Título: Em Silêncio
Autora: Suisei Lady Dragon.
Rate: R
Disclaimer: Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Suisei Lady Dragon
Shipper: Draco/Harry
Gênero: Romance/Aventura
Atenção: Slash, yaoi... blá... blá... (Se você não gosta, não leia!)
Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.
Em Silêncio
Capítulo 2
Harry despertou com uma desagradável sensação de ter ultrapassado suas horas de sono, sentia-se todo amarrotado e com dor de cabeça. Levantou-se da cama e se dirigiu imediatamente para o banheiro. Com uma ducha de água fria conseguiu eliminar seu mau humor e amenizou levemente as pontadas nas suas têmporas. Abaixou-se sobre o lavabo de mármore sem sequer mirar-se no espelho, era um costume que tinha adquirido desde a derrota de Lord Voldemort no ano anterior. Já pronto, olhou pela primeira vez para o relógio e supôs acertadamente que não alcançaria Ron e Hermione para tomarem café juntos.
Esse domingo resplandecia como um dia maravilhosa para visitar Hogsmeade, no entanto, para dizer a verdade não tinha ganas de ir até o povoado, e com passos pesados chegou até o corredor que levava ao Salão Principal.
Justo quando estava para dobrar o entroncamento esbarrou de forma bastante brutal com um dos estudantes. Manteve a duras penas o equilíbrio enquanto tentava amenizar a dor que o choque havia provocado no seu braço, mas de repente o desconhecido com quem havia trombado o empurrou com força até a parede, fazendo com que sua cabeça batesse nas pedras. Amaldiçoou-se mentalmente por haver se descuidado, mas não deixou escapar nenhuma queixa, não ia dar este prazer ao idiota que o estava molestando. Passaram-se alguns segundos antes que pudesse fixar sua vista novamente. Cabelos loiros impossíveis de não se reconhecer. Amaldiçoou por uma segunda vez.
"Malfoy!", sibilou ao confirmar suas suspeitas, um pequeno grunhido escapando de sua garganta. "Me solte"
"Não, você e eu temos que conversar", murmurou o loiro muito próximo do seu rosto, mantendo-o pregado a parede com força.
"Não pode ser depois do café da manhã?, Harry retrucou em voz baixa num tom de burla, mas quando Draco não o soltou e tratou de prensá-lo novamente contra a superfície dura para enfatizar seu ponto, o surpreendeu com um certeiro empurrão que lhe deu o espaço que necessitava, obrigando o loiro a controlar seus desejos de responder o ato com sua própria violência, contudo tendo que se conter pois aquele não era o local apropriado.
"Ouça, Malfoy. Não tenho tempo para os seus jogos. Quer conversar? Então diz o que tem em mente e me deixe em paz.", Harry grunhiu com verdadeiro enfado, e sem querer Malfoy ficou ressentido, o Garoto Dourado nunca havia falado com ele com tamanha seriedade. Sempre estava pronto para ser defender, devolver cada insulto e ação.
"Aqui não, na Torre de Astronomia, às nove da noite", o moreno revirou os olhos, típico de Malfoy querer complicar o que podia ser simples.
"Bem, bem, já te escutei, agora se me der licença estou atrasado para o café da manhã.", e sem mais palavras reiniciou a caminhada e Draco o viu andar um pouco tenso enquanto acariciava o braço.
Aguçou a vista com receio. Potter apenas havia protestado por causa da atitude violenta e isso porque o havia atacado, em outras ocasiões tinha encontrado logo de cara muito mais oposição. Seus instintos lhe diziam que algo importante se passava com o Garoto Dourado e ele, como qualquer sonserino que se preze, ia descobrir o que era.
No interior do Salão Principal havia apenas um ou outro estudante, sendo que Harry se acomodou e de imediato o desjejum apareceu em seu prato. Comeu pouco, não tinha muita fome logo após o encontro com o loiro. Nem sequer sabia por que ele o queria na Torre de Astronomia àquela hora, mas supunha que seguir seu jogo não faria mal algum.
Desde o dia da partida não havia tido a oportunidade de lhe dar uma boa olhada, isso porque não queria que o loiro o descobrisse. Em efeito, observar o sonserino de olhos prateados era um dos seus passatempos favoritos desde muito tempo. Só que ultimamente Malfoy estava mais chato que o de costume, ou talvez fosse sua imaginação.
Com a derrota de Voldemort as coisas em Hogwarts haviam voltado a ser bastante tranqüilas, todavia ele continuava a ter pesadelos e visões com relação ao Herdeiro de Slytherin. Suas noites e às vezes dias, pareciam estar destinados a lembrá-lo sempre daquele rosto maldito. A cicatriz em sua testa seguia intacta, mas já não doía e nem lhe molestava. Todos pensavam que Voldemort nunca mais os amedrontaria e que estavam seguros, mas ainda existia uma pessoa a quem Tom Riddle viveria perseguindo pelo resto de sua vida.
Franziu o cenho com a expressão irritada. Mesmo com o fim da guerra para o resto do mundo, as coisas para ele continuavam iguais. O diretor da escola, o senhor Dumbledore, havia insistido que continuasse os estudos, e isso não o tinha preocupado. Mas a insistência para que tomasse aulas especiais adicionais regularmente lhe havia parecido estranho. E depois de um tempo compreendeu a razão, sua magia estava aumentando a cada dia, e derrotar Voldemort em apenas alguns meses fora uma mera advertência com relação a isso.
Às vezes podia sentir como seu poder crescia e também podia sentir que esse poder ameaçava consumi-lo e descontrolar-se. Sabia o quão perigoso ele mesmo podia ser e estava seguro de que este era o motivo para que Dumbledore houvesse lhe proporcionado cursos extras. No momento estava aprendendo a controlar sua magia, a subjugá-la a sua vontade para não perder sua sanidade mental. Ao mesmo tempo em que já havia aprendido a utilizá-la a seu favor e manejá-la com precisão.
Apesar de tudo existia momentos em que sentia que sua cabeça estalaria e que as lembranças de Voldemort tomariam o controle, transformando-o numa besta obscura, cheia de crueldade e malignidade. Se existia algo a que Harry temia era isso, transfigurar-se na entidade que havia derrotado. Mas seus amigos estavam ali para auxiliá-lo. Ron e Hermione haviam sido designados por Dumbledore para ajudá-lo, ambos eram como sua consciência e se algo saía do controle eles tinham a habilidade de contê-lo.
Recordava ainda os olhos enormes de Ron e a mirada úmida, mas determinada de Hermione quando o Professor Snape lhes havia mostrado como nocauteá-lo de forma rápida e segura, sem lhe causar danos.
Sorriu para si mesmo, confiava nos dois de olhos fechados, o suficiente para colocar sua vida em suas mãos, permitindo até que Dumbledore o enfeitiçasse com uma magia antiga que o impossibilitava de se defender dos ataques de ambos, só para ter uma certeza de que não os machucaria se chegasse ao cúmulo perder o controle.
De imediato seu rosto voltou a ficar sério. Já havia perdido o controle uma vez. Não queria recorda isso por nenhum motivo. Terminou o desjejum sem muito ânimo e saiu para o pátio, certamente o ar fresco da manhã lhe faria bem.
Harry suspirou ao se ver diante das escadas. Subiu com cautela. O relógio da torre marcara nove horas a cinco minutos atrás, mas por nada no mundo ele mostraria a Malfoy que o havia obedecido ao pé da letra, ainda mais quando estava obcecado por sua pessoa. Por sorte nenhum dos professores, nem sequer Dumbledore, haviam se dado conta desta sua debilidade. Não queria que ninguém usasse isso contra ou a seu favor, como aconteceria se Malfoy descobrisse realmente o que estava se passando.
Quando finalmente chegou, o jovem se encontrava recostado à parede de pedra que rodeava a torre.
"Boa noite, Malfoy.", disse no instante em que o loiro se virou. "Sobre o que queria conversar?"
"Boa noite, Potter", respondeu arrastando o nome. "Seu braço está melhor?", por instinto o moreno levou uma mão ao braço e o odor de ungüento de Madame Pomfrey preencheu o ar. Harry apenas assentiu mirando o outro rapaz com curiosidade.
" E?", perguntou.
"Mhh, ansioso?", a resposta fez com que o moreno lhe devolve-se um olhar raivoso e impaciente. "Por quê?"
Após a pergunta, Harry permaneceu neutro, tratando de entender o que o loiro queria dizer.
"Você não me engana, Potter. Durante o jogo de Quadribol você poderia ter alcançado o pomo antes de mim, porque não o apanhou? Porque teve essa ousadia?", sussurrou cerrando os olhos com suspeita.
"Instinto", murmurou Harry inseguro.
"Instinto natural de herói? Não sabia que seu estúpido complexo grifinório se estendia aos seus inimigos!"
"Você não é meu inimigo, Malfoy. Voldemort era!", o loiro estremeceu levemente e Harry sorriu para si mesmo. O nome do Lord das Trevas ainda causava esse efeito nas pessoas, e por alguma razão, ele podia nomeá-lo sem problemas, não precisando dar certas satisfações aos demais.
"Você está bastante seguro que eu não seja.", melindrou Draco com ar satisfeito enquanto cruzava os braços.
"Você é, Malfoy?", sussurrou Harry, tão baixo que Draco não pode escutar o tom incerto.
"Sou um sonserino, filho de um reconhecido Comensal da Morte de quem você é inimigo", respondeu como se isso fosse à coisa mais óbvia do mundo.
"Que você seja um sonserino é o de menos. Filho de um Comensal da Morte... isso poderia ser um motivo razoável, mas só se você estiver pensando em se converter em um."
"Isso você não pode saber", Draco sorriu com crueldade viperina, se aproximado um passo.
"Não... você não...", Harry ainda não compreendia. Tampouco se atrevia a dizer o que pensava, por sorte o loiro não o havia escutado. "Era isso o que você queria me dizer?", disse por fim desafiante, levantando as íris verdes.
"Não, eu quero avisar que a próxima vez que você quiser dar uma de herói, que busque um dos seus amigos trouxas. Eu não preciso que ninguém para me proteger.", Harry afastou com um golpe a mão que o outro rapaz apontava para seu rosto e estava a ponto de dar a volta para descer da Torre. Não tinha que suportar as idiotices do loiro, muito menos as idiotices que o feriam sem querer.
"Você é um covarde.", ressoou Malfoy, sentindo-se frustrado por não ter conseguido descobrir nada.
E nesse momento, quando Harry deteve os próprios pés, ele se permitiu sorrir, pois finalmente o jovem grifinório havia mordido o anzol.
"Retire suas palavras, Malfoy!", o moreno grunhiu ainda de costas.
"Não as retiro, é a verdade, você é um covarde!", e a cada entonação Draco se aproximava mais. "Amante de trouxas, um herói de mentira, igual aos seus pais."
As palavras apenas haviam abandonado os lábios do sonserino quando este sentiu que uma grande força mágica o tomava pela garganta. Levou as mãos ao pescoço com surpresa, mas não pode acabar com a pressão. Ao redor do jovem Potter o ar parecia carregado de faíscas douradas e vermelhas, enquanto os ombros tremiam. Voltou-se com lentidão.
"Retire... as suas palavras... Malfoy!", Harry Potter murmurou com mais força.
No Salão Comunal da Grifinória uma Hermione preocupada insistia com seu amigo para que fossem procurar por Harry.
"Hermione, temos que deixá-lo respirar. Harry não gosta que o tratemos como um garoto, ele sabe se cuidar sozinho.", o ruivo tentou convencê-la há esquecer um pouco o amigo.
"Eu já sei disso Ron, mas tenho um mau pressentimento. E se ele estiver com problemas? Não o vimos desde quando? Desde o jantar? Você sabe que o Harry passa um tempo sozinho, mas não tanto tempo."
"É por essa razão que eu penso que não devemos sair para procurá-lo. Hermione, Harry tem uma agenda muito cheia, ultimamente está debaixo de muita pressão e não tem tempo para si mesmo.", a jovem se deixou cair ao lado do amigo, derrotada.
"Está bem, está bem. Mas ao menos podemos espiar o Mapa para ver se está tudo certo, não?", implorou com os olhos e o ruivo fez caso até que finalmente concordou.
Ron buscou o Mapa nos seus pertences no dormitório levando-o para o salão, e uma vez ali pronunciou as palavras que revelavam o segredo do manuscrito.
"Juro solenemente que não farei nada de bom!", e as diminutas linhas começaram a aparecer. Após alguns minutos ele encontrou o pequeno ponto de tinta que indicava a posição de seu amigo.
"Está na Torre de Astronomia, mas quem é este outro ponto? Parece que o nome está desvanecendo."
"Quem é?", ela perguntou e Ron tratou de tentar ler o nome apagado que indicava a identidade da pessoa que acompanhava Harry.
"Hermione... me parece que é...", abriu os olhos que ficaram do tamanho de dois pratos. "É o Malfoy!".
A jovem de imediato tomou-lhe o mapa das mãos e quando leu o nome não teve dúvidas de que Ron havia lido corretamente.
"Ron... acredito que devemos ir atrás do Harry, temo que o Malfoy esteja com problemas.", disse gaguejando enquanto se colocava de pé. Ela se pôs a correr passando pelo quadro da Mulher Gorda e Ron foi logo atrás desembalado.
Enquanto isso, na Torre, Draco Malfoy se encontrava suspendido no ar a alguns centímetros de altura, impossibilitado de respirar e começando a perder os sentidos, seus lábios já começando a adquirir um tom azulado enquanto os movia desesperado.
Ao seu redor o vento ululava com brutalidade e Harry Potter lhe parecia à expressão máxima da violência. Os olhos brilhavam com uma intensidade que nunca havia visto, vermelhos como sangue e era mais do que óbvio que Potter não precisava de uma varinha para liberar seu poder.
Era lamentável que aquele bruxo pertencesse a Grifinória já que se qualificava perfeitamente para ser um sonserino, ao menos era isso que a mente nublada de Draco lhe dizia. Seu último pensamento era o quão magnífico se via o seu adversário envolto naquele turbilhão furioso de poder e magia.
Mas neste instante uma voz conhecida deteve todo o drama.
"Relaxo!"
E Draco caiu no chão tratando de imediato de meter ar em seus pulmões ardentes. O que veio em seguida não foi do seu agrado, mas tampouco podia se queixar. Uma Hermione Granger tratava de ajudá-lo a se sentar enquanto o rapaz Weasley levantava Harry Potter do chão a onde havia caído desmaiado.
Ao cabo de alguns minutos de confusão, o professor Snape surpreendentemente apareceu em cena, revisando primeiramente Draco, vendo se o garoto estava bem, e dando um olhar reprovador para os grifinórios, seguindo com uma mirada cansada ao rapaz desvanecido.
"Jovens, temos que conversar, agora!", e sua voz pastosa e lânguida soou aos estudantes como um decreto de morte.
Draco Malfoy encontrava-se no interior do escritório de Dumbledore, diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Junto a ele estava seu Mestre de Poções, a quem admirava muito, o professor Severus Snape e líder da Sonserina. Além deles se encontravam no local Ron Weasley e Hermione Granger, e no meio dos dois um aturdido Harry Potter.
"Senhor Potter, seu comportamento hoje deixa muito a desejar!", resmungou irritado o professor Snape. "Sua conduta é simplesmente intolerável."
O jovem aludido apenas permanecia cabisbaixo.
"Senhor Malfoy. Antes de verbalizar o que penso, gostaria que me dissesse o que fez para provocar tanto o Senhor Potter!", sibilou o professor de forma que Draco compreendeu o quão estúpido havia sido.
"Foi minha culpa, professor!", murmurou o moreno antes que Malfoy pudesse falar.
"Senhor Potter, agradeceria se aguardasse em silêncio.", o moreno voltou a abaixar a cabeça num gesto derrotado.
"Professor, eu só quis averiguar o porquê do Potter ter me protegido no jogo de quadribol. Ele podia ter apanhado o pomo, mas não o fez, e em troca decidiu agir como o herói, seguramente para chamar mais a atenção."
"Isso está correto... senhor Potter?", Harry assentiu sem levantar a vista. "E isso foi o que você disse e o que fez o senhor Potter perder o controle?", perguntou para Draco.
"Em um segundo eu estava falando com ele e no seguinte me encontrava erguido no ar. Harry Potter não deveria ser admitido em Hogwarts, quase me mata, sou apenas um estudante indefeso.", chiou com indignação o loiro e com suas palavras o moreno afundou ainda mais na cadeira.
O professor Snape se aproximou do aluno de sua casa e o observou com olhos penetrantes, até que ele começasse a sentir-se incomodo no assento.
"Senhor Malfoy, estou a ponto de esquecer o quão bom sonserino você é e toda a influencia que seu pai pode ter sobre qualquer assunto relacionado à escola, e por isso acabarei dando-lhe um pouco de Veritasserum, porque assim, quem sabe você compreenda que este é um caso sumamente delicado.", sibilou muito perto do jovem que se enterrava no mesmo lugar. "Acredito que não esteja entendendo a importância desse assunto. Necessitamos saber por que o senhor Potter perdeu a paciência com você e necessitamos que você nos revele as palavras exatas que usou."
"Professor...", Severus Snape girou a cabeça na direção do rapaz que havia falado. Harry os observava com a expressão cansada e nervosa. "Poderia me dispensar enquanto fala com o Malfoy?"
"Não vejo razão para dispensá-lo, senhor Potter...", mas Albus Dumbledore, dono do escritório, o interrompeu.
"Severus... creio que o Senhor Potter não deseja escutar novamente o que o fez perder o controle de seus poderes. Não é assim, senhor Potter?", Harry assentiu sem levantar o olhar do chão. "Senhor Weasley, poderia acompanhar o Senhor Potter até lá fora? Estou seguro que não tardaremos muito para aclarar este assunto".
O ruivo assentiu e se levantou, o moreno imitou-o de imediato. Antes de sair o Weasley lançou uma mirada enojada para o loiro, mas logo em seguida desviou-a para a jovem que o observava, agora com um toque de arrependimento. Quando saíram o professor Dumbledore continuou:
"Senhor Malfoy, como pôde comprovar essa noite, os poderes de Harry estão aumentando significativamente, tanto que temos tomado medidas extremas para assegurar que os estudantes de Hogwarts tenham um ambiente seguro apesar da estadia dele aqui. Mas temo que estas mesmas medidas estejam fazendo com que o jovem Potter se ressinta, embora mostre o contrário.", comentou Dumbledore com serenidade.
O Professor Snape se endireitou e deu uma mirada penetrante ao loiro, continuando onde Albus havia parado.
"O senhor Potter tem tomado cursos adicionais durante o semestre para controlar seus novos poderes. Além disso lhe designamos dois guardiões, o senhor Weasley e a senhorita Granger, que estão encarregados de acompanha-lo a todo lugar. E o porquê desta noite o senhor Potter se encontrar sozinho na Torre de Astronomia ainda é um mistério.", sussurrou com uma voz profunda, dando uma olhada acusadora na direção de Hermione.
A jovem abaixou o rosto e Dumbledore lhe perguntou:
"Senhorita Granger, poderia nos explicar? Eu e o professor Snape gostaríamos de saber."
"Professor, nós nos preocupamos com Harry e não o deixaríamos sozinho se soubéssemos que se meteria em encrencas."
"O fato de você assumir, senhorita Granger, nos causa mais problemas do que os resolve.", interrompeu Snape.
"Harry tem estado muito tenso nestes dias, professor. Só queríamos dar-lhe um pouco de espaço. Ele prometeu nos chamar se precisasse. E quando nos demos conta de que Malfoy estava com Harry...", disse em tom defensivo.
"Como souberam que Malfoy estava com Potter?", grunhiu Snape de repente.
"Com o mapa, Severus.", desta vez foi Dumbledore que interrompeu.
"Sim, utilizamos o mapa. E quando vimos que o nome de Malfoy começava a se borrar soubemos que estávamos com graves problemas!", ela respondeu.
"Graves problemas? Quase que ele me mata!", chiou o loiro desde seu lugar, sentindo-se com valor mais uma vez.
"Senhor Malfoy, seria muito amável se nos explicasse o que se sucedeu. E creio que não seja necessário que tornemos a falar da importância de você revelar as palavras exatas que utilizou com o senhor Potter.", Dumbledore voltou a insistir.
Draco suspirou irritado, mas finalmente e com um gesto derrotado começou a narrar os eventos desde o sucesso no campo de Quadribol.
Logo após contar a história, Draco começou a sentir que o escritório estava ficando cada vez mais pequeno com as miradas furiosas que todos lhe dirigiam, incluso seu professor preferido.
"Para concluir esta... pequena discussão, apenas gostaria de saber por que você, senhor Malfoy, considerou necessário provocar o jovem Potter?" resmungou o professor de poções enquanto já suspeitava da resposta.
"É apenas uma tática, professor!", murmurou o jovem. "Uma tática normal para qualquer sonserino.", voltou a murmurar olhando fixamente para Snape. O homem cruzou os braços e caminhou alguns passos, aproximando-se.
"É uma tática usual para um sonserino, senhor Malfoy, quando se sabe que o inimigo é fraco. Mas é estúpida ao ser utilizada com um inimigo cujo poder não se pode calcular ou simplesmente subestimar.", a voz profunda e cheia de cinismo de Severus ressoou pacífica pelo escritório. "Parece-me que por haver subestimado o seu adversário, senhor Malfoy, você mereça que eu reduza vinte pontos da Sonserina!", o loiro grunhiu com desaprovação, mas não se atreveu a contradizer o professor. "Além disso, ganhara uma detenção."
"Acho que a irresponsabilidade dos guardiões também merece uma atitude!", murmurou em direção ao velho diretor.
"Assim será, Severus. Que sugestões você tem?"
"Um momento, só nós seremos castigados? E Potter? Ele também deveria ser punido!", Draco levantou a voz de forma irada, mas ao encarar o professor Snape acabou recuperando a razão e voltando a sua postura anterior.
"O senhor Potter não tem tempo sequer para cumprir o castigo, mas disso nos encarregaremos mais tarde. No entanto, considero que o Professor Snape encontrará uma forma de incluí-lo.", e Snape sorriu brevemente, de maneira distorcida.
"Senhor Malfoy, acredito que o castigo que lhe aplicarei não somente o fará reconsiderar suas táticas, assim como complementará seus conhecimentos. Afinal, depois de tudo, ninguém melhor do que um bom sonserino para aprende com seus erros."
E um amplo sorriso dominou o rosto de Severus.
Capítulo 3: Harry tem aula extracurricular de poções com Snape enquanto dois grifinórios e um sonserino cumprem a primeira parte da detenção na biblioteca. E por fim, Draco começa a notar pequenos detalhes que não deveriam ser muito importantes.
