhasse nos olhos e, ainda que a Lua houvesse se escondido atrás das nuvens fofas que passavam no céu, ela podia ver cada nuance de seus olhos cinza.
E como a viciada que claramente era, e seria até o fim dos seus dias desgraçados, Ginny ficou lá e aproveitou ansiosamente até o fim.
- Ginny... - começou ele.
Ela colocou um dedo nos lábios dele e disse:
- Leve-me para casa.
P. S.: Nos vemos no Capítulo 9.
