Título: Em Silêncio

Autora: Suisei Lady Dragon.

Rate: R

Disclaimer: Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Suisei Lady Dragon.

Shipper: Draco/Harry

Gênero: Romance/Aventura

Atenção: Slash, yaoi... blá... blá... (Se você não gosta, não leia!)

Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.


Em Silêncio


Capítulo 19

Harry acordou com uma incrível dor de cabeça. Levantou-se sobre os cotovelos e tateou ao redor com as mãos para tentar achar seus óculos e coloca-los. Estava num lugar estupendamente decorado. Não somente lindo, mas também espalhafatoso. Notou que estava enrolado numa colcha grossa de cetim dourado. Pelo menos alguém havia se preocupado com o fato de que ele poderia congelar. Um fogo intenso abrasava no extremo oposto da imensa cama que estava deitado. Apesar de estar em um lugar desconhecido, não pôde deixar de desejar deitar novamente sobre as fofas almofadas de plumas. Fechou os olhos com força e tapou-os com o braço.

"Olha, olha. Harry Potter, vejo que está acordado". Harry nem se preocupou em se mover. Se sentia cansado e muito enjoado, sem contar que seu coração estava mesmo, muito dolorido. Não queria nem por um segundo saber quem era a pessoa que lhe dirigia a palavra, porque nesses momentos, não sabia como poderia reagir e também significava comprovar a traição que acabara de receber de Draco. Porém, quando sentiu que a cama abaixava com o peso de alguém, se obrigou a prestar atenção. Seus olhos de um verde vivo, fitaram olhos azuis e frios.

"Lucius". Sussurrou com a voz rouca. Era uma afirmação, não um cumprimento.

"Finalmente está sob o meu teto, Potter". O homem resmungou, com uma alegria mal contida. Harry supos que Lucius Malfoy estava completamente seguro de que poderia controla-lo, não havia duvidas de que ele havia utilizado algum feitiço para mantê-lo preso naquele lugar e com certeza havia usado feitiços para enfraquece-lo também, podia sentir pois lhe provocavam muito sono naquele instante. Definitivamente, ele pensaria que o tinha a sua mercê ao vê-lo tão submisso e calado, mas na realidade Harry não sentia a mínima vontade de se mover. Além do mais, lhe indignava a idéia de ter confiado no loiro... O que mais poderia se esperar de um Malfoy? Se sentia como um completo idiota.

"Pois já que você me tem aqui e imaginando que tomou todas as precauções necessárias para que eu não escape, poderia me deixar descansar mais um pouco? Estou realmente muito cansado, sabe?" murmurou com certa ironia, fazendo com que o sorriso do homem se transformasse em desgosto. É claro que não iria acrescentar mais aquele cansaço que havia provocado ao seu próprio filho, fazendo-lhe lembrar coisas que não queria.

"Maldita criança impertinente!" o homem sibilou. "Preste atenção quando um Malfoy falar com você". Disse sacando sua varinha, e apontando para o jovem. "Crucio!" O feitiço atingiu em cheio o peito de Harry, fazendo-o estremecer levemente, mas Harry não retirou o braço de cima dos olhos. Sem fazer muito esforço, levantou a mão de forma cortante e o feitiço cessou, simplesmente se deteve. Lucius se calou boquiaberto, uma expressão irada surpreendia seus olhos. Harry se limitou a soltar um longo suspiro para logo depois se voltar para o lado contrario que se encontrava o homem, puxando a colcha para que tampasse seus ouvidos, numa atitude infantil provocando seu detentor. O homem ergueu a varinha novamente e com uma expressão mais sobrecarregada de ódio quando escutou uma voz que o fez arrepiar os cabelos da nuca.

"Malfoy, deixe-o em paz", se voltou imediatamente para o espelho que estava sobre a lareira e que refletia perfeitamente a enorme cama. Um jovem de cabelos escuros, pele branca e olhos de uma cor meio avermelhada o observava do reflexo. Estava onde Potter deveria estar refletido, deitado, com uma expressão de aborrecimento. Lucius sabia quem era aquele garoto, podia reconhece-lo mesmo que fosse um garotinho. Estava a ponto de se levantar e ir ao espelho quando umas chispas prateadas passaram pelo seu braço e acertou o espelho, transformando-o em pó prateado. Lucius se voltou rapidamente e pôde ver a mão de Harry apontando para onde deveria estar o espelho, os olhos verdes faiscando de coragem. Abriu a boca, mas não conseguiu dizer palavras. Harry voltou para debaixo da colcha e com uma voz abafada, se dirigiu ao homem.

"Quero ficar sozinho". Um pesado silêncio se seguiu após suas palavras ate que escutou um som conhecido de quem deixava o lugar, dando a entender que Malfoy o havia deixado. Deu um largo suspiro resignado.

Estava desperto há algum tempo, contemplando a possibilidade de escapar dali, mas para onde iria depois? Com certeza havia perdido o trem para a casa dos Weasley, com certeza seus amigos estavam procurando-o desesperadamente, podia escapar e voltar para Hogwarts, mas Dumbledore não o deixaria sair novamente, não quando havia acontecido uma tentativa de seqüestro, disso tinha certeza. Em seus mais íntimos pensamentos havia desejado passar o feriado de natal com Draco, nem que fosse em Hogwarts. Mas agora que estava ali e que nem tudo estava como havia planejado, a dor era imensa. Começou a relembrar de todos os encontros e com essa nova luz que agora possuía, descobriu que em todos os encontros o loiro havia pedido sempre a mesma coisa. Confiança. E Harry pouco a pouco havia dado, e para que? Para ser traído. Estava certo de que ele vinha tramando tudo há algum tempo, toda a relação que haviam começado era apenas uma desculpa para conhece-lo melhor e o pegar desprevenido, como indubitavelmente havia conseguido. E se Draco continuava a odiá-lo da mesma forma que havia feito todo esse tempo? E se havia sido seu pai que o havia obrigado a se comportar daquela forma com ele, fingindo que o amava?

"Não..." gemeu de repente. "É mentira. Não posso estar aqui. Draco não poderia ter feito isso. É mentira. Começou a chorar suavemente. Se sentia miserável e suplicando que aquilo fosse um terrível pesadelo, adormeceu.

Lucius havia aparatado em seu quarto logo depois do encontro com o moreno e começou a andar de um lado para outro em frente a lareira. O que havia sido tudo aquilo? Realmente havia visto seu senhor refletido naquele espelho? Mas como isso era possível? Lord Voldemort vivo no corpo de Potter? Mas o que teria que fazer para liberta-lo? Deu um longo suspiro. Primeiro teria que se certificar de que o que ele tinha visto era real e não uma alucinação. Logo veria como conseguir que seu senhor regressasse. Porém... havia outro detalhe que o preocupava, seu filho.

Draco estava muito estranho. Havia se trancado em seu quarto desde que trouxera o jovem Grifinório. Nem sequer havia saído para comer e teve que ordenar para os elfos levarem algo e assegurar que ele comeria alguma coisa. Nem mesmo o havia deixado entrar no quarto. O único momento que o jovem havia comportado daquela maneira, foi quando sua mãe havia morrido. Foi para um pequeno gabinete e pegou uma garrafa de whiskey e um copo. Naquele momento não podia se preocupar com Draco, sua prioridade era o Menino-de-Ouro. Logo... logo se preocuparia com Draco.


Harry despertou quando a luz do dia desaparecia. Espreguiçou-se lentamente e saiu da cama. Suas roupas eram pijamas confortáveis, de um tecido muito suave, e pelo visto muito fino. Seda? Talvez seda de aranhas. Pegou um roupão que estava num gancho perto da cama e o pôs por cima do pijama, amarrando-o ao redor da cintura. Tinha que ter certeza de que realmente havia acontecido no dia anterior era verdade. Que agora se encontrava na mansão Malfoy e que Draco... levou as mãos a cabeça tentando arrancar a angustia que sentia cada vez que pensava no loiro.

Mas ao mirar a única porta do quarto, não teve dúvidas de que tudo era verdade. O símbolo dos Malfoy a adornava desde o interior. Então, era realmente um "prisioneiro" na mansão. Olhou ao redor. Seria tão fácil escapar, professor Snape havia ensinado muitos truques e muitas formas de fazer com que conseguisse abrir a porta, assim que a tocou ela girou sem maiores problemas, sorriu para si. O rosto de Lucius quando a maldição cruciatus não fez efeito nele, era digno de recordação. Mesmo assim o homem não havia entendido a situação, pois ainda podia sentir sobre seu corpo os feitiços debilitantes. Franziu o cenho e não se preocupou em separá-los.

Teria que continuar com os planos dos Malfoy por enquanto, teria que descobrir o que eles queriam antes de ir embora dali. Alem do mais, tinha que escutar da própria boca de Draco sobre a sua traição, tinha que vê-lo colocar aquela cara de desgosto e arrogância que eram tão naturais quando estava na sua presença e que lhe dissesse como tantas vezes havia dito que o odiava, que não era nada, que não valia a pena um minuto de sua atenção. Tremeu ligeiramente, porém a voz de Tom lhe animava. "Tonto". Sussurrou para si mesmo, mas era de se esperar que sua voz interior não sentisse medo de nada, depois de tudo, estava na casa de um de seus fiéis comensais.

Saiu do quarto com passos silenciosos e mortais, que havia aprendido desde que vencera Voldemort, seguro como o passo do inevitável. Chegou as escadas e percebeu que havia luzes na sala em baixo. Esfregou os olhos levemente para espantar o sono e começou a descer silenciosamente. Havia se esquecido de colocar os sapatos e o frio do piso de mármore o fazia sentir como um lago gelado. Escutou vozes e pôde identificar sem duvida alguma que era a voz de Draco. Parecia estar incrivelmente aborrecido e irritado, discutia com alguém. Logo reconheceu a voz de Lucius, enojado, repreendendo-o com severidade. Uma discussão familiar, mas por que?

Passos irados ressonaram sobre o piso de pedra em sua direção, mas não quis se mover, então esperou pacientemente, ao que no final da escada apareceu a figura que ansiava ver. Os olhos de prata se encontraram com os do moreno e por alguns segundos, que para Harry parecia que o tempo havia parado, congelado nas profundezas prateadas, foi que Draco rompeu o encanto.

"Potter, meu pai deseja falar com você". Harry sentiu seu peito comprimir com força, agora era Potter de novo. Potter miserável.

A expressão de dor em Harry provocou uma dor maior ainda em Draco, mas por causa de seu pai, escondeu isso imediatamente. Não iria revelar que era amante do jovem que tanto odiava seu pai, não por agora, bastava que pudessem conversar sem serem descobertos. "Você quer companhia?" Perguntou suavemente ao que Harry assentiu. Draco subiu as escadas e começou a caminhar junto com o moreno. O silencio começava a pesar e no seu intimo estremecia levemente, sabia o que Harry podia fazer a ele a ao seu pai e ali não tinha o resto do trio para detê-lo. Se o moreno perdesse o controle, não queria nem imaginar o que poderia acontecer. Seu pai havia sido suficientemente teimoso para ignorar os avisos que tinha dado, as provas do poder que ele mesmo havia presenciado no pouco tempo que havia estado observando-o. E no entanto, lá no fundo não se importava com o que aconteceria com ele, ele merecia. Sua preocupação era somente por Harry e seu pai.

Chegaram ao quarto e Draco pegou umas roupas escuras e lhe deu algum tempo. Ficou de costas para não vê-lo se trocar, não poderia suportar ter a visão daquele corpo sem poder tocá-lo. Harry se trocou em total silencio. Por um momento pensou em dizer algo, mas justo agora ele só tinha desculpas e seu pai poderia estar vigiando. Cruzou os braços sobre o peito enquanto esperava. O jovem passou ao seu lado para colocar sobre a cama as roupas que acabara de tirar. Finalmente não pôde mais se conter.

"Harry" Harry se voltou para vê-lo e Draco o olhou de volta, a roupa lhe caía muito bem, ambos tinha quase o mesmo tamanho, mesmo que Draco fosse um pouco mais alto. O que estava faltando era que o moreno continuava sem sapatos e o piso de mármore deveria estar congelando, mesmo que o quarto fosse todo acarpetado com grossas peles. Levantou os olhos e de modo inseguro. "Meu pai... te fez alguma coisa?

O jovem negou suavemente. "Me diz, Malfoy" Enfatizou seu sobrenome e o loiro estremeceu. "Por que me trouxe até aqui? E eu adoraria te ouvir dizer a verdade pelo menos uma vez". Os olhos de Harry faiscaram suavemente ao falar e Draco abaixou a cabeça para não se ver refletido naqueles olhos. Ao invés de responder, se encaminhou até um baú que estava num canto do quarto, atrás tinha algumas lindas telas de bambu no papel de parede chinês dourado.

"Meu pai insistiu que deveria te trazer aqui de qualquer forma". Ficou em silencio por alguns momentos, aquela era a verdade. Mesmo que ainda faltasse algo para dizer sobre essa verdade. "Te expliquei que era uma loucura, tentei dissuadi-lo". Disse debilmente. Se dirigiu a ele com um par de meias grossas e botas que esperava que lhe servissem. "Disse que era imprescindível que cumprisse com suas ordens. Falou de uma conexão com Você-sabe-Quem". Calou-se inseguro, estava pálido e temeroso. "Mas isso é uma incrível maluquice, Você-sabe-Quem está morto". Por Merlim que aqueles olhos não voltassem a mirá-lo com desprezo, sentia morrer cada vez que a íris verde cravavam de forma irada em seu corpo e com toda a razão do mundo. Iria perder sua alma, estava seguro, seria de uma forma ou de outra, mas a perderia. Tal como Pansy lhe havia advertido.

"Lord Voldemort". Murmurou o moreno, voltando os olhos ao perceber que o loiro continuava temendo o nome.

"Sim. Mas ele está morto, certo? Ou seja, não há mais necessidade de continuar sendo seus seguidores, não há ninguém para servir, só a casa dos Malfoy". Tinha que estar certo porque senão isso significaria a destruição do grifinório e por conseqüência a sua própria morte. "Está morto." Insistiu cravando os olhos em Harry. Os olhos do moreno endureceram por alguns instantes e o loiro achou ter visto um vislumbre vermelho mesclado com o esmeralda, fazendo-o estremecer. Estendeu os artigos que segurava e o moreno os pegou e se colocou a calçá-los imediatamente. Levantou-se de forma ligeira e provou as botas, estavam um pouco grandes, mas não tinha problema, já havia usado coisas bem piores na sua vida. A roupa usada de Malfoy era bem melhor que qualquer outra que os Dursley puderam lhe dar.

"Vamos." Sussurrou. Justo quando estava para ir andando, Draco o impediu com o braço, em suas mãos estava uma grossa capa que o vestiu sem mirar em seus olhos. A mesma era de uma cor vermelho escuro, mais que o vermelho dos grifinórios, mais que sangue. Alisou levemente o tecido sem ter realmente necessidade fazendo uma prece para que o tremor na suas mãos não fosse notado. Finalmente o deixou ir.

"Vamos" Ele confirmou e se voltou para sair. Harry o observou por alguns instantes antes de segui-lo, seu coração batia rapidamente, será possível que o seu coração desejava perdoar aquela cobra traiçoeira tão rápido? Por que não podia ter sido outro que o levara até ali? Sabia que nada poderia lhe causar dano, tinha poder suficiente para sair dali e destruir todos que estavam em pé... mas Draco estava ali, aquele cuja as mãos conheciam seu corpo, cuja boca conhecia a sua. Tratou de respirar enquanto caminhava atrás dele e seus passos ressoavam pelo piso em direção as escadas.

Desceram em silêncio até onde parecia ser a sala da enorme mansão. Harry mirava tudo com fascinação, pois nunca havia visto uma casa tão bela e cheia de luxo. Na sala, Lucius Malfoy os esperava, envolto numa capa similar mas de uma cor cinza claro. Ao vê-los, se pôs de pé sem pensar num gesto de respeito e ao notar seu erro voltou a se sentar, confuso. Draco o observou com curiosidade, seu pai estava nervoso, mas somente ele havia notado. Sorriu internamente... começava a pensar que seu pai havia, finalmente, percebido algo em Harry.

Harry observou o homem por alguns instantes, tentando conter o rancor que ele lhe provocava, mas devia fingir por enquanto. "Lucius". Desta vez, a palavra tinha atributo de cumprimento, mesmo sendo um leve sussurro. Acenou para uma poltrona perto do fogo e Draco se sentou perto de seu pai em um lugar menos obvio, mas de onde era possível observar sem qualquer dificuldade o amante. Harry finalmente se sentou no lugar que ele havia acenado, colocou as mãos em ambos os lados de descanso da poltrona e mirou fixamente o homem de cabelos quase brancos.

Lucius Malfoy moveu os olhos nervosamente sobre a figura que tinha a sua frente, a postura o fazia recordar, o olhar o fazia estremecer. Supôs então, que os sonhos e visões que vinha tendo há meses, concentrava-se na figura a sua frente. Sua boca se abriu e por uns poucos segundos esteve a ponto de pronunciar as palavras que havia utilizado tantas vezes no passado.

Meu senhor.

Mas se conteve quando os olhos verdes esmeralda o desafiou com severidade. O jovem voltou por uma fração de segundo para seu filho e o olhar se suavizou alguns milésimos antes de refletirem dor. O momento terminou de imediato quando o jovem voltou a atenção para sua pessoa.

"Harry Potter". Começou indeciso. "Tenho esperado sua vinda a esta casa há meses".

"E por que, senhor Lucius, tem me esperado com tanta ansiedade? Respondeu com toda a cortesia que era capaz nesses momentos.

"Queria... comprovar. Queria ver com meus próprios olhos o que meus sonhos andam me sussurrando." O jovem lhe deu um olhar confuso, a inocência voltando ao seus grandes olhos.

"Sonhos?" Perguntou curioso.

"Sim, sonhos bastante interessantes." Sussurrou Lucius com aquela voz parecida com o sibilo das serpentes.

"Nenhum deles pode se tornar realidade, Lucius. Não existe forma..." A inocência havia desaparecido, dando lugar ao rancor.

"Eu encontrarei." Assoviou veemente, sem saber a quem se dirigia na realidade. Tinha a impressão de que era o menino que o mirava, mas outras...

"Não. Já não há esperança de que regresse. Ele ficará comigo." Murmurou o jovem de forma possessiva e Lucius pareceu ficar impaciente.

"Eu, Lucius Malfoy, encontrarei a forma." Sentenciou enojado, fincando os dedos na poltrona.

"Quer falar com ele?" Sussurrou tão baixo que Draco não pôde escutar, mas Lucius entendeu perfeitamente e assentiu. "Somente contigo." Sussurrou novamente fitando Draco. O jovem loiro ia protestar quando a mão de seu pai o silenciou com um gesto.

"Do que precisa?" Perguntou Lucius com serenidade e tratando de parecer que estava no controle do que acontecia, enquanto por dentro, tremia como uma folha diante da oportunidade que lhe era oferecida.

"Te direi logo."

Lucius se levantou e fez um sinal para o jovem que tinha se adiantado. Duvidava que se perderia na mansão mesmo que nunca havia estado nela. Ao ver que Draco se levantava, o deteve com o braço. "Não filho. Falaremos a sós."

"Não lhe fará mal..." Murmurou sem desfazer o contato visual com o jovem que se afastava. Lucius lhe direcionou um olhar curioso e Draco abaixou a cabeça ates que pudesse ler sua expressão de angustia.

"Não estou louco." Resmungou o homem com uma expressão fechada e neutra, para logo seguir os passos do jovem. Draco gemeu suavemente deixando-se cair de volta na poltrona e tampando o rosto com as mãos.

Harry subiu as escadas e deixou que seus passos lhe guiassem. Chegou até uma sala na mansão que parecia não ter sido utilizada há meses, mas que lhe trazia sentimentos de familiaridade. Com um movimento de mão o fogo se acendeu e se encaminhou até a poltrona que estava em frente a lareira. Acariciou o dorso da poltrona, como se recordasse de algo, a afastou um pouco do fogo e se sentou. Lucius entrou pouco tempo depois com passos indecisos e se deteve para observar a cena, podia ver apenas o ombro e parte do rosto do jovem naquela posição, mas era como se recordava, exatamente como recordava. A mão do moreno se elevou um pouco e justo sobre o suporte da lareira apareceu um extenso espelho, inclinado de forma que Lucius podesse ver o rosto do jovem refletido e vice-versa.

Observou o reflexo no espelho, até que as feições mudaram rapidamente. O cabelo negro e revolto havia sido substituído por um nitidamente penteado, os óculos haviam desaparecido e o rosto cheio de inocência, agora se mostrava duro e com aparência mais adulta. Os olhos que o observavam brilhavam da cor de caoba recém cortada e um sorriso o cumprimentou com malícia.

"Lucius. Nos encontramos de novo". A voz ressonou suavemente, autoritária e profunda por toda a sala. Lucius Malfoy teve que conter um impulso reflexo e forçoso de se aproximar, cair de joelhos e beijar a borda das vestes do Menino-Que-Sobreviveu.


Caoba: árvore da zona intertropical, cuja maior característica é sua madeira que vai do vermelho escuro ao rosa.

Nota da Tradutora (Dollua): Bem, essa é a primeira vez na minha vida que faço a tradução de algo em espanhol. Se alguém achar estranho que eu tenha traduzido esse capítulo, basta olhar no profile da Deepysa. Nós juntamos algumas forças para terminar as traduções e traduzir muitas outras. Espero que tenham gostado! Não sei se o próximo capítulo será traduzido por mim, mas vocês ainda vão me ver muito por aqui. XD Beijos e até o próximo.