Título: Em Silêncio

Autora: Suisei Lady Dragon.

Rate: R

Disclaimer: Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Suisei Lady Dragon

Shipper: Draco/Harry

Gênero: Romance/Aventura

Atenção: Slash, yaoi... blá... blá... (Se você não gosta, não leia!)

Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.


Em Silêncio


Capítulo 10

Chegaram à gárgula e o velho pronunciou a senha que permitiu a passagem de Draco. Subindo as escadas enquanto a estátua começava a girar suavemente, ele finalmente atingiu o andar superior onde uma enorme porta se abriu para recebê-lo. Viu Dumbledore detrás da sua escrivaninha e também ao professor Snape sentado em uma cadeira com sua expressão fechada de sempre. Por uns instantes sua mente lhe sugeriu que talvez estivesse ali por causa do que havia acontecido na noite anterior entre ambos.

"Senhor Malfoy, tenha a amabilidade de se sentar." O loiro assim o fez e o diretor se aproximou dele. "Balas de limão?", ofereceu com uma mirada benevolente que fez Draco franzir o cenho. Negou suavemente. "Severus?"

Draco observou surpreendido como seu professor estendia a mão, ansioso, e apanhava o doce oferecido.

"Senhor Malfoy, seguramente não esperava que o chamássemos há essa hora, mas surgiu uma preocupação em seu professor que me chamou a atenção. Nos dias em que você esteve cumprindo seu castigo junto ao jovem Potter, você chegou a notar alguma forma de violência nele?", Draco piscou várias vezes, a pergunta o havia tomado desprevenido.

"Não."

"Nenhuma? Nada que o leve a pensar que o jovem está... perdendo o controle?"

"Pois..." Draco recordou de repente o que havia se passado na primeira vez que tentara se aproximar do grifinório. "Só... uma vez. Mas foi uma reação que me pareceu normal."

"Poderia nos explicar?" Draco abriu a boca para narrar o fato, mas rapidamente se deu conta de que não sabia como expor o ocorrido da forma que lhe pediam.

"Foi... como uma descarga mágica." Disse enquanto se concentrava tratando de recordar o que havia sentido.

"Descarga mágica?" Os suaves olhos azuis de Albus brilharam por detrás dos óculos de meia-lua.

"Era como se fosse uma advertência. Mas eu nunca havia visto nem escutado nada parecido." Os olhos do diretor se fixaram em Severus.

"E além dessa demonstração de magia, aconteceu algo mais?" Draco observou ao seu redor, as pupilas do diretor brilhavam ansiosas e o professor Snape massageava suavemente o lugar a onde estava a Marca Negra. Alguma coisa ruim estava acontecendo, não podiam haver simplesmente chamado-o para isso, aquilo envolvia algo mais importante do que ele imaginava. Que Potter houvesse se descontrolado no momento que o tocara havia sido lógico, nada que o rapaz Weasley não pudesse controlar, como já tinha visto. Mas porque então essa tamanha preocupação por parte de seu professor? Porque era mais do que óbvio que o preocupado ali era Snape e não Dumbledore.

"Professores, há alguma coisa que eu deva saber? Alguma ameaça iminente?" Comentou o loiro com sarcasmo, mesmo que no seu interior soubesse que alguma coisa grave estava acontecendo. Seus olhos não deixaram de captar o fato de que seu professor de poções empalidecera ainda mais.

"Albus..." Draco se virou e mirou fixamente o homem de cabelos escuros, era a primeira vez que o sonserino o escutava se dirigir a Dumbledore por seu primeiro nome. Isso e o seu tremor preocuparam o rapaz. "Exijo que o meu estudante esteja debaixo do mesmo feitiço que protege a senhorita Granger e o jovem Weasley."

"Severus você sabe perfeitamente que não posso ortorgar essa proteção ao senhor Malfoy. Mas..." Dumbledore levantou a mão para deter um protesto de Snape. "Suponho que não seria nada demais se ele aprendesse o feitiço que você ensinou aos garotos." Dumbledore sorriu levemente quando Snape deu um leve suspiro irritado, apertando teimosamente os lábios detendo qualquer outro comentário.

"Bem... suponho... que isso bastará no momento." Murmurou apenas sereno e fez sinal para que o jovem sonserino se levantasse e o seguisse.

"Descanse, Severus." O diretor disse como uma forma de despedida e o moreno não se dignou a responder, sendo que Draco teve que fazer um esforço para seguir os passos do homem que já descia as escadarelas apressado, como se mil demônios o perseguissem. O seguiu em silêncio e só quando estiveram encerrados nos aposentos de Snape foi que o professor se virou para olhá-lo.

"Jovem Draco." Murmurou em uma voz apenas audível. "Há coisas que... estão acontecendo ao nosso redor... mais perigosas do que Potter perdendo o controle."

"Professor. A única coisa mais perigosa que Potter é o Lord das Trevas e ele está morto."

"Como você pode ter tanta certeza disso, jovem Draco?" sussurrou levando a mão instintivamente ao braço. "Diga-me... Por acaso seu pai perdeu as esperanças de que o Lord das Trevas regresse?" Os olhos acinzentados se encheram de surpresa e uma idéia ilógica e irracional passou fugazmente pelo seu inconsciente, deixando-o com uma sensação desagradável.

"A marca." Murmurou ainda vendo Snape com os olhos desorbitados. "É por isso que a marca ainda existe no braço de meu pai." Exclamou sem contemplar as possíveis conseqüências de ter dito isso em voz alta. Algumas coisas começavam a ficarem clara para Draco, em especial a atitude de seu pai. Por acaso ele queria Potter para fazer o mesmo que Pettigrew, reviver o Lord das Trevas? Não, seu pai não poderia ter perdido o juízo dessa forma.

"É o que tememos. No entanto Potter é capaz de colocar sua cabeça em uma guilhotina afirmando que ele foi destruído."

"Dumbledore acredita nisso?"

"Tem suas dúvidas, mas somente por causa da marca."

"Meu pai... è por isso que Dumbledore desconfia de mim, certo? Pensa que meu pai pode vir a me manipular."

"Seria estúpido se não pensasse assim." Snape disse sem muita emoção e de imediato viu a traição cruzar o rosto do jovem. "Eu confio em você, Draco. Confio por alguma razão que apenas eu posso compreender. Sou de sua confiança também. Mas certamente não sou do agrado de seu pai. De outra forma minha traição ao Lord das Trevas já teria sido descoberta a muito tempo." Draco sentiu seu peito inflar de orgulho, esse mesmo orgulho que havia sentido pela primeira vez que havia visto seu professor entrar no salão e dar seu discurso de boas-vindas. Mesmo quando obedecia a seu pai havia segredos que não revelava, em especial os que se relacionavam a Snape.

"Meu pai... ele... ainda acredita que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado regressará." Disse o loiro sentindo a confiança do seu professor em sua pessoa ser recompensada. "Ele está seguindo o próprio coração com relação a este assunto."

"Eu... penso que seu pai... possa estar na pista correta." O professor caminhou até o centro da habitação e fez um gesto ao loiro para que o imitasse, ambos se colocando em posição de ataque. "É por isso que considero necessário que você aprenda a se defender de Potter. Isto, Malfoy, deve ser um segredo de serpentes." Sentenciou com suavidade.


Harry havia desejado permanecer em sua cama, esquecendo-se das aulas, dos cursos extras, de tudo. Recordava perfeitamente o que havia dito a Severus Snape e seu rosto se avermelhava de vergonha. Seu professor de poções havia estado com Draco e uma fúria cega o dominara. Logo tinha perdido o controle e o cedera ao outro, alguém que tinha verdadeira razão para odiar Snape. O que tanto temia poderia ter acontecido, e ele poderia ter obliterado seu professor sem que este permitisse, afinal Snape não tinha a mesma proteção de Ron e Hermione.

Uma e outra vez repetia para si mesmo o quão estúpido havia sido e além de tudo não podia se desfazer das imagens que sua mente lhe proporcionara. Ainda assim reconhecia que uma parte de seu corpo também haveria reagido, se não houvesse se descontrolado em primeiro lugar.

O homem o fizera odiá-lo na primeira vez que o vira, isso não negava, mas desde que a luta real contra Voldemort havia começado Severus Snape havia estado ao seu lado mais do que ele quisera admitir. Passara a direcioná-lo e em muitas ocasiões o protegera quando sua ignorância e inocência o fizeram cair em armadilhas e emboscadas. Ele havia se transformado no seu anjo da guarda, um anjo escuro e tenebroso, mas Harry não podia pensar em ninguém mais perfeito para assumir este papel.

Snape era como seu padrinho, Sirius, mas com muito mais sabedoria e controle, o que sempre havia faltado a Almofadinhas. Enquanto um se destacara pela rebeldia e impulsividade, Snape se destacava por ser comedido e a isso Harry só tinha a agradecer, afinal seu professor não se meteria em problemas como Sirius vivia fazendo. Não... Snape era um sonserino e isso era o que havia estado tratando de ensinar para Harry desde que havia tomado um lugar ao seu lado.

Rapidamente algo lhe chamou a atenção, como uma peça sobressalente que de repente se encaixa ao colocar sem querer sobre uma outra. Mel. Porque seu professor cheirava a mel e a... Draco? Seguiu dando voltas e de repente sentiu que a pele das suas bochechas se incendiariam a qualquer momento. Seus pulmões perderão a capacidade de capturar oxigênio e sentiu que sua vista começava a se nublar. Draco e Severus... e o óleo... comestível. Sentiu o corpo estremecer quando sua voz interior começou a lhe proporcionar imagens detalhadas de tudo o que poderia ter acontecido entre ambos com o óleo. Poderia ter evitado as imagens, poderia ter gritado indignado como em muitas outras vezes, detendo todo o tipo de pensamento a respeito, mas contra o seu bom juízo acabou por prestar atenção.

Com toda a vergonha que sentia se permitiu observar as imagens com mórbida fascinação e não foi por causa do mormaço daquele dia que seu corpo começou a sentir grandes ondas de calor. Nesses momentos não recordou a raiva que havia sentido por Severus, não quando as imagens hipnotizavam e estavam lhe fazendo desejar coisas...

Preciso...

Tampou o rosto com o travesseiro até sentir que os feitiços de advertência se desativavam. Por sorte havia se passado tempo suficiente para que as imagens se detivessem e ele pudesse acalmar a própria respiração. Ron apareceu momentos depois.

"Hermione me enviou para garantir que você tomaria seu café da manhã a tempo.", o ruivo exclamou. Mas Harry sentiu que ele deixava algo sobre a cama. Tirou o travesseiro do rosto e viu que Ron havia trazido uma travessa cheia de pãezinhos doce e outras coisas que os elfos seguramente haviam preparado. "Quer ir passear em volta do lago, companheiro?"

Harry sorriu e se levantou da cama um pouco mais animado. O ruivo sorriu ao vê-lo se preparar todo apressado. Havia estado certo ao pressentir que o moreno não estava com ânimo para passar algum tempo com outras pessoas de sua casa.

Juntos escapuliram para o pátio da escola e quando já estavam sentados de frente para o lago Ron pegou uma manta e colocou sobre ela o café da manhã. Harry apanhou um pãozinho e se pôs a observar a superfície cristalina, a serenidade da mesms e a frescura da manhã fazendo maravilhas ao seu estado de ânimo.

"Ron, ontem você não vieram atrás de mim, o que aconteceu?"

"Você estava dormindo, preferimos não acordá-lo. Mas não tem problema Harry, iremos hoje quando terminarmos."

"Ah."

"Harry, você não se incomoda que... você sabe... que Malfoy..." Harry enrubesceu quando as imagens de minutos atrás regressaram a sua mente com nitidez.

"Eu... não sei Ron." Disse um pouco aturdido sem se atrever a olhar para o amigo. Ron deu de ombros.

"Ele não faz por mal." Harry levantou o rosto surpreendido. Sabia que havia custado muito para o amigo ter admitido isso. "Mas ele levou um bom susto quando te tocou." O grifinório sorriu amplamente enquanto suas sardas se acentuavam de leve.

"Ron." Gemeu Harry. "E se eu o tivesse lançado contra a parede? E se eu..." murmurou preocupado.

"Demônios sangrentos, Harry. Estamos falando do Malfoy. Você acredita mesmo que um simples empurrão o mataria?" exclamou o ruivo revirando os olhos. Não entendia porque seu amigo se empenhava em tratar todo mundo como cristal só porque seus poderes parecessem algo de outro mundo.

"Ron, não ia ser qualquer empurrão." Insistiu o moreno.

"Olha, foi ele quem provocou o ocorrido na Torre de Astronomia. Mas na outra noite tudo não passou de uma reação perfeitamente normal, até eu estive a ponto de golpeá-lo quando tivemos de praticar a massagem. O que o salvou foi o fato de eu ter me convertido em um jovem maduro e responsável." disse isso com toda seriedade e Harry deixou escapar uma sonora gargalhada. "O quê?"

"Você está seguro de que ninguém lhe lançou uma Maldição Imperius?", o provocou.

"Ora, agora eu sou monitor. Minha mãe disse que tenho que ser mais responsável, maduro e perspicaz porque assim são os Weasleys. E Hermione também me disse o quanto estava orgulhosa de mim pela forma que eu manejei o assunto." Harry voltou a abrir um sorriso ao ver como seu amigo inflava o peito com orgulho.

"E isso inclui admitir que Malfoy é bom faznedo massagens."

"Pois... a verdade é que não estou muito certo disso porque acabei dormindo antes que ele acabasse."

"Então você não sabe o que ele fez com você?" Tornou a provocá-lo e o ruivo enrubesceu até a raiz do cabelo ficando parecido com uma labareda de fogo.

"Hermione estava comigo, ela não deixaria nada acontecer." Se defendeu com veemência. Harry ficou pensativo por alguns instantes e finalmente mirou Ron com mais seriedade que o normal.

"Ron, o que você acha do Malfoy? Quer dizer... vocês passaram muito tempo juntos, os três, você deve ter formado alguma opinião sobre ele. Porque desde que derrotei Voldemort esta serpente mudou."

"Como você sabe?" o ruivo perguntou antes de engolir um pedaço de bolo.

"Porque... porque... ele já não me molesta mais." Sussurrou.

"Suponho que sim. Mas porque você quer saber o que eu penso? Ele só está se comportando porque foi Snape quem estipulou o castigo, ou seja, todo este assunto é idéia do morcegão."

"Ron, por favor." Harry lhe disse em forma de advertência.

"Ah sim... havia me esquecido que você também o admira. Mas para mim continua sendo o morcegão, com olhos de falcão, isso não há duvidas."

"Ele me ajudou muito Ron. E segue me ajudando."

" . Não precisa me lembrar." O ruivo deu um suspiro cansado, mas vendo a expressão do moreno não teve mais remédio do que se apiedar do amigo. "Vamos, Harry, está bem, você está em dívida com o homem. O admira... posso aceitar isso, mas ele segue sendo... AHHHH!" O ruivo caiu de costas quando a monitora da Grifinória se lançou sobre seu peito saindo do nada. Os dois rodaram e se enredaram, caindo em uma pilha de braços, pernas e sorrisos. Harry os observou divertido pela forma de ser de ambos. Não era típico de Hermione demonstrar seu amor por Ron em público, nem sequer diante de Harry, mas que ela o adorava isso era óbvio.

Harry gostaria de poder sentir isso que seus amigos compartilhavam e que era mais do que amizade. Os havia observado trocando estranhas miradas, carícias furtivas que não lhe passavam despercebidas. Adoraria entender essa cumplicidade, mas nem sequer essa voz no seu interior parecia conhecer o que era o amor. Estava encurralado e não sabia a quem perguntar a respeito. Se não sentisse existir uma barreira de silêncio entre ele e seus amigos talvez se animasse a lhes perguntar. Por fim acabou deixando o assunto de lado, suspirando e se preparando mentalmente para a primeira aula do dia.


Capítulo 11: Harry tem um encontro muito próximo com seu professor de Poções graças a umas imagens muito instigantes. O castigo continua e outra seção de relaxamento começa, mas desta vez não parece ter os resultados esperados.