Presente Mágico
"Mihoshi? Você está aí? Cheguei em casa." Kiyone chamou da porta do apartamento quando tirava seus sapatos. Mihoshi a veio recebê-la da cozinha.
"Kiyone, bem-vinda. Chegou mais cedo? Pensei que ia fazer hora extra."
"Ah, eu ia, mas consegui terminar o relatório mais cedo e recebi um bônus do serviço. Contente que cheguei?"
"Ah, e demais. Sabe como fico feliz de você chegar são e segura em casa."
Kiyone via como sua melhor amiga e colega de apartamento se mostrava radiante. Via-se bem que não mudara nada desde o tempo de colégio e por maiores que fossem as mancadas que ocasionalmente causava, não trocaria a amizade dela por nada ou ninguém.
"Ah, como é bom estar em casa. Olha, depois do jantar, a gente podia..." Foi aí que algo chamou sua atenção: um enorme embrulho encostado na parede ao lado do espelho ainda com o papel intacto. Vendo tal objeto, já se dirigiu para Mihoshi. "Escuta. O que é isso aí?"
"Ora, o quê. É um pacote enorme."
"Sim, eu vejo que é um pacote e bem grande, mas o que há nele? Você comprou algo sem me contar?"
"Não. Pensei que você pudesse me esclarecer."
"Eu?" Via-se bem a cara de confusa expressada pela jovem de cabelo verde mais longo pra direita.
"Sim, pois sei que não pedi nada. Estava limpando o banheiro quando escutei a campainha e ao atender, só tinha esse embrulho, sem viva alma por perto. Levei pra dentro e vi estar endereçado pra gente."
"Você disse...pra nós?" Kiyone foi até o pacote e notou escrito em cima seu nome e o de Mihoshi, além do endereço. Não tinha selo, remetente, nota de entrega ou similar. Tinha algo estranho naquela situação e apesar de geralmente ser Mihoshi a que ficava sem ideia do ocorrido, desta vez Kiyone sentiu-se perdida.
"Não abri até agora porque pensei que fosse um engano, mas liguei pra várias transportadoras e nenhuma confirmou que realizou a entrega. Resolvi esperar você chegar pra decidirmos juntas o que fazer."
"Fez muito bem. Olha, talvez tenha sido mandado pra nós mesmo, porém nem imagino o por quê."
"Ei, quem sabe não seja de um admirador secreto. Alguém que gosta de nós e quis ser gentil." Mihoshi expressou com alegria, recordando-se de como ela e sua amiga tinha tantos rapazes e admiradores na escola, indo como uma parada por trás delas. Kiyone pensou poder ser uma bobagem, mas lembrando também de sua popularidade, não havia como descartar a ideia da amiga.
"Hmmm. Pode ter razão, Mihoshi, e sendo que veio pra nós, acho que não fará mal vermos o que é. Me dá uma mãozinha aqui."
As duas garotas pegaram o pacote e pra sua surpresa, não parecia pesar tanto considerando seu tamanho. Puxando-o pro meio da sala assim que afastaram a mesinha e as poltrona, deitaram com cuidado o volume. Tirando papel com cautela, tomando o máximo de cuidado pra não estragar, viram que tinha uma grande caixa de plástico azul-roxo bem forte por baixo. Sem qualquer indicação ou logotipo, tudo que tinha era um botão onde devia ter o feixe. Mihoshi o apertou e a tampa se ergueu. o que tinha lá fez a loira pular de pavor nos braço da companheira: era uma garota deitada com belos seios, olhos verdes-jade e uma vasta e linda cabeleira preta, não vestindo nada além de um biquíni laranja com argolas na calcinha.
"AHHH. UM CADAVER. UM CADÁVER." Mihoshi esperneava como uma criança enquanto se segurava firme na cabeça de Kiyone, que por sua vez, viu melhor do que se tratava e franzindo o cenho, derrubou a moça assustada uma poltrona.
"Mihoshi, para com esse chilique. Não tá vendo que é só uma boneca? Bem grandinha e realista, claro, mas não passa de uma boneca inofensiva."
"Uma, uma...boneca?" Recuperada do susto, Mihoshi viu ser na real uma boneca em tamanho humano. Um tanto constrangida, pôs a ponta da língua pra fora em embaraço. Kiyone só sorriu e veio pra perto da boneca.
"Uau. Que incrível. Deve ser uma dessas novas bonecas sexuais de silicone. Repara só como é bem feita."
"Sim, é verdade. Parece uma moça deitada. É bem lisa de tocar e veja só esses peitos. Dá até inveja se comparado aos nossos."
"Ah, Mihoshi. Deixe de ser boba. Eles podem até ser bem feitos, mas duvido que sejam tão bom quanto os meus ou os seus. Quer dizer, não que devesse comparar nossos dotes a uma...isso é, são bonitos e grandes, mas...mas...Ah, tá vendo, Mihoshi? Você me deixa maluca."
"Me desculpa, Kiyone. Não fica brava." A loira bronzeada suplicou com as mãos juntas, mas sua amiga apenas suspirou e lhe colocou a mão no rosto.
"Tá, tudo bem. Não foi nada. Bem, como não temos como saber quem mandou ou se e quando virão buscá-la, creio que podemos ficar com ela. Alguma sugestão de como usá-la?"
"Poderíamos, hmmm...usar como cabide na entrada pra chapéus e casacos ou..." Mihoshi pegou a boneca e vendo ser mais leve do que parecia e bem articulada, a levou pro sofá, pondo-a de quatro. "Que tal um descanso pros pés? Muito prático pra quando se volta do serviço e precisa relaxar."
"Esse me parece um uso bem útil e pra ter certeza..." Kiyone sentou-se e ergueu os pés, descendo-os nas costas da boneca. "Uau, que gostoso. Nada como descansar os pés numa boa camada de silicone pra sumir com o estresse."
"Então ficamos com ela?"
"Ficamos, sim. Aliás, como toda boneca, ela devia ter um nome. Quer dar um?"
"Sim, quero, e tenho o nome perfeito: Koko. Gostou?"
"Caiu muito bem. Depois a gente vê na caixa se achamos algo sobre ela. Ah, e com o bônus gordo que ganhei, creio que dê pra sairmos hoje. Que tal um karaokê e um boliche?"
"Eu amei. Vou tomar um banho e terminar o jantar. Daí, saímos." Mihoshi falou empolgada, indo rápido pro banheiro.
Kiyone não fez nada além de ficar com suas pernas apoiadas na boneca realista que tinha chegado, tentando só relaxar. Nunca tinha sentido um toque tão macio quanto o daquela boneca. Como quem não quer nada, deu uma boa visualizada na figura.
"Puxa vida. Esse pessoal que trabalha em artigos eróticos estão indo cada vez mais longe. Sei que é só uma boneca, mas..." Tirando os pés de cima, Kiyone agarrou a figura de Koko e a trouxe pro sofá, sentando-a do seu lado.
"Rapaz, como é bem feita. Se não estivesse ciente de que é só uma boneca bem grande, eu juraria ser de verdade. E como são grandes os peitos. Será que...? Ah, uma apertadinha não fará mal algum."
Kiyone deslizou as mãos por dentro do biquíni e sentia a maciez daqueles peitos siliconizados. Não foi nenhuma surpresa ao notar os mamilos de Koko que tinham tudo pra serem bem reais. Sem se dar conta sobre o que fazia, a jovem ia se esfregando com leveza e sons sensuais iam saindo de seus lábios a cada passada e toque dado na boneca.
"Ohhh, que esquisito. Quanto mais toco na boneca, mais parece ter um desejo crescendo em meu íntimo. Nunca fui chegada em mulheres, mas começo a entender como é delicado e delicioso o corpo de outra, mesmo sendo artificial."
"Ei, Kiyone." Escutou-se uma voz leve e ao abriu os olhos, era Mihoshi somente de toalha diante da companheira. Kiyone se apavorou e foi pro outro canto do sofá, escondendo a cara de vergonha.
"Mi-Mihoshi? P-pensei que ia tomar banho."
"E ia, mas fui pegar o condicionador no quarto e foi aí que...ei, você está bem?"
"Q-quem, eu? Se estou bem? Você me viu tocando na Koko como se fosse uma amante e quer saber...se estou bem?"
"Sim, claro. Interrompi algo? Ah, perdão, Kiyone. Fiz outra besteira? Não quis me meter, mas parecia se divertir com a Koko e...não quis atrapalhar."
Era não dava pra engolir. Ou Mihoshi era mais tonta do que se imaginava ou bastante ingênua. Seja como for, sabia que ela não teve culpa por sua atitude. Notando como sua amiga mostrava-se um tanto sem graça, Mihoshi lhe segurou a mão, trazendo-a pra junto dela.
"Kiyone. Não fica desse jeito. Sei que devia te dito algo, mas você parecia estar gostando de mexer na Koko que, com franqueza, me deu vontade de participar."
"É sério isso? Mihoshi, não te incomoda de me ver...quase fazendo sexo com uma boneca de silicone como se fosse uma mulher de verdade?"
"Por que deveria? Não fazem desse tipo de boneca para quem tem desejos sexuais? Até você e eu podemos ter esse tipo de desejo e depois, não vejo muita diferença entre homem e mulher e sendo honesta, algumas vezes já sonhei em ser tocada assim por uma mulher, mas somente por uma de quem eu gosto."
"Sério? Sem brincadeira? E eu conheço...essa mulher?" Mihoshi mostrou ter a face tão rubra quanto de sua amiga, mas abriu o jogo.
"Sim, claro. Você, Kiyone. Sempre quis que me tocasse, me lambesse...me beijasse."
"Eu? Bem, não sabia como gostava tanto de mim e se quer isso...está bem. Eu...faço amor com você."
"Jura? Que legal. Que legal. Senta aqui e vamos começar. Koko, você vai conosco?" Naturalmente, a boneca sexual não disse nada, mas pareceu haver um brilho minúsculo saído dos olhos de jade.
"Ei, notou como os olhos brilharam?"
"Deve ser um reflexo da luz da sala ou algo assim. E então, Mihoshi? Quer começar?"
Expressando um 'sim' com um balançar de cabeça, a moça loira iniciou chupando o seio exposto de Koko, percebendo como o gosto impregnado no silicone se assemelhava a caramelo, provavelmente uma melhoria feita pra deixar mais agradável a sensação de lamber o corpo da boneca. Kiyone ia de onde tinha parado e imitando o gesto de sua melhor amiga, notou como a pele artificial tinha sabor gostoso. Sentia como se chupasse uma grande bala caramelada e a maciez daquele grande peito só aumentava a expectativa.
Cada uma ia se esfregando com lentidão no belo corpo da boneca sexual, desejando só aumentar a vontade de cobrir seus corpos de prazer e sensualidade. Mihoshi não perdeu tempo e tirou a toalha do corpo, expondo sua silhueta bronzeada e bem torneada. Kiyone também se despiu e embora não ostentasse características tão marcantes, Mihoshi ainda daquela forma a achava muito bonita.
"Kiyone. Preciso dizer como está em perfeita forma. Parece uma atleta olímpica."
"Oh, Mihoshi. Vindo de você, sei que é uma resposta honesta e igualando a honestidade, amo esse seu visual bronzeado com os olhos azuis. Queimo de tesão."
"Também ficou cheia de paixão. Me beija, querida." Kiyone acatou o pedido e por cima do ombro de Koko, esticou o pescoço até chegar ao rosto de Mihoshi, beijando-a com toda emoção. Se passando alguns segundos, as duas se afastaram, não exibindo nada senão o aumento de paixão entre ambas devido ao beijo.
Prosseguiram com sua transa acariciando a boneca Koko cada vez mais, esfregando seus corpos com mais afinco, como se aguardassem a instante certo de chegarem ao ponto decisivo.
Esse ponto se deu ao se darem as mãos quando iam mexer no ventre de Koko. Percebendo terem a mesma ação em mente, não perderam tempo e juntaram-se num imenso abraço, tocando suas peles quentes e vivas e descendo até o tapete.
"Hmmm. Está bem na hora. Mihoshi, me deixa te possuir."
"Eu deixo, Kiyone, mas sinto faltar algo...Ah, espera um bocadinho." Mihoshi alcançou Koko e sem hesitar, lhe tirou o biquíni. Vestiu a calcinha e deu o top pra sua amante. "Não sei se tem alguma mágica que nos deixou com todo essa paixão, mas se tiver, quem sabe vestindo o biquíni dela nos encha de mais vontade."
"Talvez seja possível ou não seja, mas aceito tudo pra aumentar meu fogo." Kiyone vestiu o top e expôs seus seios para fora, permitindo a sua companheira vê-los e prová-los. "Agora vem. Me enche de mais prazer, meu docinho de canela."
"Seu desejo é uma ordem, minha bolachinha de menta." A loira puxou sua parceira, levantando-a até ela e com outro beijo, a conduziu até seu quarto e fechou a porta, sem esquecer de desligar os celulares e o telefone pra não serem perturbadas. Após esse feito...só se podia imaginar o que estariam fazendo no quarto fechado pelos murmúrios e gemidos expressados.
Horas depois, Kiyone via-se deitada com Mihoshi descansando o rosto em seu seio exposto e cheirando seu cabelo. Seu rosto dava a impressão de como deve ter sido divertido e satisfatório cada minuto que passou ao lado de sua doce amante e Mihoshi tinha opinião igual sobre ela, também.
"Unfff. Como foi gostoso. Me conta, Mihoshi. Foi bom para você?"
"Se foi bom? Não, foi fantástico. Preciso dizer que nunca tive um sexo tão quente ou cheio de energia como esse. Já estive na cama com um ou dois rapazes, mas nada que fosse capaz de igualar o que tivemos."
"Sinto a mesma coisa, querida. Compreendo agora de por quê um rapaz achar tão energética a sensação se sentir um corpo feminino no sexo. Confesso de todo coração não ser lésbica, mas me sinto muito atraída por você. Obrigada, Mihoshi. Eu te amo."
Só por ter escutado aquelas 3 simples palavras, Mihoshi notou como seu coração batia acelerado e ficava feliz de ter sua emoção correspondida à aquela mulher que não foi apenas sua grande amiga ao longo dos anos, mas que lhe acendeu o fogo de seu amor. Achegou-se mais perto e passou seu braço pelas costas, aumentando a força amorosa do abraço.
"Também te amo, Kiyone. Nunca vou querer ficar longe de você."
"Nem eu de você. Aí, o que acha de pegarmos a Koko e trazê-la pra mais um round? Engraçado ter sido justamente uma boneca sexual que avivou nosso amor."
"Boa ideia, e estou tendo umas ideias pra nos divertir à três. Vamos lá." As duas saíram da cama e se dirigiram para a sala, mas ao chegarem, notaram que a caixa que guardava Koko e até a própria boneca tinham sumido. Não tinha qualquer vestígio presente, nem sequer partes do papel do embrulho. Ambas ficaram perplexas.
"Kiyone. Ela...ela desapareceu. Até a caixa dela sumiu."
"Não dá pra acreditar. Parece até mágica. Foi como se nunca tivesse estado aqui. Mihoshi, será que tudo foi...um sonho?"
"Se foi, deve ser o mais real que tivemos, mas não acredito. Veja o que estamos ainda vestindo." A inocente loira exibia a calcinha de biquíni que tomara da boneca e Kiyone ainda ostentava o top alaranjado combinando.
"Nossa. Que baita loucura. Alguma explicação deve ter."
"Será que alguma deusa do amor notou os sentimentos que tínhamos, mas que estávamos com medo demais pra expressarmos e nos enviou a Koko como um estímulo pra liberamos nossa paixão oculta?"
"Mihoshi, essa parece saído de um filme, livro ou desenho animado, mas concordo ser uma teoria muito bonita." Kiyone beijou Mihoshi no rosto. "Olha, não é muito tarde. Ainda dá tempo de sairmos pra um karaokê se você quiser."
"Bem, Kiyone. Acho que prefiro...fazer um pouco mais de amor com você. Que tal um banho juntas? Eu lavo suas costas."
"Me parece ótimo. Vamos pegar o condicionador."
"Kiyone?"
"Sim, Mihoshi?"
"Agora então...somos namoradas?"
"Sim. Eu, sem duvida de nada, quero namorar você."
"Que bom. Significa que...podemos dormir na mesma cama todas as noites?"
"Sim, claro que sim. Talvez possamos comprar uma cama de casal."
"Gostei da sugestão. Realmente não sei quem nos mandou Koko, mas seja quem for, eu queria agradecer, e espero que Koko possa ser de grande ajuda pra outras pessoas que tenham dificuldade em se expressarem para quem se ama."
"Faço minhas as suas palavras, meu doce. Faço minhas as suas palavras." Kiyone sorriu e deu mais um beijo carinhoso em sua namorada, indo com ela pro banheiro.
Em outro lugar, na região mais rica de Tokyo, um bater de porta chamou a atenção da proprietária de uma ostentosa mansão. Indo ver, não encontrou sinal de qualquer pessoa, exceto o imenso volume embrulhado ao lado da porta. Neste momento, uma garota veio por trás dela.
"Ei. Por acaso escutei alguém bater na porta?"
"Creio eu que sim, mas não há ninguém por perto, exceto isso que parece ser uma encomenda. Você comprou alguma coisa?"
"Não, eu juro, mas deve ser pra gente, pois olha nossos nomes ali em cima."
A garota examinou a escrita e confirmou ser o nome dela e o de sua amiga. Com um gesto de 'venha', a amiga veio pra perto e a auxiliou no carregar do pacote.
"Caramba. Não parece muito pesado, embora o tamanho pareça dizer o contrário. De quem será?"
"Sei lá. Deve ter sido entregue por engano ou temos algum admirador." As duas moças entraram em casa e fecharam a porta.
"Hmmm. Acha que pode ser o quê, Saori?"
"Só resta um método pra sabermos: abrirmos, Shina." E a imagem da porta da mansão foi se distanciando, deixando as duas amigas curiosas sobre o conteúdo daquele misterioso pacote, sem imaginarem o que viria a se dar em suas vidas, como se deu com Mihoshi e Kiyone.
FIM.
