Título: Em Silêncio
Autora: Suisei Lady Dragon.
Rate: R
Disclaimer: Os personagens pertencem a J. K. Rowling e a história a Suisei Lady Dragon
Shipper: Draco/Harry
Gênero: Romance/Aventura
Atenção: Slash, yaoi, bl... blá... blá... (Se você não gosta, não leia!)
Sumário: Harry derrotou Lord Voldemort, mas não a Tom Riddle, e quando Lucius ordena que Draco seqüestre o menino-que-sobreviveu, ambos acabam tendo em suas mãos mais do que podem controlar.
Em Silêncio
Capítulo 39
"Como você está?" Pansy sussurrou com medo, ao ver a figura seminua do que agora era Tom, que estava tão imóvel que parecia não respirar. Nada se movia em seus lugares, exceto Vincent que se afastou dos grifinórios e se aproximou para colocar seus dedo no pescoço de Tom. Todos prenderam a respiração durante aqueles segundos tensos que o jovem verificava a pulsação. Levantou os olhos escuros para Draco e assentiu levemente.
Pansy captou o sinal e sorriu. Goyle se aproximou e com ar respeitoso cobriu o corpo desnudo.
"Se parece muito com Harry" Ron sussurrou do seu lugar, fazendo com que todos fixassem o olhar nos cabelos desalinhados. E estava certo, porque mesmo que Tom tivesse um rosto mais fino e menos infantil que Harry, seu corpo e aparência eram os mesmos.
"Como que se parece com Harry?" Blaise perguntou confuso enquanto tentava se afastar dos braços da loira. Pansy teve que se aproximar com cuidado, e o moreno de cabelos longos não conseguiu reprimir um suspiro de assombro.
E nesse momento as portas do quarto que estavam bateram com violência, por elas entraram dois homens com as varinhas em mãos e tão agitados que pareciam que estavam correndo a noite toda.
"O que fizeram?" Severus grunhiu se aproximando de imediato de Harry. Somente Draco percebeu a palidez mortal no rosto de seu pai e de Severus, igual quando haviam sido submetidos a maldição cruciatus. Seu pai segurou seu braço. "Estão todos bem?" Voltou a perguntar.
Draco acomodou Harry enquanto Severus o verificava sem notar que na outra cama havia outra figura, pois Gregory e Vincent o ocultavam com seus corpos. "Ninguém pensa em me dizer o que aconteceu?" Disse frustrado com o silêncio dos jovens.
"Os separaram" Comentou uma voz vinda da porta. Todos viraram para olhar, Albus entrava com passo tranquilo e pedia aos jovens sonserinos para se afastarem da cama. "Tom?" Chamou com a voz bondosa e suave.
Lucius por sua vez, não pôde evitar se aproximar de Tom, espiando um pouco ao lado do diretor. Nesse momento o jovem sonserino abriu os olhos avermelhados.
"Lucius". Sussurrou com um sorriso bobo ao avistar os cabelos loiros. "Onde estou?"
"Entre os vivos." Dumbledore sussurrou enquanto removia alguns cabelos desgrenhados de sua testa e observava confuso uma cicatriz em forma de raio como a de Harry, vermelha e parecendo recente, mas completamente cicatrizada. "Devemos voltar para o castelo" disse em voz alta olhando ao redor e acenando para Lucius ajudar o jovem.
Sem nem perguntar, Vincent se aproximou de Pansy e pegou um Blaise ainda fraco nos braços para carrega-lo. Gregory se aproximou de Draco e lhe perguntou com o olhar se precisava de ajuda. Assentiu um pouco atordoado. Ainda que Harry não pesasse nada, o caminho de volta para a escola parecia mais longo... uma das razões era que os gritos de Harry e o esforço para ajuda-lo o haviam deixado completamente perdido.
Ao chegar na escola todos foram conduzidos aos seus quartos, exceto Harry que teve que ser levado para enfermaria. Albus não arriscou levar Tom para lá, mas o levou para as masmorras, onde Snape poderia cuidar dele. Lucius havia colocado um feitiço de privacidade, por via das dúvidas.
Finalmente o colocaram na cama para descansar e deu um profundo suspiro. Não se queixou quando Albus começou a checa-lo com sua varinha, simplesmente observava as mãos do velho se mover com uma rapidez inusitada sobre seu corpo, ficando tonto tentando segui-las. Fechou os olhos e voltou a suspirar e ele sentiu um vazio enorme em seu interior, como nunca havia sentido antes e tentou se levantar. "Harry" Sussurrou com medo. Onde haviam levado ele? Onde estava Harry? Não podia senti-lo. "Harry". Ele soluçou, dessa vez, fazendo Dumbledore parar.
"Harry está na enfermaria, Tom. Ele está fraco" O diretor o informou com a voz tranquilizadora.
"Não posso senti-lo" Voltou a chorar.
"É porque finalmente se separou fisicamente dele. Mas não se preocupe, ele ficará bem." O velho o assegurou.
"Não quero ficar sozinho". Murmurou com dificuldade.
"Não vai ficar sozinho". A voz de Lucius o fez olhar na sua direção com os olhos nublados. "Severus e eu te faremos companhia" Tom assentiu e relaxou sobre a cama. Albus finalmente terminou de checa-lo.
"Não há rastro de magia negra, mesmo que um dos feitiços fosse" O ancião suspirou aliviado "Nunca pensei que viveria o suficiente para ver Tom Riddle pisar novamente nos terrenos de Hogwarts" Disse em um tom cansado. "Os olhos de Tom se fecharam pouco a pouco sem prestar atenção ao que diziam.
"E então?" Severus perguntou. "O que acontecerá com ele agora, diretor?" Severus sabia que se o futuro do jovem dependia de alguém, era Albus. Era ele que o havia visto crescer e se converter no que foi... o Senhor das Trevas. Mesmo Lucius não se atreveria a atacar o velho bruxo dentro da escola, já havia visto seu senhor enfrentar o homem, aparentemente senil e a aparência envelhecida de Dumbledore era só isso, aparência. O que o velho sentenciou surpreendeu a ambos.
"Simples, Severus, muito simples. Não falharemos uma segunda vez" Albus murmurou dando um olhar de esperança por trás dos óculos de meia lua.
Tom despertou sobressaltado, sentia a pele estralar, como se uma corrente elétrica tivesse passado por ele várias vezes. Se sentou na cama por instinto e olhou ao redor. Havia só uma porta, todo o resto estava na penumbra. Por debaixo da porta se notava um feixe de luz. A segunda coisa que notou foi o vazio horrível no peito. "Harry" Sussurrou enquanto se levantava tão rápido como podia da cama indo meio tremulo até a porta e abrindo.
Dois homens se viraram na sua direção imediatamente. Severus e Lucius estavam sentados em frente a lareira, na sala dos aposentos do moreno.
"Tom!" Severus exclamou enquanto se levantou para detê-lo. "Deveria descansar" Nem havia tocado nele e já teve que soltá-lo. "Demônios" A expressão atraiu a atenção de Lucius, mais ainda ao ver que os cabelos de Tom estavam espetados e pareciam chiar um pouco.
"A magia, Severus, está instável." Sussurrou. Tom, que havia ficado perplexo ao notar as faíscas que percorriam seu corpo soube a que Lucius se referia. Harry havia passado muita magia pra um corpo que não estava preparado. "Não se mova". Lucius murmurou enquanto se aproximava com cuidado. Severus sabia que teriam que canalizar a magia para fora do corpo de Tom de alguma forma antes que acontecesse uma catástrofe, mas no momento não tinham nenhuma ideia de quanta energia teriam que desviar.
"Estou parado" Tom sussurrou, mais que alerta a sua situação. Qualquer movimento brusco poderia fazer a magia se ativar sem seu consentimento. Na verdade, tinha muita sorte que ao se levantar e abrir a porta não tinha acontecido nada.
Severus estava lutando para se lembrar de um feitiço de canalização simples, enquanto Lucius já havia sacado a varinha. Com um grito de triunfo o moreno sacou sua varinha e apontou para Tom. "Quando eu contar até três, Lucius, o feitiço de canalização mágica, aquele que está escrito no volume sete de Feitiços Caseiros, seção cinco, página quarenta e sete".
"Versão revisada?"
"Não importa, não revisaram esse feitiço"
Tom os encarava como se estivessem loucos. Como podiam saber qual feitiço era e ainda saber em que livro estava? Duas faíscas magicas coincidiram na ponta de seu nariz, fazendo cocegas e enquanto seus vigilantes começavam a recitar o feitiço, não pode deixar de sentir o formigamento inconfundível de um espirro.
"Ahhh... aahhhh... ccchhhuuuuuu!"
"E os pilares do castelo estremeceram com uma potente onda de magia que cobriu toda a escola em menos de cinco segundos, deixando ao redor algumas reações estranhas.
O dia seguinte não foi muito agradável para Severus Snape. Esteve muito tempo em frente ao espelho do seu aposento tentando ter coragem suficiente para sair. Por trás dele, podia ouvir as risadas de um certo ex loiro platinado que não paravam desde a noite anterior.
Era que Severus havia adquirido cabelos castanhos suaves, olhos verdes e pele bronzeada. O pior de tudo, ao menos o que ele achava, era que não podia voltar para a imagem anterior, que aterrorizava os alunos. Lucius Malfoy, por sua vez, estava com cabelos tão negros como Severus tinha, mesmo que seus olhos permanecessem da mesma cor. "Do que você está achando tanta graça?" O professor grunhiu virando-se de repente.
"Você. Está tão frustrado com a sua nova aparência que nem sequer notou que te cai muito bem".
"E devo entender que está feliz com a sua aparência.'
"Um Malfoy sempre é um Malfoy, mesmo que fique com os cabelos roxos". O chamado na chaminé os fez terminar a pequena discussão. A cabeça de Albus espreitava pela chaminé.
"Cavalheiros, seriam amáveis de se apresentarem no meu escritório junto com o jovem Tom?"
"Em um momento, Albus" Severus resmungou. A cabeça de Albus desapareceu enquanto Lucius se levantava para chamar Tom.
O espirro de Tom havia liberado quase todo o excesso de magia que havia em seu corpo, mas o resto teve que absorver em menos tempo do que considerava saudável. Por isso sentia algo, denso, por assim dizer, de magia. "Tom, temos que ir na sala do diretor"
Um Tom abatido e de movimentos bastante lentos deixou o quarto e seguiu os dois homens pelos corredores ocultos da escola que os levariam a sala do diretor sem serem vistos pelos estudantes. Se detiveram em frente a gárgula e Severus sussurrou a senha que os permitiu passar.
"Um bombom de limão?" Lucius recusou amavelmente e Severus também. Tom, como costumava fazer, pegou um mas não abriu. Foi quando Albus colocou um na boca que algo inesperado aconteceu. Os olhos do diretor umedeceram visivelmente e sua boca se apertou num gesto claro de desagrado.
Em um ato nunca antes presenciado por Albus Dumbledore, tirou o bombom da boca e o colocou sobre sua mesa. Severus, Lucius e Tom ficaram com expressões distintas, mas nenhuma das três se igualava ao gesto de assombro de Severus. Mas no meio de todo aquele silêncio, se escutou o alegre e risonho piar de Fawkes, a fênix, até os retratos dos antigos diretores nas paredes do escritório começaram a rir histericamente.
"Bem... cavalheiros..." Disse o ancião, perturbado, movendo as mãos em um gesto para que os retratos se acalmassem. "Ao que parece a magia de Tom causou algumas mudanças?" Então Lucius, com toda sua educação não pode disfarçar a risada que o evento lhe causou. Desde o seu tempo de estudante, que odiava os bombons de limão que o diretor oferecia toda vez que entrava naquela sala.
Albus limpou a garganta e esperou que fizesse um pouco de silencio antes de continuar.
"Tom... quis ser justo com você já que o destino te ofereceu uma segunda chance nesse mundo." As risadas começaram a parar pouco a pouco diante do tom sério do diretor. "O mundo mágico em Londres acredita que Lorde Voldemort morreu quando Harry o venceu há quase dois anos e poucas pessoas conhecem a relação entre Tom Marvolo Riddle e o Senhor das Trevas."
O ancião sentou atrás de sua mesa e cruzou as mãos para apoiar a barba com elas.
"Você é muito perseverante, se não fosse, não teria chegado onde está hoje. Agora se eu pudesse ter certeza de que essa nova oportunidade não será desperdiçada como a primeira."
Tom abaixou os olhos por uns instantes e brincou nervosamente com suas roupas, que Severus havia conseguido para ele. Logo, respirou fundo e levantou o rosto para Albus. "Não sou... o primeiro ser humano que arruína sua primeira oportunidade, ainda assim sou muito sortudo por ter uma segunda chance. Quer que eu te de certeza que não vou arruína-la? Não sei, não posso prometer tanto". Sussurrou com um sorriso triste.
"Não, Tom. Não quero uma promessa de que se comportará bem, mas com certeza você aprendeu algo durante o processo." Ele perguntou sutilmente. Tom sorriu brevemente e inclinou a cabeça.
"Estive na cabeça de Harry por um ano, oculto em um canto de seus pensamentos mais profundos, suas lembranças, seus sentimentos. Quando fiquei sem corpo pela primeira vez, minha mente estilhaçou, creio que enlouqueci, na verdade não me lembro muito, só fragmentos." Puxou o ar e passou uma mão pelos cabelos em um gesto bem conhecido por Albus, era bem comum a Harry.
"Nunca tive uma família, nunca fui amado ali onde me encontrava e em Hogwarts não foi diferente. Fui conhecido, sim, respeitado também. Honrado pelas minhas conquistas, mas nunca amado como eu queria e ansiava. Guardei muito rancor no meu coração, praticamente me alimentei disso por muitos anos".
"Mas escondido ali, comecei a compreender as coisas que nunca tiveram sentido para mim. A fé, a amizade, o amor, a esperança. Mas sobre todas essas coisas, comecei a me sentir parte de algo, de alguém."
"A alma de Harry estava me absorvendo, nisso os meninos tinham razão. Eu estava me transformando uma parte de Harry, em Harry. No entanto, não entendi muito bem, até que despertei nesse corpo", Sussurrou suavemente.
"E o que foi que entendeu finalmente?" O ancião perguntou sentindo que sustentava sua alma entre seus dedos.
"Eles fizeram por mim, Albus" Sussurrou reverente.
O velho sorriu de forma cândida. "Sim, eles fizeram por você"
"Eu poderia me enganar dizendo que fizeram por Harry, mas sei que nada de excepcional teria acontecido se eu não tivesse sido separado. Simplesmente teria desaparecido, como uma recordação. Tenho a magia de cada um deles, inclusive de Hermione."
"É sim, incluindo da senhorita Granger".
"E agora que está tudo esclarecido, gostaria de ver Harry". Disse se levantando da cadeira.
"Não tão rápido jovenzinho. Ainda temos um assunto pendente para conversar" Murmurou o diretor gesticulando para o bombom de limão.
Tom deixou escapar um grunhido de frustração e se deixou cair novamente no assento.
Eu particularmente amei esse capítulo. Obrigada por ler. Fiquem seguros e até o próximo.
