— Eu não deixei a maldita porta aberta! — Edward afirmou pela quinta vez naquela manhã. — O que é preciso para que você acredite em mim?
— É uma mania, Edward — disse calmamente, tentando controlar ao máximo o estresse fervilhando em meus nervos. — Mudamos de casa há pouco tempo, talvez você inconscientemente pense que não precisa mais manter os cuidados que tínhamos em Austin.
— Acha que eu seria tão estúpido de cometer o mesmo erro quando isso quase nos custou tudo? — Seu tom deixou escapar o sentimento de culpa e aquilo cutucou algum lugar profundo do meu peito. — Escute, sei que pensa que estou lidando com isso melhor do que você, mas não estou. Não há um só dia em que aquele pesadelo não venha me assombrar, provavelmente irá me perseguir pelo resto da vida. Isso significa que seja lá qual foram os hábitos de segurança que criamos antes… eu simplesmente não consigo abandoná-los, nem pretendo.
Encarei aqueles olhos que tanto amava e encontrei apenas a sinceridade profunda e cristalina. Edward parecia estar tão perturbado quanto eu, mas ele sempre fora melhor em controlar os ânimos, não entrava em colapso com o simples bater de janelas como eu. Ele estava tentando corajosamente deixar o passado para trás e eu poderia fazer o mesmo, eu deveria fazer o mesmo.
O medo havia nos visitado noite passada.
Até então, imaginava que eu estava imersa na tentativa de seguir em frente, tão focada em meu objetivo que poderia superar um susto com um leve dar de ombros, mas não foi o que aconteceu. Em vez disso, o pânico tomou conta e ofuscou todo e qualquer senso de autopreservação, em minha cabeça apenas martelava a ideia de minha família dormindo no segundo andar e de como eu precisava protegê-los a todo custo.
Avancei para a noite escura, tremendo.
Minha respiração falhava a cada rangido da madeira antiga enquanto meus pés afundavam cuidadosamente na soleira da porta, seguindo em frente enquanto forçava meus olhos a enxergar o mínimo sinal de um intruso em meio a escuridão. Mas não havia nada. Nem mesmo pegadas marcavam a terra clara na entrada, nenhum som me cercava além dos ventos uivantes e do campo de lavanda se movendo na direção da brisa.
O completo vazio fez os pelos de meus braços se arrepiarem.
Retornei para dentro e tranquei a porta com os dedos trêmulos, meu coração praticamente saltando para fora da boca enquanto disparava até às escadas ainda segurando o atiçador de fogo como uma arma inútil que provavelmente não teria qualquer sucesso em utilizar. Acordei Edward num sobressalto quando invadi o quarto, cuspindo uma série de alardes que juntos pareciam fazer menos sentido do que em minha mente e ele sequer me esperou terminar de falar antes de simplesmente correr para o quarto de nossa filha.
Marie continuava adormecida tranquilamente, do mesmo jeito que eu havia a colocado no berço de madeira, alheia a bolha de terror que se formara ao nosso redor. Depois disso, olhamos em cada cômodo da nova casa, buscando pelo menor indício de que alguém além de nós estava ali, Edward seguiu na frente e empurrava meu corpo para trás do seu cada vez que acendia os interruptores.
Não encontramos absolutamente nada.
Passava das três da madrugada quando Edward concluiu que estávamos seguros e resolveu retornar para a cama, me incentivando a fazer o mesmo. No entanto, fiquei para trás encolhida em uma poltrona na sala de estar, o ferro ainda em mãos enquanto encarava a porta no escuro por horas. Permaneci acordada até que o sol emergisse das nuvens no horizonte, pincelando o céu em tons de dourado e amarelo manteiga, iluminando a imensidão púrpura dos campos.
— Acredito em você — disse com sinceridade. — Mas, como isso foi acontecer?
— Eu não sei — admitiu, deslizando a mão pelos fios de bronze rebeldes. — Talvez a tranca da porta esteja com defeito, sabemos que a casa é antiga. Posso ir até a cidade e comprar novas para instalar hoje mesmo.
— Faça isso, por favor.
Edward assentiu e voltou a brincar com Marie sentada em seu colo, a bebê mantinha sua atenção e mãozinhas no pequeno cavalinho entalhado de madeira que seu pai esculpiu quando era criança. No fundo, sabia que Edward se sentia em casa mais do que eu, ele havia crescido no campo antes de tentar a sorte na capital, lidava muito melhor com a tranquilidade da fazenda e, por mais que jamais admitisse, sentia que ele estava feliz com a ideia de criar nossa filha naquele lugar.
Inspirei fundo, mantendo minha atenção para o movimento ritmado da faca sobre as cenouras na tábua de cortar quando falei.
— Sinto muito pelo o que aconteceu essa noite, eu não deveria ter reagido de forma tão… exagerada. Ainda não consigo me desprender da necessidade de ficar em alerta o tempo todo.
— Não estamos mais em Austin, Bella — ele suspirou. — Estamos seguros.
— Eu sei, foi apenas um susto. Apenas isso.
— Vai precisar se acostumar, sabe. Eu começo a trabalhar no jornal na segunda e você vai passar os dias da semana sozinha com a Marie aqui, não quero que fique assustada…
— Eu vou ficar bem — assegurei, me movendo até o fogão para varrer as cenouras picadas para a panela de água fervente. — Tenho muito o que fazer, de qualquer forma. Vou começar planejar como irei redecorar essa casa e… Bem, depois vou fazer isso com as próprias mãos. Então, acho que sequer irá sobrar algum tempo para alimentar as paranóias.
— Não são paranóias — ele franziu o cenho, balançando a cabeça. — Não diga isso.
Sorri de lado, puxando algumas folhas de alface do ramo para um recipiente de vidro na bancada.
— Você é muito gentil, às vezes.
— Não é proposital — disse ao me lançar uma piscadela presunçosa. — Mas, falando sério, eu não gosto da ideia de ir tão longe e deixar você aqui. Essa provavelmente vai ser a pior parte do meu dia.
— Vai precisar se acostumar, sabe — repeti suas palavras como uma espertinha.
Seus olhos se estreitaram na minha direção com um humor disfarçado. Me aproximei da mesa onde Edward estava sentado com um sorriso, inclinando-me para beijar seus lábios carinhosamente. Ele retribuiu com tanta entrega que eu soube que se não fosse pelo bebê entre nós, Edward teria cedido ao desejo e começado a me agarrar ali mesmo.
— Também vou sentir sua falta, meu amor — sussurrei contra sua boca antes de voltar para o fogão.
Retornei para o frango assado com legumes que preparava para o nosso primeiro almoço oficial na casa nova — afinal, não podia realmente chamar de almoço os sanduíches que comemos sobre caixas de papelão na sala no dia anterior. Conversávamos amenidades na cozinha quando a melodia da campainha tilintou pela casa, atraindo nossa atenção abruptamente.
Virei para Edward com desconfiança.
— Está esperando por alguém?
— Não que eu saiba.
Fitei o caminho até a porta por um instante antes de seguir para fora da cozinha, mas Edward se levantou da cadeira com Marie no colo, logo atrás de mim.
— Bella, deixe que eu atendo. Segure ela.
— Não, está tudo bem — lhe disse sobre o ombro e alcancei a porta, ficando na ponta dos pés para olhar através do olho-mágico.
Um casal pairava na soleira.
A primeira coisa que notei foi o grandalhão de ombros largos e cabelo liso e escuro, o homem devia ter a altura de Edward, mas os músculos criavam a ilusão de que ele era muito maior. O moreno sussurrou algo que não consegui distinguir para a mulher ao seu lado.
Ela era uma jovem esbelta, tão bonita quanto as estrelas de filmes dos anos 60, tinha grandes olhos castanhos e um cabelo loiro brilhante que ondulava até pouco abaixo dos seios fartos, razoavelmente escondidos pelo vestido amarelo pálido e floral que ela vestia. Todavia, foi a travessa com algo que não consegui distinguir em suas mãos que atraiu a minha atenção, dissolvendo toda a tensão pesando em meus ombros.
Inofensivos. Abri a porta.
— Olá, eu posso ajudar?
— Oh, olá — o moreno sorriu gentilmente para mim. — Eu sou Emmett McCarty e esta é minha esposa, Rosalie. Somos seus vizinhos da fazenda no início da estrada.
— Só passamos para dar as boas-vind… — A voz da loira se esvaiu no final da frase quando seus olhos recaíram para minha mão.
Para a faca de cozinha afiada reluzindo na luz do sol do meio-dia.
— Oh, desculpe! Eu não queria assustar, só estava… — Me atrapalhei ao esconder o objeto atrás das costas, corando violentamente enquanto Edward se aproximava para observá-los. Aquela era minha chance. — Bem, eu sou Bella Cullen e este é Edward, meu marido.
— É um prazer — Edward assumiu, estendendo sua mão livre para cumprimentar Emmett e acenar levemente para sua esposa com as mãos ocupadas. — Sinto muito, não estávamos esperando por visitas, nos pegaram desprevenidos.
— Disse ao Emm que não devíamos aparecer assim na hora do almoço — ela revirou os grandes olhos para o marido. — Mas, a reunião na igreja demorou muito além do previsto esta manhã e pensamos que poderiam precisar de alguma ajuda já que se mudaram há pouco tempo… Quer dizer, a cidade é pequena e acabamos ouvindo sobre sua chegada.
— Além disso, trouxemos sobremesa.
— É torta de chocolate? — Perguntei quando Rosalie me passou a travessa.
— Sim, é a minha favorita — Emmett me ofereceu seu lindo sorriso de covinhas. — Rose é uma confeiteira de mão cheia.
— Ah, pare com isso — ela balançou a cabeça, tocando o ombro de Emmett antes de se virar para nós. — Espero que gostem.
— Muito obrigada, nós com certeza vamos adorar.
— Por que não se juntam a nós no almoço? — Edward sugeriu, ignorando quando meu olhar hesitante recaiu sobre ele.
Rosalie balançou a cabeça.
— Não precisa, não queremos incomodar vocês.
— Não é incomodo nenhum. Na verdade, passamos muito tempo sozinhos aqui e seria ótimo ter alguma companhia, não é?
Edward me olhou com um pedido de permissão pairando nas entrelinhas, como se eu tivesse qualquer chance de negar e soar rude na frente dos vizinhos. Tentar. Eu precisava tentar.
— É claro! — Concordei, forçando um sorriso. — O frango está no forno. Não sei se sou a melhor das cozinheiras, mas acho que irão gostar.
— Ela gosta de ser modesta — Edward piscou para o casal e sorriu, abrindo caminho. — Venham, entrem. Sintam-se em casa.
— Bem, já que insistem — o moreno ergueu as sobrancelhas e afagou o próprio estômago sobre a camiseta de flanela antes de dar um passo para dentro.
— Obrigada — Rosalie disse timidamente ao passar por mim.
— Fiquem à vontade — foi tudo o que ofereci enquanto me acostumava com a ideia de receber estranhos em nosso lar.
Foi necessário apenas meia-hora de conversa para descobrirmos quantas coisas em comum tínhamos com aquele simpático casal. Cheguei rapidamente à conclusão de que apesar do tamanho intimidador, Emmett era um grande coração mole com um humor questionável, suas piadas ruins não faziam tanto sentido para mim, mas de alguma forma fizeram para o meu marido — já que ele andava pela casa rindo com o moreno feito uma criança na manhã de natal. Se deram tão bem que no fim da tarde já marcavam um fim de semana de pescaria no Rio Blanco, assim que a temporada de pesca começasse.
Enquanto eu ficava feliz por ver Edward encontrando uma companhia que lhe agradava na cidade, descobri minha própria familiaridade com a loira tão divergente de seu marido. Rosalie possuía uma alegria tranquila e singela, tinha seu próprio humor doce e contido que me fez sentir confortável na sua presença quase de imediato. Sua fascinação por Marie me incomodou no início, afinal ainda estava aprendendo a sair da bolha de superproteção pós-parto e — como não costumávamos receber tantas pessoas — aquilo havia se estendido por mais tempo que o recomendado.
Mas afrouxei as rédeas após um momento, me convencendo de que não deveria temer a mulher se estava tão disposta a ceder àquele recomeço. Até mesmo deixei que ela carregasse minha filha para mimá-la um pouco enquanto lhe servia chá gelado.
— Ela é linda — disse ao segurar Marie em pé sobre as suas coxas. — Parece com você e com Edward ao mesmo tempo… como uma misturinha perfeita.
— Vocês têm filhos?
O brilho em seu semblante diminuiu um pouco.
— Não, ainda não. Na verdade, estamos tentando há algum tempo… mas não sei. Talvez apenas não esteja nos planos de Deus.
— Sabe, vocês ainda são jovens. Edward e eu demoramos sete anos para ter a nossa primeira filha e, para ser sincera, não foi por falta de prática.
Rosalie riu para mim, então retornou sua atenção para a bebê dedilhando curiosamente seus cabelos dourados.
— Bem, deu muito certo para vocês. Veja essa coisinha fofa — Rosalie emendou um biquinho para Marie, fungando seu pescocinho e arrancando uma risada dela. — É muito bonita a sintonia de vocês, parece que se comunicam sem dizer uma palavra, isso é especial.
— Conheço Edward há muito tempo, mas às vezes parece uma vida inteira — sorri de lado, fatiando o bolo para colocar um pedaço em seu prato. — Não é assim com Emmett?
Não acreditava realmente que não fosse.
No pouco tempo em que passamos juntos, notei a forma como Emmett parecia carinhoso com a esposa, às vezes alisando suas costas ou o cabelo loiro metade preso para trás, às vezes beijando o alto de sua cabeça ou até mesmo na forma como seus olhos azuis brilhavam ao olhar para ela. Sem dúvidas, eram apaixonados um pelo outro.
— Tenho uma teoria de que cada casal possui um canal de comunicação. Ao que parece você e Edward se conhecem perfeitamente só pelo olhar, alguns dialogam muito bem, mas Emmett e eu… Quer dizer, a parte física se comunica melhor do que qualquer outra.
— Acho que entendi — disse ao dar um gole no chá, olhando-a sobre os cílios para seu sorriso malicioso. — Sexo é a palavra dos deuses.
— Sei que parece superficial para algumas pessoas, mas…
— Não, imagina — balancei a cabeça. — Vocês parecem se dar muito bem, eu acredito na sua teoria. Alguns casais se conectam melhor no sexo e, para falar a verdade, isso é muito importante.
Ainda que eu não estivesse muito presente nos últimos meses. Suspirei.
O sexo costumava ser parte fundamental do meu relacionamento. Edward e eu não tínhamos hora ou lugar específico, não quando o desejo e a necessidade era tudo o que corria por nossas veias. Por vezes, fui informada de que isso não duraria muito tempo, era apenas o início do casamento, todos diziam. Mas essa fase não passou após os anos e nunca teria passado se não fosse pelo trauma vivido em Austin.
Agora era apenas uma lembrança na minha mente.
— Bella? — Rosalie chamou minha atenção, aumentando o tom de voz. — Perdida em pensamentos?
— Oh, sim. Me desculpe — sorri, balançando a cabeça. — Acho que passo tanto tempo sozinha que continuo me distraindo com meus próprios pensamentos quando estou com alguém.
— Bem, se serve de consolo, em um mês você estará falando sozinha — ela disse com um encolher de ombros, envergonhada. — Foi assim comigo, eu era uma garota da cidade grande como você. Foi um martírio me acostumar com a quietude do campo, ainda mais com Emmett fora praticamente o dia todo.
— De onde você veio?
— Dallas. Eu trabalhava administrando uma floricultura que herdei dos meus pais, então um dia resolvi viajar até Blanco para conhecer o famoso Festival da Lavanda.
— E conheceu o Emmett, suponho.
— Sim, ele ainda era só o filho do dono da fazenda no estande de exibição. Acho que não preciso realmente explicar porquê me interessei por ele à primeira vista — ela sorriu, revirando os olhos. — O fato é que pouco tempo depois, eu estava vendendo a floricultura e juntando o dinheiro para comprarmos nossas próprias terras aqui em Blanco. Tudo o que vê é nosso agora.
Virei o rosto para observar através da janela da cozinha, admirando o vasto campo violáceo do lado de fora, era uma paisagem e tanto.
— Quem sabe algum dia Edward queira fazer o mesmo — comentei comigo mesma. — Deus sabe que ele cresceu em uma fazenda e ama essa vida.
— É um pouco solitário no início, mas você vai se acostumar — senti sua mão tocar a minha sobre a mesa de forma solidária. — Sabe, eu gostaria de visitá-la mais vezes, se não for incômodo. É que não posso dizer que tenho muitas amigas por aqui.
— Claro, não é nenhum incômodo — assenti, um pouco animada com a ideia. — Mas, por que você não tem amigas na cidade?
— Ah, Bella. Acho que as mulheres de Blanco não gostam muito de mim, talvez seja porque vim de outra cidade, acho que elas pensam que eu vou menosprezá-las por vir de um lugar maior ou algo assim — ela estalou a língua em chateação. — Emmett diz que é inveja, mas acho muito presunçoso da parte dele.
— Acho que ele tem motivos para pensar dessa forma — sorri, gesticulando para ela. Suas bochechas coraram levemente. — Mas, de qualquer forma, eu adoraria receber uma amiga mais vezes.
A empolgação que brilhou em seus olhos amendoados me fez sentir que havia uma luz no fim do túnel. Estávamos começando a criar raízes naquele lugar, amigos eram uma parte importante do processo de se sentir em casa e eu sabia que Edward estava fazendo o mesmo.
De repente, senti que viver ali poderia ser mais fácil do que imaginava.
Não tivemos mais surpresas nos próximos dias.
A visita de Rosalie e Emmett trouxe algum conforto a mais para nós e, de alguma forma, não insisti quando Edward se ofereceu para ir até a cidade comprar novas trancas, apenas lhe disse que não era mais necessário. Os dias eram tranquilos e silenciosos, nada além do som dos pássaros cantarolando nas árvores nos arredores da casa, embalando as manhãs e tardes até que o pôr-do-sol preguiçoso nos presenteasse com uma vista exuberante no horizonte.
Toda aquela sensação de comodidade e conforto me deu algum tempo para pensar sobre a conversa com Rosalie. Me orgulhava da conexão que tinha com meu marido, éramos como uma só alma compartilhada, mas ainda assim a inquietação que me perturbava dia e noite estava levando meus nervos ao limite. Acabei buscando qualquer tipo de distração para aliviar o estresse, desesperada para fugir um pouco de meus próprios bloqueios.
— O que está fazendo aqui? — Edward perguntou em uma tarde ao me encontrar revirando o celeiro feito um guaxinim. — Procurei você pela casa inteira.
— Resolvi sair para explorar hoje e veja só o que encontrei.
Apontei para a série de utensílios de construção e materiais que poderiam me ser muito úteis nos planos de reforma da casa, todos empilhados sobre a bancada de tábuas improvisada e alguns outros pendurados em ganchos de ferro nas paredes de madeira ou simplesmente jogados de canto no celeiro.
— Como podem simplesmente abandonar tudo isso aqui? — Murmurei, analisando os galões de tinta ainda lacrados e outros pela metade. — Algumas coisas parecem até novas.
— Nem todo mundo enxerga arte nisso tudo como você, amor.
— Acha que os antigos donos estavam planejando uma reforma e apenas desistiram?
— Não faço ideia, não fiz muitas perguntas a Carmen sobre os antigos proprietários. Na verdade, não achei que era importante.
— Isso pode nos poupar alguns dólares — sorri, empolgada quando Edward se aproximou para inspecionar tudo o que eu havia encontrado. — Eu posso usar para começar os ajustes esta semana mesmo.
— Não sabe como fico feliz de ouvir você animada com um novo projeto — ele sorriu de lado, abraçando minha cintura antes de sussurrar em meu ouvido. — É excitante.
— Me ouvir falar sobre tintas e reforma é excitante para você? — Eu ri, deslizando meus braços pela sua nuca enquanto encarava aqueles olhos verde-esmeralda.
— Sim. Eu poderia ouvir o dia inteiro, pelo resto da vida…
Ele se inclinou para um beijo carregado de luxúria, os braços fortes me envolveram para mais perto do seu corpo, para mais perto calor que corria pela pele macia enquanto sua língua invadia para dançar contra a minha. Foi apenas um instante até que eu esquecesse de onde estávamos, puxei seus cabelos da nuca entre os dedos, arfando quando Edward agarrou a parte de trás de minhas coxas e ergueu para o balcão improvisado de madeira, ignorei a aspereza da superfície quando as mãos grandes correram para minha bunda e cravaram os dedos ali para deixar sua marca.
O seu desejo era urgente, mas o meu não destoava muito disso.
Com os dedos trêmulos, comecei a desabotoar sua camisa para sentir as ondulações de seu peitoral em cada músculo torneado flexionando com os movimentos. Senti os batimentos de seu coração martelando contra o meu toque e um arrepio lhe percorreu, Edward desceu sua boca para o meu pescoço, acariciando-me com língua e dentes enquanto as mãos corriam para meus seios, massageando sobre o vestido com nenhuma delicadeza.
— Edward — soprei, sem fôlego, quando ele começou a soltar os botões de minha roupa, a boca retornando para a minha com uma fome insaciável.
— Hum?
— Marie… Ela pode acordar.
Ele abriu o vestido o suficiente para deslizá-lo pelos meus ombros, amontoando-o em minha cintura. A sensação de entrega que me tomou quando Edward afundou seus lábios em meu mamilo enquanto beliscava o outro entre os dedos quase me fez esquecer do que estava falando, toda minha concentração recaindo sobre o calor de sua boca me tomando e aquela chama cada vez mais aquecida entre minhas pernas.
— Ela não vai acordar agora — como se para me distrair, Edward sugou com mais força e ergueu os olhos sombrios para mim. Sustentei seu olhar enquanto sentia o leite escorrer pela minha pele em chamas, ele não pareceu se importar nem um pouco. — A menos que você queira que ela acorde…
— Não quero — balancei a cabeça com urgência, um gemido escapando de minha garganta quando ele desceu sua boca para o meu peito mais uma vez. — Não mesmo...
Um sorriso perverso curvou seus lábios e Edward ergueu a parte de baixo de meu vestido até a cintura, deslizando a calcinha por minhas pernas até atirá-la de lado. Ele agarrou em minhas coxas e jogou cada uma sobre os ombros quando se ajoelhou diante de mim. Segurei seu olhar predatório quando ele percorreu a língua da base ao meu ponto sensível dolorosamente lento, saboreando a umidade que brilhava na minha entrada como um bom provocador antes de mergulhar seu rosto de vez.
Agarrei em seus cabelos macios enquanto Edward ditava o seu próprio ritmo perfeito, arrancando de mim gemidos desavergonhados quando inclinei a cabeça para trás, me entregando ao prazer de ser chupada daquela maneira. Nada poderia ser melhor do que a forma como ele movimentava os lábios em meus nervos latentes, lambendo, sugando e mordiscando apenas o suficiente para me causar uma pontada de dor prazerosa. Nem mesmo os flashes que me apavoraram anteriormente foram capazes de nublar a minha mente naquele momento.
Em vez disso, uma frase ecoava ao fundo dos meus pensamentos como uma névoa da manhã.
Sexo é a palavra dos deuses.
Sim, aquilo era o mais próximo que eu poderia chegar dos céus enquanto vivesse. Era como me sentia quando a base do meu estômago se contraiu e meu centro latejou, seu ritmo não cessou quando comecei a rebolar contra sua boca. Edward deslizou dois de seus longos dedos para dentro de mim enquanto se banqueteava, sem pressa. A cada curva sua em meu interior fui levada além, movida para um orgasmo forte com um gemido tão alto que poderia ser ouvido até nos campos de lavanda.
— Deliciosa — ele murmurou contra minha entrada e emergiu os dedos brilhando de umidade, chupando-os para provar meu gosto antes de se erguer novamente. — Porra, Bella. Você é tão gostosa…
— Eu quero que me foda — a respiração rasgou minha garganta e minha voz mal passou de um mero som áspero quando agarrei em seus ombros, puxando-o na minha direção. — Quero…
— O que você quer?
Ele inclinou seu corpo sobre mim novamente, o rosto deslizava contra o meu, contra meu pescoço e clavícula enquanto ele depositava beijos castos em alguns pontos mais sensíveis que Edward bem conhecia. Sua respiração contra minha pele era como uma carícia direta no meu interior.
— Quer me sentir gozar dentro de você? — Sua voz baixa me provocou no ouvido e ele mordiscou o lóbulo de minha orelha. — Ou quer me provar?
Puxei o lábio inferior entre os dentes quando minha mão deslizou para seu membro rígido e grosso sobre a calça para envolvê-lo, comecei a movimentar para cima e para baixo enquanto seus olhos se fechavam, apreciando a sensação de meus dedos em volta dele.
— Quero você dentro de mim — confessei como uma amante desesperada, tocando-o com mais força sobre a roupa. — Quero que me foda forte e rápido. Agora.
— Tudo o que você quiser.
Minhas mãos por fim se livraram da sua calça, deixando-a cair aos seus pés para encarar o pau pulsando de necessidade. Edward envolveu a própria mão rudemente ao redor do eixo e então bombeou com força, espalhando a umidade na ponta sem tirar os olhos de mim. Só aquela imagem fez meus dedos dos pés de contorcerem.
Então, substituí sua mão pela minha quando envolvi minhas pernas ao redor dele, prendendo-o contra mim enquanto o masturbava da mesma forma antes de encaixá-lo para minha entrada, preenchendo-me completamente com seu calor sedoso e ardente. Senti sua mão calejada segurar meu quadril com força e a outra se enterrar em meu couro cabeludo quando Edward começou a empurrar fundo. Era desesperado e bruto, nada além da necessidade fervilhava em nossos corpos em combustão.
Fui guiada para uma espiral de prazer absoluto enquanto Edward escorregava para fora em um longo movimento, só para golpear mais fundo outra vez. Isso se repetiu várias e várias vezes, cada centímetro bem acomodado em meu núcleo em chamas como se tivéssemos sido criados um para o outro. Afundei minhas unhas em seus ombros largos, marcando-o como ele mesmo marcava meu pescoço enquanto seus dentes pressionavam minha pele clara.
Seus gemidos guturais ecoavam em mim feito uma corrente elétrica, penetrando tão fundo em minha carne como ele mesmo fazia a cada estocada. Me inclinei para tomar sua boca, saboreando meu próprio gosto como se fosse capaz de engolir todo o som de seu prazer enquanto Edward agarrava meu seio, ignorando o quão molhado aquilo estava se tornando, sua mão pressionava no mesmo ritmo do impacto de nossos corpos. De repente, senti meu interior se apertar e pulsar a cada golpe, me levando em direção ao abismo.
Em algum lugar do celeiro, o som esganiçado de metal raspando me arrancou parcialmente daquela nuvem prazerosa. Abri meus olhos para encarar as sombras logo atrás da pilha de madeira e toda a bagunça acumulada, mas foi difícil concentrar minha atenção em qualquer outra coisa que não fosse seu pau bombeando em mim.
— Ouviu... isso? — Consegui dizer, ainda que saísse como a sombra de um gemido manhoso.
— Você é tudo que eu quero ouvir, Bella — sua voz soou tão autoritária que eu alegremente retornei minha atenção para ele, rindo de sua necessidade ao trazer sua boca de volta para a minha.
O ritmo se tornou frenético até que o orgasmo me atingiu pela segunda vez, varrendo cada pensamento lúcido quando gritei com seu empurrão poderoso. O espasmo percorreu meu corpo para dissolver qualquer consciência existente, mas senti sua respiração travar quando Edward cerrou a mandíbula marcada e por fim se libertou, jorrando seu prazer no meu interior com um rugido profundo que tocou cada pedaço de mim.
Ficamos apenas lá parados e quase inconscientes, em algum momento nossa respiração se tornou ritmada e quase lagrimei quando Edward escorregou seu pau para fora de mim lentamente. Arqueei para trás na bancada, me apoiando nas mãos para observar meu próprio prazer refletido em seus belos olhos verdes.
— Acho que preciso falar sobre reformas mais vezes — brinquei, embora estivesse em êxtase demais para esboçar algum humor em meu semblante.
— Eu presunçosamente concordo com isso — ele sorriu de lado, vestindo-se outra vez e em seguida subindo o vestido por meus ombros de volta ao lugar.
Então parou, varrendo meus cabelos longos que grudavam no rosto e no colo úmido de suor antes de pousar suas mãos em minhas bochechas, me encarando intensamente. Soube o que viria apenas olhando para aquelas íris brilhantes.
— Senti a sua falta — sussurrou, o polegar acariciando meu rosto. — Senti mesmo.
E eu sabia do que ele estava falando.
— Eu também.
No domingo à noite, disse a mim mesma enquanto relaxava sobre o peito do meu marido depois de fazermos amor que ficar sozinha naquela casa enorme não seria tão difícil. Eu poderia me acostumar com o silêncio, poderia descobrir em algum momento que até mesmo gostava dele.
No entanto, quando a segunda-feira chegou e Edward teve de ir para seu primeiro dia de trabalho no jornal da cidade, percebi o quão insatisfeita eu estava com aquela separação. Em Austin, minha mãe costumava passar o dia comigo em casa ajudando a cuidar de Marie, em parte porque eu estava aprendendo a ser mãe e a outra é que eu simplesmente não conseguia ficar sozinha naquela casa sem ter um ataque de pânico imaginando quando alguém entraria pela janela.
Dessa forma, procurei por todas as maneiras possíveis de me manter ocupada e longe do tédio. Foi assim que acabei enfurnada no quarto de hóspedes no segundo andar durante a tarde chuvosa, o antigo rádio desgastado que finalmente tirei do armário de quinquilharias estava ligado em uma estação que funcionava entre ruídos enquanto eu ponderava sobre as paletas de cores variando em tons de verde sobre uma pequena mesa posta no meio do cômodo.
— O que você acha? — Perguntei inutilmente para Marie, presa a mim com uma amarração específica de tecido. A bebê apenas grunhiu enquanto as mãozinhas tateavam as paletas de cores, segurando o verde-claro entre os dedos. — Oh, essa era minha favorita também. Você tem um bom gosto.
Sorri para ela ao acariciar a sua cabeça e caminhei descalça sobre os jornais espalhados no chão. O cômodo ainda estava sem mobília para receber alguém, mas sabia que deveria cuidar de tudo antes que minha mãe resolvesse ligar para sugerir uma visita.
Olhei para os galões de tinta ainda lacrados que havia encontrado no celeiro agora empoleirados no canto do quarto, carregara todos para dentro da casa naquela manhã, indecisa entre as cores disponíveis. O verde não costumava me atrair tanto, mas estávamos cercados pelos tons terrosos característicos do campo e naquele caso pareceu uma boa opção.
— Tudo bem, você vai ficar aqui bem quietinha até eu terminar de pintar — disse enquanto deixava Marie no cercadinho em seu quarto, junto de seus brinquedos de pelúcia. — Mamãe não vai demorar, prometo.
Os grandes olhos castanhos e redondos me encararam e ela sorriu antes de desviar para os ursinhos, estendendo as mãos para pegá-los. Beijei o alto de sua testa antes de me mover de volta para o quarto de hóspedes com uma empolgação mais do que habitual.
As paredes estavam quase completamente cobertas pelo tom suave de verde quando parei para beber água, era minha segunda pausa naquela tarde chuvosa após Marie resolver que estava com fome, deixei-a dormindo no berço depois de alimentá-la e retornei ao trabalho em seguida. No entanto, enquanto descia as escadas para ir até a cozinha, ouvi batidas soando na madeira outra vez.
Reduzi os passos até parar de vez no meio do caminho. Franzi o cenho para aquele som abafado e distante, estranhamente familiar. Logo me lembrei da primeira vez em que visitamos aquele lugar, era o mesmo som que me atraíra naquela direção enquanto Edward e a corretora estavam distraídos no celeiro. Dei as costas para aquele barulho da primeira vez, mas me recusei a fazer o mesmo enquanto virava no corredor, me movendo com curiosidade até a porta que dava para o porão.
Não havia estado naquele lugar muitas vezes desde a mudança, exceto pela manhã anterior quando Edward e eu descemos para limpar o ambiente e deixá-lo pronto para o uso, já que eu obviamente passaria algum tempo ali. Era um espaço médio e, de certa forma, claustrofóbico, de um lado ficava a lavanderia modesta com uma máquina de lavar, a secadora e mais alguns cestos e armários onde agora eu guardava roupas de cama, toalhas e lençóis limpos. Do outro lado, a bagunça anterior se tornara apenas um amontoado minimamente organizado.
Mas ignorei aquilo e me concentrei em encontrar a origem daquele som. Forcei minha audição a ultrapassar aquela barreira silenciosa e por alguns minutos, a quietude fora tudo o que eu escutara, nada além do ruído da chuva do lado de fora até que outro ruído, dessa vez mais próximo, tomasse seu lugar.
Encarei a parede à esquerda, arregalando os olhos para aquele arranhar cristalino na pedra. Era totalmente diferente do som que havia me levado até ali, era baixo e aterrador. Engoli em seco e me aproximei da parede, a palma da mão suja de tinta estendida até tocar a superfície rugosa e cinzenta, pude sentir aquela leve vibração além da rigidez gélida, o movimento lacerante e inconstante acompanhava o ruído como uma combinação sombria que provocou um arrepio por minha espinha.
Como uma presença fantasma, um guinchar soou logo atrás das caixas e eu saltei para trás num rompante, me apoiando na lavadora ao desequilibrar quando um pequeno ratinho surgiu correndo no chão de cimento para uma fenda na parede do outro lado.
— Merda — xinguei, suspirando de alívio ao me apoiar nos joelhos. Meu coração martelava.
Então, meu olhar recaiu para os objetos na pequena pilha. Havia movido alguns itens que não usávamos com frequência em caixas etiquetadas para o porão, unindo elas com a bagunça dos antigos moradores. Edward havia insistido para jogarmos tudo no lixo, mas imaginei que os dois baús fossem me servir algum dia — uma mania fodida de acumuladora.
Avancei alguns passos até me ajoelhar para tocar o baú antigo, o metal em tom de bronze dos detalhes e da tranca já estavam desgastados, talvez uma reação provocada pela unidade daquele porão. Do mesmo jeito, abri a pequena fivela para revirar os objetos guardados, mas antes que abrisse ouvi Edward no andar de cima.
Seu assobio característico ecoando pelos cômodos me arrancou um sorriso, embora a ideia de tê-lo em casa antes da hora me pegasse de surpresa. Fiquei de pé e dei uma boa olhada no macacão bege repleto de manchas de tinta, minhas mãos e cabelo igualmente respingados de verde enquanto os fios rebeldes fugiam da longa trança em que os prendi.
Rapidamente larguei tudo e segui até as escadas, avançando descalça de dois em dois degraus até retornar para o corredor. Mas assim que parei na porta, o choque me tomou, arrancando toda aquela empolgação feito um soco no estômago.
A primeira coisa que me deparei fora com as janelas do corredor completamente abertas, suas folhas batendo brutalmente contra a parede e as cortinas balançando enquanto a tempestade molhava tudo dentro da casa. Corri para fechá-las, mas o piso de madeira estava tão molhado que escorreguei no meio do caminho, ignorando a pontada de dor que tencionou em meu joelho quando levantei rapidamente e segui para trancar as janelas.
A porta da frente e a dos fundos, além da janela da cozinha escancarada foram as próximas.
— Amor — gritei, trancando a última janela aberta enquanto lutava contra a corrente de ar gélido que açoitava meu rosto. — Edward!
Só então retornei para a sala, mas não houve uma só resposta vindo de qualquer lugar.
De repente, o choro esganiçado no segundo andar me fez disparar pelas escadas, tropeçando em alguns degraus enquanto corria para invadir o quarto. Quando parei na porta, me deparei com a grande janela do quarto aberta enquanto a tempestade avançava com a brisa cortante para cima do bebê gritando dentro do berço balançando. Rapidamente peguei Marie no colo, sem me importar com toda a sujeira de tinta enquanto recuava para longe da janela.
— Calma, meu amor — balancei o bebê levemente contra meu peito, apoiando sua cabeça junto de meu rosto para acalmá-la. — Shhh, está tudo bem. Eu estou aqui. Está tudo bem.
Encarei as cortinas balançando de jeito fantasmagórico enquanto a tempestade varria o campo do lado de fora. Eu não conseguia entender, havia trancado tudo mais cedo quando uma chuva fraca havia começado, era como se tivesse sido sugada para aquela tensão no porão de tal forma que apenas esqueci de todo o resto.
De qualquer forma, me senti culpada por apenas não cuidar da minha filha do jeito que deveria e aquilo me perturbou mais do que qualquer coisa enquanto seu choro se tornava apenas um grunhir fraco.
Então, meus olhos recaíram para o piso de linóleo do lado do berço. Em meio aos respingos de chuva, três pequenas manchas marcavam o brilho da madeira escura. Estreitei os olhos e avancei alguns passos, forçando a vista para enxergar as gotas de um vermelho escarlate conhecido a mim.
Fiquei ofegante ao esticar as pontas dos dedos para tocar o líquido denso, o rastro de pânico começava a surgir em fagulhas por todo o meu corpo quando fui tomada pela sensação úmida ao mesmo tempo em que as lembranças me arrastavam em direção ao buraco negro da depressão.
Cada flash de Edward caído me torturou de forma aterradora, a imagem de seus olhos vítreos quando retornei para encontrá-lo caído no chão do quarto na antiga casa, a forma como ele se forçou a olhar para mim, para minha barriga volumosa, como se não importasse que ele estivesse ferido, apenas com o fato de que sua família estava bem.
Arfei ao encarar o vermelho carmesim vívido tingindo meus dedos, a mesma cor que me assombraria para sempre com a ideia de perder meu marido.
Sangue.
