ILHA DA ESPERANÇA – 18:00
Após uma tarde maluca, Wheeler e Linka finalmente estavam reunidos com Gaia, Capitão Planeta e os outros Protetores. A aventura exótica começou quando a Doutora Blight recebeu um diagnóstico médico de MAL. A inteligência artificial afirmou que a cicatriz começou a se espalhar pelo rosto da cientista e que se ela não tomasse alguma providência, seria apenas uma questão de tempo para estar cobrindo todo o seu corpo. A mulher ficou desesperada e exigiu uma solução. O computador afirmou que existia uma cura: um soro criado a partir de sapos pois o DNA deles continha um efeito regenerador.
Seguindo a instrução de MAL, a cientista louca começou a capturar sapos em seus habitats ao redor do mundo. O estranho desaparecimento desses anfíbios fez com que Gaia alertasse os protetores. Os adolescentes entraram no Geo Cruzador e viajaram rumo a um habitat onde esses animais ainda não haviam sido capturados. Posteriormente, Blight chegou ao local, capturou vários sapos e tentou fazer o mesmo com os Protetores. Todos fugiram exceto Wheeler. A vilã levou o detentor do Anel do Fogo ao seu laboratório onde o amarrou.
Enquanto preparava o soro a base de DNA de sapos, a cientista teve a ideia de iniciar uma nova experiência a qual batizou de Projeto Genoma Protetor. Arrancou um fio da sobrancelha de Wheeler e recolheu um fio de cabelo loiro de Linka que estava preso na blusa do ruivo. No entanto, sua mente insana lhe deu outra ideia, esta, muito mais maluca do que a anterior: decidiu transformar todos os Protetores em cicatrizes gigantes! Para fazer isso, raspou uma parte de sua própria cicatriz e o colocou em um béquer e depois em uma arma de dardos. Em seguida, injetou a tal substância no rapaz americano.
Os amigos conseguiram resgatar Wheeler mas foram surpreendidos por Blight que usou sua arma. Felizmente, os disparos efetuados contra Kwame, Gi e Ma-Ti atingiram objetos pessoais que estavam em contato com suas roupas. Linka não teve a mesma sorte pois o dardo atingiu diretamente a sua pele. O ruivo contou aos outros sobre o plano de Blight de transformá-los em cicatrizes gigantes. O grupo começou a caminhar pela floresta em direção ao laboratório da cientista com o intuito de encontrar um antídoto. Assim que começou a anoitecer, Linka e Wheeler apresentaram sintomas estranhos e adormeceram. Os demais ascenderam uma fogueira e decidiram dormir também para continuar a busca no dia seguinte. Entretanto, após um tempo, Ma-Ti acordou Gi e Kwame dizendo-lhes que os detentores dos anéis do Fogo e do Vento desapareceram. Os três viram que as roupas dos colegas estavam no chão e, preocupados, começaram a procurá-los.
Surpreendentemente, Wheeler e Linka estavam ali o tempo todo porém não foram vistos já que, o soro contido nos dardos, os encolheu. Depois disso, os dois vivenciaram uma longa e perigosa aventura no meio da floresta até que o macaquinho de estimação Suchi apareceu e conseguiu levá-los até os amigos. Os cinco convocam o Capitão Planeta e o herói derrotou Blight. No fim, o computador comunicou a cientista que cometeu um erro de cálculo pois na verdade, a cicatriz estava regredindo e não aumentando. Para completo desespero da mulher, MAL acrescentou que por conta do DNA de sapo que ela injetou em si mesma, agora sim a cicatriz começou a se espalhar mais rápido do que fogo.
Capitão Planeta, Suchi e os Protetores retornaram à Ilha da Esperança onde foram recebidos por Gaia. Por ter sido atingido primeiro, o americano já havia voltado ao seu tamanho normal. Por outro lado, o mesmo não podia ser dito da garota russa que, como o ruivo salientou, estava "em suas mãos".
Após vangloriar-se desse fato, o rapaz colocou Linka no bolso de sua camisa mesmo sob os gritos de medo e protesto dela. Segundos mais tarde, sentiu vontade de espirrar e levou uma das mãos a esse mesmo bolso com o intuito de pegar um lenço. Entretanto, o que retirou dali foi o pedaço de tecido que a garota estava usando como uma toga desde que encolheu. Vale ressaltar que essa era a única peça de roupa que cobria o seu corpo.
Suchi havia ajudado os detentores dos anéis do Fogo e do Vento quando estavam sendo atacados por outros animais. Ele sabia que os dois adolescentes vestiam peças únicas e improvisadas durante à tarde. Por conta disso, cobriu os olhos assim que viu o pedaço de tecido na mão do garoto. Os demais também sabiam desse fato e impulsivamente desviaram o olhar para outras direções da praia.
Para o desespero de Linka, agora ela estava completamente nua no bolso da camisa de Wheeler e temia o que ele seria capaz de fazer com ela dadas às suas atuais circunstâncias.
- O que pensa que está fazendo, ianque?
- Desculpe, baby. Tinha certeza de que havia um lenço na minha camisa. Não sei onde ele foi parar.
- Você deve ter deixado um lenço na camisa que estava usando antes.
- Verdade. Nós tivemos que deixar nossas roupas no meio da floresta quando encolhemos. (Ele disse ao se lembrar)
- Exatamente. Não se atreva a olhar ou tocar em mim!
- Não estou olhando! (O ruivo retrucou)
- Acho bom mesmo! Bozhe Moy! O que fiz para merecer isso? (A moça lamentou)
- Segure-se firme, Linka. (Wheeler disse sem olhar para baixo)
- Por quê? (Linka questionou sem entender)
- Porque eu tenho que correr.
- O quê? Como assim?
De dentro do bolso, a moça não conseguia enxergar para onde estava sendo levada. Entretanto, sentia seu corpo balançar por conta da rapidez dos passos do rapaz. Não demorou nem um minuto para chegarem ao seu destino.
- Onde estamos?
- No seu quarto.
(Linka sentiu seu coração disparar ao ouvir aquela resposta)
- Por que me trouxe aqui?
- Que eu saiba, esse é o único lugar da casa onde há roupas suas. (Wheeler respondeu)
- Ah, sim. Então é isso.
- O que você pensou? Por que outro motivo eu te traria até aqui?
- Não pensei em nada demais. Esqueça o que eu disse.
- Não, eu quero saber. Fale, Linka. (O detentor do Anel do Fogo pediu)
- Ok. É que conhecendo você como eu conheço, pensei que tentaria tirar vantagem da minha situação.
- O quê? Não sabia que pensava que eu sou um aproveitador.
- Não queria ter pensado isso de você mas foi inevitável.
- Como pôde pensar que eu faria algo assim? Você não me conhece. Não sou um monstro.
- Desculpe. É que do jeito que você é, com essa mania de passar cantadas em todas as garotas que encontra pela frente, foi difícil não pensar nisso.
Profundamente magoado, Wheeler afirmou em um tom sério:
- Linka, uma coisa é passar cantadas. Outra bem diferente é ser um cafajeste capaz de se aproveitar de uma situação para abusar de uma garota que está nua e indefesa.
- Você tem razão. Peço perdão mais uma vez.
- Está perdoada. Agora já chega desse assunto. Vou abrir o seu guarda roupa e pegar algo para você vestir.
- Ok.
O americano tentou abrir porém todas as portas do guarda roupa estavam trancadas.
- As portas estão trancadas. Onde está a chave?
- Espere, está comigo. Ou melhor, estava comigo. Sempre deixo no bolso dos meus shorts mas tivemos que deixar nossas roupas para trás quando encolhemos. (A loira respondeu)
- Vou pedir ao Capitão para procurar sua chave amanhã. Eu até derreteria a maçaneta mas o anel não vai funcionar porque o Cap está lá fora. Se importa se eu arrombar?
- Claro que me importo. Você é tão desastrado que é capaz de derrubar esse guarda roupa em cima de mim. Não quero morrer esmagada por uma porta!
- Pior que não vejo nenhuma roupa por aqui. Você não costuma deixar algumas em cima da cama?
- Claro que não, ianque.
- Ah sim. Eu me esqueci que você é toda certinha, perfeitinha e super organizada.
- Não acredito que vai começar a me provocar, isso é muito infantil até mesmo para você.
- Melhor agir como uma criança do que pensando bobagens sobre os outros. Eu até iria ao meu quarto pegar uma roupa minha mas é melhor não. Afinal, você não confia em mim.
- Achei que tinha me perdoado.
- E perdoei. Só que a minha tristeza não passou. É difícil esquecer algo assim.
- Eu entendo. Acho que há um lenço de seda na gaveta da minha cômoda.
- Vou pegar para você. Pronto, aqui está. (Ele disse ao colocar o lenço dentro do bolso. Em nenhum momento abaixou a cabeça para não acabar vendo a nudez da garota.)
- Obrigada.
- Aqui, amarre esse elástico na cintura. Ficará mais firme.
A loira seguiu a recomendação do ruivo. Quando terminou de colocar aquela roupa improvisada, ouviu o rapaz afirmar em um tom sério:
- Eu quero conversar com você, Linka.
- Tudo bem, me coloque sobre a escrivaninha. Já estou sufocada aqui dentro.
- Ok.
- E então? Sobre o que quer conversar? (Linka questionou)
- Quero te pedir perdão.
- Perdão pelo quê?
- Por ter rasgado o tecido. Acredite em mim, não fiz isso de propósito. Sinto muito por ter te colocado nessa situação constrangedora.
- Não precisa se desculpar, eu acredito que você não teve intenção. A culpa disso tudo é da Doutora Blight.
- Você tem razão.
- Era só isso o que queria me dizer?
- Na verdade, não. Eu te devo desculpas por mais outra coisa. (O rapaz revelou)
- Pelo quê?
- Assim que encolhemos no meio daquela floresta, rasguei um pedaço de tecido para me cobrir. Quando você foi fazer o mesmo, coloquei as mãos sobre o rosto mas confesso que tentei espiar por entre os meus dedos.
- O quê? Como pôde fazer isso comigo? (A garota perguntou, com o rosto visivelmente corado)
- Sei que o que fiz foi errado, Linka. Entendo perfeitamente se não quiser me perdoar. Não fique envergonhada, eu não consegui ver nada porque você estava embaixo das roupas.
- Ainda bem. O que você fez foi errado mas assim como você me perdoou, eu também eu te perdoo.
- Obrigado. Agora sim você deve estar achando que eu sou um tarado, não é? (Ele disse com a cabeça baixa, completamente arrependido)
- Não, Wheeler. O que você fez foi errado sim porém tenho certeza de você agiu sem pensar, deve ter sido movido por uma curiosidade típica da adolescência.
- Sim, foi por isso. Sei que não é justificativa para meu erro mas agi sem pensar mesmo. Só que recebi meu castigo.
- Que castigo? (A russa perguntou com curiosidade)
- Quando estava no laboratório procurando um antídoto, a Blight me capturou e me colocou em um recipiente de vidro junto com alguns sapos. Pouco depois, o efeito do soro passou e voltei ao meu tamanho normal. Só que o tecido que eu usava na cintura era pequeno e se rasgou no processo.
- E aí você ficou nu na frente da Blight?
- Sim.
- Eu sinto muito, imagino a vergonha que você sentiu. (Linka falou com sinceridade)
- Obrigado.
- Quanto tempo você ficou assim?
- Apenas alguns segundos. Olhei para o lado, vi um jaleco e o amarrei na minha cintura.
- Ainda bem.
- Espere, ainda tem mais. Essa não foi a pior parte.
- O que pode ser pior que isso? (A garota que já estava com o rosto corado)
- A Blight sorrindo maliciosamente enquanto dizia que eu não precisava ser tímido, para não me preocupar com o fato de estar pelado porque ela é médica.
- Que mulher nojenta, lamento que tenha passado por isso. Deve ter sido muito constrangedor.
- Foi mesmo. Nem sei como vou conseguir olhar na cara dela quando nos encontrarmos novamente. (O rapaz disse visivelmente envergonhado)
- Sei que é difícil mas tente não pensar nisso.
- Vou tentar.
- E não pense que ter passado por tudo isso foi um castigo. Essa mulher é louca, faria o mesmo com qualquer um.
- Pode ser. Vamos lá para fora? Os outros devem estar preocupados. (Ele sugeriu)
- Sim, vamos.
Wheeler colocou Linka de volta no bolso da camisa, levantou-se da cadeira e começou a caminhar em direção à porta do quarto.
- Espere, Wheeler.
- O que houve?
Ao invés de responder, a moça devolveu a seguinte pergunta:
- O que você sentiu quando o efeito do soro passou?
- Uma sensação esquisita, é difícil de explicar. Foi muito rápida, quando percebi já estava voltando ao meu tamanho normal.
- Ai não! (A russa exclamou)
O efeito do soro começou a passar e Linka estava voltando ao seu tamanho real. O bolso da camisa do rapaz já não era capaz de comportar a garota. Ele se rasgou e o peso fez com que o corpo de Wheeler se inclinasse para frente. Assim, quando a russa finalmente voltou ao seu tamanho normal, caiu de costas no chão e o americano caiu em cima dela.
Nenhum dos dois se machucou porém, Linka estava completamente nua novamente e com Wheeler em cima dela. Seu rosto estava muito corado, não conseguia nem mesmo tentar disfarçar a vergonha que estava sentindo. Os olhos do ruivo estavam a pouco centímetros dos olhos da loira. Então, o ângulo de visão não permitiu que ele a visse nua, embora soubesse que essa era a condição atual da mesma.
Constrangimento era a palavra que melhor definia o que os dois protetores sentiram naquele momento. Seus olhares estavam fixos, podiam sentir os batimentos cardíacos acelerados e visualizar a expressão envergonhada um do outro. O nervosismo fazia com que aquele silêncio de meio minuto parecesse uma eternidade. Por fim, apesar de não mover um único dedo, a garota se pronunciou:
- Desculpe, Wheeler.
- Não precisa se desculpar, você não tinha como prever quando o efeito ia passar. Espero que eu não tenha te machucado.
- Não me machucou. E você, está bem?
- Estou. Fique calma. Vou resolver isso da melhor forma possível.
Wheeler esticou seu braço e puxou a colcha que forrava a cama de Linka. Em seguida, usou o pano para cobrir os olhos e só assim levantou-se de cima da moça. Virou de costas e jogou o tecido no chão.
- Use isso por enquanto.
- Ok. (Ela assentiu e começou a enrolar o pano em seu corpo.)
Wheeler saiu do quarto e já do lado de fora, disse:
- Me espere aqui. Já volto.
Ele foi até seu quarto, abriu uma gaveta de seu armário, escolheu uma muda de roupa e trouxe para a garota. Linka abriu a porta, pegou e agradeceu. Minutos mais tarde, saiu do cômodo.
- Até que não ficou tão ruim, baby. Essa roupa ficou melhor em você do que em mim! (O americano caçoou e conseguiu arrancar um sorriso discreto da sua colega russa)
- Muito engraçado, Wheeler. Pelo menos, é melhor do que ficar nua ou vestir aquela colcha.
- Com certeza. Vamos lá para fora. Peça à Gi para te emprestar uma roupa dela que eu vou pedir ao Cap para procurar as suas chaves naquela floresta.
- Obrigada. É uma boa ideia.
- Que bom, então vamos.
O ruivo disse enquanto caminhava em direção à porta. No entanto, foi surpreendido pela loira que o puxou pelo braço esquerdo.
- Obrigada, Wheeler. Você tinha razão. Eu estava enganada a seu respeito. Você teve duas chances para se aproveitar de mim e não o fez.
- Não precisa agradecer, só fiz o que tinha que fazer.
- Eu preciso agradecer sim. A maioria dos rapazes teria agido de uma maneira diferente. Tive sorte de estar com você e não com um deles. O respeito que você demonstrou é muito raro hoje em dia.
- Eu sei que é mas não pense que sou de ferro. Quando você caiu em cima de mim, pude ver sua boca bem próxima da minha. Não sabe o quanto senti vontade de te beijar. (Ele revelou)
- E por que não beijou? (Ela perguntou)
- Não é óbvio? Se eu fizesse isso, você pensaria que estava tentando me aproveitar da situação e que o beijo seria apenas o "começo", entende? Não podia cometer mais esse erro com você. Então, me controlei e afastei aquele desejo da minha mente.
- Entendi. Obrigada mais uma vez.
- De nada. O que eu mais quero é que você não tenha uma imagem ruim a meu respeito. Não sou um monstro, Linka. A minha mãe me ensinou boas maneiras, me ensinou a respeitar as mulheres. Não sou perfeito mas também não sou e nem nunca vou ser um cafajeste.
- Eu sei disso, ianque. Acredito em você. Nunca vou esquecer esse dia.
Após dizer isso, Linka deu um abraço bem apertado em Wheeler. Era um gesto que simbolizava carinho e gratidão. Quando este chegou ao fim, a detentora do Anel do Vento beijou o detentor do Anel do Fogo e foi correspondida. Depois, caminhou em direção à porta. O rapaz ainda incrédulo com o que havia acabado de acontecer, levou sua mão direita aos lábios e sussurrou para si mesmo:
- Eu também não vou esquecer esse dia, baby.
