Título: Em Silêncio

Autora: Suisei Lady Dragon.

Rate: R

Disclaimer: Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Suisei Lady Dragon

Shipper: Draco/Harry

Gênero: Romance/Aventura

Atenção: Slash, yaoi... blá... blá... (Se você não gosta, não leia!)

Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.


Em Silêncio


Capítulo 9

A dourada luz do Sol se colava por entre as cortinas vermelhas quando Harry finalmente despertou. Ficou de boca para cima na cama, sentindo como se flutuasse em uma suave nuvem de lençóis, cálido e seguro. Não queria se levantar, ninguém em pleno juízo de seus atos, sentindo como ele se sentia, se levantaria da cama. Passou meia hora sobre o colchão considerando-se o ser mais afortunado de Hogwarts sem nem ao menos saber por que. Era uma sensação estranha, sempre se sentira desgraçado, não só depois de derrotar Voldemort. Desde muito antes já se via infeliz e miserável. Mas seus amigos lhe faziam esquecer e acreditar em algo diferente toda vez que seus pensamentos o levavam nesta direção.

Esse dia, no entanto, era como se houvessem retirado uma grande carga dos seus ombros. E depois de um tempo refletindo finalmente se levantou da cama com a intenção de descer para tomar o desjejum.

Ao chegar ao Salão Principal notou novamente que estava um pouco tarde. Seus amigos já haviam desocupado seus lugares habituais e restavam muito poucos estudantes. Tomou um assento e a comida aperceceu em seu prato num piscar de olhos. Estava a ponto de morder uma das torradas quando viu que um estudante a mais ingressava no salão e parou para vê-lo com curiosidade. Draco Malfoy acabava de entrar, seu caminhar usualmente elegante e arrogante fora substituído por um extremamente lento, como se tivesse grande prazer em deslizar languidamente um pé frente ao outro.

O seguiu com a vista até que este se sentou à mesa da sonserina, o viu colocar um cotovelo sobre a borda do móvel e seguidamente apoiar sua bochecha na mão elevada. O cabelo loiro sempre nítido lhe caía sobre a testa de uma forma que normalmente ele não haveria permitido, enquanto seus olhos semi nublados observavam sem ver um ponto no espaço, ao qual Harry poderia jurar estar vazio.

"Maldição!", sussurrou.

Aquele rosto e gesto pertenciam, inequivocadamente, a uma pessoa apaixonada... muito apaixonada, pensou. Bendita a sua ignorância por não saber identificar outro motivo. O viu levar uma torrada a boca com a mirada ainda perdida e logo mordê-la de forma sugestiva, os lábios formando um sorriso satisfeito.

Harry teve que esfregar os olhos, mas quando voltou a observílo, o loiro havia notado sua presença de maneira que estava retribuíndo a atenção. Abaixou a vista tão rápido quanto pode e começou a comer com mais pressa, sem poder evitar o incomodo de ter sido descoberto.

Terminou sua refeição e se dispôs a levantar, ainda um pouco trêmulo por haver sido flagrado observando o jovem sonserino. Nunca antes acontecera de Draco o surpreender no ato de observílo. Seguramente a sensação de bem estar esta manhã tinha muito haver com o fato de suas defesas usuais estarem transtornadas.

Estava a ponto de passar próximo donde estava sentado o jovem loiro, tentando fazer isso como se fosse à coisa mais natural do mundo, como sempre havia sido. Sempre ocultara o que sentia, sempre guardara tudo o que queria dizer ou pedir, estava acostumado a fazer isso e, no entanto... nesse dia parecia que não poderia simplesmente passar longe dele sem lhe dar uma mirada. Portanto levantou as verdes profundidades até a figura que jazia sentada.

Draco continuava naquela posição estranhamente relaxada e neste momento levava um pedaço de fruta à boca, um quarto de pêra ou maçã, Harry não podia identificar, só podia ver a maneira que o rapaz a mordia, a forma como passava a língua pelos lábios limpando a doce substância e então... a prata fundida, interrompida apenas por um azul topázio se encontrou com a luz de seus próprios olhos. E Harry teve que fazer um esforço para seguir caminhando normalmente.

Seus joelhos estavam extremamente trêmulos, demasiado fracos debaixo da intensidade daquela mirada. A língua do sonserino repassou os lábios mais uma vez para se assegurar da surpresa que estava lhe provocando. E enquanto Harry dava outro passo, o corpo do sonserino se recostou no encosto da cadeira, as pernas comodamente abertas, a mão na coxa com descuido e a fruta na outra, próxima da boca enquanto mastigava. A cabeça era mantida levemente inclinada de modo que aqueles olhos o observavam através das mechas loiras, semi-ocultando um sentimento que de outra forma haveria sido claro. Um meio sorriso endemoniado fazia-se presente em sua boca, de modo que tomou o moreno tão desprevenido que quase o fez tropeçar.

"Bom dia, Potter. Como se sente hoje?", o loiro sorriu divertido, arrastando as palavras com sensual abandono.

Harry sabia que ele tinha conhecimento do que estava lhe causando com aquele sorriso e Draco se via tão delicioso nestes instantes... tão... convidativo... tão suave e complacente. Sentia desejos de se acomodar entre aquelas pernas e encurralar aquela boca com a sua e lhe mostrar quem era... o dono... Perdia a coerência à medida que o tempo passava e continuava observando-o.

"Eu... eu... estou... bem!", e o final da fala saiu como um pequeno grito assustado enquanto Harry se obrigava a sorrir estupidamente. Sua mente amaldiçoou-o ao mesmo tempo em que escutava uma voz interior rir desquitada diante do espetáculo que com certeza estava proporcionando ao sonserino.

"Bem...", o loiro se inclinou para frente, deixando a fruta sobre a mesa, apoiando ambos os cotovelos nela e pousando seu queixo sobre o torso de suas mãos entrelaçadas. "Sim...", lhe deu uma mirada de cima em baixo e Harry sentiu-se estremecer, seus olhos se arregalaram de surpresa, muito redondos e expressivos, separando apenas uma fração dos lábios, estupefato. "... você está realmente muito bem!", e a ênfase com a qual ele mencionou a última frase fez com que Harry avermelhasse até a raiz dos cabelos.

Sem dizer nenhuma palavra sobre a observação repentina, ele tentou caminhar, oferencendo de soslaio ao sonserino uma olhadela assustada, sentindo finalmente que abaixava a cabeça mais do que o normal para sair sem se despedir do Salão Principal, quase correndo. O coração batia em seu peito como o de um bicho assustado que se sentia muito próximo das garras do seu predador.

Draco desde seu lugar viu o jovem grifinório se afastar e sorriu satisfeito com a reação que acabara de desfrutar. Sua mente ainda estava envolta com as fugurantes sensações da noite anterior. Havia tido razão ao supor que seu professor apenas vocalizara seu prazer, mas o sussurro rouco, como uma reza entoando seu nome enquanto jazia suspendido a borda do prazer havia sido mais do que o suficiente para arrastílo e preenchê-lo com aquela felicidade que nestes momentos o tornava ousado. Tão ousado que havia se arriscado a dar aquela mirada em Potter, carregada dos efeitos posteiores da noite que tivera... tão seguro que não podia pensar em outra coisa agora que obtivera a resposta que buscava.

"Você é meu, Potter, está perdido e é meu!", e dizendo isso pegou outro pedaço de fruta e fincou os dentes nele com selvagem alegria.


A noite chegou muito mais rápida do que Harry esperava. O dia havia passado em uma nuvem de estranhas sensações e agora, sem compreender, encontrava-se frente a porta do salão onde praticava com o Professor Snape. Essa noite ansiava por uma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Tocou a porta e esta se abriu de imediato. O mestre de poções o recebeu de pé, de frente ao escritório e com a varinha em mãos.

"Aproxime-se!", Harry não se fez de rogado e fechou a porta atrás de si. A bolha de proteção e o silêncio já se formavam ao redor da figura do professor. "Preparado?"

"Sim!"

Fizeram uma breve reverência juntando suas varinhas e se afastaram um do outro.

"Em guarda!"

E o duelo entre ambos os feiticeiros começou e se estendeu mais do que o de costume. Tudo isso porque Harry cometeu maiores erros que o normal e recebeu mais maldições, e acrescentando a isso o professor parecia ter uma reserva de energia que ele não conhecia, tinha o sorriso mais malicioso que o de costume e os ataques mais efetivos. Ao final, quando Harry já havia ido parar no chão no mínimo umas trinta vezes, Snape deixou de se colocar em postura de ataque.

"Sua defesa está mais errática que o normal. Tem cometido erros que poderiam ter lhe custado a vida. E não está colocando atenção em nada. O que está acontecendo, Potter?"

"Já não estamos em guerra, não tenho o porquê de estar em guarda todo o tempo. Voldemort já foi derrotado.", se queixou sem muito empenho.

"Como pode estar seguro de que ele se foi? Como pode saber que não está se escondendo em algum canto esperando o momento oportuno para atacar e recuperar seu poder? O que te faz pensar que..."

"Não! Voldemort não existe mais. Desta vez foi destruído por completo."

"Potter. Parece-me que você está tentando se enganando."

"Não! Não! Ele não pode regressar mais! Como pode acreditar que haja uma possibilidade que ele ressurja? Você o viu desapareceu, virou fumaça.", exclamou com força, negando-se a aceitar dúvida alguma com relação à derrota daquele monstro.

"A única coisa que sei, Potteré que esta maldita marca ainda continua aqui!", grunhiu o professor subindo a manga da túnica e mostrando a caveira do senhor tenebroso com uma cor vermelho escuro. Ao vê-la os olhos de Harry se nublaram levemente, como se recordasse algo, mas para Snape a expressão passou despercebida.

"Não pode regressaré a única coisa que sei. Mas em troca eu...", sussurrou com vergonha.

"Você o quê, Potter?"

"Eu... represento a mesma ameaça que Tom Riddle representou uma vez.", o sussurro não foi nada, mas fez Snape estremecer. Aproximou-se do jovem enquanto abaixava a manga e o observou de perto.

"Não diga coisas estúpidas."

"Eu sou. Sou poderoso, mais poderoso que Voldemort...", abaixou a cabeça para não encarar o professor nos olhos, enquanto observava suas mãos como se fossem a raiz de todos os seus problemas. "E apenas posso controlar a minha magia. Sou uma ameaça para a comunidade mágica."

"Quer dizer que estamos desperdiçando nosso tempo? Isso significa que deveríamos tomar medidas preventivas para nos desfazermos de você, Potter?", lhe disse com a obscura franqueza que o caracterizava, enquanto com a varinha levantava pelo queixo o rosto do jovem.

Harry não podia se dar por vencido tão facilmente, não quando antes já havia lutado tantas vezes. Severus acreditou ver um fugaz reflexo carmesim quando Harry moveu as pálpebras com um pouco de assombro. Frente a seus olhos o rosto inocente se tornou frio e austero. Teve que retroceder um passo quando o sorriso do jovem se torceu.

"Severus...", o jovem grifinório deu um passo a frente e se inclinou levemente até seu professor, como se buscasse alguma coisa. "Você está cheirando a mel... Severus. Cheirando a sexo.", o sorriso se ampliou, um carmesim se refletia no profundo das gemas verdes e Severus tremeu dos pés a cabeça ao achar que reconhecia aquela voz um pouco obscura e burlona. "Cheirando a Malfoy."

"Já basta!", gritou o homem lançando uma maldição até o jovem, fazendo-o retroceder uns passos, mas foi como se a magia houvesse deslizado pelo corpo do rapaz. Mas mesmo não tendo feito dano algum, Harry cambaleou suavemente enquanto levava uma mão à testa onde estava a sua cicatriz.

"Não.", sussurrou antes de cair de jpelhos e começar a tremer. Uns reflexos dourados e vermelhos resplandeceram brevemente ao seu redor levados por uma corrente invisível que os envolvia.

"Potter. Controle, concentresse.", sussurrou Severus com veemência. A voz serena fez com que Harry voltasse a si e se colocasse de pé sem recordar como havia ido parar no chão. Sacudiu as roupas, cansado, e balançou a cabeça levemente.

"Suponho que a aula de hoje termina por aqui!", disse como se nada houvesse acontecido, o rosto novamente inocente e juvenil, mesmo assim esgotado, como se tivesse feito um esforço sobrehumano.

"Sim, paremos por aqui. Porque não vai descansar, Potter?"

"Sim... é uma boa idéia... descansar de tudo isso.", a voz soou um pouco rompida ao professor, mas se absteve de comentar.

"Boa noite, senhor Potter!"

"Boa noite, professor Snape!"

O professor esperou que o jovem fechasse a porta e ainda assim esperou mais um pouco. Finalmente e com um tremor que já não podia seguir escondendo, desapareceu por uma das portas mágicas que se ligavam ao salão, chegando diretamente às portas do escritório de Dumbledore.

Harry por sua parte regressou como em sonhos até sua habitação, ali tirou automaticamente a roupa e colocou seu pijama, metendo-se mecanicamente debaixo dos lençóis. Retirou seus óculos e os colocou no criado-mudo com cuidado, após fazer isso murmurou um encantamento que apagaria todas as luzes.

Ron e Hermione tiveram que utilizar o Mapa dos Marotos para poder achílo e quando foram com Malfoy até seu quarto o encontraram profundamente adormecido. Por uns instantes Hermione pensou que poderiam acordílo, mas surpreendentemente o loiro é que lhes sugeriu que o deixassem dormir. Retiraram-se da habitação deixando os feitiços de aletras em seu lugar. Quando chegaram ao ponto onde se separariam foram surpreendidos pelo Senhor Filch e sua gata. Hermione teve que suprimir um grito de espanto.

"Mocosos, malandros, seguramente estão em maus lençóis. O Senhor Dumbledore quer vê-lo, serpente escorregadia. Espero que expulsem aos três.", anunciou-lhes com sua voz rancorosa e avantajada.

Ron e Hermione observaram o jovem sonserino, que não modificou sua atitude e com um leve assentimento seguiu Filch.


N/T: Hum, olà td bom com vocês? Bem, este capítulo foi um pouco menor e nem por isso menos misterioso, de qualquer forma as coisas estão começando a caminhar. Hehehe! Bem, agradeço intensamente as reviews e me alegro por estarem gostando. O próximo cap. Será postado no próximo final de semana, se eu não descontrolar com a minha agenda... hihi(Como eu odeio o vestibular!)!

De qualquer forma, bjus, e até!

Deepy.

Capítulo 10: Snape e Draco tem uma conversa cujo denominador comum é Potter e o loiro passa a ter uma visão mais clara do que realmente ocorre com o Garoto de Ouro de Dumbledore. Harry deseja saber como é se sentir amado da mesma forma que Ron e Hermione se amam, mas a parede de silêncio que se formou ao seu redor parece tornar impossível a realização deste seu sonho.