Naruto assim como seus personagens são de Kishimoto, portanto, não me pertencem.


III

O amargor dos lábios

- Esse dinheiro é o bastante para você viver por um bom tempo sem trabalhar – disse entregando o saco com as moedas de ouro para a mais nova, que assentiu.

- O-obrigado, nii-san – lágrimas borrando sua visão enquanto puxava-o para um abraço apertado – serei eternamente grata.

Ele passara os braços entorno dela devolvendo o aperto. Ao afastar-se deixara um selar carinhoso na testa da princesa, nunca fora muito carinhoso com suas irmãs, porém as amava de todo coração. E Neji só queria que fossem felizes, embora não imaginava que a felicidade de sua irmã fosse aquele plebeu boca suja que não respeitava ninguém.

- E onde está Inuzuka? – perguntou notando sua ausência.

- Nos encontraremos em breve – respondeu limpando seu rosto, então buscara algo dentro de sua bolsa, uma carta selada com o símbolo da família real – dê isso para Hanabi, por favor.

Neji assentiu, pegando a carta de sua mão e colocando-a dentro da manga longa do seu quimono. Por fim colocara as mãos em suas bochechas, olhando para ela.

- Dê-me notícias quando estiver num lugar seguro.

- Eu vou, irmão – sorriu – e obrigada, novamente.

Ele continuou parado enquanto assistia a irmã se afastar, tão oposta da princesa que a corte apreciava normalmente, usando um quimono simples que pegara das criadas do palácio, quando ela deixara seu campo, Neji teve a súbita sensação de que não haveria por um bom tempo, assim como teve um pressentimento ruim. Seu desejo fora de gritar para que ela voltasse, mas era tarde demais, Hinata já tinha ido embora. E alem disso, ele tinha outro problema nas mãos, os guardas desmaiados à seus pés.

Quando ele terminara de movê-los para seus respectivos postos, o dia estava quase amanhecendo. Como um rompante, o príncipe retornou para dentro do palácio, precisava de um banho e nem havia dormido. Sem contar que em breve seu pai notaria a ausência de Hinata e mandaria um esquadrão à sua procura.

Sua mente fora imediatamente para Hanabi, ela ficaria chateada por Hinata não ter dito adeus, mas duraria apenas um momento e ela passaria a compreender. Ela era uma garota muito madura para sua pouca idade, parece que estava destinado para ambos serem os gênios da família.

Ele quase sorriu com o pensamento e bateu suavemente na porta do quarto da mais nova, que demorou bons minutos para atender. Ele pensou seriamente em invadir, mas não fora preciso.

Hanabi deu-lhe boas-vindas toda descabelada e coçando os olhos para espantar o sono. Ela fez uma careta confusa ao vê-lo aquela hora em sua porta, tinha certeza que não havia perdido a hora para o desjejum com seu pai novamente.

- Nii-san? – inclinou a cabeça confusa – estou atrasada de novo?

- Não – negou – posso entrar?

- Claro – disse sem entender – você está todo amarrotado, não parece em nada o príncipe perfeito que você é.

- Decidi vir conversar com você imediatamente para que não haja mal-entendidos – como ele poderia contar a ela?

- O que está havendo, nii-san? Você está me deixando nervosa.

Neji passou a língua nos lábios, não sabendo como dar-lhe essa notícia.

- Hinata...

- O que tem, nee-san?

- Ela foi embora.

Hanabi caiu de bunda na cama completamente aturdida. Como assim Hinata-nee foi embora? Ela nunca faria tal coisa sem conversar com ela antes.

- Você está mentindo.

- Hanabi...

- Pare de mentir – gritou furiosa – nee-san nunca faria isso sem conversar comigo antes.

Neji puxou a carta da manga.

- Está aqui tudo que você precisa saber...

Com a tarefa feita, o príncipe deixara os aposentos da irmã rumo ao seu próprio, mas teve seu destino interrompido quando vira a silhueta altiva do pai em frente à sua porta. Ele já descobriu? Engolindo seu receio, Neji aproximou-se do Rei.

- Otou-sama...

- Neji – reconheceu – onde está Hinata? Ela não está no quarto.

Algo como surpresa fingida apareceu nos olhos perolados.

- Como assim? – tombou a cabeça para o lado, com falsa confusão – o senhor tem certeza?

Antes que pudesse respondê-lo, um guarda veio correndo em sua direção, com uma expressão de horror no rosto.

- Meu rei, meu príncipe – curvou-se – a serva da princesa encontrou essa nota em seus aposentos.

- Deixe-me ver – Hiashi praticamente arrancou de sua mão, o rosto tornando-se sombrio a cada linha lida – não é possível... Como ela ousa?

- Otou-sama... o que está escrito?

- Sua irmã fugiu com o tratador de cães – disse friamente.

Isso não é nada bom; Neji pensou olhando para o rosto do pai. Espero que esteja bem longe, Hinata.


- Eu sabia que o encontraria aqui, otouto tolo.

Sasuke desviou sua atenção das pétalas que flutuam na água cristalina do Lago de Lótus para fitar seu irmão mais velho, que trajava um longo quimono escuro, cujo realçava sua barriga inchada. Ele estaria dando à luz muito em breve, uma alegria quase infantil tomara conta do jovem Rei.

Ele quase não podia conter sua ansiedade para ver seu sobrinho, Sasuke teimava que seria um menino, enquanto sua mãe torcia para que fosse uma garotinha.

Até o severo Uchiha Fugaku tornou-se um avô bobão, e, olha que o bebê ainda nem nasceu.

- E onde está Shisui-nii? Ele grudou em você como um carrapato.

- Shisui só está protetor, ele está ocupado com tio Izuna – Itachi defendeu seu marido – o que você está fazendo aqui? Sabe que o lago é só para curar feridas, não pode abusar de sua espiritualidade assim, otouto.

Sasuke nadou até a borda.

- Eu sei, aniki – disse com um suspiro – mas precisava respirar um pouco, estou tão pressionado ultimamente. E agora aquele homem parece está organizando um novo ataque contra as nações.

Itachi balançou a cabeça em compreensão.

- Sinto muito, Sasuke – tocou-o na testa como fazia desde criança para a irritação do mais novo – não sou um irmão mais velho muito bom.

- Ita-nii pare com isso – suspirou ao pensar que o maior iria começar a chorar – está tudo bem. Venha se juntar a mim, a água está maravilhosa.

- Essa água está sempre maravilhosa, seu tolo.

Um momento curtindo com seu irmão é tudo que precisava para diminuir um pouco do peso em seus ombros.