Parte 5
O shopping, um lugar interessante e divertido pra se fazer compras ou somente passear e aproveitar o tempo livre com os amigos e família, razões mais do que o suficiente para a família Moteuchi desfrutar de uma folga de sua vida agitada.
Youta, suas esposas Mai e Ai-Chan (também esposas uma da outra) e as três filhas Kihoshi, Miyone e a caçula de colo, Natsumi, estão num daqueles dias de sossego do trabalho e da vida louca que costumam levar, principalmente quando Youta tem de lidar com as maluquices de suas duas companheiras. Não que ele tenha queixas do comportamento delas, mas tem vezes que é ótimo quando ambas tiram um tempo pra sossegar e lhe dão um pouco de paz e quietude. As duas filhas mais velhas, por outro ângulo, são extremamente agitadas e não pedem tempo em aprontar alguma, contudo não fazendo nada que possa ir além dos limites. Passeios desse tipo são o que é mais do que necessário para ajudá-las a gastar um pouco de energia.
"Vem, papai. Vamos lá na fonte do shopping."
"Não. Papai falou que íamos ver os bichinhos expostos no centro."
"Miyone, Kihoshi, tenham calma. Iremos aos dois lugares, mas sejam pacientes." Pedia Youta, segurando as duas pra não fugirem. Ai-Chan e Mai, esta com a bebê da esposa no colo, observavam o modo como seu marido agia.
"Youta é um encanto de homem. Não estou certa, Mai?"
"Tô contigo, querida. Aturar nós duas e as meninas não é tarefa pra qualquer um. Precisa ter muita força de vontade e paciência em segurar a barra."
"Da mesma maneira que mostrou essa força quando enfrentou Louleck por mim só pelo desejo de querer que eu virasse humana. E foi graças a isso que tanto você quanto eu hoje estamos aqui." Ai-Chan balançou o dedo na bochecha de sua filha. "E você também, anjinho, assim como suas irmãs. Não há homem como seu papai no mundo todo."
"Mas sei como ele fica triste de precisar manter segredo sobre nosso casamento. Se dependesse dele, todos saberiam, mas tanto ele quanto eu sabemos como certas pessoas reagiriam a respeito dele ter duas esposas, embora tenhamos uma à outra como parceira. Ele não tinha obrigação nenhuma de se casar comigo e até enfatizei esse ponto, mas o fez porque não ia permitir a nenhuma criança dele crescer sem um pai ou deixar a mãe marcada como solteira. E nessa hora, notei o quanto eu o amava como amo você, minha loira louquinha."
"E também te amo com todo amor que tenho por ele, minha flor." As duas moças se abraçaram carinhosamente, mostrando todo o afeto demonstrado nesses anos que estavam juntas de Youta.
"É bom que estejam se dando bem, diferente do que ocorreu hoje cedo." Youta falou ao voltar com as filhas.
"Ei, não foi minha culpa se a afobada aí quis avançar nos biscoitos do café."
"Você já tinha comido 4 biscoitos e sendo honesta, Ai-Chan, te fiz um favor antes de virar um barrilzinho." As duas já iam se encarando como se fosse descer o braço, mas o homem de cabelo preto se pôs na frente.
"Garotas. Não quero confusão hoje. Viemos aqui pra nos divertir e relaxar e não para dar mau exemplo às meninas. Claro que talvez seja um pouco tarde para com elas, mas Natsumi ainda tem salvação." Ai-Chan mostrou uma face alegre ao marido.
"Calma, Youta. Não íamos fazer nada demais. Na real, ficamos felizes e gratas de nos trazer aqui pra umas compras em comemoração ao seu novo projeto."
"Ela está certa, meu bem. Lutou bastante, mas conseguiu a chance de fazer do seu livro um filme de sucesso. Aliás, o filme de maior sucesso da história do país em tantos anos. Temos muito orgulho de você."
"Mamãe está certa, papai. Você é talentoso." Citou a criança de cabelo negro como o da mãe.
"Isso mesmo, Kihoshi. Talentoso e um gato. Engraçado a tia Nobuko e a tia Moemi terem contado que não era popular entre as mulheres, papai." Youta ficou um tanto encabulado pelo que a pequenina de cabelo loiro citou, notando como ela direto ao assunto, assim como sua mãe, a ex-video girl.
"B-bem, Miyone. S-suas tias tem uma certa mania de exagerarem no que dizem. Certo, eu não era o príncipe das mulheres, admito, mas também não era do tipo que as garotas viam e fugiam. Apenas que...Ah, querem saber? Deixemos esse papo chato de lado. Alguém quer um sorvete?"
Foi só em falar de sorvete que as meninas começaram a saltitar como molas malucas. Indo até a beirada da fonte, Youta já ia buscar os sorvetes, mas Ai-Chan se ofereceu para a tarefa e fez questão, pois via como seu marido estava esgotado de andar, carregar as sacolas de compras e lidar com as crianças e entendia que num casamento, ambos os parceiros devem se ajudar e dividir as obrigações. Pegando algum dinheiro, a mulher loira saiu pra pra comprar os quitutes.
"Vejamos então. De menta com chocolate pra Youta, creme para Miyone, limão para Kihoshi, baunilha para Mai e morango para mim. Acho que posso..." Por estar tão distraída no que comprar, Ai-Chan nem percebeu a moça vindo em sua direção, esbarrando e quase derrubando-a ao chão.
"Opa, que mancada. Me desculpe. Acho que eu tava com a cabeça nas nuvens e daí..."
"Ei, tenha calma. Também me distraí e...ei, espera um pouco. Essa voz..." A mulher recém-chegada sentiu-se paralisada pela voz que tinha ouvido e logo falou. "Ai-Chan? É você?"
"Sim, claro que sou Ai. Ai-Chan, só pros meus conhecidos e família. Por acaso, te conheço?"
"De certa maneira. Não vá se assustar em me ver, tá?" Ela ergueu o rosto até agora abaixado.
"Mas com o que iria me assustar? Só se fosse um fantasma ou..." Entretanto, a simples visão daquele rosto lhe despertou uma memória bem antiga. Alguém que nunca pensou que iria rever, a não ser num sonho ou sessão espírita e por fim, entendeu a sensação de ter reconhecido aquela voz. "Na-Natsumi. V-você...e-está viva?"
"Sim, estou. Não me surpreende achar que eu tinha partido, mas devo dizer: senti sua falta." A garota exibiu um sorriso franco.
"Puxa, a mamãe tá demorando com os sorvetes."
"Tem razão, Miyone. Onde será que ela foi parar?"
"Conhecendo ela, Youta, deve ter passado em alguma loja de roupas e ficou vidrada com os vestidos. Sabe como ela é."
"Sim, Mai. Ela sempre quer melhorar o visual, seja pra passer ou nos entreter na cama."
"Ei. Não é a mamãe Ai-Chan ali? E quem é aquela moça que tá abraçando ela?" Kihoshi observou bem o que estava se dando. Ai-Chan abaixada se segurava numa moça e pelo que se ouvia, era como se reencontrasse alguém de grande importância. Youta foi ver e mal conseguia acreditar, mesmo estando ao vivo e a cores.
"Não pode ser. Estou sonhando ou..." A garota se ergueu com a loira e ficou perante ele, sorrindo com inocência.
"Nada de sonho, Youta. Está vendo bem. Sou eu, Natsumi,"
"Sim, é ela em carne e osso. Pensei ser uma sósia ou algo do tipo, Youta. Mas se trata da nossa amiga, nosso cupido, nosso anjo da guarda, nossa..."
"Err. Não exageremos, Ai-Chan. Creio que ele pegou o recado. Devo explicações pra vocês e irei...hã?" Natsumi focou a visão e bem atrás, junto de duas crianças e um bebê, lá tinha uma mulher que nã lhe escapava à memória. "VOCÊ."
"Sim, sou eu." Mai respondeu bem natural, entendendo o que havia lhe passado com a mulher diante dela, a qual a via com um medo suscetível.
"YOUTA. AI-CHAN. Estão vendo quem está ali?"
"Quem? A Mai? Sim, claro. Mas por que...? Oh, é claro. Você não sabe." Youta respondeu, compreendendo a imagem de surpresa gerada por sua amiga recém-chegada.
"Mas não precisa perder as calças de pânico, querida. Iremos contar tudo tintim por tintim," Ai-Chan tranquilizou Natsumi. "desde que nos conte onde e senhorita esteve nesses anos todos e por quê fingiu que morreu."
"Sim, contarei, mas não fingi minha morte. Parece coisa de mangá, mas será tudo verdade."
Sentados numa mesa da praça de alimentação do shopping, as filhas de Mai e Ai-Chan se deliciavam com os sorvetes enquanto suas mães e pai conversavam com Natsumi. Ela ouvia cada palavra deles e mal tinha como descrever a emoção sentida de tudo que haviam passado pra chegarem naquele momento. Era como ter visto o filme de ficção mais surreal já produzido e ainda extasiada após o término da sessão.
"Caramba. Admito que passaram por poucas e boas e hoje, estão aí. Pra um sujeito com a marca indelével de chutado, Youta, se deu bem em cima da mulherada. Tem até filhas e esta aqui," Natsumi afagou o cabelo da menina de colo com uma expressão gentil. "é uma gracinha. Fico contente de ter-lhe dado o meu nome."
"Ideia da Ai-Chan. Ela ficou falando por dias ao notar sinais de uma segunda gravidez que queria esse nome no bebê se fosse menina."
"Coisa de mãe, acho eu, mas você, Mai, foi quem mais me deixou abobalhada. Era uma inimiga e agora, não só está humana como também casou com a Ai-Chan e em seguida, com o Youta depois de ficar grávida."
"Disse ao Youta que não tinha necessidade, mas ele fez questão de não me deixar como mãe solteira e falando nisso...quero me desculpar por ter batido em você. Não era eu como sou hoje e agora compreendo o que é o amor."
"Tudo bem, Mai. Fico feliz de sermos amigas agora. Tudo foi deixado no passado."
"Exceto pelo fato de como pode estar viva, mocinha, e por que não nos contou. Está na hora de pôr os pingos nos is." Ai-Chan falou com autoridade como um oficial chamando a atenção de um soldado, mas se via que não era completamente sério aquele gesto. Natsumi levou na boa.
"Sim, claro, 'sargento' Ai. Se quer saber, digamos ser algo além do limite da realidade..."
Flashback
Só me recordo de ter ouvido Ai-Chan me chamando pra eu recobrar a consciência e sem aviso, me senti como que flutuando pro alto, cercada por nuvens e vapores pelos lados. Parecia que eu estava pronta pra embarcar para a outra vida e notei uma forte luz bem ao longe. Achei que devia segui-la.
Porêm, sem aviso, algo bem luminoso surgiu diante de mim e ao recobrar a visão, era um bela mulher de longos cabelos azuis e expressava em seus olhos uma grande ternura e gentileza. Perguntei se era um anjo e ela falou que era algo similar.
Disse que era hora de eu ir, mas ela me parou delicadamente e falou o quanto era agradecida pelo que eu tinha feito a vocês, em especial ao Youta, e que ainda era cedo demais pra minha partida. Sem aviso, ela me deu um empurrão, jogando-me pra longe da grande luz atrás dela. Notei que caia velozmente e sem poder parar. Daí, tudo escureceu.
Ao me dar conta, senti um solavanco como se estivesse em cima de algo móvel e coberta por um lençol. Quando fui descoberta, reparei ser o necrotério do hospital e antes de meterem aqueles instrumentos cirúrgicos em mim, me levantei. Cara, os funcionários do local correram de pavor como se tivessem visto um zumbi. Um até deixou as calças no lugar.
Depois de ser examinada, o médico ficou boquiaberto não só com a minha volta à vida, quando fui classificada como clinicamente morta, mas que a doença do meu coração regrediu ligeiramente até sumir por completo. De fato, era a primeira vez em muitos anos que sentia estar muito bem e cem por cento saudável. Ele definiu como um milagre e que não duvidava ter alguém olhando por mim lá de cima. Nisso precisei concordar.
Feliz por ter ganho uma nova chance, meu primeiro impulso foi de me encontrar com vocês, mas ponderei: se percebessem que eu estava viva, iriam continuar dependendo de mim pra mantê-lo juntos e dessa forma, nunca iriam ter a coragem de se descobrirem. Pensando dessa forma, resolvi deixar tudo como está e sair de suas vidas. Pedi ao médico que se perguntassem por mim, minha família já havia vindo me buscar e que meu corpo seria cremado e as cinzas, jogadas ao ar.
Fim do flashback
"Youta, Ai-Chan. Peço que me perdoem por não ter dito a verdade sobre o que se deu comigo, mas entendam que se soubessem..." Nisso que a mulher loira deu um abraço em Natsumi, seguido de Youta. Os três ali ficaram por alguns instantes.
"Youta? Ai-Chan? O que estão...?"
"Claro que te perdoamos, Natsumi. A gente compreende suas razões sobre seu afastamento e estava certa. Estávamos dependendo demais de você."
"Contudo, foi graças ao seu apoio que conseguimos chegar onde estamos e ter o que temos hoje: uma bela família. Era mais do que justo minha nenenzinha ser batizada com o nome do cupido que nos deu a maior força. Não foi, meu moranguinho?" Ai-Chan esfregava sua bochecha no rostinho da bebê, rendendo-lhe pequenos risos. Não teve um que não ficasse encantado pela reação dela.
"Crianças. Não importa a idade que tenham, todas são uma gracinha." Disse Mai quando se virou para ver suas filhas. Ambas sabiam como era legal ter uma família tão divertida e maluca com aquela. Logo, ela se virou pra nova amiga. "Mas nos conte, Natsumi. O que tem feito depois de sua...volta à vida?"
"Bastante coisa. Com meu novo coração, adquiri forças o suficiente pra fazer algo que queria a muito tempo: ser uma atleta."
"E pratica o quê? Corrida, tênis, patinação, natação..."
"Fisiculturismo. Levanto ferros e pesos pra aumentar os músculos. Vejam isto." Ela arregaçou a manga de seu casaco, exibindo uma respeitável musculatura no outrora esguio braço esquerdo. "E isto é só amostra. Esperem para ver o que tenho reservado pro próximo campeonato de fisiculturismo. Se curtem mulheres fortes, vão cair duros ao me verem ao natural."
"Puxa, é legal que se deu bem na vida. Mas e quanto a Koji? Contou pra ele...?"
"Não, Ai-Chan, e nem pretendo. Assim como quis sair do seu caminho pra se encontrarem, preferi deixá-lo em paz para que ele seguisse com seu sonho. Ainda sinto falta dele, mas acharei alguém. Tenho fé nisso."
"Isso é que ser positiva. Escuta, se não estiver ocupada, quer jantar conosco em casa hoje? Afinal, não é todo dia que se comemora a volta de uma amiga que regressou do outro mundo."
Natsumi parecia em dúvida, mas sabia como era importante para sua amiga ex-video girl tal reencontro e imaginando como as meninas, por quem mostrou grande afeição, iriam ficar chateadas, decidiu aceitar. "Tá bem, então. não farei desfeita pra quem eu gosto muito. Estarei em sua casa antes das 7."
"Não vai se arrepender. Farei um jantar digno de uma campeã."
"Já até estou com água na boca. Vou estar lá, prometo."
"Hã, só lembrando que agora moramos em outra casa. Com duas esposas e 3 crianças, foi preciso mais espaço para viver."
"E pra mais diversão. Espera só que vai rolar esta noite. Não é, querido?" Ai-Chan agarrou Youta pelo pescoço com tanto força que ele mal conseguia balançar a cabeça ou falar. Natsumi achou graça naquele gesto, vendo como certos costumes são bons quando mantidos.
De noite, rolava risos e gargalhadas durante o jantar no lar dos Moteuchi. Parecia um festival de comédia ao vivo e pra todos os sentidos, era assim todos os dias na casa. Os vizinhos já tinham se acostumado com as confusões e zoeiras que rolavam lá, naturalmente desconhecendo o ponto de Youta estar casada com duas mulheres, vindo a desculpa de Mai ser uma prima de Ai-Chan viúva que veio junto cm sua filha morar com a 'prima' e o marido dela. Youta detestava mentir sobre essa parte e de coração, queria revelar a verdade, mas entendia que isso só iria causar problemas para sua família.
Natsumi mal podia se mexer após a vasta refeição realizada, sem contar a sobremesa especial feita por Ai-Chan. Tinha que manter seu peso, sabia disso, mas não resistia a culinária dela.
"Nossa, Ai-Chan. Você é uma chef de mão cheia. Youta, você é um baita sortudo em ter alguém como ela como esposa."
"Nem me fale. Ninguém consegue preparar um prato tão horrível quanto o dela."
"Horrível? Youta, como tem coragem de dizer algo tão mesquinho? Tem o paladar defeituoso ou o quê, hein?"
"Não, não, tia Natsumi. Quando o papai chama a comida da minha mãe de 'horrível', quer dizer que tá gostosa." Citou Miyone ao terminar de comer seu pudim. A ex-mulher doente não entendia como isso podia se dar.
"Ela tá certa. Quando a Ai-Chan foi 'reproduzida' da primeira vez, ela perdeu seu dom pra cozinhar e só fazia pratos intragáveis e por não querer desperdiçar comida e não fazê-la pensar que tinha feito tudo a toa, comi mesmo assim."
"Logicamente, recuperei essa prática com bastante esforço e agora, faço refeições dignas de um rei." A loira se colocou em cima da cadeira em pose triunfal, lançando a seguir um olhar afetivo ao seu marido. "Nessa hora que comecei a reparar nas qualidades dele e aos poucos, meu coração queimava de amor e paixão. Sempre pensando nos sentimentos dos outros antes dos dele. Foi o destino que o conduziu até a videolocadora."
"Sim, claro, minha linda cozinheira que é uma maravilha, mas sei fazer coisas muito mais apetitosas." Mai tratou de mostrar uma cara de quem se gabava.
"Como se chamasse um ovo frito que não gruda na panela de apetitoso. Pode saber preparar uma refeição de gosto aceitável, mas minha culinária ninguém supera."
"Pensaria assim se recebesse seu ensopado no meio da cara, meu bem?"
"Tenta pra ver, queridinha." As duas se levantaram como se fosse entrar numa disputa, mas Youta ficou entre elas com a colher na mão.
"Meninas, não vamos começar com uma guerra de comida agora, especialmente por termos visitas." Ele jogou um olhar autoritário sobre elas, fazendo-as desistir, voltando-se a sentar. "Sabem que a guerra de comida é só na semana que vem. Esta noite, o tema é outro."
"Tema? Como assim, Youta?"
"Eu explico tudo na sala. Vamos lá. Meninas, peguem sua irmã e vão pra cama. Depois iremos lá pra cobri-las."
"Tá certo. Boa noite, mamãe, papai, mamãe Ai-Chan e tia Natsumi." Respondeu Kihoshi segurando a bebê nos braços. Sua irmã por parte de pai também se despediu da família e rumou com as duas pros quartos.
"Boa noite, anjinhos. Garotas, podem ir com a Natsumi até a sala que eu dou um trato na cozinha. Não esqueçam de arrumar tudo pra esta noite. Deixem as coisas prontas na porta do quintal."
"Obrigada, amor. Você é tão atencioso. Venha, Natsumi. Vem comigo e Mai até ali." Ai-Chan conduziu a velha amiga para fora da cozinha com a companheira, deixando Youta para tratar dos pratos e sobras de comida.
"Ele é um amor de esposo. Faz o impossível pra sermos felizes e nunca nos faltar nada, inclusive atenção e amor. Não foi por nada que Ai-Chan se apaixonou por ele...e eu também." Mai declarou com leveza na voz.
"E com toda razão. Se tivesse tido mais tempo ou quem sabe, não fosse a morte dos meus pais, pela qual tive que me mudar pra morar com meus tios...mas mudando de conversa, e aquele papo de 'guerra de comida na semana que vem'? Tão aprontando o quê, afinal?"
"Oh, nada de mais, Nat. Somente que buscamos inventar novos meios pra nossa vida não ficar na rotina. Temos alguns 'dias especiais' durante o mês e a guerra de comida e o que temos planejado pra esta noite estão entre eles. Olha, se quiser, pode tomar parte. Como nossa amiga e primeira 'namorada' do Youta, fazemos questão de sua participação."
"E qual noite especial seria esta, Mai?" Natsumi perguntou bem curiosa. Ai-Chan lhe falou no ouvido e do que escutou, pareceu ter ficado de cabelo em pé. "Não. Isso é sério? Diz que é brincadeira." Vendo bem o rosto das duas, notou ser pra ver o que iam fazer. "Vejo que não é piada, mas tá difícil de engolir. Vocês propõem tal coisa pra todas as ex dele?"
"Só para as que conhecemos bem e são nossas amigas. Tirando você, tem apenas mais duas, Moemi e Nobuko, entretanto eles estão viajando e fico triste de não poder conhecê-las. Mas e aí? Topa participar ou não?"
Natsumi não pensava como a vida dos seus velhos amigos tinha mudado desde que se viram há mais de 10 anos e como conviviam bem, principalmente com a mulher que outrora foi uma outra video girl e que tentou separá-los e hoje, está casada com ambos e agem como namorados farristas. Intrigada com os hábitos que haviam desenvolvidos, pensou consigo mesma: "E daí? Por que não?"
"Quer saber? Pode ser divertido e bem ousado. Só quero ver como Youta vai lidar com a nova eu toda musculosa."
"Esse é o espírito e garanto que vai ser uma noitada das boas, mas antes..." Ai-Chan a empurrou para fora da sala, gesticulando pra Mai ir se arrumar. "tenho algo bem especial que vai ser do seu agrado. Tenho guardado isso por muitos anos pensando em você."
"Será o que penso que é?"
"Pode adivinhar, mas não vou contar, é surpresa." Ai-Chan piscou para a velha amiga, expressando sua face que junta inocência e malícia ao mesmo tempo.
Já bem de noite e com toda a vizinhança dormindo, ninguém notou a barraca armada no quintal dos Moteuchi, outrora propriedade de Natsumi e 'herdada' por Ai-Chan após sua 'morte'. Uma das 'noites temáticas' do casal triplo era de fazerem loucuras naquela barraca, tão logo as filhas estivessem na cama.
Lá dentro, Youta já debaixo da coberta, aguardava ansioso pela chegada de Ai-Chan e Mai para desfrutar de muito sexo e prazer à três. Desde que sua primeira esposa concedera carta branca pra fazer tudo que desejasse com a segunda ex-video girl, ia com tudo em cada um dos 'dias especiais' feitos para dar mais emoção a vida de casado e aquela não ia ser diferente. Nessa hora, quando já fantasiava como ia fazer e do que queria experimentar, a cortina de entrada da barraca se abriu.
"Oi, Youta. Espero que não tenhamos demorado." Disse Ai-Chan, se expondo num biquíni azul escuro cuja calcinha tinha um cinto ao estilo do traje usado por Ursula Andress no primeiro filme do 007. Mai veio atrás dela, vestindo um maiô amarelo esportivo com zíper de nylon na frente. A visão de suas duas mulheres em roupas de banho despertara em Youta tudo que parecia para baixo e com o fortalecimento do jantar feito pela loira, não seria tão cedo que iria adormecer.
"Garotas. Não importa quanto tempo se passe, continuam um tremdo tesão e em plena forma. Se não soubesse, eu juraria que ainda eram video girls."
"E não se arrepende de sermos humanas agora?" Quis saber a morena, se achegando pra perto dele. "Lembre que video girls não envelhecem e permanecem com a aparência de moças de 16 anos, a idade ideal. Imagina se ao chegar aos 88, ainda fossemos dessa idade. Não te agradaria?"
"Bem, se fosse em circunstâncias normais, poderia rolar, mas dou graças todos os dias pelo videocassete ter caído naquela manhã e como resultado, ter tido a chance de conhecer a primeira grande paixão de minha vida e depois de tê-la feito humana, libertando-a das amarras da escravidão do cara de sobretudo, podido ter feito igual ao seu respeito pois senão, tudo teria acabado em 3 meses e terminaria triste e de coração desiludido. Se estou querendo dizer algo, é ter tido a sorte de estar com vocês duas e de podermos envelhecer juntos, nos amando a cada dia. Claro, é só minha opinião."
"E que respeitamos com toda alegria. Também prefiro desfrutar de uma vida curta mas feliz contigo do que uma eternidade de coração vazio."
"Minha Ai fala por mim e também sou feliz por esta vida humana e por pensar na nossa felicidade, merece um prêmio. Pode entrar." Chamou Mai para o lado de fora.
Sem hesitar, Natsumi entrou na barraca e se exibia perante Youta no conjunto de bermuda e colete jeans que vestia quando jovem, deixando a mostra seu corpo musculoso no abdômen coberto pelo maiô vermelho trajado embaixo do conjunto jeans e completando o visual, o boné que usava em suas viagens quando era mochileira. O homem deitado mal tinha como expressar tal imagem que se encontrava entre suas duas esposas.
"E aí, Youta? Estou bem pra uma 'chutada'?"
"Se está bem? Ainda nem comecei a me mexer e já tô ofegante. Ei, um momento. Por que você está...?" Mas nem terminou quando fixou-se bem sério em sua companheira loira. "Ai-Chan. Você a chamou aqui?"
"Quer saber, querido? Sim, eu a convidei e acho justo. Ela foi quem nos deu o tranco pra irmos um com o outro porque senão, não íamos sair da prorrogação."
"E eu sinto dever desculpas para ela por tê-la agredido no nosso primeiro. E sendo sincera, fazia tempo que sentia falta de um sexo com mais de uma das suas ex, mas como elas são raras de aparecer..."
"Mas e quanto a ela? Natsumi, você concorda com isso?"
"Admito que fiquei chocada quando me propuseram isso e por mais que sentisse vontade de transar com você, não o faria em respeito a Mai e Ai-Chan. Todavia, elas falaram que se tratando de uma ex sua com quem fizeram amizade, insistiram até cansarem. Mas me diga, Youta:" A ex-doente do coração mostrou os bíceps com suavidade feminina. "não lhe bateu um tesão ao ver meu corpinho todo sarado e malhado?"
Youta nada disse, sendo que nunca esperaria rever sua amiga de infância com saúde e em plena forma como naquela ocasião e jamais iria trocar suas companheiras e mães de suas 3 filhas por um romance passageiro. Porém, como houve com Moemi e Nobuko, era uma chance da qual tinha permissão de usufruir. Mesmo assim, não tinha o que dizer.
"Que foi, Youta? Não me acha atraente? Tudo bem, me retiro e vou dormir." Ela disse fingindo indignação e parecendo sair da barraca.
"Só que fica avisado, Youta: se ela não tomar parte, vai dormir sozinho no quarto por um mês inteiro." Ai-Chan falou com calma, mas exaltando ameaça.
"Ei. Vocês não fariam isso, fariam?"
"Evidente que sim, e terá de ficar ouvindo nós duas fazendo sexo todas as noites e sem poder participar. Achar que vai suportar um mês inteirinho sem suas lindas mulheres lhe tocando, sem poder lamber ou cheirar nossas partes mais gostosas? Sentir-se torturado pelos gemidos de prazer a cada orgasmo, cada gozada..."
"PARE." Youta gritou, não podendo aguentar a chantagem emocional que Mai lhe passava. "Vocês venceram. Ela fica, suas chantagistas. Nat, coo convidada, pode começar por onde quiser."
Sem esperar nada ou dizer algo, Natsumi se esgueirou por cima de Youta até chegar ao seu rosto, desferindo um beijo nele com sabor impecável de amor e suavidade. O homem deitado não ofereceu qualquer resistência por aquilo e em sua mente, recordava-se de quando eram crianças e um ia no escorregador na frente, sendo que ela lhe dava a mão pra se erguer, ostentando um lindo sorriso. Diante dele, era como se o passado voltasse pra lhe dar uma compensação pelos anos em que ficaram separados. Não estava certo se havia amor por aquele gesto que experimentava, mas agora era hora de vivenciar o presente e ia gostando a cada segundo que se seguia.
Cessando o gesto bocal, Natsumi se arrastou até por entre as pernas de Youta, baixando sua bermuda e liberando o enorme membro sexual pronto para ser usado pelas 3 mulheres presentes. Natsumi ficou boquiaberta pelo que via diante de si.
"Caramba, Youta. Para alguém tão tímido, você tem algo que faria qualquer mulher cair de joelhos. É sempre assim imenso?"
"Apenas quando faço o jantar com ingredientes exclusivos de Kyoto. Os pratos da pousada onde ficamos quando ele e Mai casaram eram feitos de ingredientes capazes de aumentar o vigor de qualquer homem. Foi sexo e transa imparáveis do anoitecer até o raiar do dia."
"E precisei usar gelo pra esfriar o ânimo por quase 3 dias. Nossa, parecia que tinha levado fogo de dragão."
"Não te censuro por isso, mas prometo que irei devagar." Natsumi tratou de fazer um boquete bem servido e conforme ia chupando, mais sentia o delicioso gosto do prazer sexual. Youta ofegava por cada sugada sentida em seu inferior, acompanhada das lambidas que suas esposas davam quando Natsumi dava uma pausa. Não lhe entrava na cabeça como tinha tanta sorte no desfrutar de uma transa com tantas mulheres. Não fosse só ter conhecido Ai-Chan, ia sentir-se bem culpado por ter mais de uma companheira de cama e sexo, mas sendo que todas concordavam em dividi-lo, pensou ser um alívio na consciência.
Ficando concentrado no boquete que tomava, o homem ia percebendo o aumento na vontade de liberar tudo que tinha armazenado pra tal momento. Ia se segurando o máximo que dava, porém sentia pela hora certa estar chegando.
"Ahhh. Natsumi, meninas. Se preparem que vou soltar tudo. Quem vai querer levar na boca?" Nem precisou de resposta: Natsumi afundou a boca mais pra dentro, ansiosa pra receber a surpresa de seu amante. Ai-Chan e Mai só ficaram de olho no que ia vir.
"Youta. Quando quiser, pode ir. Estou pronta."
"E-então...LÁ VAI. GOZANDO."
Natsumi mal reagiu quando sua boca se encheu da grande porção de sémen que lhe inundava por dentro, descendo pela garganta como bebida tomada diretamente do gargalho. Ia engolindo gota por gota sem parar e por fim, se afastou, lambendo os lábios cobertos por algumas gotas restantes. Mai e sua esposa vieram pra perto e lamberam um pouco, dando nela alguns beijos.
"Mas e aí, Nat? Gostou de ter me chupado?" Youta indagou um tanto cansado.
"Eu amei cada segundo. Nem acredito como pude te classificar como um chutado. Se soubesse como sabia dar tanto prazer pra uma mulher, não teria ido embora na infância e me casaria contigo. Suas garotas tem uma tremenda sorte de tê-lo junto delas."
"Mais que sorte, amiga. Foi o destino que nos uniu." A loira foi pra mais perto dela e a beijou, mostrando como era excitante o toque da boca feminina. Mai quis beijá-la também, vendo essa a chance de se aproximar de uma ex-rival a qual lamentou ter machucado.
"Caramba. Beijo dado por uma mulher é coisa de louco. Mesmo não sendo lésbica, estou adorando transar não só com um belo homem, mas com duas moças tão gostosas, loucas e vigorosas."
"E falando em vigor, alguém aqui não vai dar trégua tão cedo." A ex video girl morena observou como a parte ereta do marido se mantinha firme na posição. "Natsumi. Acredita que vai dar conta disso?"
"Claro que sim, e verá onde tenho mais músculos." A campeã musculosa tirou seu shorts jeans, exibindo a parte de baixo do maiô, puxando-o pro lado e se posicionando, desceu a vagina exposta sobre o membro erguido, o enfiando até o talo.
"Aiii. Como tá apertado de entrar."
"Nem me fale. Ahhh. Por acaso, você exercita a buceta também?"
"A cada dia, junto com o resto do corpo. Pretendo um dia quebrar o recorde de levantar pesos só com a força da vagina, mas por hora, vamos cavalgar. Meninas, estão com vontade de leite?" Natsumi baixou o maiô, assim expondo seus fartos seios diante delas. "Vamos lá com isso. Tô com tesão de ter minhas tetas chupadas."
Sem hesitar, as duas mulheres de Youta pegaram nos seios de sua nova namorada e foram lambendo e chupando com gosto e prazer ao mesmo tempo que mexiam nas próprias vaginas pra soltarem seus prazeres, sem acreditarem como alguém com um corpo tão sarado pudesse ter peitos tão macios. Natsumi ia soltando sua libertinagem subindo e descendo no grande membro abaixo dela, fazendo pose com seus braços, parecendo estar se apresentando num concurso de musculação.
"Ahhh, que tesão, que loucura. Gangbang é ótimo. Penetrada por um pau tão duro e chupada por duas taradas tão deliciosas. Youta, você é um cara e tanto. Como consegue?"
"Nem eu sei, Natsumi. Só sei que foi assim. Comecei com Moemi, depois veio Ai-Chan, a Nobuko, você, Mai, embora não tenha sido tão amigável, voltei pra Moemi, a seguir Ai-Chan de novo e encerrando, Mai mais uma vez mas agora em circunstâncias melhores."
"Nada mal pra um 'Motenai', não acha?" Ai-Chan falou brincando sem parar de lamber o seio da jovem musculosa.
"Mas esses dias se foram e agora, deixo qualquer mulher louca por sexo. Claro, só faço para as que são importantes para mim, como minhas esposas e amigas próximas tipo você, Nat."
"E são só essas que permitimos chegar perto dele. Qualquer outra, Ai-Chan e eu esfolamos vivas."
"Que demais. Ohhh, unghhh, aahhh. Acho que estou chegando ao limite. Youta, você também está sentindo?"
"S-sim, creio que vai liberar a força toda agora. Quer sair ou...?"
"Não, não. Deixa entrar. Quero toda sua porra na minha barriga e fica calmo. Tomei pílula, então é sinal aberto pra ultrapassar o ponto permitido. Vai lá, me goza por dentro."
"Vamos também. Segurem-se os dois. Mai, se prepara." Ai-Chan ordenou quando mexia mais embaixo com toda intensidade. "Que delícia. Estou pegando fogo."
"Você está de fogo? Eu sou um incêndio de grande proporções, mas logo vou apagar tudo em cima de todos."
"Certo, meninas. Ao meu sinal: 1, 2...DISPARAR."
"AHHHH, QUE GOSTOSO. ESTOU JORRANDO GOZO." Gritaram as três a todo pulmão, esguichando grandes quantias de gozo e sémen entre si. Natsumi ia notando quanto do creme sexual de Youta penetrava em seu estômago bem malhado ao passo que soltava dos seios litros de leite que as duas mulheres sentiam descer por suas gargantas. Logo depois, todas despencaram uma sobre a outra, bufando e respirando exaustas.
"Caramba. Isso é que eu chamo de trabalho conjunto. Nem quando malho ficou tão cansada."
"Mas valeu cada instante. Não importa como se dê ou o que façam, cada dia com vocês é uma festa sem fim e me sinto o cara mais feliz do mundo por ter essas belas esposas," Youta abraçou Mai e Ai-Chan, envolvendo Natsumi também num abraço emocionante. "e amigas como você. Estou feliz que esteja viva, com saúde e que tenhamos nos reencontrado."
"Youta. Ficou feliz por você e...por estarmos juntos de novo. Pode soar estranho, mas sabe que até pensei em te procurar e declarar meu amor? Mesmo que pudesse estar casado, não tivesse chance de podermos nos juntar ou até que seus sentimentos não correspondessem aos meus, só por poder falar isso me tiraria um peso do peito. Porém fica calmo pois superei isso. Te ver feliz já me deixa feliz...e estou confiante de um dia encontrar minha cara-metade, seja homem, ou mulher ou o que quer que seja, venha lá de cima, de baixo ou em algum ponto remoto deste grandioso universo." Ela citou em alto brado como uma vencedora. Youta, Ai-Chan e Mai ficaram mudos pelo discurso, mas veio uma imensa risada de todos ali.
"Uau, Natsumi. Que discurso convicto. Deve ter sido uma oradora de grande respeito na escola."
"Acertou em cheio, Mai. Mas preciso contar: gente, lembram da mulher que citei ter encontrado na minha experiência pós-vida?" Todos afirmaram. "Pode ser esquisito, mas...Youta, aquela foto da mulher mais velha que vi em cima da estante da sala...ela é sua mãe?"
Youta gesticulou dizendo sim. "Sei que parece uma loucura, mas o 'anjo' que vi, tirando o cabelo azul, era praticamente idêntica a foto da sua mãe. Não tô brincando nem nada, mas era igual em cada detalhe. Olhos, nariz, lábios, inclusive o jeito de sorrir."
"T-tá falando s-sério? Sem piadas? Mamãe morreu quando eu era bem pequeno e guardei poucas recordações dela. Está falando que...era ela? M-mas como...?"
Ai-Chan achegou-se mais perto do peito do marido. "Querido, não duvido nada que sua mãe ainda esteja zelando por você e talvez tenha entendido como Natsumi lhe foi importante e especial, razão pela qual lhe deu uma nova chance."
"Ela pode esta certa, amor. Quem sabe, não tenha sido a mão carinhosa dela que nos conduziu para sua direção por desejar-lhe uma vida próspera e feliz e veja agora: tem uma família que o sobrecarrega de felicidade e alegria todos os dias. Como você falou, é o sujeito mais sortudo do mundo."
"Noto haver lógica no que falou, Mai. Obrigada a todas e a você também, mamãe, esteja onde estiver." O homem moreno notou os olhos lacrimejarem de emoção, sendo amparado pelas três mulheres de sua vida. A antiga video girl loira percebeu algo lhe cutucando a perna e ao observar, expressou sua face de safada.
"Hmmm. O garotão parece pronto pra uma nova rodada. Está disposto a mais uma ou já se rendeu, bonitão?"
"Me render? Só quando acabar a munição e tenho muita pra gastar. Senta em cima e verá minha arma pronta."
"Sem chance." Mai empurrou Ai-Chan pro canto. "Sou eu que vai cavalgar agora."
"Nem vem que não tem. Toma essa." Ela puxou o maiô de Mai pra baixo, deixando seus peitos expostos. Interpretando aquilo como um desafio, pulou sobre ela.
"Agora, sua desavergonhada, verá o que é bom pra tosse."
"Cai dentro, então." Youta e Natsumi ainda tentaram escapar, mas terminaram no meio da briga, sendo que haveria muita coisa para rolar pelo resto da noite, algo já previsto no cotidiano das 'noites especiais' da família Moteuchi. De uma janela aberta da casa, Miyone e Kihoshi ouviam a baderna abaixo, mas sem demonstrar surpresa.
"É, irmãzinha. Outra noite divertida dos adultos."
"Verdade, mana, mas sejamos honestas: nesta família, nunca temos um mínimo de tédio e ociosidade. Parece uma comédia de sucesso."
"Sim, de fato. Bem, hora de deitar a palha. Acho eu que não vão voltar pra casa tão cedo. Boa noite, Miyone."
"Boa noite, Kihoshi. Uááááá, e boa noite pra você também, maninha." Ela falou pra nenê dormindo tranquila no berço. Janela se fechando e silêncio reinando, exceto pelos barulhos vindos da barraca no quintal.
"Bem, pessoal. Agradeço por esses dias que passamos juntos." Natsumi se abaixou pra abraçar as meninas, beijando seus rostos. "Estes beijinhos são pra vocês, meus amores. Este é pra você, pequenininha." Ela tocou os lábios na bochecha do bebê que leva seu nome. Se levantando, achegou-se a boca de Ai-Chan, beijando-a. "Este é pra você, Ai-Chan." Deu outro em Mai. "Este é pra você, e este é para Youta." Ele sentiu-se um pouco hesitante, mas não quis fazer desfeita e aceitou, uma vez que era hora da despedida.
"Precisa ir mesmo, tia Natsumi?"
"Não dá pra ficar um pouco mais?"
"Desculpem, meus floquinhos, mas já deu minha hora. Todavia, vamos nos ver de novo. Até lá, sejam boazinhas com seu papai e suas mamães, e cuidem bem da sua maninha. Combinado?" Kihoshi e Miyone prometeram com um leve, porém maroto sorriso. Todos interpretaram bem o gesto delas.
"Vamos sentir sua falta, Nat. Espero que tenha se divertido conosco."
"Tá brincando, Ai-Chan? Agora vejo como Youta tem uma vida tão agitada e maravilhosa."
"E isso foi só o tratamento de uma semana. A gente tinha bem mais para mostrar."
"Não tenho dúvida do que diz, Mai, mas tenho que ir. Em 2 semanas, vai se dar o circuito de competição feminina de fisiculturismo em Tsukuba e preciso treinar pra manter o título de campeã. Tomara que possam ir me ver."
"Mas não perderíamos por nada. Te veremos lá em 2 semanas e vamos torcer. Vai deixar todas as outras no chinelo."
"Que belo incentivo, Youta. Agradeço por tudo, mas lembre...tem uma linda família com duas magníficas esposas e 3 criancinhas adoráveis. Qualquer homem daria tudo pra estar em seu lugar. Sendo assim, as faça felizes ou vai se ver comigo. Captou?" Natsumi exibiu o bíceps bem arrojado, deixando o artista com um nó na garganta. Logo, ela mudou pra um sorriso animado.
"Brincadeirinha. Te peguei, senhor ex-chutado. Mas é sério, cuide bem delas." youta fez uma careta meio sem graça.
"E já faço isso. Não tem um dia em que não me peçam tal coisa. He, he." E dito isso, Natsumi seguiu na direção do trem que partia. Lá dentro, acenou pela última vez para seus amigos, voltando os pensamentos para si.
"Youta, nunca esqueci do que passamos e estou feliz por ter conquistado suas metas e mais. Só lamento ter mentido quanto a ter tomada o anticoncepcional." Ela acariciou sua barriga gentilmente. "Agradeço pelo presente e confie que cuidarei bem dele...ou dela. O fruto do nossa amor não-correspondido. Contudo, eu cuidarei dele como se pudéssemos tê-lo realizado."
Assim que o trem se foi, a família Moteuchi foi indo pelo meio da estação, sem pressa alguma. Miyone e Kihoshi iam na frente, pulando e vibrando como de costume. Seu pai e mães, empurrando o carrinho da pequena Natsumi, mostravam-se felizes por estarem juntos.
"Pois é. A Natsumi sabe como ser farrista. Nunca vi uma mulher aguentar o vigor do meu marido."
"Nosso marido, Ai-Chan, mas está certa. Ela é forte em muitos pontos que nem imaginava que uma mulher podia ter. Animado pela chance de revê-la no concurso de marombadas, Youta?"
"Bem mais do que pensa, Mai." Ele falou um tanto distraído, acelerando o passo e ficando mais para frente. "Andei pensando bem e vou dizer: estou cogitando trocar vocês por ela ou por outras garotas com mais massa física. Acho que desenvolvi um gosto totalmente diferente e vendo que vocês são tão magrinhas e raquíticas..."
"O-o q-que está dizendo?"
"Youta. Fala que isso não é sério." A indignação de Mai passou despercebida pelo homem, andando indiferente e parecendo não ligar. Mai e Ai-Chan sentiam o peito apertar e iam cada vez mais perto, esperando ele falar.
"Youta, querido. Não vai fazer isso conosco, vai?"
"Após todos esses anos, teria coragem de..." entretanto, sem permitir a conclusão da fala da morena, Youta se virou com uma expressão de grande surpresa.
"BRINCADEIRA. Ha, ha, ha, ha. Tapeei as duas."
"Você...você nos tapeou?" Ai-Chan indagou chocada.
"Não acredito que armou uma dessas pra gente." Mai não escondia sua suposta raiva pelo engano que sofreu.
"E por que não? Vivem aprontando dessas pra cima de mim e hoje quis retribuir. Estamos quites."
"Quites, é? Vai ver o que estará quitado, senhor Moteuchi." A loira arregaçou as mangas, parecendo acertar as contas por aquela peça. "Trata de correr ou Mai e eu faremos sushi de você e daremos aos cachorros."
"Não temos cachorros, mas tentem me pegar, bobonas. Bléééé." Youta fez uma careta e saiu correndo, tendo suas duas mulheres na sua cola, determinadas a pegá-lo. As meninas foram deixadas junto com sua irmã de colo, apenas vendo o desenrolar da cena, sem notarem o senhor idoso de óculos em sua retaguarda.
"Pois é. Esses aí não mudam nada." Disse o velho e ao se virarem, ficaram eufóricas por quem era.
"Bisavô?"
"BISAVÔ DA LOCADORA. Que legal."
"Olá, minhas anjinhas sapecas." Ele abriu os braços na espera delas. As duas foram ao seu encontro." É tão bom rever vocês. Pude voltar mais cedo da minha...viagem e assim, reencontrar a todos. Ei, está havendo algo entre eles?" Miyone já tratou de responder.
"Não liga não, bisavô. Estão como sempre estão, mas logo sossegam. Tem horas que o papai e as nossas mães são as verdadeiras crianças da família."
"Bem, é bom saber que certos hábitos nunca mudam. Ei, que tal pegarmos pra comer uns doces naquele quiosque enquanto eles estão no recreio?" Concordando com a sugestão do idoso, Kihoshi pegou o carrinho de Natsumi e foi com ele e a irmã ao quiosque, esperando pela volta de sua família, esta sem aparentar mas se divertia ao seu próprio modo e jamais irão mudar, pois eram felizes desse jeito.
Continua...
