Capítulo 64 – O filho que eu quero ter

É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem

Música: O Filho Que Eu Quero Ter – Toquinho e Vinicius de Moraes


Dias depois eles retornaram para casa com Ethan. House e Cuddy estavam em casa em tempo integral para cuidarem dos três filhos, Marina os ajudava durante o dia, era quando os dois conseguiam dormir por algumas horas, pois a noite... Ethan gritava a noite toda. House dizia que ele seria um rockstar, pois ficava acordado durante a noite gritando alto e dormia melhor durante o dia.

"Se Ethan fosse o nosso primeiro filho nunca teríamos um segundo filho". House reclamou.

Cuddy também estava cansada. Ethan demandava muita energia e atenção dos pais.

"Eu não sei por que ele grita tanto se o pediatra disse que está tudo bem. Será que tem algo errado?". Cuddy perguntou preocupada.

"Nada errado, ele quer atenção o tempo todo".

"Isso é normal?".

"Eu te disse que tivemos sorte com Gwen e que isso dificilmente se repetiria. Rachel já deu algum trabalho, mas Ethan é o campeão. Ele é um rockstar egocêntrico e megalomaníaco".

Cuddy respirou fundo. "Sua mãe disse que você chorava muito também".

"E você está insinuando que a culpa é minha? Que esse menino puxou a mim?".

"Não, nada disso, eu só estou tentando entender".

Gwen começou a chamar a sua mãe.

"Oi bebê, o que você quer?". Cuddy correu pra ela.

"Bebê chorando".

"Sim, eu sei querida, seu irmão está chorando".

"Bebê chora chora".

"Sim". Cuddy riu e abraçou a filha. "Você não consegue dormir?".

"Quero brincar com papai".

"Agora não é hora de brincar Gwen, mas venha comigo...". Cuddy a levou até o quarto do casal.

"Papai!". A menina pulou na cama dos pais.

"Gwen?". House estranhou.

"Ela está sentindo a sua falta. Estamos focados em Ethan e a sua filha mais velha sente a nossa falta".

O coração de House derreteu naquele momento.

"Ei Gwen, amanhã vamos com o papai ao parque?".

"Eba!".

"Agora durma filha, pra amanhã chegar mais rápido". Cuddy disse.

A menina dormiu aquela noite entre os pais que se revezaram para levantar durante a madrugada e cuidar de Ethan.


As semanas passaram e nada de Ethan se adaptar. O menino continuava sendo um terror, sobretudo durante a noite.

"Eu acho que vocês precisam chamar o rabino, deve ser algo espiritual". Arlene falou em sua visita.

"Claro que é espiritual". House zombou.

"Essas coisas são reais". Arlene o repreendeu.

"Então chame o rabino e, se ele der um jeito nisso, eu me converto ao judaísmo".

Arlene arregalou os olhos. "Pode apostar que farei isso".

"House, é melhor você não prometer coisas que não irá cumprir". Cuddy o alertou.

"Ele não dará jeito nesse problema. Ninguém dá jeito nisso. Só se chamarmos um exorcista".

"House!". Cuddy falou brava.

"O que foi?".

"Não fale assim do seu filho".

"Eu acho que o rabino dará um jeito". Arlene disse.

"Pois chame o rabino".

"Você irá se converter se o rabino resolver o problema?". Arlene instigou o genro.

"Mamãe!". Cuddy a repreendeu por insistir naquela insanidade.

"Eu já disse que sim". House confirmou.

O fato é que o rabino não resolveu.


"Eu não sei se é coisa de garotos ou se é só o meu garoto, mas eu não aguento mais, estou exausto". House reclamou para Wilson.

"Vocês já fizeram um monte de exames, não há nada errado com ele. Acho que Ethan puxou o pai e quer atenção o tempo todo...". Ele falou bem humorado.

"Vá se foder!".

"Ei, cadê o senso de humor?".

"Ficou no outro bolso da calça que eu usava antes de Ethan nascer".

"Não fale assim, você não ama o seu filho?".

"Não se trata disso, é... é cansativo".

"Eu imagino".

"Não, você não faz ideia".

"Tente criar uma conexão com ele, talvez seja isso o que falta".

"Aquele bebê mama que nem um desesperado, logo ele estará com o meu tamanho se continuar assim. Ele caga proporcionalmente ao tanto que mama... Ele chora como um tenor, ele só parece um bebê fofo quando está dormindo e isso não é coisa comum de acontecer por mais de uma hora seguida".

"Talvez o que falte seja realmente ele sentir que o pai o ama".

"Ele é um bebê que não tem nem um mês de vida".

"Ele sente. Todos sentimos".

"Tudo bem Wilson". House respondeu com ironia.

"Estou falando sério. Ou isso ou... O pai dele é Chase e ele quer o pai real". Wilson provocou o amigo, pois os primeiros cabelos de Ethan nasceram e eram muito loiros.

"Posso te mandar se foder novamente?".

Wilson riu sarcástico.

"Cuddy...", House chamou a esposa. "Wilson está dizendo que você é uma adultera e teve um affair com Chase".

"NÃO!". Wilson corou de vergonha.

"O que foi Wilson?". Cuddy chegou séria na sala de estar.

"Ele disse que Ethan é filho de Chase".

"Eu não disse isso". Wilson tentou disfarçar.

"Disse sim!". House insistiu percebendo que o amigo estava sem graça.

"Wilson, o meu marido sabe o que importa saber, e eu não devo satisfações a você". Cuddy falou com ironia proposital para deixar Wilson envergonhado.

"Sim, claro que sim. Eu quero dizer... Não, claro que não". Wilson se perdia entre as palavras.

House ria.

"Blythe disse que House era loiro quando bebê, só para que você saiba". Cuddy complementou.

"Sim... Eu... eu preciso ir!". Wilson falou levantando-se.

"Mas já?". House perguntou sarcástico.

"SIM". Wilson falou alto e saiu tropeçando na mesa de centro.


Naquela noite, House pegou o boneco de pelúcia de Buzz Lightyear, presente de Wilson para Ethan, e foi até o garotinho.

"Ei Ethan, filho... Tudo bem?".

O menino arregalou os grandes olhos para ele.

"Esse aqui é o Buzz, um personagem de desenho antigo, mas foi presente do seu tio Jimmy... O que podemos esperar?".

Ethan parecia interessado na conversa com o seu pai.

"Sabe, semanas atrás um louco invadiu o hospital e sequestrou algumas pessoas em busca de um diagnóstico. Se eu estivesse lá provavelmente eu teria morrido, pois iria me envolver na história mais do que o ideal, já que o mistério me atrairia. Talvez você pudesse estar sem um pai agora... Mas como nem eu e nem Cuddy estávamos lá, só ficamos sabendo disso a noite. Não sei por que eu estou contando isso pra você...".

Mas Ethan permaneceu atento.

"Talvez você só precise de pessoas falando com você como se você entendesse. Como se você fosse um adulto. Talvez ser tratado como um recém-nascido seja entediante pra você".

Ethan continuava prestando atenção.

House começou a brincar com o filho com o boneco de pelúcia e ele gostou.

"Você gosta do Buzz?".

O menino ficou muito atento ao boneco.

"Sabe Ethan, eu prometo que vou tentar te dar uma vida diferente da que eu tive com os meus pais, farei de tudo pra que você seja quem você é, só não precisa chorar tanto, tudo bem?".

Depois House o embalou para que ele adormecesse, e colocou Buzz no berço junto com o filho. Foi a primeira noite que Ethan dormiu por duas longas horas sem interrupção.

"O que aconteceu com Ethan, ele ainda não acordou?". Cuddy perguntou assustada quando despertou e percebeu que seu filho ainda não tinha chorado.

"Nós tivemos uma longa conversa". House respondeu.

"O quê?". Cuddy não entendeu nada.

"Coisas entre pai e filho".


Depois desse dia Ethan começou a ficar calmo sempre que Buzz estivesse por perto. Os pais puderam encontrar uma rotina com o recém-nascido, Gwen e Rachel tiveram novamente a atenção dos pais compartilhada com elas.

"Papai, Edan não chora". Gwen falou.

"Ethan está dormindo, filha".

"Ele dorme?".

House riu. A menina ouvia tanto choro que ela pensou que o irmão não dormia nunca.

"Sim filha, todo mundo dorme".

Rachel, que estava engatinhando a essa altura, foi até a irmã e o pai. Ela venerava Gwen, imitava tudo o que a irmã mais velha fazia.

"Buuuuuuu".

House riu.

"Buuuu pra você também, Rachel".

"Amo papai". Gwen disse.

House sorriu. "O papai também te ama, filha".

"Muuuu". Rachel tentou imitar a irmã.

"Eu também amo você, Rachel".

Ele beijou as duas filhas.


"Ei garanhão". Cuddy chegou ao quarto dizendo e ele estranhou.

"Hoje eu estou liberada para sexo e... cheia de tesão". Ela disse se arrastando para a cama.

House arregalou os olhos em choque, ele não esperava por isso. Desde que Ethan nasceu, eles estavam tão ocupados e absorvidos pela demanda e a falta de sono e descanso que a mente dele nem pensava em nada além de dormir. Na última semana a situação melhorou, mas mesmo assim... Ele estava muito cansado o tempo todo.

"Hoje?".

"Você não sente falta?". Cuddy se aproximou ainda mais sussurrando no ouvido do marido.

"Sim, mas é que... Pra ser sincero eu nem tive tempo pra pensar nisso. O que é estranho e me deixa preocupado agora que estamos falando nisso".

"Shhh... Vamos resolver isso. Temos duas horas antes de Ethan acordar".

E ela começou a beijá-lo e a se esfregar provocativamente no marido. Logo o corpo de House reagiu, por mais cansado que ele estivesse, havia mais de um mês que eles não tinham qualquer intimidade.

"Oh meu Deus! Eu havia me esquecido de como o sexo é bom". House disse.

"Um mês e já foi suficiente para que você se esquecesse?". Ela o provocou enquanto descia a calça dele.

"Um mês atípico, você quer dizer...".

Ao invés de responder ela o engoliu. House teve que se segurar para não gozar muito rápido.

"Cuddy... É melhor você parar senão isso não vai durar".

"Já?".

"Você bem disse, eu estou a mais de um mês sem sexo".

E então ele a virou de costas para a cama e começou a despi-la. Cuddy gemia só por sentir as mãos dele deslizando pelo seu corpo.

"Eu nem comecei e você já está gemendo tanto...". Era a vez dele provocá-la.

"Mais de um mês sem sexo, lembra?".

Então foi a vez dele comê-la. Ele usou a língua habilidosa e Cuddy gozou em menos de um minuto.

"Oh meu Deus, House! Um mês não foi suficiente para que a sua habilidade com a língua fosse esquecida".

Ele sorriu com a barba manchada com os fluidos da esposa. E a beijou. Ela pode provar a si mesma nos lábios dele.

"Eu quero você dentro de mim!". Cuddy disse.

"Você já está pronta?".

"Sim! Pra você eu sempre estou pronta".

E então ela o montou. House sabia que perderia o controle logo, então ele tentou pensar em algo que o fizesse durar um pouco mais: Wilson de biquíni, Taub de espartilhos... Mas não estava funcionando. Então ele virou Cuddy de costas pra cama e começou a ditar um ritmo mais lento.

"House... Rápido!".

"Calma mulher... Temos tempo!".

Mas o ritmo cadenciado durou pouco, nenhum deles conseguia se segurar. House encontrou a única opção possível: estimular o clitóris dela para levá-la ao fundo do poço com ele, e assim ele fez. Em pouco tempo ambos chegaram ao limite.

"Nunca mais eu quero ficar uma semana sem sexo". House falou puxando Cuddy para perto dele.

Ela riu. "Agora que eu fiz laqueadura das trompas eu acho que não teremos esse 'problema'".

"Você, Lisa Cuddy-House, chamando os nossos filhos de 'problema'"?

"Não é bem assim".

"É sim".

Eles riram e se beijaram. E antes de Ethan acordar fizeram amor mais uma vez.


"Ethan já tem três meses, você não pode ir tomar uma cerveja comigo?". Wilson reclamou.

"Claro que eu posso, eu só preciso avisar Cuddy".

"Ela realmente tem as suas bolas".

"Ela, Gwen, Rachel e Ethan. Eu sou um homem que deve bolas...".

Wilson riu.

"House...". Treze chegou branca.

"O quê?". Ele ficou preocupado.

"É Kutner... Ele... Está morto!".

Continua...