Capítulo 17 – Detox
Fica comigo então, não me abandona não
Alguém te perguntou como é que foi seu dia?
Uma palavra amiga, uma notícia boa
Isso faz falta no dia a dia
A gente nunca sabe quem são essas pessoas
Eu só queria te lembrar
Que aquele tempo eu não podia fazer mais por nós
Eu estava errado e você não tem que me perdoar
Mas também quero te mostrar
Que existe um lado bom nessa história
Tudo que ainda temos a compartilhar
Música: Céu Azul – Charlie Brown Jr.
Horas depois que o processo de desintoxicação iniciou, House começou a sentir fortes dores e muito enjoo. Médicos e enfermeiras estavam sempre no quarto, e Cuddy ao seu lado.
"Eu sinto como se houvessem centenas de cacos de vidro pelo meu corpo, façam alguma coisa para parar". House falou alto em agonia.
"Já estamos fazendo". A enfermeira respondeu.
"Obviamente não está adiantando". Ele dizia ainda mais alto.
"Precisamos de tempo, o seu corpo precisa se adaptar a essa nova situação e eliminar todo resquício de Vicodin".
"Antes disso eu morrerei de infarto pela dor excruciante". Ele dizia suando e com a respiração acelerada.
"Você está sendo assistido, isso não vai acontecer". Cuddy falou tentando parecer calma, mas ela estava muito tensa.
"E o que você sabe disso?". House respondeu irritado.
Cuddy sabia que ele se voltaria contra ela em muitos momentos durante o processo, ela já esperava por isso.
Depois de algumas horas ele dormiu exausto, Cuddy não saiu do lado dele.
"A senhora pode ir para o outro quarto descansar, nós cuidaremos dele". A enfermeira falou.
"Eu não sairei de perto dele". Cuddy respondeu resoluta.
House acordou no meio da noite.
"FAÇAM ESSA DOR PARAR!". Ele gritava.
Cuddy, que estava na cama ao lado, acordou assustada e foi até ele. "Eu estou aqui, vai passar".
Ele vomitou bile, já que não comia nada há horas.
"Você só está aqui porque acha que não merece mais ninguém, mas você merece. Olha pra você, reitora de medicina, uma mulher independente e gostosa ao lado de um drogado que está todo vomitado...".
Ela apertou a mão dele com força apesar do esforço que ele fez para tirar a mão. "Isso não é verdade".
"Claro que é, cada parte disso é verdade".
"Eu não vejo assim".
O processo continuou e a dor parecia não amenizar. Cuddy conversou em particular com o médico quando House adormeceu.
"O que devemos esperar? Quanto tempo a dor vai continuar nesse nível?".
"É imprevisível, mas ele está indo bem, apesar de não parecer para quem é leigo nesse processo. Ele está sendo monitorado e o coração e demais funções estão resistindo muito bem, os primeiros dias são os piores".
Quando House acordou vomitou novamente. Além disso, ele transpirava muito, sua camiseta estava toda encharcada e Cuddy foi tentar ajudá-lo.
"A sua paixão por mim é resultado da sua carência. Logo você vai acordar e perceber que eu sou um homem quebrado e vai me largar". Ele disse. "Vai entender que o que tivemos foi sexo fantástico, mas que você não sente nada além disso por mim".
"Se eu não acordei em mais de vinte anos, por que faria isso agora?". Ela respondeu mantendo a calma.
"Eu duvido que depois disso você ainda vá querer ficar comigo. Ou ter um filho meu".
Cuddy calou-se, era o melhor a fazer por ora.
Domingo, Wilson havia ligado uma vez para Cuddy no dia anterior e ligou novamente.
"Está difícil, ele está sofrendo, mas o médico disse que ele está se saindo bem". Cuddy explicou para Wilson quando House dormiu.
"E você? Como você está lidando com tudo?".
"Eu estou bem, não se preocupe. Eu estaria pior se estivesse longe".
"Você vai dizer o que no hospital? Como vai explicar a sua ausência e a dele?".
"Diga ao time de House que ele está em detox, quanto a mim... eu já avisei que estarei resolvendo algumas questões pessoais, amanhã vou tentar trabalhar um pouco daqui. E Wilson... Não conte nada daquilo a ninguém, e não me ligue mais, deixe que eu te ligo ou mando mensagem quando ele dormir".
"Tudo bem. Ele ficou muito bravo comigo?".
"Ele entenderá".
"Espero que sim". Wilson falou preocupado.
"Dê tempo ao tempo".
Na segunda-feira Cuddy tenta trabalhar um pouco do hospital, mas a prioridade é House. Ele ainda está com muita dor e os efeitos da abstinência ainda presentes.
"DÓI, DÓI, DÓI". Ele gritava.
O coração de Cuddy estava partido por vê-lo assim.
"Você não deveria estar aqui vendo isso, você está grávida. Alguém tire essa mulher, ela está grávida e não deve ficar aqui". House falava.
Assim que House foi contido, uma enfermeira se aproximou de Cuddy.
"Você está bem?".
"Sim, eu estou bem".
"A senhora está grávida?".
"Sim, eu estou".
"Ele é o pai, não é?".
"Sim".
"Isso é mais comum do que você imagina. Mulheres grávidas acompanhando os seus companheiros no processo de desintoxicação".
"Sério?".
"Sim. Você não deve ser preocupar, estamos fazendo tudo certo, isso tudo faz parte do processo, por mais difícil que seja quando acontece com um ente querido".
Cuddy acenou com a cabeça e agradeceu pelas palavras amigas.
Após três dias de martírio House estava um pouco melhor. Ele começou a se alimentar com algumas comidas pastosas e a dor parecia ter diminuído.
"Como você se sente hoje?". Cuddy perguntou.
"Um lixo".
Ela sorriu por vê-lo melhor.
"Você não foi para o outro quarto descansar, você deveria ir". Ele disse.
"Eu estou bem aqui".
"Não, você não está. Esse lugar é uma merda, eu sou uma merda".
"Esse lugar não é uma merda e nem você é". Ela disse passando a mão na testa suada dele.
"Como você ainda está aqui depois de tudo o que viu e ouviu?".
Ela apenas sorriu.
Naquele dia House começou a se recuperar significantemente, a perna ainda latejava e ele tremia com a fraqueza física, mas comparado ao dia anterior ele estava bem melhor.
"Boa noite, eu sou Dra. Layla, psiquiatra, como estão?".
"Até agora bem, mas posso notar que irei piorar a partir de agora". House falou.
"Vejo que está de bom humor, isso é ótimo". A médica respondeu.
Cuddy sorriu.
"Poderia nos dar licença, preciso falar com Gregory". Layla pediu gentilmente.
"Claro". Cuddy saiu do quarto pela primeira vez. Ela foi até uma sala vazia onde pode conectar o seu laptop e trabalhar.
"Ela é a sua esposa?". Layla perguntou para House.
"Não, ela é minha chefa e uma louca".
"Por que você diz que ela é uma louca?". Dra. Layla perguntou curiosa.
"Porque ela pensa que está apaixonada por mim".
"E?".
"E? Você olhou bem para aquela mulher? Ela é linda, inteligente, talentosa e ela é a reitora fodona do hospital em que trabalho. E eu sou o que? Um drogado... Quebrado... Aleijado. Mas ela vê outra pessoa em mim, só pode ser isso. Ela vê o que eu poderia ter sido quando nos encontramos pela primeira vez na faculdade".
"Será mesmo? Será que ela vê o passado e não o presente?".
"Ah... Agora começa a bobagem da terapia...". Ele falou sarcástico.
"Você não tem nenhum atributo positivo que ela possa ver?".
"Eu sou o melhor médico daquele hospital".
"Uh... Antes você não era nada, agora estamos melhorando...".
"Eu ser o melhor médico não garante nada, não significa que eu sou um homem que a mereça".
"Você não se acha bonito? Atraente?".
"Você me acha bonito e atraente?".
"A pergunta é para você".
"Eu penso que sou... ok. Eu sou melhor fora dessa situação de merda, garanto a você".
Ela sorriu. "Você não se acha engraçado e inteligente?".
"Sim, mas...".
"Olha só, mais duas qualidades".
"Eu sei o que você está tentando fazer...".
"Sinal de que você é sagaz, mais uma qualidade".
Ele riu.
"Aposto que a sua fama de rebelde e a sua inteligência te colocam em uma posição bastante relevante com algumas mulheres, elas devem achar isso muito sexy e atraente, então... agora são cinco qualidades".
"Some a isso mais uma, porque eu sou muito bom de cama".
"Ótimo. Agora são seis".
Ele riu novamente.
"Acredito que isso já seja mais do que suficiente para explicar a paixão que ela sente por você, é totalmente plausível. O meu marido não deve ter seis qualidades assim...". Dra. Layla disse e House sorriu.
Minutos depois da primeira sessão terminar Cuddy voltou.
"Você está bem?". Ele perguntou.
"Sim, eu fiquei trabalhando e adiantei bastante tarefa".
"Você deveria aproveitar algumas vantagens de estar aqui, eles tem acupuntura, massagem, manicure... Pelo menos o dinheiro valerá a pena".
Ela sorriu. "Já está valendo a pena. Você quer comer algo?".
"Uma sopa seria bom". Ele respondeu.
"Ótimo, eu vou pedir". Cuddy saiu animada, não devia ser impressão dela, House estava diferente depois da conversa com Dra. Layla.
A sopa chegou para ele, enquanto Cuddy comeu uma massa. A comida era deliciosa, o lugar era cinco estrelas realmente.
"Como você está? Eu digo... O feto?". House perguntou preocupado.
"Eu estou ótima, fique tranquilo. Minha mãe ligou e disse que queria jantar conosco, eu te falei que ela gostou de você".
Ele sorriu. "Ela quer a revanche do pôquer".
"Ela realmente gostou de você".
"Todas as Cuddys me amam!".
Ela sorriu.
"Podemos assistir a algum filme?". House perguntou.
"Claro, temos várias opções de DVD". Ela disse pegando um catalogo disponível no quarto.
Ele escolheu um filme violento e ela contestou.
"Podemos assistir a esse: Como se fosse a primeira vez (50 First Dates)". Cuddy sugeriu.
"Acho que isso será pior do que a desintoxicação". Ele disse.
"É um bom filme". Ela falou divertida.
"Antes eu preciso tomar um banho".
"Você consegue ir sozinho?".
"Já querendo ver minhas partes masculinas, Dra. Cuddy?".
"Eu sempre quero ver as suas partes masculinas". Ela disse divertida.
"Eu consigo, preciso trocar essas roupas e também o lençol".
"Eu vou chamar alguém para nos ajudar com isso".
E eles fizeram. House foi tomar um banho, mas um enfermeiro fez questão de ajudá-lo para evitar o perigo de uma queda, já que ele ainda estava muito fraco. Enquanto isso uma camareira trocou as roupas de cama.
Na volta ele se ajeitou na cama e pediu para que Cuddy deitasse com ele enquanto assistiam ao filme. O coração dela parecia que iria explodir de tanta felicidade, será que as coisas estavam realmente indo para um caminho melhor?
Continua...
