Título: Em Silêncio
Autora: Suisei Lady Dragon.
Rate: R
Disclaimer: Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Suisei Lady Dragon
Shipper: Draco/Harry
Gênero: Romance/Aventura
Atenção: Slash, yaoi... blá... blá... (Se você não gosta, não leia!)
Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.
Em Silêncio
Capítulo 7
Harry chegou no tempo exato para a aula de defesa. Novamente Severo Snape era o professor. Nem sempre os mestres eram os mesmos, às vezes podia ser a professora McGonagall e até mesmo Dumbledore. Alguns dias as aulas eram ao ar livre com a professora de vôo, mas naquele momento não lhe molestava estar na companhia de Snape, ao menos sabia o que esperar do professor.
"Professor.", cumprimentou ao entrar. O lugar estava desprovido de móveis e Severo jazia sentado na única poltrona do lugar, um pergaminho e uma pluma em suas mãos enquanto um tinteiro flutuava ao seu lado.
"Senhor Potter!", disse enquanto fazia desaparecer o pergaminho, a poltrona e as demais coisas. "Vejo que está aprendendo a ser pontual!", comentou com aquela voz arrastada que parecia acariciar suas pregas vocais, uma bajulação velada que fez o moreno sorrir interiormente.
Harry somente fez uma inclinação de cabeça para dar a entender que escutara o que o homem dissera, mas que não faria nenhum comentário.
"Esta noite praticaremos controlando a força de alguns ataques." Snape elevou as mãos com sua varinha muito bem empunhada e uma bolha se formou a partir dela, cobrindo-o e crescendo até envolver Harry e logo todo o lugar. Já conhecia o que significava aquela bolha, eles usariam feitiços mais forte que o comum. "Está preparado, senhor Potter?", Severus Snape se deteve de frente para o estudante, levantou a varinha na altura do seu peito e esperou que o jovem tomasse sua posição.
"Pronto... senhor Snape!", murmurou o jovem com um brilho maníaco em seus olhos esmeraldas.
Duas horas mais tarde Harry ofegava cansado enquanto se apoiava nos joelhos. Do outro lado da habitação o professor Snape respirava furiosamente com os lábios entreabertos. Gotas de suor permeavam na frente de ambos. Finalmente o professor se endireitou e passou uma das mãos pelos cabelos negros.
"Creio que já é o suficiente para a noite de hoje, senhor Potter!", murmurou. "Você melhorou seu desempenho, mas ainda está desconcentrado em seus ataques.", disse ao mesmo tempo em que levava uma mão às costas e esticava algumas vértebras.
O moreno lhe deu uma olhadela de desculpas. Em um dos feitiços havia utilizado demasiada força e o professor havia sido lançado contra a parede da habitação com um contundente golpe que quase o deixara inconsciente.
"Sinto muito, professor!", disse com a voz apenas audível enquanto caminhava alguns passos. Severus permitiu que o jovem se aproximasse até que pudesse estender uma mão trêmula para tocílo no ombro. De imediato sentiu que a dor em suas costas desvanecia.
"Devo destacar que mesmo que seus feitiços de ataque deixem a desejar... você já domina muito bem os de cura." Esticou-se lentamente e algumas vértebras estalaram.
O jovem deixou a mão cair ao seu lado enquanto o professor com um movimento de varinha fazia a bolha contra feitiços estourar.
"Creio que com todo este exercício você acabou de ganhar seu descanso e eu o meu. Até amanhã, senhor Potter.", o jovem inclinou a cabeça levemente enquanto sorria de lado, o professor respondeu com a mesma cortesia sem o óbvio sorriso, saindo da habitação com movimentos um pouco mecânicos, seguramente escondendo algumas lesões das quais não havia se queixado.
Harry não se atrevera a curar plenamente o professor sem seu consentimento, depois de tudo não ia por em evidência o orgulho sonserino do homem.
Quando Harry ficou a sós fez uma poltrona aparecer com um gesto de sua mão e se deixou cair pesadamente nela. Com um estalar de dedos uma ampla janela de cristal se formou na parede. Era apenas uma ilusão que pretendia mostrar a Floresta Proibida, mas para ele era o suficiente. Não estava tão cansado como havia fingido para Snape, mas seguir com o duelo era expor o professor ao ridículo.
Em outros tempos nada lhe agradaria mais que desmerecer aquele homem, mas de uns meses para cá a presença do diretor da casa da Sonserina lhe confortava mais que a do próprio diretor da escola. O homem não lhe mirava de forma piedosa como Dumbledore, ou compassiva como McGonagall. Nem sequer um olhar curioso, simplesmente o observava com certo desafio oculto nos olhos negros, como se o intimasse a ir sempre um pouco mais além. O chapéu seletor tinha tido razão, ser um sonserino haveria feito com que seu talento fosse explorado ao máximo como agora seu professor tentava fazer. Se tivesse chegado sozinho a Hogwarts seguramente teria estendido à mão a Malfoy naquela noite e o chapéu o teria colocado sem hesitar na Sonserina.
Mas Harry havia meditado muito sobre o assunto. De que adiantava ser da Grifinória, da Sonserina, Corvinal ou Lufa-lufa se quando terminasse o seu sétimo ano simplesmente seria um mago a mais? O professor Snape estava lhe dando a oportunidade de aprender o que em outras circunstâncias não havia podido e ele não ia desperdiçar isso. Talvez assim tivesse uma melhor idéia do que poderia ser ao sair da escola agora que não precisavam mais de um salvador do Mundo Mágico.
Escutou alguém abrir a porta e supôs que Ron havia ido buscílo por causa de seu atraso. Suspirou profundamente.
"Deveria ter ficado com a Hermione!", murmurou sem se voltar e não obteve resposta, mas já estava acostumado ao silêncio de Ron e o agradecia enormemente. Aquilo lhe permitia pensar sem estar necessariamente só.
Num espaço de quinze minutos se dedicou a observar a paisagem até que sua respiração voltou à normalidade e seus olhos começaram a se fechar involuntariamente.
"Será melhor que você vá descansar.", escutou a voz as suas costa e concordou. Levantou-se e fez à poltrona desaparecer. Seu amigo estava um pouco sério, mas no fim de tudo lhe deu um leve sorriso.
Ambos caminharam com passos tranqüilos pelos corredores até o lado do castelo que pertencia a Grifinória. Por um momento eterno Harry sentiu que ele e Ron vagavam por aqueles caminhos como se fossem dois velhos feiticeiros cansados. Com tudo o que ambos haviam vivido junto de Hermione, lhe parecia que já haviam passado anos desde a primeira vez que pisaram em Hogwarts com toda a inocência de ter sido criado por seus tios trouxas. Seguia sendo inocente e ignorante em certas áreas, mas com relação a outras poderia ter escrito um livro.
E no entanto... frente a ele se estendia um caminho comprido. Vencer Voldemort havia sido o início e que início... se seus amigos soubessem da verdade sobre a sorte que o Lord das Trevas havia tido em suas mãos ficariam horrorizados e provavelmente se afastariam dele como se ele fosse um tuberculoso. Mas não havia tido remédio. Enquanto não se deixasse influenciar demais não existiriam riscos... ou ao menos isso era o que sempre havia pensado até a noite em que tentara matar Malfoy.
Foi nesse momento que percebeu a sabedoria do Professor Dumbledore ao designar seus amigos como seus guardiões. Tom M. Riddle havia tido suas influências, mas se houvesse tido um controle como agora ele possuía, talvez as coisas tivessem terminado de forma diferente e nesse momento ele não seria Aquele-Que-Havia-Sobrevivido.
Sacudiu a cabeça sem que Ron notasse, os talvez nunca haviam servido mais do que para se lamentar.
Mais rápido do que esperava chegaram frente à entrada para a Grifinória e ele se despediu de Ron dirigindo-se com o mesmo passo para sua própria habitação.
Na ala que ocupava a casa da Sonserina um loiro passeava para cima e para baixo em seu quarto. Tinha um pedaço de pergaminho amassado em sua mão, os nós dos dedos brancos.
Depois de vários minutos de indecisão terminou jogando o papel nas chamas da pequena lareira que matava um pouco do frio das masmorras. Sentia-se traído, seu pai lhe estava pedindo algo que lhe acertava como um golpe. Já era suficiente a humilhação e o castigo que lhe haviam sido designados por causa do maldito Potter, e o que Lucius pedia era inconcebível. Passou uma mão pelos cabelos platinados e tratou de respirar de forma mais consciente, mas os belos olhos acinzentados estavam avermelhados de coragem.
Finalmente se deteve com os braços cruzados, movendo os lábios como se murmurasse. Fechou os olhos e jogou a cabeça para trás em uma tentativa de se acalmar. Quando voltou a se endireitar seu rosto ainda conservava o olhar irritado, mas tinha agora um pouco de resignação. Depois de tudo ele não ia desobedecer a seu pai.
Escutou passos se aproximando de sua habitação e em pouco tempo viu Blaise, Pansy, Crabbe e Goyle entrar. A garota falava sem parar, evidentemente emocionada. Draco fechou os olhos com fastídio, com tudo o que se sucedia havia se esquecido que tinha que organizar a festa do dia das bruxas, e em efeito, a festa especial dos sonserinos que em nada se parecia com a do Salão Principal.
Como um passe de mágica fez desaparecer todo o rastro físico de sentimento de seu rosto, tornando seus olhos cinza tão glaciais como deviam ser para honrar o sobrenome Malfoy.
O dia seguinte passou com suas regularidades habituais. Justamente depois da última aula Harry foi se reunir com seus amigos, como de costume, atrincheirados na biblioteca. Hermione discutia calorosamente com Malfoy enquanto Ron os observava exasperado. Franziu o cenho e se aproximou com receio, esperando escutar a qualquer momento o motivo para que o loiro falasse daquela maneira com sua amiga. No entanto se surpreendeu ao escutar Ron dizer:
"Mione creio que o Malfoy tem um ponto ao seu favor...", não pode terminar porque a garota lhe deu um cascudo muito forte que o fez apalpar a cabeça com ambas as mãos.
"Homens!", exclamou irritada. "Eu acho que essa não é uma boa idéia!"
"O que não é uma boa idéia?", Harry perguntou confuso e a viu enrubescer de repente.
"Nada... não é... nada!", Mione murmurou nervosa como o moreno nunca antes havia visto.
Por cima do ombro da garota percebeu que Malfoy sorria de lado e por cima do outro ombro Ron dava um sorriso aberto à bruxa, fazendo-a se avermelhar até a raiz dos cabelos.
"Homens!", chiou novamente indignada enquanto lhes dava as costas, cruzava os braços sobre o peito e dava uma impaciente sapatada no solo.
"Granger, não seja infantil que isso não lhe cai bem!", murmurou Malfoy obtendo uma mirada ressentida por parte do ruivo. "De todas as formas, acho que hoje seria um bom dia para começar a cumprir com o nosso... castigo.", disse dando uma intensa olhada ao apanhador estrela da Grifinória fazendo-o ficar nervoso.
"Harry, você não irá se incomodar se começarmos hoje?", a jovem perguntou preocupada.
"Não, não irei. Não tenho mais nada para fazer mesmo!", encolheu os ombros. "O que se supõe que façamos?"
"Nós iremos buscar os materiais, e você e o Malfoy podem ir indo na frente então!", Ron anunciou.
"Indo a onde?", perguntou confuso.
"Iremos para a sua habitação, Potter. Anda.", o loiro começou a andar e Harry exigiu com a expressão muda uma explicação de seus amigos.
Ron e Hermione se limitaram a caminhar na direção do loiro e Harry se viu obrigado a segui-los. Caminharam até se deter em frente ao retrato da Mulher Gorda. Ali Ron e Hermione o deixaram a sós com Malfoy. Suspirou resignado e fez um sinal com a mão para que o loiro o continuasse seguindo.
Malfoy ficou assustado com o fato de Harry não acompanhar seus amigos, mas não se rebaixou para perguntar o motivo. Continuou indo atrás dele até o final do corredor onde dobraram para a direita e começaram a subir uma escada. Viu o moreno se aproximar de uma porta e sussurrar um encantamento que liberou os feitiços de segurança. Desta forma finalmente entraram na habitação.
Draco observou ao seu redor as cores vermelho escuro e dourado que dominavam a decoração, mas isso era o de se esperar. Com um ruído inconsciente Harry fez com que à lareira se acendesse. O sonserino não pode negar que ainda se surpreendia com o que o grifinório era capaz de fazer magicamente sem o uso da varinha, e quando Harry retirou a capa pode ver que o rapaz ainda carregava o objeto mágico na cintura. Refletindo sobre isso o imitou, tirando a própria capa pesada e colocando-a no gancho que apareceu na parede.
"Gostaria de tomar algo, Malfoy?", Potter murmurou tratando de ocultar o nervosismo que o envolvia. O loiro negou com a cabeça sentando-se em uma das poltronas e depois disso o silêncio se tornou pesado na habitação.
Depois disso Harry foi se esconder no banheiro por uns minutos, tentando acalmar seu descompassado coração e evitando lançar um olhar ao espelho que ali se encontrava. Pareceu tremer levemente, mas em pouco tempo sacudiu a cabeça como se saísse de um transe.
Espelhinho... espelhinho...
"Potter?", a voz o fez se endireitar com rapidez. Ao que parece não havia percebido que Malfoy o havia seguido e estado observando. "Aconteceu alguma coisa?", o loiro perguntou entrecerrando os olhos. O moreno negou enfaticamente.
"Não, estou bem, só um pouco cansado. Isso é tudo!", murmurou.
"Bem, creio que seus amigos já estão aqui!", Draco disse se afastando novamente.
Harry aproveitou a distração para respirar profundamente e sair ao encontro de seus amigos. Quando os olhou se surpreendeu ao vê-los com os frascos de óleos. Sua mente de imediato recordou novamente o frasco que estava com o sonserino. Seguia sem entender para o que servia, mesmo que no fundo de sua mente uma voz familiar risse de sua ingenuidade.
"Para quê isso tudo?", perguntou com curiosidade.
"Para você!", exclamou Hermione com mais entusiasmo que o habitual.
"Eu já sei, Mione. Mas para quê?"
"Você já veràHarry, já verá", ela respondeu enquanto acomodavam tudo sobre uma das mesas que Harry tinha na habitação. "De qual óleo você mais gostou, Harry?"
"Ahh... por mim qualquer um!", disse sem demasiado interesse.
"Bem, Ron, o ajude a se preparar, sim?", Harry os observou como se estivesse à parte de tudo, mas não atinou dizer nada porque sentia os olhos de Malfoy perseguindo-o.
"Vamos, Harry!", Ron o levou novamente até o banheiro e o fez tirar a capa da escola e entrar no box, dando instruções para que tomasse uma ducha quente. Ao sair não lhe entregou sua roupa, simplesmente uma toalha para se secar e uma para se cobrir.
"Ron!", murmurou abobado. "Não posso sair assim, aqui está a Hermione, e também o Malfoy!", sussurrou avermelhado.
"Ahh... certo, certo... tem razão. Ehh... toma, põe isso!", lhe estendeu um robe que estava ao lado da porta. Harry o vestiu e seguiu Ron até a onde estavam Hermione e Malfoy.
Por um momento observou como os dois haviam passado as coisas para sua cama.
"Não se preocupe, Harry. Você só tem que se deitar na cama e nós faremos o resto."
"Mas... Ron... é que...", as palavras saíram atordoadas e se sentiu como Neville em qualquer um dos seus dias, torpe e desajeitado.
"Potter, não temos muito tempo. Assim faça o que a Granger disse!", o loiro sorriu ao vê-lo corar. Via-se tão terno envolto naquelas toalhas, a pele bronzeada ainda úmida, os cabelos negros molhados e os olhos muito verdes brilhantes por detrás das lentes. Mas ele não deixava nada desse encantamento se refletir em seu rosto, não era como se fosse permitido a um Malfoy babar, muito menos por um grifinório como Potter.
Ron não teve mais remédio a não ser sujeitar o amigo pelo braço e arrastílo. Harry apenas teve tempo de registrar que seus amigos haviam mudado as roupas para algumas mais cômodas e que Draco havia quitado a capa do colégio, mostrando umas calças negras e uma camisa de algodão azul clara de mangas compridas e gola alta.
Saiu de sua inércia para reagir quando Ron tentou lhe tirar o robe.
"Ron! O que você está fazendo?"
Draco, ainda mantinha sem seu rosto uma expressão de cruel diversão, não havia afastado os olhos do garoto de ouro. Aqueles cabelos úmidos e um pouco bagunçados se pregavam na pele de aparência suave da região do pescoço. Encontrou-se esperando com mórbida fascinação que o ruivo lhe tirasse o robe e que em seguida puxasse também a toalha.
"Hermione, vire-se!", grunhiu Ron exasperado, a garota revirou os olhos e fez como ele pedia.
Nem bem a bruxa se virou o jovem de cabelos negros retirou o robe e se meteu debaixo dos lençóis vermelhos.
"Harry!"
"Quê?", exclamou debaixo dos lençóis o aludido. O ruivo revirou os olhos enquanto puxava o tecido. "Não. Ron!"
"Deixe-o Weasley, só o colocará mais nervoso!", interviu o loiro com desespero.
"Não estou nervoso!", sussurrou o jovem em voz baixa, mas o loiro continuou.
"Olha, Potter. Precisamos que você se deite de boca para baixo sobre a cama e que tire o lençol. O resto diz respeito a nós. Não irá acontecer nada vergonhoso!", acrescentou com um sorriso malicioso.
Harry murmurou algo que ninguém pode compreender, mas ao ver as expressões de seus amigos não pode mais que suspirar e começar a deslizar sobre a cama até ficar de boca para baixo nela.
Malfoy tomou a borda do lençol ao ver que ele o soltava, mas não sem antes notar que as mãos do moreno tremiam de forma apenas imperceptível. Retirou o tecido com lentidão e pode apreciar o corpo do rapaz estremecer levemente enquanto seu rosto corava ainda mais.
Draco se virou na direção de Hermione e lhe pediu algo. Harry voltou de imediato à cabeça até Hermione para ver que ela lhe entregava um frasco e que logo depois começava a pegar algumas folhas de pergaminho em sua mochila. Viu que Malfoy sujeitava o frasco entre suas pernas enquanto arregaçava as mangas da camisa.
"O que vocês vão fazer?", murmurou com um temor na voz.
"Só vamos ajudílo a relaxar.", comentou Hermione.
"Pois parece ser o contrário!", murmurou. "Ron...", o moreno se virou na direção do amigo com os olhos suplicantes e o ruivo cedeu e se aproximou finalmente, sentando-se no lado oposto a onde estava o loiro.
"Não se preocupe, Harry, você verá que funciona muito bem!", sorriu com ternura enquanto lhe retirava os óculos. Os bonitos olhos verdes pestanejaram com rapidez e perderam grande parte do movimento nervoso quando não puderam se focar no que acontecia ao redor.
"Me parece mais humilhante do que relaxante.", desta vez Harry afundou a cabeça no travesseiro. Ron lhe revolveu os cabelos com carinho. Draco os observou sem comentar nada, para logo em seguida colocar um pouco de óleo nas mãos. Hermione havia escolhido óleo de framboesas silvestres e logo a fragrância encheu o ambiente.
Draco se acomodou na cama, quase de joelhos e abaixou as mãos com lentidão até as costas de Harry. Como era de se esperar o jovem saltou e quase esqueceu que Hermione se encontrava presente, ficando ajoelhado contra a cabeceira da cama e mirando fixamente o loiro.
"Tranqüilo, Harry, não passa nada!"
"Não passa nada? Você diz isso porque não é você quem tem que se humilhar.", exclamou trêmulo. Ahh... observar Malfoy era uma coisa... falar com Malfoy era uma coisa... mas permitir que Malfoy o tocasse era muito diferente e ainda por cima tocílo na frente de seus amigos. Não estava acostumado que o tocassem, nunca estaria. Um roçar natural de amigos, quem sabe, mas nunca nada tão pessoal.
"Harry, Malfoy sabe o que está fazendo. Posso dizer por experiência própria.", explicou o ruivo.
Harry ficou observando-o por alguns segundos e logo, sem opor resistência, permitiu que o amigo o voltasse a acomodar na cama. Ao recostar-se estendeu inconscientemente a mão até agarrar a calça do ruivo, os nós dos dedos brancos enquanto tentava relaxar.
Draco retornou a sua posição e respirando profundamente moveu as mãos com o mesmo cuidado. Os músculos embaixo dos seus dedos se tensaram instantaneamente como pedras. O loiro suspirou mas começou a deslizar as mãos segundo havia praticado. Ron de sua parte sentia como Harry se agarrava a sua calça.
Passaram-se aproximadamente quinze minutos sem que a situação mudasse e Draco começou a sentir-se frustrado. Diminuiu a intensidade do que fazia e lançou uma mirada de fracasso a jovem ao seu lado. Para sua surpresa a garota o compreendeu.
"Harry como foram as suas aulas de defesa com o professor Snape?", o moreno ao escutíla se sobressaltou um pouco, mas lhe respondeu de igual forma. Hermione não se deteve ali, continundo a perguntar algumas coisas, logo envolvendo o ruivo na conversa.
De forma apenas perceptível os músculos debaixo das mãos de Draco começaram a se afrouxar, tremendo suavemente para finalmente se render, mas então o panorama mudou drasticamente, os músculos continuaram tensos, no entanto o loiro pode discernir os lugares onde era óbvio haver mais que tensão.
"Ouch!", exclamou Harry com surpresa.
"Me desculpe!", murmurou entre dentes o sonserino. Mas esse foi apenas à primeira de muitas queixas e Ron sentiu que a qualquer momento Harry iria arrancar um pedaço do tecido de sua calça.
Draco parou para untar as mãos com um pouco mais de óleo e Harry aproveitou para virar o rosto na sua direção.
"Mas as suas costas tem mais nós que o Salgueiro Lutador. O que é que você anda fazendo para ficar desse jeito?", murmurou tornando a colocar suas mãos em suas costas.
"Tenho estado praticando defesa com o professor Snape, com Dumbledore e com a professora McGonagall, sem contar o Hagrid. Tenho praticado feitiços de cura com Madame Pomfrey...", e Draco sentiu um pouco de eletricidade passar das costas para suas mãos e as retirou de imediato.
"Demônios, Potter, o que foi isso?", Harry escondeu à cabeça no travesseiro e se negou a falar. Ron e Hermione lhe deram uma mirada preocupada, mas a garota indicou a Malfoy que continuasse.
Desta vez o ruivo inclinou-se na direção do ouvido de seu amigo e lhe sussurrou palavras que Draco não pode escutar. A mão que sujeitava a calça se tensou novamente quando Ron começou acariciar os cabelos negros de forma conciliadora. O sonserino tratou de ignorar a cena que lhe provocava algo estranho, mas quando um leve soluço estremeceu o corpo do moreno se deteve novamente.
"Granger, já é o suficiente!", disse irritado, colocando-se de pé, mas a mão do ruivo foi mais rápida e o sujeitou pelo braço.
"Não, Malfoy. Está tudo bem. Harry... ele... ele não voltará a fazer nada. Não é verdade, Harry? Tudo está bem, é sério. Não é, Harry?", o moreno fez um movimento suspeitosamente afirmativo, mas o nervosismo do ruivo não serviu de nada para confortar o sonserino.
Draco regressou a seu lugar e observou o corpo de Harry de forma duvidosa. Tornou a por as mãos nas costas do jovem e retomou os movimentos.
"Potter, não vou machucílo, pode perguntar ao Weasley. Temos praticado e se permitir uma trégua no ódio que sente por mim estou seguro que poderemos terminar isso mais rápido."
"Eu... eu não te odeio, Malfoy!", sussurrou o jovem, mas ninguém escutou, e ao mesmo tempo ele começou a relaxar de forma inconsciente. De sua boca saiu um outro gemido quando algum dos movimentos o incomodaram. Entretanto pouco a pouco foi sentido um leve alívio que o fez relaxar mais. Sentiu que Ron lhe tomava a mão que sujeitava a calça e a soltava dali, colocando-a na mesma posição que a outra debaixo do travesseiro.
O cheiro de framboesas silvestres agradava Harry e antes que pudesse entender o ritmo suave das mãos do loiro em suas costas começou a se envolver. Lentamente as umedecidas esmeraldas foram se fechando até deixar apenas um pequeno raio de cor passar pelas pálpebras. Quando Draco Malfoy desceu um pouco mais os dedos por suas costas, terminou de fechar os olhos, dando um profundo suspiro.
Não estava dormindo, mas estava quase no ponto. A mão de Ron em seus cabelos se retirou no entanto ele não estranhou a falta dela. Sua mente recordava vagamente que era o sonserino que o estava tocando, mas decidiu não prestar demasiada atenção a isso, e uma voz no fundo de tudo estava de acordo com ele, fazendo-o continuar deslizando através daquela sensação de bem estar.
Draco, Hermione e Ron se olharam aliviados ao notar que Harry finalmente quedava profundamente adormecido. Malfoy terminou os movimentos e com cuidado deslizou os dedos para terminar. Não fizeram nenhum ruído ao recolher os óleos e as mochilas, exceto o murmúrio de Hermione ao converter a toalha em um pijama.
Quando finalmente estiveram do lado de fora da habitação, no corredor principal, os três se recostaram na parede de pedra.
"Essa passou perto!", murmurou o ruivo.
"Sim. Foi por pouco!", ecoou Hermione.
"Mas o que foi aquilo?", perguntou Malfoy desconcertado.
"Harry quase perdeu o controle. Não sei como Snape pode pensar que isso o ajudaria em alguma coisa!", observou a jovem com a expressão preocupada.
"O que você quer dizer com esteve a ponto de perder o controle?", inquiriu o loiro preocupado.
"Que estava quase nos ferindo, Malfoy!", espetou Ron energético.
"O quê?", Ron e Hermione se despregaram da parede.
"Malfoy, pensei que já havia notado que o Harry tem muito mais poder do que aquele que uma varinha pode proporcionar.", ironizou Mione.
"Se não estivéssemos seguros de que é um ser humano... creio que o Departamento de Regulação de Criaturas Mágicas já o haveria encarcerado em alguma parte!", Ron complementou em tom de burla.
Malfoy lhes ofereceu uma mirada incrédula.
"De que demônios falam?"
"Sabe, Malfoy, não seria nada mal se você aprendesse um feitiço para se proteger.", disse a jovem ao passar por ele, seguida pelo ruivo. "Nós já estamos indo descansar. Boa noite!"
"Sim. Boa noite, Malfoy!"
Foi necessário apenas que atravessassem a passagem do quadro da Mulher Gorda para que Ron e Hermione começassem a rir estrondosamente.
"Viu a cara dele? Parecia uma das aparições do castelo!", exclamou Ron sujeitando o estômago.
Hermione começou a rir com mais força. Deixaram-se cair sobre as poltronas do Salão Comunal até os risos se cessarem levemente. O ruivo observou-a ao seu lado com olhos alegres e por fim se aproximou um pouco mais.
"Mione, acredita que isso vá ajudar o Harry? Digo... eu confio muito em Dumbledore e ele fez vista grossa a este assunto... mas a idéia segue sendo de Snape."
"Se Dumbledore confia em Snape, nós também devemos fazer o mesmo!", murmurou a jovem com um sorriso trêmulo, tratando de confortar o ruivo.
Ron se inclinou até ela e a abraçou com cuidado, depositando um beijo no seu rosto.
"Bem, bem. Suponho então que teremos que mostrar o feitiço ao Malfoy. Mas só à metade do feitiço, okay? Só para ficarmos mais seguros... tampouco confio neste sonserino."
"Mhh... mas bem que ele te fez dormir!", ela o provocou enquanto colocava as mãos as suas.
"Na próxima vez você servirá como cobaia!", Ron murmurou indignado.
"Então você não se importa que Draco Malfoy ponha as mãos em cima de mim?"
"Se ele se atrever o transformarei num rato!"
"Sim, claro que sim...", mas Hermione quedou em silêncio quando os lábios do ruivo tamparam os seus e só deixou escapar um suspiro de bem estar.
N/A: Gracias as reviews e espero que tenham gostado deste capítulo. A emoção finalmente vai começar... próxima atualização as coisas já estaram um pouco mais quentes embora o D/H action vá demorar ainda mais um capítulo... hehehe... mas valerá a espera. E como é carnaval, provavelmente eu tenha tempo de postar o outro capítulo ainda esta semana, portanto, aguardem notícias.
Beijus!
Capítulo 8 - Outra seção de relaxamento com Potter,d esta vez com melhores resultados. Mas há alguém que também precisa relaxar um pouco e Draco não vai negar este benefício a seu próprio Professor de Poções.
