Título:Em Silêncio
Autora:Suisei Lady Dragon ou Black Kimera
Tradutora: meSlash
Betta:Dollua
Rate:R
Disclaimer:Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Black Kimera.
Shipper:Draco/Harry
Gênero: Romance/Aventura
Atenção: Slash, yaoi... blá... blá... (Se você não gosta, não leia! Mas não encha as patavinas)
Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.
Capítulo 28
A manhã na mansão Malfoy se mostrava tranqüila. Os ex Comensais tinham regressado na noite anterior as suas casas incapazes de recordar porque tinham passado o Natal na mansão e incapazes de se lembrar que alguma vez estiveram associados ao Lord Voldemort.
Entretanto, o resto dos habitantes continuava dormindo... bom, quase todos.
"Disse que duraria até estarmos esgotados."
"Eu estou esgotado."
"Está é fora de forma."
"Não estou fora de forma, você que é uma fera." O beicinho de Lucius Malfoy fez com que a frase perdera todo o efeito e Severus deixou escapar um riso suave e profundo antes de pregar suas cadeiras contra o traseiro do louro, que de imediato abriu os olhos como pratos e tratou de sair da cama emitindo uma espécie de som nada digno de um Malfoy.
"Não se atreva a chegar perto de mim com isso outra vez. Quantos copos de ambrosia você bebeu? A garrafa inteira?" Exclamou cheio de sarcasmo.
"Que forma de dizer bom dia Lucius." O loiro que estava nu, dirigiu-se ao banheiro, não sem que Severus lhe desse uma olhada faminta. Quando ele desapareceu, se permitiu um pequeno suspiro. "Nobres puros sangue, qualquer um pensaria que tem mais resistência. A riqueza os faz muito mimados." Murmurou enquanto ficava de barriga pra cima na cama, apenas coberto pelos lençóis. Quanto teve certeza de escutar a água correr se levantou com tranqüilidade e se dirigiu ao banheiro onde um Lucius surpreso deu um grito indigno ao vê-lo entrar.
"Harry?" O sussurro em seu ouvido era simplesmente melodioso. Sabia o que significava naquela manhã. Tinham concordado que nesse dia voltaria ao número doze de Grimmauld Place, a antiga mansão dos Black, onde estavam hospedados alguns membros da Ordem da Fênix que não tinham notícias de seu paradeiro. Nessa altura já haviam se interado do desaparecimento de Severus e seguramente estariam preocupados em dobro. Não seria fácil tentar explicar que todo aquele tempo Harry tinha passado na mansão Malfoy. Lucius ainda era considerado um agente perigoso, embora não pudesse ser incriminado no momento, já que quase não conseguiu escapar ileso do encontro entre os seguidores de Voldemort e o mesmo Lord com Harry e Dumbledore no Ministério da Magia.
"Não quero voltar." Sussurrou sem abrir os olhos.
"Já falamos sobre isso, Harry."
"Mas eu continuo não querendo."
"Não pode continuar se escondendo. Nenhum de vocês deveria se esconder..."
"É perigoso pro Tom."
"Nenhum dos dois deveria temer Dumbledore. O velho é louco por você. Não seria capaz de te fazer mal."
"Mas e a Tom? Provavelmente tentará nos separar." Draco o fez voltar-se para seu lado e o observou criticamente.
"Porque não quer se separar de Tom? Vocês eram inimigos... Se odiavam desde que tiveram consciência um do outro."
"Você não entenderia."
"Prove-me. Não me deixe fora disso, porque quero entende-lo... entende-los." Começou a acariciar as mechas que caiam sobre a testa, descobrindo a cicatriz e traçando-a com o polegar.
"Alguma vez você quis ter um irmão?"
"Sim. Então Tom é como o irmão que queria ter."
"Bem... não exatamente..." A voz de Tom protestou alto e claro em sua mente, mas Harry tinha razão no que falava, não foi até que ele chegou à mansão que tinha começado a ouvir a voz de Tom. Antes disso a tinha ignorado muitas vezes e não estava realmente seguro de que Tom pudera ser como um ser humano, mas a verdade não tinha nada haver com poder comparar essa relação especial que existia entre eles dois. O tempo que seu corpo permaneceu inconsciente, logo depois de ter absorvido a magia daquele ser que se chamava Lord Voldemort. Tinha lutado constantemente contra o que restava da essência do Lord, mas desde o momento em que tinham entrado no primeiro acordo, suas características sinistras e malignas tinham começado a diluir-se. A cada acordo que chegavam tinham feito que Lord Voldemort fosse se degradando, corrompendo é um melhor termo. Sua maldade se corrompia até que tinha sido convertido naquele Tom Riddle tão estranho. "Tom mudou tanto..." O tom melancólico que utilizou fez com que aquela voz interior ficasse silenciosa.
"Creio que... o feitiço ainda não tenha terminado, o que usei para derrotá-lo." Draco continuava escutando, acariciando-o com suavidade e incitando-o a continuar. "Creio que dentro de pouco tempo já não ficará nada dele... ou seremos tão iguais que seremos um, e aí terminará tudo para ele."
"Você se apegou a ele." Murmurou o loiro compreendendo. O moreno assentiu suavemente.
"Existe alguma forma de separá-los?" Harry ficou calado com um certo ar obstinado em seu rosto. "Harry... quando vai confiar em mim?"
"Existe... Tom a conhece, mas não quis me dizer." Draco arqueou uma sobrancelha com curiosidade. "Quando o que o espera aqui fora são o julgamento e perseguição não se sente tão ansioso para sair." O loiro se acercou a seu corpo e o beijou com ternura, como querendo lhe assegurar que tudo estaria bem.
"Você acha que seu pai e seu padrinho já se levantaram?" Ele deu um sorriso cheio de malícia e Draco lhe respondeu com o mesmo sorriso.
"Quer ver se já levantaram?"
"Não, creio que prefiro passar a manhã em algo mais satisfatório."
"Ummhh... como o quê?"
"Como você."
"É hora de voltar." Declarou o mestre de poções. "Estaremos em contato... Lucius." Disse com uma expressão quase desinteressada, mas Lucius podia reconhecer o ronronar brincalhão naquela voz sedosa. "Harry, já se despediu?" O moreno assentiu e deu uma última olhada em Draco. "Bom, Draco nos vemos no final do recesso de Natal. Vamos." Harry acercou-se ao moreno, mas antes de segurar em suas roupas deu uma última olhada em Draco, e este devolveu o olhar com um meio sorriso ao estilo Malfoy. Só então seus dedos se agarravam ao abrigo de Snape, imediatamente sentiu que as cores se desvaneciam. Fechou os olhos com força, ao menos não era tão desagradável como as chaves de portal ou a rede flu. Quando voltou a abri-los estavam em frente à antiga casa dos Black. Ele endireitou-se dando um olhar de desculpas ao professor e assim que ambos se sentiram suficientemente corajosos para enfrentar ao resto da Ordem e suas perguntas Snape subiu os degraus e tocou a porta suavemente. Ao dar sua senha a porta se abriu tão rápido que nem teve tempo de esquivar de nenhum dos ocupantes que se lançaram fora dela. Felizmente nenhum dos ataques iam em sua direção, os corpos passaram ao seu lado, deixando apenas de pé e foram parar em cima de Harry.
"Companheiro!" Escutou a voz de Ron enquanto apertou Harry em um abraço de urso.
Hermione não se comportou de forma diferente, embora que se conteve em apertar o garoto de olhos verdes. Grossas lágrimas de alegria nublavam seus olhos. "Onde esteve Harry? Por todos os Deuses, estivemos muito preocupados."
"Meninos, comportem-se!" Exclamou Molly ao ver-los enquanto tentava que os dois jovens lhe permitissem chegar aos visitantes. "Por Merlin, é Harry! Arthur, Arthur! Harry está aqui, meu Merlin, está aqui!" Gritou tão forte que o retrato da senhora Black começou a gritar atrás das cortinas sujas onde estava escondida. A confusão foi tanta que praticamente todos os que estavam na casa desceram para ver quem que tinha chegado.
Passou mais de uma hora antes que todos da casa se acalmassem o suficiente para perguntar o que Harry mais temia, onde esteve todo esse tempo. Seus olhos buscaram os do seu professor e só então se deu conta de que o homem não estava em nenhuma parte.
"Acalmem-se todos. Creio que devemos permitir que Harry descanse antes de começar a disparar todas nossas perguntas." Harry suspirou mediante a proposição da senhora Wesley, que de imediato se colocou de maneira superprotetora ao ver que se empalideceu logo que começaram as perguntas. Com docilidade deixou-se levar até um dos quartos e depois de uns minutos todos saíram e lhe permitiram um pouco de solidão. No quarto ainda se escutavam os gritos do quadro da senhora Black.
"Estou de volta." Sussurrou ao espelho de onde podia ver Tom, que nesse momento tinha uma expressão muito preocupada, parecida com a sua própria.
Três horas mais tarde Harry se viu sendo dirigido por Arthur Wesley ao quarto que a Ordem da Fênix usava para suas reuniões. Recordou então como o mesmo senhor Wesley o tinha levado na ocasião em seu quinto ano quando tinha realizado o patrono para se livrar dos dementadores na rua Privet. Mas não era essa razão pela qual se sentia um pouco nervoso. Seus sentidos diziam tantas coisas, sua magia lhe dizia tantas mais e Tom gritava e gritava que não entrasse naquele quarto. Mentalmente o obrigou a manter a calma, mas quando esteve frente a frente com Dumbledore dentro do quarto sentiu que Tom simplesmente desaparecia para um desses cantos escuros de sua própria mente.
"Bem vindo, Harry. Como se sente?" Perguntou Dumbledore com voz benevolente.
"Bem, professor." Murmurou um pouco inseguro.
"Severus comentou algumas coisas interessantes que nós gostaríamos que compartilhasse conosco."
"É?" Perguntou fingindo inocência, mas o rosto de Albus não tinha aquela centelha que costumava lhe dar confiança. Seus olhos azuis estavam um pouco duros, como aquela vez que o tinha visto na penseira presenciando o julgamento dos comensais. Não pode evitar estremecer e inconscientemente levou as mãos aos braços como se estivesse com frio. Teria gostado tanto de estar nesse momento na mansão Malfoy, nem sequer Lucius o fazia se sentir tão incomodo. "Que coisas poderiam ser essas?" Perguntou num sussurro. O grupo estava bastante calado ao seu redor. O que fez com que se remexesse inquieto. Podia apenas ver o rosto dos presentes, fosse pelo seu nervosismo ou pela aparente falta de luz apropriada.
"Nós gostaríamos de saber de seus novos poderes, Harry. Temos escutado que são algo... fora do comum."
"É necessário que haja tanta gente aqui enquanto faço isso?" Perguntou olhando para os que não conhecia.
"Harry... não creio que saiba a gravidade do assunto. Queremos estar seguros de alguns detalhes e ficaríamos gratos que seja você mesmo que nos contasse."
O jovem observou ao seu redor novamente e instantaneamente as palavras repetidas tantas vezes por Lucius durante suas práticas vieram a sua mente. Poder e saber como controlá-lo. Ele tinha o poder e era teimoso o suficiente para aprender a controlá-lo. Era isso que Lucius lhe tinha ensinado, o valor para controlar seus próprios poderes, para não se deixar manipular, para ter confiança em si próprio. Mas nem por isso ia entregar Tom a eles numa bandeja de prata.
"Certo." Murmurou antes de levantar a cabeça para Dumbledore e lhe dar uma olhada penetrante. "Quando derrotei Voldemort absorvi seus poderes. Tenho lutado para controlar meus novos poderes desde então, fracassando várias vezes. Cheguei à mansão Malfoy convidado por Draco. Encontrei-me com o senhor Lucius Malfoy que muito amavelmente aceitou me ensinar o que Hogwarts não poderia de todas as formas sem colocar em risco os estudantes." O ancião observou-o por um bom tempo, mas Harry manteve seu olhar. Finalmente Dumbledore deixou escapar um suspiro cansado.
"Sinto muito Harry, mas isso não foi o que seu professor comentou." O jovem entrecerrou os olhos com suspeita.
"Se o professor Snape comentou algo mais, então não foi por vontade própria." Harry se debatia por dentro em se levantar da cadeira e exigir saber o paradeiro do seu professor. Como era possível que o professor Snape o traísse daquela forma? Era impossível, somente contra sua vontade, nem sequer a voz de Tom o contradisse nesse momento. "Onde está Severus?" Perguntou, mas Dumbledore não lhe respondeu, até que girou e caminhou de um lado para outro, pensativo.
"A única coisa que coincide com a versão dele e a sua é que Lucius Malfoy te ensinou a controlar sua magia." Com um estalar de dedos o ancião fez aparecer um frasquinho de uma solução incolor que Harry reconheceu no mesmo instante. Em seu interior Tom começou a praticamente gritar para que ele se levantasse da cadeira e escapasse dali o mais rápido possível, mas a obstinação de Harry era maior. Como Dumbledore podia fazer isso? Sabia o que passaria se tomasse o veritaserum, mas como já tinha dito uma vez, era tempo de enfrentar suas responsabilidades. "Está disposto a cooperar com a gente, Harry?" Apertou os dentes com nojo, mas respondeu.
"A Ordem da Fênix deve entender que depois desse interrogatório lhe darei a mesma confiança que me deram." Disse desafiante em direção ao resto dos presentes, logo assentiu silenciosamente, dando a entender ao ancião que estava pronto.
Dumbledore chegou perto e encheu o gotejador. Quando Harry abriu a boca e colocou a língua pra fora pra tomar as três gotas esperadas que o professor lhe administraria, quase se engasgou ao receber seis. Fechou os olhos com força ao sentir os efeitos do veritaserum nublar seus sentidos e quase perdeu a noção ao seu redor, mas sua própria magia o manteve consciente no fim.
Medo...
"Sinto muito, Harry, mas quanto mais poderoso o mago, mais força tem para resistir o efeito do veritaserum." Murmurou Albus como desculpa, fazendo aparecer uma cadeira em frente a de Harry e todos os presentes pareceram fechar o circulo ao redor de ambos, ansiosos para escutar.
O ambiente estava bastante tenso, mas ao que parecia Albus não ia apressar as coisas. Esteve meditando por muito tempo até quase impacientar os presentes antes de fazer a primeira pergunta. "Disse que Draco te convidou à mansão Malfoy. É correto isso?"
"Não, Draco me levou sem meu consentimento para a mansão." A voz de Harry era monótona e sem nenhuma inflexão que demonstrasse seus sentimentos. Normal para um mago sob os efeitos do veritaserum.
"Porque o jovem Malfoy quis te levar até a mansão?"
"Porque seu pai havia pedido."
"Então te seqüestrou." Harry assentiu. "Quais eram as intenções de Lucius Malfoy ao te levar para sua casa?"
"Queria me ter como prisioneiro... queria... se vingar? Me torturar? Não estou seguro de suas intenções, nunca mencionou nada." Em seu interior Tom tentou prevalecer sobre as respostas de Harry, mas o rapaz não se deu por vencido para ceder o controle, mesmo que a comoção no seu interior era bem maior que no exterior.
"Tem certeza de que não conhecia suas intenções?" Assegurou-se o diretor.
"Sim."
"Mas tentou te prender contra sua vontade."
"Tentou."
"Isso significa que ele não conseguiu?" Harry negou com suavidade e no rosto de Albus surgiu uma dúvida. "Se não conseguiu te prender, porque não regressou para a escola?" Perguntou o velho Albus confundido e um pouco surpreendido.
"Ele me pediu que ficasse e eu aceitei." Dumbledore deu-lhe um olhar curioso, seus olhos azuis mostrando ainda surpresa e curiosidade agora que tinha recebido uma resposta algo fora do comum. Agora teria que perguntar o óbvio.
"Porque você iria aceitar o convite de Lucius Malfoy para ficar na sua casa logo depois dele tentar te seqüestrar e manter prisioneiro?"
"Não queria passar o Natal sozinho em Hogwarts, muito menos na casa dos Dursley, que é para onde me enviariam logo depois de uma tentativa de seqüestro." Houve um longo e tenso silencio até que outra pergunta foi feita.
"Você disse que absorveu o poder de Voldemort, nunca o mencionou antes, ainda que pudesse ver que tinha aumentado sua magia. Porque o ocultou?"
"Por..." Tentou segurar a resposta, realmente tentou, mas quando Dumbledore insistiu teve que falar. "Eu ocultei por Tom." O sussurro foi apenas audível.
"Por Tom? O que ele tem haver com tudo isso?" Harry piscou uma vez, se não sabiam de Tom era porque não haviam feito a pergunta correta ao interrogar o professor Snape.
"Tudo." Sussurrou fazendo com que o ancião se acercasse.
"Explique-se."
"Eu..." Voltou a lutar contra os efeitos da poção, o segredo que tinha guardado com tanto cuidado em silencio durante tanto tempo ia ser revelado e ele não podia deixar escapar tão facilmente, nem por todo o veritaserum do mundo. "Tom..." Gemeu lastimosamente e Dumbledore o fez levantar o rosto em sua direção.
"Olhe-me Harry." Murmurou o ancião ao vê-lo com os olhos apertados, quando o jovem os abriu seus próprios olhos se abriam tanto quanto podiam.
"Estou em seu interior." Sussurrou o jovem com um meio sorriso, enquanto seus olhos vermelhos olhavam diretamente os do velho diretor. "No interior do Menino-que-sobreviveu. O que fará agora, Albus? Matá-lo?" A voz era aquele que recordava e Dumbledore o soltou como se tivesse tocado um ferro quente enquanto o jovem continuou sorrindo.
"Tom."
Obrigado por ler. Até o proximo capítulo!
