Desafio 100 temas: Tema 06 – Um clichê.
Beta: Slplima querida amiga, não sei como agradecer todo o carinho, paciência em me ajudar. Obrigado, obrigado de coração! Minha amizade e lealdade forever and ever!
Notas da Beta: Amiga querida!
Ash e Eiji sob seu olhar sensível ficam sempre muito lindos!
O amor entre eles ainda mais vívido e sinestésico. Confesso que observar Ash cheio dessas inseguranças e dúvidas enche o coração de ternura, pois que é possível compreender o quanto Eiji foi capaz de mudá-lo, e fazê-lo enxergar que também é merecer de afeto.
Fazê-lo querer lutar, também, por um alguém que vale a pena!
Suspirei aos montes, sabe? kkkkk
Parabéns por mais esta estória maravilhosa.
E obrigada, de coração, pela preciosa confiança, por mais uma chance de ajudá-la.
Arrasou!
Fique bem, Coelha!
Bjocas.
Notas da Coelha: Eu me lembro de quando vi todos os temas a serem escritos pela primeira vez, e lembro que comentei com Ynari que eu gostaria de fazer também, mas que ainda não era o tempo certo. Quase uns oito meses depois, acabei aceitando me rendendo ao desafio, e desde então, percebo que tenho pensado muito e conseguido desenvolver estórias saindo de minha zona de conforto. Devo confessar que desde que comecei, sempre que batia os olhos nesse tema, eu só conseguia imaginar dois casais: Ash e Eiji e Kardia e Dégel, ambos sendo plots em Universos Alternativos. Tomei coragem e optei pelo primeiro casal, isto depois de ver um vídeo de Diego Cruz no ar, sobre o maior clichê de todos os tempos, e bem, foi o ponta pé pra fic sair em menos de um dia! Fazia tempo que não fazia isso. Geralmente eu escrevo conforme o tempo que tenho, mas agora em férias, quero ver se consigo escrever mais um pouco e colocar minhas fics em dia.
Banana Fish não me pertence, assim todos os direitos ao seus criadores. O nome Shinju para a mãe de Eiji, foi por mim pensado com muito carinho, qualquer uso sem minha autorização será tomado como plágio, se quiser os usar, só pedir! O ato em si não faz ninguém ficar com uma verruga na ponta do nariz, e evita dores de cabeça desnecessárias.
oOoOoOo
O barulho rítmico e, até estridente, do relógio de corda – presente de seu irmão mais velho -, soava como um algoz; terrível, doloroso e implacável!
Revirando na cama como se fosse um bife na chapa quente, o loiro já havia perdido as contas de quantas vezes fechara os olhos, abrira e fechara mais uma vez, demonstrando toda a sua inquietação, impaciência, angústia e ansiedade.
Tateando o tampo da mesinha de cabeceira, conseguiu, enfim, pescar seu eletrônico e com um toque digital liberar a tela de cristal que se iluminara, gerando um pequeno feixe de luz.
Piscando algumas vezes para se acostumar com a claridade, o loiro aproveitou para checar a hora.
"Duas horas?"- pensou ao coçar a nuca desgostoso e, mais uma vez, rolou o corpo para o lado da parede. Ainda com o dispositivo em mãos, buscou com toques rápidos a pasta pessoal onde estavam armazenadas as poucas imagens que havia conseguido fazer naqueles anos, meses e dias sem que o japonês soubesse, e o qual imaginava estar dormindo.
Por que tudo não podia ser como queremos?
Por que o ser humano, que é uma caixinha de surpresas, não poderia ser mais tolerante, mais maleável?
Por que ele próprio, não poderia engolir o seu orgulho idiota e seguir o que seu coração lhe mandava fazer?
Bufando, Aslan Callenreese, digo, Ash Linx, como gostava de ser chamado, rolou mais uma vez acabando por ficar de costas na cama. Deixando que seu celular apagasse a tela sozinho se perdeu em seus pensamentos conflitantes e martirizantes.
Não poderia ser considerado um homem inseguro, não!
Sempre fora direto, decidido e, por vezes, até mesmo impetuoso, não pensando muito antes de agir, mas exatamente naquela madrugada, Ash parecia sentir todo o peso de sua decisão.
Novamente, estava a se questionar dos motivos que o levaram a tomar aquela decisão tão tosca!
"Sim, tosca!" - pensou, ao mais uma vez se irritar consigo mesmo ao lembrar do que havia dito. - "Como pude ser tão estúpido?" - se questionou ao tampar o rosto com as mãos.
Estava quase aos prantos!
Sempre se gabara por nunca ter feito nada de errado com relação a sua vida, mas desta vez, sentia o gosto amargo do arrependimento por ter a certeza de ter deixado que sua felicidade partisse o deixando para trás!
Por que não podia engolir seu orgulho?
Por que não poderia ser tudo tão simples?
Amar nunca fora uma opção a ser deixada de lado.
Pessoas vazias, sem aquele algo especial, iam e vinham na mesma proporção indesejada, assim, por quê a única pessoa, o último homem que era diferente dos outros, que tinha um coração indômito e amável ao mesmo tempo, não poderia gostar de alguém como ele?
Amigos?
"Venha como meu amigo, ele dissera!" - Ash ruminou a afirmação do outro em seus pensamentos. E não conseguia entender onde ficava tudo o que ele pensava que o moreno sentia! Ou estava enganado vendo algo onde não existia?
Ash arregalou os olhos, sentindo o coração palpitar dolorosamente dentro do peito. Cogitar a hipótese de não ser correspondido pelo japonês era aterrorizante demais, até para ele.
Todavia, pensar dessa forma, era querer gritar ao mundo o que Ash sabia ser errado.
Pois que Eiji Okumura nunca, nunca deixara de demonstrar seu afeto desde que ali chegara para aquele curto intercâmbio que acabou por se estender por um ano e meio.
Ash havia se negado a entender tudo o que vira, e acabara por ouvir de seu irmão umas verdades muito rudes, e mesmo que ele não gostasse muito de concordar com Griffin, ele tinha que dar as mãos a palmatória. Ao se negar a ir junto com o japonês, quase sentira sua alma se quebrando, pois a dor vista naquelas íris, que lembravam as mais belas e escuras gemas de ônix negras, lhe desestabilizara. E o que foi que ele fizera? Aceitara o que este lhe dizia, e se fechara em uma concha protetora!
Não… aquilo não era proteção! Era fuga! Fuga de tentar, e achar, que estivera errado todo esse tempo!
Já não era mais um adolescente aprendendo as coisas! Não era um jovem inexperiente! Então, por quê Eiji dissera amigos?
Bufando, o estudante do último ano de medicina veterinária, se maldisse pela milésima vez naquela dia.
"Como posso ser tão estúpido por não acreditar em amor à primeira vista? Em uma paixão avassaladora?"- indagou-se Ash ao lançar as cobertas para longe e caminhar até a janela afastando as grossas cortinas para ser recebido por um céu noturno, escuro, sem lua ou mesmo estrelas. - "Hunf… combina muito bem com meu humor!" - ponderou, e ponderou certamente, pois aquele céu sem vida, poderia ser comparado mesmo com o que estava sentindo.
Sombrio e triste.
Fechando os olhos, com rapidez, o futuro veterinário desejou mais uma vez voltar atrás, ter apenas um minuto, um segundo que fosse, para tomar uma nova decisão.
Seria muito tarde?
Seria difícil recuperar o que poderia ter se quebrado?
Para um jovem que sempre soubera como agir, era um tanto surreal pensar em vê-lo se preocupando tanto. Mas sua felicidade, seu amor e vida estariam partindo no outro dia!
E… e mais uma vez, Aslan Callenreese não era um frouxo! Não era um homem desprovido de sentimentos! Bastava aceitar o que somente ele estava a negar! Bastava deixar a confusão que sentia desde o dia que ouvira aquelas fatídicas palavras da boca que ele sempre desejara beijar!
"Se eu houvesse admitido meus sentimentos, talvez ele nunca pensaria que somos apenas amigos! Ah merda! Por que tudo é tão difícil?" - se questionou ao se jogar aos pés da cama e começar a despir seu pijama.
Ash sabia que era cedo demais, mas ele precisava caminhar, ficar sozinho. 'Sozinho' levando bem ao pé da letra, algo do tipo... só ele, a noite fria e avassaladora e seus pensamentos nefastos que deveriam ser esquecidos, ou quiçá, nunca mais conseguiria olhar direito nos olhos daquele japonês faceiro.
Enquanto amarrava os tênis, tornou a pensar que seria mais fácil correr para onde Eiji estava e acabar com tudo aquilo, mas não sabia se isso seria o correto!
"Claro que não é o correto, Ash! É madrugada ainda para fazer outra pessoa perder o sono!"- se censurou por tamanho pensamento de girico. - "Além de você mesmo!"- completou, ao se munir de sua carteira, documentos e chave de sua moto, seguindo para a garagem em total silêncio. Não precisava alarmar Griffin no processo também.
Ao chegar a frente de sua moto, parou, fixando os olhos em um ponto qualquer como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo. Como se sua salvação dependesse daquilo. E não teve como deixar de lembrar de vários conselhos que Griffin lhe dera assim que conseguira sua habilitação.
Novo suspiro irritado!
Ash sabia que não seria certo sair com suas ideias em um turbilhão. Sabia também que teria de ter mais cuidado, e atenção, devido ao seu estado de ânimo, mas, mesmo assim, acionou a partida elétrica. O barulho do motor quebrando a quietude monótona do alvorecer. Ajeitando o capacete sobre a cabeça, baixou a viseira antes de deixar para trás tudo e todos. Por cima do ombro notou quando o portão deslizou lentamente, trancando as pessoas que mais lhe importavam para trás.
Pelo retrovisor, o loiro avistou, antes que sumisse, o condomínio. E devaneou, por um átimo, enquanto observava a segunda torre, que ali certo japonês estaria dormindo o sono dos justos.
Assim que a visão se perdeu, o motoqueiro por bem voltou seus olhos para a pista, traçando o único rumo o qual ele tinha em mente.
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O ronco do motor potente, quebrando o silêncio, só sessou quando, finalmente, Ash havia chegado em uma ponta deserta do Pier de Coney Island.
Sentado em um dos novos bancos de madeira, os quais lembravam ondulações, o loiro relaxou jogando seu corpo para trás. Sua cabeça ficando na parte mais alta lhe dava uma ótima vista do céu, do parque e seus brinquedos mais altos, e se por ventura virasse a cabeça, vislumbraria o mar, que aquela hora se encontrava escuro e se unindo em um tapete único com a abóbada apagada e enegrecida. Dava a nítida impressão que tudo era uma coisa só!
"Uma coisa só!" - pensou Ash um tanto desenxabido. - "Assim como o que sinto!" - completou ao baixar um pouco a cabeça e focando seu corpo e pés apoiados na parte baixa do banco.
Fechando os olhos com força, engoliu a vontade que tinha de gritar! Gritar sua raiva, seu temor. Gritar tudo o que vinha lhe deixando tão irritado consigo mesmo! Quem sabe se colocasse para fora seu sentimento não se sentisse melhor? Mas para quê, e por quê fazer isso, se a única pessoa a qual ele queria que soubesse, estava bem longe, e ainda dormindo!
-Por que não esperar mais uns meses para ir? Maldição!- confabulou para si mesmo, amargurado. Ash sabia os motivos do até então, amigo Eiji, ter de partir. Contudo, ainda era inaceitável que este tivesse que ir as pressas para casa, e que houvesse conseguido um rápido acerto com sua universidade pra que pudesse terminar seu curso sem ter a necessidade de trancar o ano e o perder. Sua nota de intercâmbio diminuiria, mas não teria maculado seu histórico.
Talvez ter conhecidos no meio acadêmico ajudasse um pouco! Porém, aquele não era o caso do loiro. Ele teria que terminar seu último ano ali. Se quisesse ir atrás, até poderia ir, quem sabe até cursar sua especialização em uma ótima instituição de ensino, mas fora tão estúpido e… e um grande cretino!
Merecia ser esquecido, até mesmo, como amigo, por Eiji.
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-Ash, mas você não irá se arrepender, temos ótimas instituições, e garanto que uma delas aceitaria tê-lo como um veterinário buscando sua especialização! - Eiji comentou ao sustentar-lhe o olhar.
-Eiji, eu mal consigo me comunicar com você em japonês, como eu iria me virar para entender as coisas? - perguntou. - Temos que ser práticos, e eu preciso terminar o meu período aqui. Então, não poderei seguir com você, mesmo como amigo! Temos de ser práticos! - tornou a repetir, e frisar, a última frase dita.
-Práticos? - Eiji repetiu ao mirá-lo desapontado. - Talvez fosse mais fácil me dizer que por medo você não quer ir comigo para o Japão! - armando um bico maior que o de uma chaleira, o futuro fisioterapeuta virou-lhe o rosto.
Seria engraçado se não fosse trágico.
-Ei! Não sou medroso, sou apenas sensato! - Ash rebateu. - Não confunda sensatez com covardia! - rosnou de volta, e retribuindo a careta sustentou o olhar a ele dirigido.
Nem pareciam dois adultos na casa de seus vinte e oito e vinte e seis anos.
-Ah! Sim! Falou o prodígio Aslan Callenreese, que está conseguindo se formar adiantado porque conseguiu entrar na universidade ainda muito novo, devido a ser considerado um crânio! - desdenhou o japonês. - Eu ouvi você conversando com meu tio! Sei que pode se virar muito bem com o que sabe da minha língua natal! - sem perceber Eiji havia começado a falar ele próprio em nihon.
Enraivecido, Ash deu as costas ao amigo. Ele nunca ligava quando faziam pouco, ou queriam rir às custas dele, nunca! Então, por quê ouvir de Eiji aquilo o deixara chateado? Naquele momento, talvez, quem sabe, Ash não conseguiria lhe responder a altura, mas mesmo assim, tentou.
-Não consigo entender você! O que quer me convidando, como amigo, para um país que não é o meu, que eu não falo muito bem a língua, e que me afastaria da única família que tenho, meu irmão! - volveu só um pouco a cabeça para poder mirar de soslaio a reação do japonês. - Se está pensando em fazer algo comigo depois, senpai, pode tirar seu cavalinho da chuva! Pessoas não chamam as outras para irem embora juntos apenas como 'amigos'! - agora quem estava desdenhando era o loiro. - Quer saber… - voltou-se mais uma vez, dando as costas novamente para o nipônico. - Tenha uma boa viagem daqui a dois dias! - rosnou entredentes ao começar a caminhar.
-Ash… - Eiji o chamou, com os olhos marejados, ao ficar preocupado. Seu coração despedaçando mais um pouquinho. Acaso o amigo nunca notara nada? Acaso ele não percebera que poderiam ser bem mais do que o título que haviam tido até aquele dia? - Ash! - tentou mais uma vez, mas sem obter resultados, deixando os ombros caírem, com um suspiro entristecido, tomara seu caminho para se encontrar com seu tio, e terminar de arrumar as coisas.
Ele não tinha culpa se precisava voltar por conta da doença de sua oba-chan! Ele não tinha culpa por ser ele, também, um medroso e não revelara ao amigo seus reais sentimentos.
Ash já havia sumido de suas vistas!
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"E agora não havia como voltar atrás, ou havia?" - pensou ao se lembrar dos olhos avermelhados do moreno no outro dia quando haviam se encontrado por acaso nos corredores da universidade.
Se Ash se achava o durão, ao vislumbrar como Okumura estava, e como fora evitado, daquele momento em diante havia compreendido que ele não só havia caído de amores pelo moreno, como tivera a nítida noção de como era estar apaixonado e saber, com absoluta certeza, que havia estragado tudo. Eiji tinha o mesmo jeito de olhar sem brilho, sem emoção que ele.
Acaso os dois estiveram se equivocando mutuamente?
Isso não poderia acontecer, ou poderia?
Cobrindo os olhos com ambos os braços, o loiro quis engolir seu orgulho. Quis não ter tirado conclusões precipitadas, mas tudo gritava, tudo apontava para que havia feito merda! E o que poderia fazer?
Correr atrás… sim, seria uma opção!
O horizonte já começava a ganhar as nuances de um novo dia, algumas gaivotas grasnando acabaram por lhe chamar a atenção.
Quando Ash havia fechado os olhos e posto seus braços sobre o rosto, não poderia imaginar que perderia tanto tempo em recordações, e quiproquós! Checando as horas em seu celular, notou que o mesmo estava em modo silencioso, e que haviam mensagens do irmão, que ficara de levar o amigo Ibe e Eiji para o aeroporto.
Ele não queria responder, e não o faria! Não queria ter de se explicar para seu irmão, que não queria engolir seu orgulho em ter que admitir que havia tomado uma decisão errada. Voltando aos avisos sonoros, Ash quase dera um pulo ao receber nova mensagem.
Griffin 05:45 hr: Aslan, é sério! Deixa de ser turrão, você ainda tem umas duas horas até que Eiji e Ibe embarquem!
Griffin 05:47 hr: QUE SACO, MOLEQUE! DEIXE ESSE ORGULHO DE MERDA PRA LÁ! VENHA LOGO PARA CÁ E AJA COMO O HOMEM QUE EU SEI QUE VOCÊ É! VOCÊS DOIS SÃO DOIS CABEÇAS DURAS, E NENHUM QUER ADMITIR A VERDADE QUE SOMENTE OS MAIS VELHOS JÁ SABEM, ENTÃO VENHA LOGO COM A PORRA DESSE RABO PARA CÁ!
-Mas que porra, Griff! - rosnou Ash ao reler a última parte da mensagem de seu irmão. - Mas do que esse doido… - foi quando de um estalo o loiro pulou de onde estava, até aquele momento, deitado. Guardara seu celular no bolso interno de sua jaqueta, e engolindo em seco, volveu os olhos para o céu que já estava bem mais claro.
O sol ao nascer dava um espetáculo maravilhoso naquele novo dia, no entanto, um de seus apreciadores não estava prestando atenção, pois ligar sua moto e ajeitar o capacete para ir atrás de sua felicidade era muito, mas muito mais importante.
A toda velocidade seguiu direto para o aeroporto. Em todo o caminho, ia rezando, pedindo ao ser superior que este lembrasse de sua ovelha negra desgarrada.
O ronco do motor acelerado parecia competir com as batidas ligeiras e desenfreadas do coração do jovem.
Seria falta de tato dizer que Ash não havia cometido algumas manobras imprudentes, pois ele havia o feito! E tão logo ele conseguiu parar a moto em uma vaga a ela destinada, retirando o capacete, entrou como um raio e esbaforido porta a dentro.
Tomando o devido cuidado para não se perder, mirou com atenção o painel de portões de embarque para localizar o desejado. Revendo a última mensagem que Griffin lhe havia enviado para ter a certeza que este acharia o local correto, tomou seu rumo.
Desviando de várias pessoas que já se encontravam no local, o loiro não quis esperar que as escadas rolantes o levassem até o próximo piso.
Nem mesmo em seus sonhos mais loucos, Ash havia se imaginado fazendo algo tão clichê, como correr até o aeroporto cruzando de um extremo a outro uma cidade em tão pouco tempo. E pelos seus cálculos, muito em breve Eiji faria seu check-in para poder embarcar.
-Ash… você precisa encontrar esse maldito portão! - ciciou para si mesmo, e ao sair de frente com este, seu coração quase parou de bater ao pensar que seu Eiji já havia passado pela checagem, e seguido para a área que ele não teria mais acesso.
Levando a mão direita até a nuca, fechou os olhos, apreensivo, ao começar a mentalmente se martirizar por ter demorado tanto a se decidir. Ash estava tão ensimesmado em seus pensamentos e dissabores, que nem mesmo havia notado que alguém se aproximava sorrateiramente às suas costas.
-Ash… você veio! - a voz baixa, carregada de puro alívio, por ver pelo menos mais uma vez a pessoa que, sem esforço algum, havia roubado seu coração. Transformado a sua vida!
Arregalando os olhos, o nominado deu meia volta rapidamente, para ser brindado com o mais doce dos sorrisos. Mordiscando o próprio lábio inferior, Ash suspirou igualmente aliviado.
Aproximando-se, e invadindo o espaço pessoal do nipônico, o abraçou apertado, aproveitando para roubar-lhe um beijo, que há muito gostaria de ter feito.
A princípio, Eiji, um tanto surpreso, demorou a começar a corresponder, mas assim que sentiu seu corpo ser puxado para mais perto, deixou-se levar, agarrando-se ao outro e correspondendo ardorosamente ao ósculo.
Deixando sua mala ao lado deles, o futuro fisioterapeuta se abraçou mais ao recém-chegado. Ele não queria mais ter de se soltar deste, mas era preciso.
-Eu… Eiji, mil desculpas pela minha covardia, meu orgulho, e por não ler nas entrelinhas... - começou aos tropeços.
-Shhh… - o mais baixo o fez se calar ao tocar-lhe os lábios com os seus. - Não precisa se explicar, Ash, eu posso entender, tudo o que é novo por vezes se torna muito assustador, e eu não posso te culpar de nada, pois senti o mesmo quando fui escolhido para vir para cá, e quando me descobri apaixonado pelo amigo que ganhei ao aqui chegar. - ciciou ao encostar sua testa na do loiro.
-Eu queria não ter desperdiçado esses dias com minhas inseguranças, queria que, pelo menos, pudéssemos voltar apenas por um minuto. - Ash confessou amuado. Estava muito chateado consigo mesmo.
-Ash, agora já foi e… - tentou amenizar a situação.
-Não, não é justo! Não é justo contigo, nem comigo, e eu só te peço que me aguarde por uns meses, ou melhor, até me formar, que é daqui a quarenta e cinco dias. Você pode me esperar, isso é… - se corrigiu – se você ainda estiver disposto a começar uma história comigo? - e mirou-o com olhos de um verdadeiro e doce gatinho a ser adotado.
-Claro que sim, você prestou atenção ao que lhe disse? - Eiji o questionou, já embargado de emoção.
-Sim, eu prestei atenção! - sorrindo, o Callenreese buscou com os seus, mais uma vez, os lábios macios e tentadores do nipônico. - Eu te amo! - sussurrou, assim que ambos procuraram por ar.
Eiji o encarou com as bochechas rubras, e repetiu o mesmo em sua língua natal.
- Aishiteru!
-Acho bom você se lembrar quem disse isso primeiro! - gracejou Ash ao mordiscar-lhe o lábio inferior em pura provocação.
Sorrindo sem graça, mas encantado, Eiji voltou seus olhos para o tio e Griffin que haviam se afastado um pouco para dar-lhes uma pequena sensação de que estavam sozinhos, mas não exatamente.
-Obrigado! - ouviu o loiro murmurar.
- Pelo quê? - Eiji respondeu com nova pergunta.
-Por essa chance! - respondeu Ash ao puxá-lo novamente para si.
Pelos alto-falantes, a voz esganiçada de uma mulher anunciava a primeira chamada do voo com embarque pelo portão quarenta e três com destino a Tóquio e com escala na Espanha.
-É o meu voo, Ash! - Eiji comentou sem graça, seus olhos brilhantes represando lágrimas que ele não queria derramar.
Ao notar isso, Ash o abraçou mais uma vez, sapecando beijos por todo o rosto do japonês, que era chamado por Ibe com urgência.
-Vai me avisar quando pousar na Espanha? - pediu antes de o beijar.
-Hai hai! - murmurou Eiji ao enterrar o rosto no pescoço do mais alto, e aspirar o perfume amadeirado que Ash usava.
-Em breve estarei contigo! - prometeu. - Tenha uma boa viagem! - desejou antes de novo beijo e, por fim, acompanhar o japonês até onde poderia ir, e quase fraquejar na hora em que suas mãos se separaram.
-Venha logo ficar comigo! - Eiji exigiu ao ter de se afastar definitivamente e seguir junto de seu tio.
Ao voltar para perto de Griffin, Ash apenas trocou um olhar com o Callenreese mais velho, algo como: "não diga nada!" E sem palavras, foi se afastando.
Com apenas um sorriso matreiro, o mais alto dos irmãos alcançou o caçula e, o puxando para um abraço, murmurou.
-Ainda bem que você fez a coisa certa!
-Ainda bem, Griff! - Ash ciciou de volta antes de se soltar e voltar a caminhar pelo hall do aeroporto.
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Dizer que os cinquenta dias - sim, cinquenta, pois de quarenta e cinco dias passaram para mais cinco, devido ao mal tempo -, foram suaves, poderia ser considerado como uma dolorosa farsa.
Mas depois de tudo, Ash estava formado, e conseguiria cursar sua especialização em animais de pequeno e grande porte em uma boa instituição de ensino.
Sentado em uma poltrona ao lado de uma pequena janela na classe econômica, o loiro buscara se entreter com alguma coisa, mas a ansiedade novamente o estava assolando, só que agora era totalmente diferente.
Ele já queria estar ao lado de seu homem!
Sem saber quando, e nem como, ele havia conseguido passar para um sono. Ao cabo, havia cochilado um pouco, mas agora que faltava tão pouco para que o avião pousasse, sentia seu coração confuso e inseguro se oprimir.
Talvez essa sensação estranha só passasse quando sentisse seu Eiji de encontro ao seu corpo, e Ash já não aguentava mais de saudades.
O frio em sua barriga parecia não passar. Fora um tormento para o veterinário passar por todo o processo para, finalmente, ver-se livre com suas bagagens e seguir para o saguão, onde em meio a tantas pessoas "iguais", ele o viu.
Empurrando seu carrinho com as malas até onde Eiji estava, Ash, após dias sem ver seu Eiji, pôde o estreitar em seus braços e receber um beijo saudosista e voluptuoso.
-Tadaima! - murmurou com um leve sorriso, sem conseguir se soltar do mais baixo.
-Okaeri! - respondeu Eiji, ao mesmo tempo que enterrava o rosto na curva do ombro com o pescoço do loiro. - Vamos, você deve estar cansado. - falou baixinho, bem próximo ao lóbulo da orelha do mais alto, que mal pôde conter seu arrepio.
-Ah, por favor? Só mais cinco minutinhos assim! - gracejou rindo ao continuar abraçado com Eiji, sem se importar com todos que passavam e olhavam para os dois.
Se quando era mais novo, alguém contasse a Ash que faria coisas clichês por amor, talvez ele não acreditasse, mas agora, ah, agora, Aslan Callenreese achava isso muito normal!
O seu amor por Eiji havia tornado-se o seu 'especial normal'.
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Lembretes e explicações:
Não tenho muita noção se as especializações na faculdade de Medicina Veterinária são feitas depois, ou não. Assim relevem, pois desta única vez, a Coelha aqui quis usar seu livre arbítrio e deixar que minha imaginação fértil ganhasse asas!
Qualquer semelhança com algo clichê acontecido por ai, é mera coincidência! Rsrsrs
Ouvi muito músicas que gosto para poder escrever, mas creio que a inspiração foi mesmo Iris do Goo Goo Dolls, apesar de o nome levar o mesmo de uma música de Bruno e Marrone! Rsrsrs é Sou eclética!
Momento Coelha Aquariana no Divã:
*Ouivindo Iris do Goo Goo Dolls nos novos phones de gatinho que comprou no Festival do Japão*
Kardia: Mas ele está de novo as voltas com esses dois? O que aconteceu com os frescos de gelo?
Dégel: Kar, eu não faço ideia, mas se eu fosse você, deixava ela escrever com quem bem entende! Lembra da última vez…
Kardia: Bah! Ela só late… nunca fez nada do que diz…
Dégel: Mas ela pode mudar de ideia, e eu não quero ir parar nos braços de um qualquer. *usando meios para afastar o escorpiano antes da derrocada *
Kardia: Gelo… o que está acontecendo que eu não sei? *se aproximando a passos rápidos do aquariano*
Está acontecendo que Dégel tem bom senso, você não, minha consciência de meia pataca! E sem um pio, Kardia! Meu humor está nefasto hoje, e nada me daria mais prazer em escrever algo com vocês dois separados!
Kardia: Bicha má! Bicha ruim! *puxando o gelado para longe* Como gosta de ameaçar!
Oras, e eu me pergunto com quem aprendi isso, né senhor Bichinho de rabo torto? Vaza antes que eu me esqueça que tenho um plot de vocês na manga prontinho para ir pro papel!
Kardia: Ora mais isso é muito bom… Venha cubinho, vamos para fora ver o dia lindo e deixar a Coelhinha fofa as voltas com nossa nova fic!
*riso de lado *
Ah! Pobre coitado… nem sei quando vou conseguir escrever o rascunho…
Vocês viram minha inspiração por ai? Ela atende por Espingardina, é rosa de bolinhas pretas e adora se esconder. Se a virem, peçam para ela voltar encarecidamente, pois eu preciso lhe usar!
E bem, gracinhas a parte, obrigado se chegou até aqui! Agradeço de coração. E comentários serão muito bem-vindos, afinal, ficwriter feliz escreve mais!
Até meu próximo surto
beijos
Theka Tsukishiro
