Parte 4
Um dia de rotina no hospital, indo de entrada de pacientes até operações. Um típico dia como qualquer outro e este não seria diferente, mesmo com duas mulheres sendo levadas às pressas pra sala de parto. Embora emocionadas por finalmente ter chegado o grande dia de suas vidas, isso não as isentava do que gestantes perto de darem a luz passam em um momento tão crucial. O principal consolo delas estava no homem que as acompanhava no ritmo dos enfermeiros que empurravam as macas.
"Ahhh. Como tá difícil de segurar."
"Nem me fale. Achei fácil no começo e agora, é como carregar uma bola de boliche na barriga."
"Ai-Chan, Mai. Segurem as pontas. Só mais um pouquinho e vai acabar tudo. Estou com vocês."
"V-valeu, Youta. Sorte a nossa você estar aqui."
"De jeito algum ia conseguir passar por isso sozinha. Mas sabe que não tinha que..."
"Nem diga isso, Mai. Eu escolhi e decidi. Você e essa coisinha pronta pra vir ao mundo são tão importantes pra mim quanto a Ai-Chan e o nosso outro bebê."
As ex-video girls morena e loira levadas a toda só podiam sorrir e serem gratas pelo marido e pai dos bebês que gerariam em poucos minutos. Nunca que Youta as deixou durante crise alguma e nas raríssimas ocasiões que gerou desavenças e discórdias entre elas e ainda mais raras com ele, buscando sempre a reconciliação. Amava Ai-Chan desde que a conheceu e com o tempo, especialmente após a gravidez, sentia o mesmo por Mai e por esse amor que se deu o fruto nos ventres delas.
Por fim, chegaram até a sala de partos e forma preparadas pra a fase final, esperando que nada trágico ocorra nem com elas e nem com as crianças.
"Ahhh, que dor. Tá apertado demais. Parece que vou disparar uma bala de canhão."
"Nem me diga. Unfff, unfff. Não tá fácil, mas vamos conseguir e...AHHH. Está vindo. ESTÁ VINDO."
"O meu também, arfff, arfff. Youta, querido. Fica conosco. Não nos deixe. Tá doendo demais."
"Aguentem, meus amores. Doutor, vai depressa. Elas estão sofrendo demais."
"Fique calma, senhor Moteuchi. Estamos prontos para tudo. Afinal, qual dos bebês é seu?"
"Não importa. O que conta é que venham bem e elas fiquem bem. Por favor, faça seu trabalho."
"Certo então. Não é todo dia que duas mulheres dão a luz no mesmo dia e hora. Parece algo sincronizado. Acalmem-se, senhoras, e empurrem. Empurrem com tudo." Disse o médio já posicionado pra receber os bebês."
"C-certo, estou empurrando. Mai, nesse vou ganhar de você."
"Só porque quer. Minha nenê vai vi primeiro. Empurrando com força...com força."
"Tá dando certo. Estou vendo, meninas. Mais um pouquinho. Mostrem o que são." Youta falou com todo apoio.
"Estou sentindo sair. Está saindo. AHHHHH. SAIA DE UMA VEZ."
"Eu também vou com tudo. VENHA PRA LUZ. IRGHHHH." Em instantes, podia-se escutar o choro de crianças na sala, levando uma sensação de felicidade e alívio aos presentes no recinto.
Ai-Chan e Mai descansavam em seus leitos, depois do imenso trabalho realizado. Sentiam alegria, satisfação e muito amor pelo que tinham conseguido fazer, tanto pra felicidade delas quanto a seu marido, este chegando com uma enfermeira e dois bebês recém-nascidos, uma de cabelo loiro e a outra de finos fios de cabelo preto. Cada uma das crianças foi pro colo de suas mães. A enfermeira deu um sorriso leve e deixou Youta e as novas mães a sós.
"Ai, ai, ai. Foram longos meses de espera, mas valeu a pena." Ai-Chan citou ao acariciar a cabeça de sua bebê.
"Sem contar as horas final da gestação, e preciso contar: nunca pensei como ia se dar pra uma ex-video girl poder engravidar e ter sua própria bebê." Mai ia falando enquanto esfregava seu rosto no de sua filha. Vendo como estavam bem, as duas trocaram as bebês, permitindo a cada uma segurá-la. Afinal, eram também casadas uma com a outra e por tal, cada criança era como se fosse sua segunda filha.
"E aí, garotas? Decidiram pelos nomes delas? Tô ansioso pra saber."
"Eu já, Youta, meu bem. Minha lindinha de cabelo dourado será, me baseando num anime, Miyone."
"Miyone? Então pensamos igual, pois tirei o nome do meu tesouro também de um anime e acho ser o mesmo. Youta, cumprimente sua adorável Kihoshi."
"Miyone e Kihoshi. Bem criativos, e igualmente lindos. Cada uma tão bela quanto as mães." O marido de ambas tomou as crianças nos braços, rindo e fazendo caretas pra soltar um riso delas. Êxito acabou tendo, gerando uma risada da parte das duas mulheres.
"Oh, Youta. Você é um doce de marido e sem dúvida, de pai. Nem imagino minha vida se não tivesse me encontrado." Ai-Chan falou com esclarecimento. Youta lhe deu um beijo na testa.
"E nem eu saberia que rumo tomar. Deve ter sido a mão do destino que conduziu a queda do meu videocassete para todos os eventos se darem. Do contrário, tudo que teria ia ser um video girl como as outras e após sumir, iria cair um grande vazio no meu coração e dando a vitória e razão pro cara de sobretudo, onde quer que esteja agora."
"E fico feliz de ter tomado parte de suas desventuras, Youta, e por tal caminho ter me levado a confrontar Ai-Chan e tentado sugar a energia dela, permitindo-se renascer como uma mulher de verdade. Nunca poderei pagar por completo por esse milagre." Mai sentia seus olhos escorrendo pela emoção. Youta lhe amparou.
"Mai. Me alegro de termos lhe dado sua nova vida humana. Pôde com isso fazer seu caminho e decidir o que desejava e me alegro ainda mais pra estar conosco hoje." Ai-Chan respondeu com suavidade, mudando sua face pra uma de quem faz traquinagem. "E todos sabemos que nunca me venceria numa briga."
"Oh, sim? Bem, estive perto assim de ter sumido com você de uma vez."
"Perto sim, mas dei a volta por cima e venci bonito." Nisso que ao fazer pose de vitória, Ai-Chan ganhou um golpe de travesseiro na cara. A morena tinha o travesseiro do seu leito em posição de duelo. "Ah, pensa que vai ficar assim, é? Não é porque acabou de ter um bebê que vai dar uma de donzela indefesa."
"Se é assim, querida, cai dentro." Vendo que Mai e Ai-Chan iam começar com outra disputa, Youta tratou de sair de lá com as pequenas em seus braços antes que tudo saísse de imediato do controle e sobrasse pra ele e suas filhas.
Do lado de fora do quarto, se escutava a briga das duas mulheres trocando travesseradas. Youta se sentia embaraçado por aquela situação, mesmo ela sendo quase constante em sua casa. O médico que tinha cuidado dos partos veio vê-lo.
"Olá, senhor Moteuchi. Vim aqui pra ver como estão as novas mamães e suas filhas. Bem, pode-se ver que as recém-nascidas parecem ótimas e...ei, senhor Moteuchi. Tudo bem aí? Ouço barulhos no quarto."
"Ah, isso? B-bem, não é nada. São somente minha esposa e a amiga dela...numa troca amigável de ideias. Ao jeito delas, é claro. Coisa de mulher, sabe? Basta...esperar uma meia hora ou mais que logo elas chegam a um acordo."
"Sim, eu compreendo, mas como vai fazer com as crianças? Soube que vai se registrar como pai das duas, ainda que só uma seja sua. Contudo, devo dizer ser um gesto nobre e generoso. Mas não seria mais prático avisar ao pai...?"
"Temo, doutor, que o pai de uma delas...digamos que ele é história e com todo respeito, ia querer que eu cuidasse da bebê. Agora, se não se importa, vou levar as pequeninas pra um passeiozinho enquanto as mães delas...cuidam de seus assuntos. Com licença." Youta saiu com um sorriso meio sem-graça para disfarçar seu nervosismo, deixando o médico coçando a cabeça sem entender nada.
"Arff, arff. Me esgotei. Nem com o parto gastei tanta energia quanto com essa disputa." Ai-Chan se sentou com o que sobrou do travesseiro na mão. Mai veio pra junto dela.
"Confesso que é durona no mano-a-mano, querida, e deve ser isso que amo em você." Mai tomou a loira e beijou-a, mostrando seus sentimentos amorosos em relação a ela. "Eu te amo, Ai-Chan, como amo Youta e aos nossos anjinhos."
"Também te amo, minha gata. Sabe como se remexer legal, seja numa briga de travesseiros ou na cama. E falando nisso, já que só seremos liberadas pra voltar pra casa amanhã, que tal se esta noite, quando o hospital inteiro estiver num total silêncio, nós pegarmos e..." Ela sussurrou no ouvido da companheira, misturando espanto, curiosidade e emoção pela expressão que Mai mostrava no rosto. Ao terminar, olhou aparvalhada para a loira.
"Nossa, Ai-Chan. Nem imagino de onde tira essa ideias...mas não importa. Eu amei. Só não conta pro Youta, e sabe por quê, não?"
"Nem me passaria na cabeça dizer isso." Deu-se uma pausa, seguida de uma piscada. "Ele com certeza iria desejar entrar nessa. Hi, hi, hi."
Continua...
