Título:Em Silêncio

Autora:Suisei Lady Dragon ou Black Kimera

Tradutora: Alice (Sitaelle) & meSlash

Betta:Dollua

Rate:R

Disclaimer:Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Black Kimera.

Shipper:Draco/Harry

Gênero: Romance/Aventura

Atenção: Slash, yaoi... blá... blá... (Se você não gosta, não leia! Mas não encha as patavinas)

Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.


Capítulo 25


O coração de Lucius batia no mesmo ritmo frenético com o qual seu cavalo saíra em disparada. Não podia acreditar que Harry havia perdido o controle e havia causado danos ao seu filho. Os tinha visto juntos, era impossível dizer que o menino se voltaria contra seu amante tão cedo. Não se perdoaria se acontecesse algo com seu filho, por culpa de sua negligência e egoísmo.

Sua atenção estava tão concentrada no caminho e no que poderia ter acontecido que não conseguira se esquivar dos ataques vinham em sua direção. Caiu de forma brutal e ainda sob a maldição cruciatus continuou se contorcendo de dor. Por pouco conseguiu se salvar de ser esmagado pelo cavalo, já que o animal após uma curta volta pela neve empinou e voltando a ficar sobre as quatro patas, decolou na direção oposta, saltando sobre ele num último momento. Um segundo ataque o encontrou desamparado no chão e ele tentou com toda a força suportar a dor. Lucius não podia dizer quem o estava atacando nem quantos eram, talvez fossem dois comensais duplicando o efeito da maldição.

Severus conseguiu se esquivar do cavalo de Malfoy e antes de chegar ao local já estava apontando sua varinha contra os homens que poderiam facilmente reconhecer seu companheiro ex-comensal. Felizmente, ninguém parecia esperar o aparecimento de outra pessoa que estava guardando a retaguarda.

"Expeliarmus!" Ambos foram jogados a metros de distância, como se um punho invisível tivesse lhes batido, o que os deixou inconscientes na neve. Saltando de seu cavalo, inclinou-se sobre o homem que permanecia agitado contraindo-se ainda sob o resquício dos efeitos da maldição.

"Lucius?". Ele tentou fazê-lo voltar à consciência, removendo a neve que estava em seu rosto. Sentou-se e tentou fazê-lo responder novamente.

"Os garotos, Severus..." O homem sibilou entre os dentes e o professor lembrou-se dos jovens que ainda estavam na floresta. Cobriu Malfoy o melhor que pôde com seu casaco e puxou-o para fora do caminho, recitando um feitiço para escondê-lo até que pudesse retornar em seu socorro. Os outros homens foram arrastados e colocados sob o efeito de um Estupefaça apressado e amarrados com uma corda encantada. Montando imediatamente, partiu a galope.

Pensou ter visto um grupo de homens numa clareira a poucos metros de distância. Estavam em volta de um homem em pé, e de um jovem caído na neve. Quando parou para averiguar melhor, uma onda mágica de grande poder fez com que seu cavalo guinasse nas patas traseiras e ele foi jogado no chão, o cavalo saiu galopando na direção oposta. Levantou-se logo que pode e começou a caminhar em direção ao grupo, uma forte dor no antebraço o fez cerrar os dentes, era difícil ir mas ele continuou em frente. Ao fixar os olhos, ficou espantado com a cena. Em meio a um grupo de cerca de oito comensais da morte, estava o jovem Potter, ereto, brilhante, com uma aura que recordava apenas seus piores pesadelos.

A magia envolvia o corpo de Harry enquanto rajadas de energia vermelha tentava consumi-lo. A cabeça do garoto tombou para trás, enquanto as pulsações violentas de magia zumbiam ao redor de seu corpo, elas subiam em direção ao céu e começavam a formar redemoinhos de nuvens brancas. Os flocos de neve se tornaram pesados e caiam em redemoinho ao redor dele. O jovem abriu as mãos de ambos os lados do corpo e tinha os punhos cerrados, enquanto que seus olhos vermelhos mostravam sua obstinação.

Eu preciso...

O corpo do garoto se tornou tenso, ele baixou a cabeça fechando os olhos em concentração. De repente, a magia emitiu um chiado amedrontador e a magia bateu no frágil corpo mais uma vez, antes de voltar para sua fonte, estabelecendo-se suavemente ao redor do jovem, o cabelo se eriçando de vez em quando.

Draco estava inconsciente aos seus pés. Os homens a volta dele, tinham os olhos abertos com expressões repletas do mais puro terror.

O jovem ergueu a mão para um dos homens, e ele caiu de joelhos na neve, a ação foi imitada por todos os outros, então, o homem começou a engatinhar na direção do jovem Potter. Ele caminhou até o corpo inconsciente de Malfoy e o olhou com irritação, agitando-se visivelmente.

"Meu senhor, nós não sabíamos, por favor, perdoe nossa ignorância." Ao homem parecia ser penoso o simples fato de tentar falar e Severus o reconheceu como o pai de Blaise Zabini. Severus não se surpreendeu com aqueles homens se curvando de medo à primeira mostra de poder, mas que o tivessem chamado de senhor. Não recordava que os comensais mudassem sua lealdade tão facilmente. Aproximou-se com sua varinha estendida sem saber para onde aponta-la, ei ao jovem cujo poder vibrava inalterado ao redor da clareira ou aos ex-comensais que aterrorizados não se atreviam a levantar as cabeças da neve.

Pediu com todo seu coração que o que Dumbledore e ele mesmo tinham temido não tivesse ocorrido, o descontrole dos poderes do jovem. Teria que comprovar por si mesmo, assim que com um sentimento de tristeza, levantou lentamente sua varinha até o jovem e se aproximou mais ainda.

"Potter! O que significa isso?" Os olhares do outros homens se voltaram para o professor, mas ninguem se moveu. O jovem que estava de perfil, se voltou completamente para o professor e a respiração de Snape parou. Aqueles não eram os olhos de Harry Potter, mas sim os de Tom Marvolo Riddle. Isso ele não esperava, ninguém esperava, Tom estava morto, Harry o tinha dizimado do mundo dos vivos, todos tinham visto... mas estava ali, possuindo o corpo do jovem que o havia derrotado. Não se atrevia sequer a dar voz a seus pensamentos, mas se Tom tinha se apoderado tanto da mente como do corpo de Harry, então o jovem estava condenado, deveria ser destruído. "Voldemort." Sussurrou. E o sussurro expressou toda a dor que a noticia lhe causava.

"Severus. Que agradável surpresa voltar a vê-lo." O sorriso que Harry lhe deu o fez estremecer. "Venha, chegue mais perto." Murmurou, e o professor não pode lutar contra a força que aquelas palavras de seu antigo senhor tinham ainda sobre seu corpo. Aproximou-se com cuidado enquanto sentia a necessidade de abaixar a cabeça de forma submissa. "Poderia ser amável e levar Draco de volta à mansão." Disse fazendo um gesto calmo em direção ao jovem que estava deitado na neve.

O professor se aproximou e deu uma olhada em Draco. Seguramente tinha sido atacado com vários cruciatus antes que o Lorde das Trevas tomasse conta do moreno. Aparentava uma contusão na cabeça e seu casaco tinha sido chamuscado no peito, nada que uma boa poção não pudesse remediar. Agachou-se e com todo cuidado o recolheu de sobre a neve, enquanto os olhos vermelhos de Harry/Voldemort o observavam com ciúmes.

"Onde está Lucius?" perguntou de repente aquela voz que Severus tinha aprendido a odiar.

"Está no bosque, meu senhor." Disse, fazendo uma curta reverência que fez com que o jovem sorrisse cinicamente.

"Desde quando sou seu senhor, Severus? Nem sequer Dumbledore pode te ter debaixo de todo seu controle. Não me olhe desse jeito surpreso. Pensou que eu não descobriria?" Sorriu com falsa amabilidade e Severus sentiu que seu corpo gelava apesar do grosso casaco. De repente o jovem levantou uma sobrancelha com curiosidade e se aproximou do jovem, o professor ficou muito quieto esperando que a qualquer momento uma maldição saísse disparada daquelas mãos, ironicamente as mesmas que tinham 'destruído' ao senhor das trevas. Mas nada disso aconteceu, as mãos descansaram justo sobre o broche de seu casaco.

"Lucius deve ter você em alta estima, Severus." Disse enquanto acariciava o broche com o símbolo dos Malfoys e sorria com uma cruel astúcia. O professor de poções não se atreveu a responder, porque tampouco sabia ao que se referia o Lorde das Trevas. Finalmente Harry/Voldemort fez sinal para que se apressasse. "Vamos buscar Lucius." A magia que cobria Harry ainda crepitava, desejando devorar tudo ao seu redor, mas era como se uma mão de aço a mantivesse sob controle.

O professor suspirou longamente quando começou a caminhar na direção em que havia chegado. Harry tomou as rédeas de seu cavalo e o parou enquanto Severus se acomodava com sua carga sobre o animal. A procissão que ocorreu em continuação lhe pareceu a mais estranha do mundo, pois, atrás do cavalo ia Potter, e atrás dele iam os oito comensais em fila e sem dizer uma só palavra.

Ao chegar onde estavam os outros dois comensais, Severus desfez o feitiço de invisibilidade e lhe pareceu que os olhos do jovem Potter brilharam com fúria contida.

"Isso merece um castigo." Murmurou tranquilamente. "Enervate." Os dois comensais que estavam desmaiados despertaram aturdidos. "Zabini, atualize-os dos últimos acontecimentos e logo quero vê-los todos na mansão Malfoy." Disse cerrando os dentes para não mostrar sua fúria. Com um cuidado que Severus nunca tinha presenciado no Senhor das Trevas, o jovem ajudou Lucius a se levantar, este tremia de forma incontrolável pelos efeitos dos cruciatus e do frio. Harry soltou um pequeno sibilo e um cavalo de grande porte e semblante nobre veio trotando na sua direção. O jovem acariciou o focinho do animal com ternura, que ficou quieto até que Harry pôde subir com Lucius em seus braços. Apertou os calcanhares e Severus fez o mesmo, deixando para trás o grupo de homens.


Lucius foi regressando ao mundo da consciência de forma gradual e dolorosa. Calafrios leves ainda percorriam seu corpo e sentia a vista nublada. Talvez alguma vez tivesse recebido uma lição por parte de seu senhor, mas nunca tinha sido atacado dessa forma. Não porque não tiveram vontade, mas porque sempre tinha estado alerta perto dos seus companheiros comensais. Estava seguro que tinha recebido o cruciatus, mas a intensidade havia sido quase mortal. Seus pensamentos se concentraram ao seu redor, quando pode escutar vozes ao seu lado, mas era como se sua cabeça estivesse debaixo d'água.

"Draco." Sussurrou com a voz quebrada. O corpo lhe doía como se todos seus ossos tivessem sido quebrados e seus músculos despregados de seus tendões. Para piorar a situação alguém se atirou sobre seu corpo e o apertou com uma força demente. Um gemido rouco escapou de seu peito sem forças.

"Draco! Vai piorar o estado dele!"

"Me desculpe, me desculpe." Exclamava seu filho. A voz era de Snape, mas não tinha escutado a voz que mais tinha lhe preocupado.

"Onde está Harry?" a pergunta foi recebida com silêncio e Lucius temeu o pior. Tratou de clarear a vista, esfregando os olhos, mas uma mão o deteve de se levantar.

"Lucius, Harry... está bem, está lá embaixo... com os outros." Assegurou o professor de poções, um pouco inseguro.

"Os outros?" A que outros se referia o homem? A menos que fossem os sujeitos que os tinham atacado.

"É melhor que descanse, estamos todos bem." Voltou a assegurar o professor.

"Draco, avise a... Potter... que Lucius já despertou." O garoto assentiu e saiu com relutância da habitação onde estava seu pai. Severus estava agradecido que o jovem só tivesse uma concussão e que não havia sido vitima de um cruciatus como tinha pensado num principio.

"Por quê?" perguntou Lucius, e Severus se deteve confundido com a pergunta. "Não diga... um verdadeiro Slytherin não pode ser controlado por nenhuma força externa. Um Slytherin manipula o poder a seu favor sem cair abaixo dele." Severus não comentou nada, não lhe importava que o homem soubesse que tinha sido um espião para a Ordem da Fênix, se o mesmo Voldemort já sabia e não o tinha eliminado, então ele seguramente deveria ter planos para sua pessoa. Aproximou-se ao lado de Lucius com um frasco de conteúdo azul intenso e um pouco espesso, o obrigou mais do que ajudou, a sentar-se na cama. Depois de tomar a poção que queimou sua garganta, Lucius se sentiu mais débil ainda e encostou sua cabeça no ombro do professor. Quando a habitação começou a dar voltas, fechou os olhos com força e emitiu um gemido rouco.

"Que raios me deu para tomar?"

"Uma poção para os efeitos secundários do cruciatus."

"Tem um gosto horrível." O homem de cabelos negros começou a rir com o absurdo da situação. Lucius Malfoy estava se queixando como uma criança de cinco anos quando tomava seu remédio, e em seu ombro. Lucius Malfoy em seu ombro! Gritou uma voz interna alarmada. A risada parou abruptamente e um pouco bruscamente tirou o loiro de seu ombro. Lucius gemeu debilmente, mas por outro lado se deixou acomodar docilmente sobre o travesseiro. Instantes mais tarde um moreno de olhos vermelhos entrava no quarto. Severus não podia evitar se sentir intimidado pelo garoto, se o Senhor das Trevas era poderoso, Harry Potter também era... mas os dois juntos em um só corpo era um poder que faria alucinar qualquer um, e com o histórico que ele mesmo tinha com o garoto, preferia não dar-lhe motivos para descarregar esse poder sobre sua pessoa. Não, Severus Snape não era um covarde... simplesmente era um Slytherin de coração e esperaria o momento oportuno para escapar e se possível, sem ter que correr.

Momentos mais tarde regressava ao quarto o jovem acompanhado de Draco.

"Lucius." Sussurrou o rapaz, sentando-se ao seu lado na cama. "É bom saber que está bem, cheguei a pensar que não queria nos acompanhar na celebração amanhã." Disse de bom humor e com uma familiaridade que surpreendeu o professor.

Lucius queria corresponder, mas a poção o fazia se sentir tonto. "Estou bem... meu senhor." O garoto sorriu meio de lado e seus olhos vermelhos se iluminaram brevemente.

"Nada de senhor, faz me sentir velho e com este corpo já não me sinto assim." Disse enquanto estendia as mãos. "Só queria me assegurar de que não se sentia tentado a se unir ao bando dos mortos."

"Dificilmente, apesar de que Severus tentou me matar com uma de suas poções." O referido deu um curto suspiro entreabrindo brevemente os olhos que começavam a se fechar.

O jovem assentiu e deu um suspiro chateado e muito fora do caráter que ele estava acostumado para o gosto de Severus. "Passei muito tempo aqui, devo regressar, Potter me permitiu ficar fora por mais tempo do que tinha planejado, já está me incomodando." Os dois adultos o olharam com estranheza e o jovem sorriu. "Nada que vocês dois não podem controlar, estou seguro. Mas antes de me retirar, queria dar-lhes um presente, um pouco adiantado, mas não importa." Encolheu os ombros e repentinamente seus olhos pareceram brilhar.

Os dois homens seguraram o antebraço ao sentir como uma queimação em suas respectivas marcas, nem bem tinha terminado e Severus puxou a manga da camisa. A caveira negra tinha desaparecido e em seu lugar a serpente assumiu um verde brilhante. Levantou os olhos negros para o garoto e encontrou aquele maldito sorriso. Não as tinha apagado por completo porque de alguma forma ainda os considerava de sua propriedade, e muito menos tinha eliminado a conexão que tinha com eles através delas. Desta vez Severus devolveu o sorriso com sinceridade.

O rapaz se levantou da cama e caminhou uns passo em direção à porta. Parou e voltou para chamar Draco. "Ei você, garoto fênix..." Ronronou sedutoramente e Draco virou os olhos em resposta. Agora que tinha visto a mudança em Harry, entendia que quem tinha estado na festa do Dia das Bruxas tinha sido Tom. No começo tinha se sentindo como um tonto ao recordar a ceninha que tinha protagonizado junto com Pansy nesse dia, depois tinha se estremecido ao saber que tinha perseguido ao Lorde das Trevas pelos labirintos das masmorras. Tinha agradecido o fato de que ao cair pelas escadas o moreno tivesse recuperado o controle de seu corpo. Com tudo, Tom não parecia se avergonhar de flertar com ele e toda a tarde esteve chamando-o por diferentes nomes, provavelmente como único propósito de vê-lo resmungar.

"Poderia me levar até o quarto? Não creio que possa dar um passo mais. Seu namorado não vai se incomodar, te asseguro." O rosto do loiro se tornou levemente rosado pelo constrangimento, mas concordou em levá-lo. Nem bem o tocou e perdeu a consciência, tudo foi tão rápido que por pouco não escapou de seus braços.

"Harry!" Exclamou Draco preocupado quando o peso do jovem por pouco os leva ao chão.

O professor Snape se aproximou preocupado e depois de revisá-lo suspirou aliviado. "Leve-o para descansar Draco, ele vai acordar logo." Draco assentiu e o tirou do quarto com um pouco de trabalho para leva-lo ao quarto de hóspedes. Do corredor se podia escutar uns cânticos provenientes da sala de estar. Revirou os olhos novamente, Harry tinha obliviado todos os ex-comensais... bom... não Harry, Tom havia feito, os tinha obliviado de tal forma que não tinham nenhuma recordação de sequer ter pertencido às linhas do Senhor das Trevas. Draco tinha se atrevido a perguntar ao jovem porque não os tinha castigado mais severamente. Ainda recordava a resposta, Tom tinha comentado algo acerca do injusto que seria que Blaise tivesse que passar o natal de luto só porque seu pai tinha sido ignorante o suficiente para atacá-los. Mas que senso de humor tinha adquirido Riddle no corpo de Harry.

Aconchegou-se com ele na cama para esperar que despertasse, depois de tudo... Harry tinha lhe prometido que o ensinaria a fazer as tortas de pêssego, e com tantos convidados teriam que começar logo.


Quando Lucius conseguiu despertar do sono que a poção tinha lhe provocado ainda sentia o corpo limitado e duvidada muito que pudesse trocar de roupa, alguém tinha colocado sua roupa de dormir, mas agora que estava sozinho não tinha animo de chamar os elfos para que o ajudassem. Afinal, que impressão causaria se não pudesse fazê-lo sozinho? Seria desonrar seu próprio sobrenome.

Decidiu então ficar um pouco mais na cama olhando para o teto. O que tinha dito seu filho sobre Harry? Que tinha se encarregado dos outros... Que outros?

"Os comensais!" Exclamou ficando sentado na cama e sentindo-se maiis enjoado. Teria que se assegurar de que tudo estava bem, sendo que apenas podia se mover adequadamente. Com muito esforço se pôs em pé e tentou se trocar, mas ao notar que seus dedos e mãos tremiam mais do que podia controlá-los suspirou profundamente e tomou um casaco de pele colocando-o por cima da roupa de dormir, e se conformou em poder colocar os pés em suas pantufas.

Lentamente caminhou pelo corredor e começou a descer as escadas como se fosse um fraco ancião. A humilhação de todas as humilhações foi quando seus joelhos falharam no ultimo degrau e foi parar no chão duro. Amaldiçoou em voz alta e em um segundo alguém estava ao seu lado ajudando-o a se levantar.

"Onde está?" perguntou com uma falsa tranquilidade, enquanto fingia que nada tinha acontecido. A voz que lhe respondeu foi a de Severus muito perto de seu ouvido.

"Está na cozinha preparando tortas de pêssego com seu filho. Está bem. É um idiota por ter descido sozinho até aqui." O cheiro das tortas chegava até ali e podia escutar os risos e as canções que vinham da cozinha. "Vou te levar de volta." Murmurou a voz com uma clareza aveludada. Se deixou levar sem protestar apoiando-se no homem. Severus cheirava a sândalo suave e especiarias queimadas, intoxicante em sua complexidade, e Lucius instintivamente aproximou o rosto até os cabelos negros do professor, que não deu importância ao gesto, já que pensava que o homem estava mais fraco do que imaginava. Tirou o casaco e o ajudou a se acomodar novamente na cama. Quando Lucius sentiu que voltavam a movê-lo, percebeu que Severus tentava faze-lo tomar mais um pouco da poção. Segurou a mão num intento de detê-lo, mas foi em vão, teve que tomar tudo o que lhe era dado.

"Eca! Severus, é horrível." Sussurrou enquanto tentava não tossir. O homem não prestou atenção a suas queixas enquanto guardava o frasco e dava um copo com água, que bebeu avidamente.

"Não entendo como conseguiu." Murmurou o professor dando-lhe as costas.

"Conseguir o que?" perguntou por cortesia, pois seus olhos começavam a fechar novamente.

"O garoto, Lucius. Como conseguiu controlar seus poderes? Quando o vi no bosque pensei que nos mataria. E não me refiro a simplesmente com sua magia."

"Quem vimos no bosque não foi Harry."

"Eu sei. Dumbledore suspeita do garoto e de seus poderes. Mas nunca pensamos que fosse tal a magnitude de seus poderes, menos ainda que fosse Tom."

"Eu muito menos imaginei... foi uma lição que não vou me esquecer durante muito tempo." Disse enquanto levava a mão ao pescoço em um gesto ausente. "Mas devia vê-lo... Severus." O homem o olhou com certo assombro.

"Já o vi. O poder de Voldemort somado ao seu... não entendo como não o corrompeu ainda."

"Potter é forte... é cabeça dura. Não viu nada Severus." Sorriu. "Me deu trabalho me acostumar e foi Tom quem me deu a idéia de fazer o garoto reagir." Severus levou uma mão ao queixo e a outra ao cotovelo, como tentando decifrar o que o homem queria dizer. "Não, nem pense que vou dizer o que me sugeriu. O que não posso entender ainda é porque te trouxe aqui." Murmurou enquanto se acomodava melhor.

"Foi ele que me queria aqui?" Perguntou assombrado. Lucius assentiu.

"Disse que ele mesmo se encarregaria de você, ninguém mais." Severus ficou pálido e Lucius sorriu de lado. "Sim, Severus, ele sabe que você foi um traidor." Se regozijou ao notar o efeito que essa revelação causou ao professor de poções. "Tem muita sorte de que o garoto goste de você. Demônios! Até eu tive sorte de que o garoto goste do meu filho." Severus não entendia a que se referia Lucius ao dizer que Potter gostava dele. Por acaso não era o Senhor das Trevas que dominava o corpo do garoto? Tinha que se assegurar.

"Desde quando Potter tem conhecimento...?" Perguntou com suspeita.

"De que o Senhor das Trevas está possuindo-o? Disseram que desde antes de despertar." Murmurou o homem dando um bocejo bem impróprio.

"Disseram?"

"Severus, estou um pouco cansado. Você seria amável o suficiente para adiar o interrogatório?" Lucius deu um curto grito de surpresa quando o homem o tomou de repente pelos cabelos da nuca e o sujeitou com força.

"Vai me dizer o que quero saber agora." Rosnou o homem com uma raiva repentina. Uma sensação pesada e eletrizante percorreu o corpo de Lucius e se repetiu quando o professor se aproximou de seu rosto e algumas mechas negras caíram sobre seus olhos enfurecidos. Aqueles olhos o olhavam com uma intensidade que se fosse outro momento poderia ter confundido facilmente. "Agora, Lucius." Sussurrou perigosamente enquanto apertava com mais força. Um arrepio alucinante percorreu novamente o corpo de Lucius, trazendo memorias que começaram a despertar seu corpo de uma forma que pensou esquecida.


Oi pessoal, só quero dizer uma coisa... o próximo capítulo virá antes do que vocês esperam! Obrigada a todos por ler e obrigada a Lud que está me ajudando com essa fic com uma rapidez assustadora!

Kissu kissu e até daqui uns dias.