Capítulo 09 – Strike do coração

Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância

Música: Velha Infância - Tribalistas


"Uau! Veja isso!". Wilson estava admirado com a pista de boliche e com toda a estrutura do evento.

"Uau!". House falou sarcástico.

"Pare de ser ingrato, eu paguei seu ingresso e você terá comida e bebida grátis, além de presenciar a final do campeonato mundial do melhor esporte do mundo".

"Melhor esporte do mundo?".

"E tem belas mulheres aqui também".

House riu com desdém.

"O que você estaria fazendo agora que seria melhor do que isso?".

"Você quer que eu enumere por ordem alfabética?".

"Se enchendo de Vicodin? Assistindo a alguma novela chata? Pagando uma prostituta para sexo casual?".

"Tudo isso seria melhor, mas não".

"Então?".

"Eu estaria fazendo sexo quente com a Deusa do Ébano".

Wilson riu, mas House permaneceu sério.

"Vocês estão... sérios?".

"Estamos fazendo sexo quente e é isso o que importa".

"O que vocês são? Namorados?".

"Pra que rótulos? Que coisa mais antiga".

Nesse momento Wilson viu um dos atletas finalistas.

"Oh meu Deus. Ted Bourn, eu preciso de um autografo".

"Você vai sozinho então". House disse enquanto pegava alguns petiscos.

"Gosto de quem não torce para Ted". Uma mulher falou para House enquanto se aproximava.

"Eu não torço para ninguém".

"Uh, rebelde. Eu gosto disso".

"Eu vim aqui só pela comida, e pela bebida. E porque foi de graça".

Ela riu. "Adoro sua sinceridade. Lisa Rupert".

'Lisa', ele pensou já com saudades da outra Lisa.

"Greg House". Ele se apresentou e estendeu a mão.

"Você gosta de boliche?". A mulher perguntou.

"Só para diversão semanal com meu amigo, ele sim é fanático".

"Entendi. É uma pena".

Nesse momento Wilson se aproxima. "Uau! Lisa Rupert!".

"Ei. Você é o amigo desse sujeito interessante?". Lisa perguntou referindo-se a House.

"Sim, desculpe se ele foi grosseiro".

"Ei mãe...". House caçoou de seu amigo.

"Ele não foi, ele é muito... interessante". Lisa falou maliciosa.

Wilson arregalou os olhos.

"Preciso ir, tenho que me concentrar. Foi muito bom te conhecer Greg, eu espero te ver novamente".

"Dr. House". Wilson disse.

"Oh, um médico, você não para de me surpreender". Ela disse sorrindo e saiu.

"Essa tal de Lisa acabou de dar em cima de mim ou é impressão minha?". House perguntou divertido.

"Lisa Rupert é a melhor jogadora de boliche de todos os tempos". Wilson falou atônito.

"Uau, eu realmente atraio gente chata".

"House. Ela é... linda, rica, interessante".

"Você quer que eu te apresente? Sim porque você só faltou me jogar nos braços dela".

"Você... Você realmente não está interessado?".

"Jimmy, eu já tenho a minha Deusa do Ébano".

Wilson arregalou os olhos em choque.

"Eu preciso conhecer essa mulher, ela deve ser uma alienígena para te deixar assim".

"Uh... Esse sanduiche está demais!". House falou com a boca cheia mudando de assunto.


Cuddy não sabia o que fazer naquele sábado, então ela decidiu ir até o Tênis Clube já que fazia séculos que ela não jogava uma partida. Não que ela fosse boa jogadora, mas ela costumava se divertir por lá.

Chegando ela encontrou uma amiga que não via há muito tempo.

"Dra. Lisa Cuddy por aqui?".

"Oi Liz".

"O que aconteceu que te trouxe de volta? Você sempre tão ocupada...".

"Minha raquete estava enferrujando...".

"Que tal uma partida?".

"Eu já estou enferrujada também".

"Só uma partida rápida entre duas amigas?".

Cuddy concordou e foram. Jogaram por uma hora e realmente Cuddy não tinha mais o ritmo, mas conseguiu cansar e se divertir.

"Que tal um suco?". Liz a convidou.

"Claro!". Cuddy concordou e foram até o restaurante do Tênis Clube.

"Você está... diferente". Liz falou.

"Claro que sim, já não te vejo há pelo menos um ano". Cuddy respondeu.

"Não. Diferente... Não assim".

Cuddy olhou para ela curiosa.

"Não sei o que você está fazendo, mas continue. Sua pele está maravilhosa. Seus olhos iluminados".

Cuddy corou.

"Oh meu Deus! É um homem!". Liz concluiu.

Cuddy sorriu tímida e tentou disfarçar.

"Lisa, está na cara que é um homem e que você está apaixonada".

Cuddy quase engasgou com o suco.

"Não estou apaixonada...". Ela falou irônica.

Liz olhou pra ela desconfiada.

"Tudo bem, eu estou tento sexo muito bom".

Liz continuou a encarando.

"Sexo espetacular". Cuddy falou corando.

"Isso você nem precisava dizer".

"Mas eu não estou apaixonada".

"Tudo bem, vou fingir que eu acredito".

"É só sexo".

"Nunca é!".

Cuddy gelou. No fundo ela sabia que Liz tinha razão sobre as complicações de uma relação estritamente sexual, sempre um dos dois confundia e... Será que ela estava indo por esse caminho?

"Quem é ele?". Liz perguntou curiosa.

"Um médico".

"Uh... Dois médicos que conhecem o corpo humano como ninguém, interessante".

Cuddy riu. Liz sempre foi uma figura alegre e descontraída que a fazia sentir-se mais leve, ela se arrependeu de não cultivar com mais proximidade essa amizade.

"Foi muito bem te ver, podemos combinar algo em breve". Cuddy falou.

"Você é a pessoa que sempre desaparece nessa relação". Liz falou divertida.

"Eu sei".

"Você... Não boicote esse relacionamento com o médico bom de cama". Liz aconselhou.

"Não é tão simples...". Cuddy disse desanimada.

"Com esse brilho nos olhos que você está, tem que ser simples!". Liz concluiu.


House não aguentava mais o jogo que parecia infinito. Wilson estava extremamente empolgado e torcendo freneticamente por Lisa Rupert.

House passava o tempo comendo e bebendo cerveja. De tempos em tempos ele olhava o celular para verificar se alguma mensagem havia chegado, nada... Ele não sabia a razão, mas aquilo o incomodava.

Ao final, Wilson estava radiante já que Lisa Rupert foi a campeã.

"Vamos emendar com a festa da vitória?". Ele propôs para House.

"Não Wilson, já são quase sete horas da noite".

"E daí? Você tem compromisso?".

"Tenho que fazer uma entrega especial". Ele falou sorrindo.

"Você está... diferente". Wilson observou.

"Só porque eu não quero ficar nessa festa chata?".

"Lisa Rupert deu muito em cima de você, ela é linda e interessante, e você nem ligou. O tempo todo você ficou olhando para esse estúpido celular ao invés de aproveitar a partida que estava eletrizante".

House sorriu sarcástico. "Eletrizante para fritar o cérebro de tédio".

"Você está envolvido demais com essa... Deusa do Ébano". Wilson apontou.

"Tchau Wilson".

"Ei... Como você vai voltar pra casa?".

"Eu não vou pra casa...". House falou e saiu.

Minutos depois Wilson se aproximou para cumprimentar Lisa Rupert.

"Parabéns, você foi fantástica!".

"Onde está o seu amigo médico?". Ela perguntou.

"Ele precisou ir embora".

"Claro que sim. É uma pena".


Cuddy voltou para casa após o almoço e dedicou-se a organizar a casa, ela era uma maníaca por limpeza e arrumação, passou o dia fazendo uma limpeza pesada. Ela tinha uma faxineira que ia semanalmente, mas mesmo assim Cuddy resolveu colocar a mão na massa, ela não queria admitir, mas era uma maneira de não pensar.

O dia passou voando e ao final ela tomou um banho demorado e vestiu uma roupa confortável. Cuddy estava tão cansada que só queria dormir no sofá assistindo a algum filme. Era quase sete e meia da noite e Cuddy comeu uma salada e olhou o seu celular esperando por alguma mensagem, nada... Depois ela ligou o laptop e procurou noticias sobre o torneio de boliche e soube que uma tal de Lisa Rupert havia se sagrado campeã há uma hora.

Quando estava quase dormindo ela ouviu batidas na porta. Cuddy acordou assustada, mas logo o susto deu lugar a um sorriso quando ela reconheceu as batidas. Ela foi abrir, mas antes deu uma breve passada pelo banheiro para se ajeitar no espelho.

"Trouxe o seu bolo. Tem vela e tudo". House falou com um bolo confeitado nas mãos.

Ela riu. "Pensei que você tivesse esquecido".

"Nunca!".

Ela o deixou entrar.

"Você já jantou?". House perguntou.

"Comi uma salada".

"Isso não é janta. Trouxe algo para nós". Ele colocou o bolo na geladeira e a comida mexicana na mesa. "Tem algo vegetariano e sem graça para você".

Ela sorriu. Cuddy não conseguia conter o sorriso, parecia uma adolescente boba.

Comeram, riram, House falou sobre o tédio que foi a sua tarde e em como Wilson estava empolgado. Cuddy disse que foi ao Tênis Clube e que encontrou uma amiga de longa data.

"Deixa-me entender. Você jogou tênis, depois arrumou a casa toda?".

"Aham". Ela confirmou.

"E você ainda está acordada e disposta?".

"Nós mulheres não somos preguiçosas". Ela o provocou.

"Eu tive um dia difícil também". Ele contestou.

"Ficar sentado assistindo a competição entediante de boliche enquanto comia e bebia?".

"E depois fui até a padaria comprar esse bolo. Não se esqueça disso".

"Ah claro". Ela respondeu rindo. "Muito cansativo".

"Quanta ingratidão". Ele disse dramático.

"Eu não estou sendo ingrata...". Ela falou mordendo o lábio inferior. Ela só queria que ele o beijasse.

House queria o mesmo, mas como era sempre ele quem começava o romance, ele esperou alguma ação dela.

Ele pegou o bolo, acendeu a vela e começou a cantar a famosa canção de 'Feliz Aniversário' com algumas adaptações maliciosas na letra. Cuddy riu, fazia anos que ninguém cantava essa música para ela. Ao final ele passou o dedo no bolo e depois no rosto dela.

Cuddy fez o mesmo, mas ao invés de passar no rosto dele, ela lambeu o próprio dedo de forma muito sugestiva. House ficou sério com a visão e desistiu de retardar a aproximação.

"Oh foda-se!". Ele disse e a beijou intensamente.

O coração de ambos saltava acelerado, Cuddy não sentia as próprias pernas, não sabia se estava em pé, sentada ou deitada. House a agarrou com força contra si e o beijo se aprofundou.

"Espere". Ele parou. "Você precisa pensar em um desejo antes de cortar o bolo, era isso que minha oma dizia".

Cuddy sorriu. 'Que seja lá o que tiver acontecendo aqui, não acabe mal'. Ela pensou. Cuddy estava apavorada com a ideia do fim daquilo, mas mais apavorada com a ideia de como seria o fim daquilo.

"O que você pediu?". House perguntou curioso.

"Segredo!".

Ele sorriu e voltou a beijá-la.

"Tenho uma boa ideia para o chantilly desse bolo". House falou malicioso.

Foram para o quarto com o bolo a tiracolo e House fez questão de cobrir boa parte do corpo dela em chantilly para limpá-la com a língua.

"Nunca comi um bolo tão bom". Ele falou a fazendo sorrir.

"Minha vez!". Cuddy disse.

"Mas não temos mais chantilly".

"Quem disse que eu preciso de chantilly?". Cuddy falou abaixando-se e o levando na boca.

"Oh meu Deus!". House gemeu fechando os olhos e se perdendo naquela sensação maravilhosa.

No final, estavam exaustos e felizes. Dormiram abraçados e só acordaram no dia seguinte perto do meio dia.

Continua...