Arregalei meus olhos, soltei um sorrisão e senti todo meu corpo gritar "corre pra ele!" enquanto ele fazia isso mesmo e eu, num pulo, segurei com as pernas a cintura dele:

- Tô liberada pra maior aventura da minha vida pelos próximos três meses, Logan!

E ele deu um grito de cowboy – "Irrá!", girando comigo presa na cintura, enquanto me beijava calorosamente. E, do nada, ele parou:

- Peraí, por que só três meses?

Recuperei meu fôlego, ele me apoiou no chão e, segurando minhas mãos, manteve uma distância de nós pra me olhar nos olhos e não perder nada:

- Segundo o Hank, ele usou alguns modelos matemáticos de IA pra extrapolar a duração do seu fator de cura no meu corpo e disse que é isso, esse é o tempo que ele vai durar...

- Porr... Mas e aí?! Quero dizer, claro, é muito bom saber disso, mas, sei lá, tô com uma sensação de vazio, gata.

- Eu agradeço a preocupação, o pensamento que daqui três meses ainda vamos estar juntos e tal, mas alguém sempre me disse pra viver o presente e, no atual, esse, aqui agora, eu posso transar com você sem me preocupar com nada! Tem como focar, Logan? Ademais, o Hank falou que vai, nesses três meses, pensar numa solução e eu confio nele. Sei que você também, né?

Enquanto eu falava, ele deixou seu corpo cair pesadamente na cama, parecia mesmo um saco vazio de esperanças. Minhas frases finais o animaram um pouco, a ponto de ele dizer:

- Bom, nada que outra transfusão não ajude, eu espero. Meu sangue é todo teu, Lana... – e meu nome foi dito de uma forma totalmente nova, acompanhada por um brilho tão intenso no olhar que eu arriscaria dizer ser paixão.

Mordi meu lábio inferior enquanto suspirava e ele se levantou, colando nossos corpos:

- Amei o jeito como disse meu nome, Looggie. – tentei retribuir, não sabendo se tinha surtido efeito até ele me agarrar e eu soltar um gritinho de felicidade. Minha experiência começou com aquele homem dizendo meu nome roucamente nos meus ouvidos, enquanto me deitava gentilmente na cama e trocávamos momentos e sensações que eu não conhecia e o fato dele conhecer tão bem, não me faziam sentir diminuída.

Por dividirmos o fator de cura, tanto ele quanto eu tivemos muita energia para gastar e, confesso, não me cansaria de toda essa descoberta tão cedo. Questionei o quanto precisei passar para a vida me levar até aquele momento e, realmente, agradeço por ter sido agora. Antes, eu teria melado tudo, por minhas certezas serem tão incisivas, mesmo em assuntos não dominados por mim. A estranha sensação após aquelas horas com ele me fez perceber que não tinha perdido minha virgindade, porque ela estava mais na posse do termo e não no ato em si; a palavra perder devia trazer um sentimento totalmente oposto ao recebido. Era engraçado, mas eu tinha ganho, seja experiência em uma área desconhecida, quanto confiança nas minhas convicções atuais. O mais estranho era saber o quanto essas convicções eram volúveis e, amanhã, eu poderia pensar e querer algo totalmente diferente, sem prejuízo das experiências anteriores e nem das pessoas envolvidas. O comprometimento do Logan não me importava mais que o meu próprio, não para com ele, mas comigo mesma. Senti-me poderosamente dona do meu destino e, quando os olhos dele se abriram lentamente, junto com um sorriso demorado, eu soube: não deixaria o presente ter menos valor, pois agora, ele era meu!