Os olhos perolados ainda estavam focados naquele pequeno copinho de dose a sua frente sobre o balcão. Nele, o liquido incolor brilhava com o rosa neon dos acessórios decorativos do amplo balcão a sua frente. Sentada ali, ela estava em uma espécie de transe sem se dar conta que a sua volta o mundo não parava. O famoso Pub de rock que ficava bem além dos domínios da universidade estava lotado, e no palco central a banda Akatsuki começava a tocar aquela noite.

Se algum momento de sua vida alguém a perguntasse se ela frequentaria aquele tipo de lugar, ela negaria veemente. Não era o perfil de Hinata Hyuuga, bom, não dela em estado normal de consciência, o que ela não estava naquele momento.

Passou a respirar rápido, como alguém que estava preste a pular em um rio congelado e buscasse coragem, afinal, o mais próximo que ela tomara de bebida alcoólica em sua vida havia sido aquelas bebidinhas engarrafadas mistas com sabor.

Definitivamente sim, ela era careta! Bom, não careta, ela imaginava que um porre deveria ser a coisa mais triste da vida de alguém, tipo uma espécie de fundo do poço ou como qualquer outra droga, uma fuga da realidade sofrível da vida miserável, e naquele momento era exatamente assim que ela se sentia: miserável.

A mão tremula pegou o pequeno shot.

—Que se foda, Uzumaki! – virou de uma vez fazendo uma careta contorcida enquanto o liquido quente descia queimando sua garganta sem dó. – Que coisa mais ruim! – brigou consigo mesmo.

Interessante era saber que o peito gélido e vazio, agora era ocupado por um calor do inferno. É... Talvez aquela droga alcoólica tivesse mesmo o poder de iludir.

Calculadamente, bateu o copinho na mesa e o barman tornou a enchê-lo recebendo o pagamento da garota novamente.

Fechou os olhos buscando coragem novamente, mas achou na lembrança os olhos azuis que a encaravam cheio de tesão, achou as mãos que outra ora a tocaram a tirando tudo sem que ela o negasse nada, simplesmente porque ela o amava desde sempre...

O diabo não era sombrio, oh não. Ele era loiro e tinha olhos azuis com um sorriso estupidamente convidativo. Tinha nome e sobrenome: Naruto Uzumaki Namikaze.

—Ohhh... Humm... N-Na-ruuu-tooo

Ela corou-se e constrangeu-se ainda mais com as lembranças da última noite que tivera com ele. Deus, sentia-se tão, mais tão burra!

—Você é uma puta trouxa, Hyuuga! – brigou novamente consigo mesmo virando outro gole.

Ela agora começava a sentir a sensação de fogo se alastrar além do estomago e começar a atingir suas bochechas, o lugar parecia mais quente e mais acolhedor. Tudo que ela buscava naquela infeliz noite de sexta-feira: aconchego, e o achou num copo de bebida; que além de turbinar seus sentimentos e emoções, sem ela se dar conta, libertava as algemas de algo preso a muito tempo, ela mesma.

Terceira dose, e ela agora tinha um sex on the beach nas mãos e o chupava no canudinho enquanto o corpo dançava sutilmente ao som do rock ao fundo, as outras vozes já lhe pareciam mais claras, alternava o álcool com água e suco, leu em algum lugar que ajudava na tolerância alcoólica, fora que todo aquele turbilhão também servia de gatilho a mais lembranças...

O refeitório da universidade estava um pouco cheio naquele horário. Ela conhecia tantas pessoas naquele foco de atenção quando poderia, havia o misto de ex colegas de turma da época do High School, colegas de turma atuais e outras pessoas...ok, não era uma garota popular e certamente mais da metade daquelas pessoas nem sequer lembrava-se dela, mas ela fora abençoada com uma memória incrível. A agitação no lugar fazia seu coração disparar afoito no peito, a cada palavra a mais, proferida ali, rachava um pouco mais o coração apaixonado da Hyuuga que tinha os olhos perolados contemplando agora, um garoto loiro, com um ramalhete de rosas vermelhas em mãos e em um gesto muito piegas, de joelhos, que não apenas confessava seu amor, como oficialmente pedia a garota em namoro, bem ali diante de todos para não restar duvidas... tão diferente do que fizera consigo.

Hinata sentira as pernas falharem um segundo mais, seus olhos arderam doentiamente e suas mãos apertaram-se com força uma a outra. então olhos perolados fitaram os esmeraldinos da rival que brilhavam diferente quando a olharam e voltaram a se focar no Uzumaki diante dela.

Era uma batalha perdida, Sakura havia mesmo o levado, e a ela restava o que?

Hinata sentiu o aperto gentil e empático no seu ombro vindo de sua melhor amiga, Tenten.

—Oh Hina, sinto tanto – murmurou.

E talvez fora exatamente aí que tudo perdeu o som e as cores para Hinata, de repente. Afinal, a pouco menos de uma semana, Naruto ainda a tinha nos braços, a beijava, a fazia acreditar nos dois. Alimentou sem qualquer cuidado ou controle o sentimento desesperado que ela o nutria desde os quinze anos, e só bastou Sakura estalar os dedos, e ele como um louco que sempre declarara seu amor pela rosada, não perdera um segundo sequer.

Ela apenas sentiu alguns olhares em si e isso a desconcertou, aliás, ela sentiu-se como uma torre feita apenas de blocos de montar que subitamente desencaixaram-se e tudo ruía de cima para baixo. Olhares de malicia, de pena, de confusão.

—E-eu preciso ir – disse afastando-se sem olhar para trás e fugindo do que quer que fosse aquilo, e agora... Bem...

Ela remexeu-se mais, despertando-se daquilo.

—Maldito cretino, ladrão de... Coração e... – Corou-se ao pensar ainda mais.

No rosto restara apenas um sorriso triste, vazio, angustiado e decepcionado, talvez muito mais consigo mesma do que com ele, porque se permitiu estar ali. Nem ao menos para o seu quarto voltara, saiu sem rumo, desligou o celular, não ligou para ninguém e agora de quebra finalizava o dia de humilhação bem ali, no bar.

Então ela sentiu o calor de outro corpo próximo de si dando-se conta agora que o bar estava completamente lotado. Franziu o cenho por alguns instantes ao olhar por entre todas aquelas luzes o cara que se sentava ao seu lado no balcão. Parecia confusa quanto a conhece-lo ou não, talvez estivesse já bêbada demais, ou fosse luzes demais, ou todo aquele preto que ele usava, mas aqueles cabelos rebeldes ela jurava já ter visto em algum lugar.

Quando ele finalmente sentou-se acomodado no lugar, meio que a olhou de lado e virou o rosto focando definitivamente o par de ônix intensas nos dela.

—Tsc... Hyuuga? - ele a reconhecera de primeira - Você em lugar como esse, e... Bebendo como se não houvesse amanhã? – ele arqueou uma sobrancelha. – Isso é novo para mim.

O som da voz grave, rouca e dominadora invadiu seus ouvidos, o cheiro intenso amadeirado oriental dominou completamente seu olfato dada a proximidade, ou talvez por ela ter certeza que ele tinha cara daqueles caras que cheiravam tão bem sempre... Era estonteante.

Ele notara que ela tinha as bochechas coradas, a franja grudada na testa suada, usava um vestido que agora estava um pouco acima da metade das coxas, por estar sentada daquela forma, calçava um all star branco e lilás, e tinha uma jaqueta de jeans curta sobre o vestido. Parecia incrivelmente perdida e deslocada, e ele ainda não fazia a menor ideia do que poderia ser, embora que o choque dela fosse inegável, tanto pelos olhos em choque arregalados, a falta de voz e os lábios rosados entreabertos de forma bem conveniente, aliás, olhando-a ali, muitas coisas passaram-se na mente do garoto.

Coisas como: ela praticamente não cresceu desde o High School, continuava miúda, os olhos dela tornaram-se ainda mais cristalinos, ela havia deixado o franjão lateral crescer e o cabelo como um todo, havia tornando-se ainda mais feminina e delicada se possível, mais... Bonitinha. O lado bom fora ela ter se livrado dos óculos que usava, mesmo que para leitura, bem como o aparelho ortodôntico que também não estava mais ali.

Ela piscou algumas vezes ainda processando quem estava bem ali, ainda pensava se era uma alucinação, uma brincadeira, um... Surto psicótico talvez? Se sim, seu cérebro estava fazendo um ótimo trabalho, pois estava atacando completamente seus cinco sentidos. Ela olhava os cabelos negros que agora bem maiores lhe caia em um franjão pelo rosto encobrindo o olho esquerdo. As mesmas feições carrancudas e mal-humoradas, a mesma inexpressividade de que se lembrava. Ok, ele estava muito mais alto agora, mais... Velho e bonito, mas em sua concepção, velhos hábitos nunca mudavam, então a questão era, o que ele estava fazendo ali e se dando ao trabalho de falar com ela? já que pra começo de história, ela, sempre achou que era um ser invisível pra grande maioria do colégio.

Engasgou-se de nervoso.

—S-Saa...Sasuke U-Uchiha?!

—Ainda essa maldita gagueira? – ele desenhou um meio sorriso, quase imperceptível e Hinata beliscou-se gemendo em seguida, deveria estar em coma alcoólico, afinal, Sasuke e um sorriso do Uchiha no mesmo dia?

Inflou o peito e preparou-se, se fosse uma pegadinha ela não daria espaço, não para mais uma.

—Não sou gaga! É... Nervosismo, choque. E depois, porque é estranho eu estar aqui? Talvez eu seja esse tipo de garota, né? – ele quase sorriu da língua dela querendo enrolar-se. Ela parecia um bichinho fofo nervoso, e aquilo o dava certa nostalgia.

De todas pessoas que pensou encontrar ali, em seu primeiro dia de regresso a Konoha, a última que imaginou ter diante de si era Hinata Hyuuga, ainda mais, em um lugar como aquele. Não a sempre certinha, nerd e deslocada, Hyuuga. Ainda conseguia vê-la com seu uniforme da banda da escola. A garota que deveria ser invisível, mas não era totalmente assim, embora aquela tivesse sido uma época bem conturbada para ele e bem obscura de fato, não mudava o fato de que a enxergava. Fosse na biblioteca sozinha, fosse quando chorava sentada sob o pé de maçã, fosse quando nas aulas de economia doméstica, irritantemente, ela fazia enroladinhos de canela e chocolate, ou de como em todo festival de são Valentim ela sempre se lembrava de todos com o toque que ela sempre o deixava na sua mesa o chocolate amargo, porque ele odiava doce, e ironicamente a coisa mais doce de sua vida estava bem ali, diante de si.

Tinha de aceitar, era um cara babaca demais naquela época para sequer falar com a garota estranha e negativa da turma. Afinal, ele era um cara popular e tudo refletia de alguma forma em sua vida e popularidade. talvez fosse ridículo de fato suas preocupações serem tão superficiais naquela época. tudo bem, ele era bem imaturo também.

Mas agora?

Bem, parecia que o destino era um puta filha-da-mãe ao coloca-la bem ali novamente e ele vendo que velhos hábitos não mudavam.

—Bom – ele virou-se para o balcão – nesse caso, pare de beber igual uma garotinha, garrafas de ice não são álcool – ele estendeu a mão e fez um pedido curto para logo em seguida o barman colocar duas doses diante do Uchiha que empurra o copinho para ela que ainda estava confusa com tudo aquilo.

Com a presença dele, com ele simplesmente falar consigo, lembrar de si e... Agora pagando bebidas?

Ela olhou desconfiada. Havia duas doses ali de Whisky cowboy. Ela mordeu o lábio hesitante e olhou para os lados ainda pensando que seria uma piada. Todos sabiam que Sasuke saíra do país do fogo para fazer intercambio em outro país quando chegou a hora da faculdade, todos sabiam que o Uchiha era popular demais, que ele inclusive namorara Sakura no ensino médio por alguns meses...

Todos sabiam...

Mas,

Pensar em Sakura fazia seu sangue ferver ainda mais do que a bebida o fazia.

—Vire de uma vez, Hyuuga! – era quase um comando e ele ergueu o copinho quando ela num gesto de raiva e impulsividade, rara, pegou o seu e bateu com o dele em cumprimento e virou de uma vez fazendo a careta mais engraçada que ele já vira na vida.

Noite interessante seria aquela afinal.

...

Se havia um poder do álcool, esse era ser um tipo de soro da verdade, ainda mais em alguém que não sabia beber. Sasuke contemplava a garota, tradicional e familiar, completamente fora do seu habitat natural, aliás, ela estava completamente solta e nem se dava conta, bem como não se dava conta do quão irritante ela as vezes era; e falava, deus, como ela falava bêbada, tão longe da quietinha e tímida Hyuuga que ele conhecia, mas o mais insano nisso tudo era que ele estava ali, gostando e simplesmente preso aquela coisinha pequena, desengonçada e bonitinha que estava numa balada rock vestida como uma adolescente de sétima série.

Talvez confiante demais em si mesmo, ou ocupado demais em lidar com Hinata, ele não percebera o quanto também havia bebido, ou no quanto estava mais falante, mesmo que a face séria e os tiks continuassem bem ali agora ainda mais marcados dos traços de sua personalidade um tanto arrogante e egoísta.

Ouviu Hinata contar sem qualquer papas-na-língua sua terrível desilusão amorosa como se fossem amigos de longa data e confidentes, bem como os envolvidos, o que era ao mesmo tempo surpreendente e nenhuma novidade. O Uchiha ainda se lembrava de como descobriu no final do ensino médio como os definiam, como uma ciranda de amores não correspondidos e todos sabiam. Era algo como: Hinata amava Naruto, que por sua vez era louco por Sakura, que se dizia completamente presa e apaixonada por Sasuke, que julgavam não ter coração e não amava ninguém. Tanto que teve um romance meia boca com Sakura e sem qualquer dó a chutou antes de ir embora de Konoha.

Bom... Até os ogros amam e não era que Sasuke não tivesse coração, tinha apenas um intenso problema com quem ele deixou entrar nele sem se dar conta.

Game Over.

Apertou o braço dela, e ela focou os olhos prateados nele, era uma pegada meio bruta, mas não era hostil, ela puxou mais do drink pelo canudinho ainda focada nele, que não conseguiu formular exatamente o que diria ao perder a atenção exatamente naqueles lábios unidos sugando.

Abriu a boca e fechou, arqueou o cenho e bufou a soltando, mas ela ainda o olhava esperando o desfecho, porque Hinata ainda estava letárgica.

Sasuke digeriu o processo de raiva que sentira no que o Uzumaki fizera, embora houvesse uma pontinha de ironia em tudo.

Ironicamente, Sasuke havia "descabaçado" Sakura e iludido a garota mesmo sabendo que ela era a paixonite de seu ex amigo Uzumaki, aliás, fora exatamente nesse ponto que a amizade deles rompera-se, por causa de uma garota. E agora, Naruto havia proporcionado o mesmo com Hinata, e seria ainda mais perturbador se ao menos desconfiasse que tal gesto fora proposital, só o tinha certeza de que não era porque na sua época de cuzão, Sasuke jamais havia falado com ninguém, absolutamente ninguém, sobre as confusões que a pequena Hyuuga causava em si.

Bateu um tanto ríspido o copo de coquetel no balcão e rosnou:

—Ele não te merece! Aliás, nunca mereceu! É um idiota e sempre foi.

Hinata sentiu o coração acelerar mais, corar-se mais para além do álcool e ainda por cima uma estranha energia fluir em si. Talvez a empatia do Uchiha a fizesse bem, afinal, seu ego estava na lama simplesmente porque era o ser mais espezinhado da face da terra e ouvi-lo falar assim, mesmo que fosse mentira, a fazia se sentir menos ruim. Afinal, era o cara mais popular do tempo de escola a dizendo isso. Ok, um cara que o tempo o havia feito tão bem e... Tão... Gostoso...

Ela arregalou os olhos consigo mesma, com sua constatação e negou sozinha fazendo Sasuke a olhar de rabo de olho.

Agora com as informações certas e a mente, mesmo que devagar, lutando para encaixar os pontos, Hinata chegou a uma constatação que apenas fluíra da boca:

—Você sempre foi o cara mais popular. Agora que voltou pra Konoha e pra faculdade com a gente, vai desbancar o Uzupanaca... – ele virou-se a encarando, inexpressivo, na verdade estava com vontade de gargalhar daquele jeitinho dela tentando se equilibrar no banco alto e gesticular enquanto bebia e pensava e falava. – Esse seu... Todo... Descolado com jaqueta de couro preto e cara de badboy malvadão... É até sexy, sabia?

Ele não aguentou mais, e subitamente gargalhou da constatação dela, Hinata era surpreendentemente fora da caixa da qual ele habitava sempre, das garotas que sempre o cercava.

—N-não ria de mim!

—Não to – ele foi parando e ajeitou o cabelo dela por trás da orelha – então a primeira trompetista me achava descolado?

Ela se corou ainda mais e levou a mão na boca, como se deixara escapar algo que deveria ser segredo. Desviou o olhar e certamente ele a achou ainda mais adorável. Os lábios deslizaram pela bochecha dela tocando e deixando uma sensação quente que irradiava dali e atravessava o corpo todo de Hinata, até que os lábios do Uchiha encostaram em seu ouvido. quando ele sussurrou, ela sentiu até o ultimo pelo de seu corpo eriçar.

—E agora? Ainda me acha descolado?

Ela ofegou e juntou ainda mais as coxas, mordeu o lábio suavemente e ele se afastou fitando as reações dela, a linguagem corporal, e seria hipócrita da sua parte se não assumisse como seu ego crescia drasticamente o ver que a provocava, fora que... Mesmo não sendo um adolescente descontrolado e cheio de hormônios, ele ainda sentia o peso de uma tensão sexual em si e ignora-la era terrível.

Ela bebeu, como se bebesse coragem, e ainda constrangida demais mesmo sob efeito alcoólico, falou:

—Talvez! Mais não se acha demais, Sasu... Pera, como sabe que eu era a primeira trompetista? você... – Ela estreitou o cenho para ele que deu de ombros.

—Lembro de uma vez que você estava muito ferrada, Hyuuga. vinha correndo igual uma barata tonta com uma pilha de livros e partituras e não olhava pra onde estava indo, e então esbarrou em mim, na saída do treino.

—E-eu pedi desculpa! – alterou-se justificando – e depois você foi bem grosseiro – resmungou ela bebendo mais.

—Fui sim. Me pegou em um péssimo dia.

—Então seguindo sua lógica do mal humor, todo dia é péssimo dia para você!

Ele piscou algumas vezes a encarando e então sorriu.

—Tá... Só... Vi as partituras e anotações. Sabia que era.

Ele sabia bem mais que isso, sabia de coisas que talvez nem mesmo ela notasse em si, como quando estava nervosa ou em pânico ela tendia a fugir e se afastar, que ela tinha uma espécie de trauma social, sabia que ela tinha perdido a mãe aos oito anos, sabia que Hinata tinha uma pequena marca de nascença perto da costela, sabia que embora ela amasse o sol e sua luz, era em dias de chuva e aconchego que ela se reconfortava porque ela achava que assim estava segura e os livros a fazia não se sentir tão sozinha.

E principalmente, sabia que ela era completamente apaixonada por Naruto Uzumaki desde o dia que ele a ajudou de um grupo de babacas.

Sasuke perguntou-se intimamente, se tivesse sido ele a salva-la naquele dia, seria por ele que o coração dela bateria tão intensamente?

Ela ainda estava atordoada com a lembrança por ele dita, ainda estava com a mente comprometida com aquela noite e com as coisas que ela trouxera como desabafo que parecia ter arrancado de si qualquer mínimo pensamento em Naruto ou em Sakura agora.

Hinata desceu do banco vendo Sasuke franzir o cenho a olhando confuso, ela tirou a jaqueta e a deixou bem ali sobre o banco e ele viu inteiriço agora o vestido de alcinha finas que mostrava todo o pescoço e colo dela, fora que Hinata estava fodidamente chamativa com aqueles seios fartos marcados na peça, da qual ela perceptivelmente usava sem sutiã. Não há tesão que suporte.

—Vamos dançar, Sasu! – segurou a mão dele que a olhou assustado. Ok, estava alcoolizado, mas não tão bêbado assim.

—Eu não danço! – respondeu meio rude.

—Eu também não! – ela disse com um bico – mais não vai me deixar sozinha, vai?

—Isso é chantagem? Tsc, isso é baixo até para você, Hyuuga!

Ela levou as mãos nos cabelos e remexeu o corpo suavemente no ritmo da batida de olhos fechados. Se o álcool estava preso, quando ela se levantou o soltou de uma vez toda. Sasuke olhou para garota ali daquele jeito, mas não fora o único, talvez Hinata não tivesse dimensão do quão bonita ela realmente era.

Ela abriu os olhos vendo os olhos dele sobre si e sorriu.

—Dança comigo, Sasu... – O som da voz dela era melodioso, harmônico e de alguma forma hipnótico, ainda mais misturado aos movimentos suaves dos quadris e busto. E era assim que ele se sentiu: Hipnotizado.

Ele estendeu a mão e ela enlaçou os dedos quando o calor dos dois misturou-se e logo estavam no meio da pista de dança aquela noite. As luzes aumentavam o calor, alteravam a percepção... Suavemente ele fora soltando-se à medida que o corpo dela juntava-se de costas ao seu. A mão de Sasuke desceu a cintura dela a agarrando e colando um pouco mais os corpos, o que tornou-se uma péssima decisão, já que agora tinha a bunda dela contra si e havia coisas que esconder era impossível, e ereção era uma delas.

Na pista, ele pegou de uma das vendas móveis mais bebida e virou, precisava de mais daquilo para realmente se soltar.

Já Hinata?

Bem... Ela parecia muito bem e a vontade com tudo que acontecia, com o toque em seu corpo, com o lugar, com o estado de espirito... Talvez ela tivesse de fato entregado a mente ao momento. o que tinha a perder que já não tivesse perdido? Um dia como aquele e já havia chegado ao fundo do poço, Sasuke era talvez a escada colocada para voltar a superfície, não que ela o visse como um cara de romances ou que ao menos pensasse em romance com o Uchiha, não! Longe disso, ele apenas fora bem gentil e legal na fossa dela. Tinha certeza que no dia de amanhã, tudo voltaria ao lugar, tudo voltaria a ser o que sempre foi.

Pena que a Hyuuga não tinha razão.

A alça fina escorregou suavemente pelo ombro e os olhos negros acompanharam o movimento desse, estava mesmo fodido. Foi ali naquela noite apenas para beber alguma coisa, ver os antigos companheiros de banda do irmão tocar e agora estava naquela situação...

E que situação!

A saliva acumulada na boca fora engolida com uma sede que nem mesmo ele sabia que tinha. Simplesmente a pele leitosa parecia ser um convite a perder toda a sua sanidade e quanto mais ele buscava equilibrar-se, mais o álcool gritava: faça!

Os lábios dele simplesmente tocaram o ombro despido dela que estremeceu fechando os olhos com o toque. Mas esses não pararam por aí, voltaram a tocar e logo a língua dele deslizava pela pele dela dando pequenos chupões da qual Hinata sentia as pernas amolecerem, e não apenas ela, como Sasuke queriam acreditar que aquilo era só uma situação corriqueira.

Precisavam literalmente de controle.

Hinata virou a cabeça meio de lado e os olhos negros e os perolados encaram-se, as respirações se chocavam naquele momento que parecia estranho e pré-gatilho de ambos.

E foi quando uma bargirl passou com a bandeja cheia de vários shots vermelhinhos e soltando fumaça anunciando a dose por conta da casa, que eles, finalmente quebraram aquela gritante magia sexual que pairava bem ali.

—O que é isso exatamente? – gritou Sasuke por cima da música para garota de cabelos azuis e piercing.

Hinata pegou um, e olhava esperando o aval de Sasuke para o beber por igual.

—Isso? É a bebida oficial da casa. Tsukiyomi, ou lua sangrenta, dizem que depois que você bebe, seu sonho se realiza. – Ela piscou.

Sasuke arqueou a sobrancelha e sorriu com certo deboche, ok que uma bebidinha daquela era a lâmpada mágica do desejo.

Sem perder mais tempo, as tacinhas de Hinata e Sasuke chocaram-se e ambos viraram o liquido de uma vez sentindo a sensação quente espalhar tão rápido pelo corpo como se tivessem mergulhado em lava pura e o que veio depois daquilo fora os dois completamente desinibidos e soltos de qualquer corrente.

Suor, pingando no seu peito

Pensando na tatuagem entre seus dedos

Na minha coxa, garoto, garoto, garoto

Banho gelado,

Você não tem Poder para controlar

Como faço de você meu brinquedo, brinquedo, brinquedo

Em algum momento daquela noite, em que nenhum dos dois souberam bem em qual exatamente, a Hyuuga fazia par com um Uchiha sobre o palco do Pub Gedō Mazō acompanhados pela Akatsuki, que tocava por mero lazer agora. Sasuke, que tinha em mãos a Guitarra que pertencia originalmente a Yahiko, que estava no fundo flertando com a bargirl de cabelos azuis, e que talvez estivesse tão bêbado quando os amigos no palco. O Uchiha tocava enquanto, contra toda e qualquer timidez que talvez houvesse em algum momento da sua vida, Hinata estava frente ao pedestal de microfone cantando, se estavam afinados ou no ritmo não saberiam dizer, afinal, a casa estava lotada, as pessoas agitadas e os gritos eufóricos corriam livre no lugar.

As tacinhas vermelhas viraram obrigação.

Mais Tsukiyomi... Mais ilusão... Mais felicidade e menos inibição.

Sou sua garota dos sonhos

Isso é amor verdadeiro

Mas você sabe o que dizem sobre mim

Essa garota é um problema

Garota é um problema

Garota é um problema, problema

Oh, baby

Você é tão mau, garoto

Me deixa louca, garoto

Mas você não se importa com o que dizem sobre mim

Essa garota é um problema

O corpo pálido movia-se no ritmo da música sem se importar. Àquela altura da noite/inicio de madrugada, Hinata não fazia a menor ideia de onde havia ido parar sua jaqueta jeans e muito menos a vergonha na cara, possivelmente penduradas no achado e perdidos. Estava suada e quente. Feliz de uma forma que nunca fora absolutamente em sua vida, tinha a sensação em si de que tudo era possível e de que era a mulher mais gostosa da face da terra.

Os olhos perolados intensos demais, focaram-se nos negros incandescentes do Uchiha que estava agora colado contra si, havia apenas o toque rítmico da bateria ao fundo e palmas acompanhando a acústica da música, quando ela, segurou o microfone com uma das mãos e a gola da camisa dele com outra colando não apenas os corpos, mais o provocando num nível quase atômico, sentia o ar quente dela o tocar, o nariz quase colado ao seu.

Oh deus, ele ia agarra-la bem ali, naquele palco mesmo e foda-se o resto! Se houvesse um amanhã, esse seria com ele entre as pernas dela a ouvindo gemer seu nome repetidas vezes enquanto ele entrava duro se enterrando na boceta dela, e pelo que ela cantava, era exatamente o que ela queria.

Tenho seu nome

Pendurado na minha corrente

Você não quer reivindicar

Meu corpo como um vândalo?

Você tem a cura

Debaixo de sua camiseta

Você não quer salvar essa

Pequena donzela safada?

Deixei meu casaco de pele cair no

Chão do motel... Você está na cama

Uivando mais alto e mais alto

Você borra toda minha maquiagem

Me coloca nas alturas e depois

Me joga pra baixo

O ritmo continuou, o baixo continuou, a bateria continuo e a segunda guitarra também, mas os gritos insanos agora eram frenéticos pelos dois que se atrelaram em um beijo bem ali diante da maior plateia que poderiam ter. O Uchiha tinha uma mão na nuca da garota baixinha e irritante, e a outra em sua cintura deixando os corpos em um encaixe pra lá de forte. As mãos dela engatavam na nuca dele e brincavam com os cabelos negros enquanto os dois provavam da mais intensa e incrível experiencia da vida deles. As línguas que tocavam e enroscavam, que provocavam em um beijo pra lá de quente e sensual. Dos lábios que moviam freneticamente, chupavam e deixavam um rastro de dormência dolorosa e formigando.

O único sabor que era sentido por ambos era o mais intenso desejo: sexo!

Expectares, palco aberto e celulares na mão.

A sorte estava lançada para o dia de amanhã.

Quando finalmente afastaram-se totalmente sem fôlego, não havia som externo, não havia outras pessoas, não havia o amanhã... Havia apenas uma ordem no tom imperativo, excitado e urgente, de uma voz rouca e rude:

—Vamos lá pra casa! É aqui perto. Duas quadras.

Ela ainda o encarando, usou a mão canhota pra afastar sua franja grudada de suor de sua testa e chupou suavemente os lábios dele.

—Pensei que nunca me convidaria! – sorriu, só precisava da sua jaqueta, a vergonha poderia continuar no achado e perdidos.

Estamos levantando o inferno

E não precisamos ser salvos

Porque não há salvação para uma garota má

Estamos no fundo do poço

Mas não há como parar

Porque eles não sabem nada sobre amor

Estamos levantando o inferno

E não precisamos ser salvos

Porque não há salvação para uma garoto mau

Estamos no fundo do poço

Mas não há como parar

Porque somos eu e você contra o mundo