Capítulo 19 – Bebê ou unicórnio?

Um homem quando esta em paz
Não quer guerra com ninguém

Segurei minhas lágrimas
Pois não queria demonstrar a emoção
Já que estava ali só pra observar
E aprender um pouco mais sobre a percepção
Eles dizem que é impossível encontrar o amor
Sem perder a razão
Mas pra quem tem pensamento forte
O impossível é só questão de opinião

E disso os loucos sabem
Só os loucos sabem

Música: Só os Loucos Sabem – Charlie Brown Jr.


Dias depois House recebeu alta. Ele voltaria semanalmente para consultas de acompanhamento e suas sessões com Dra. Layla.

Cuddy já havia voltado ao trabalho no dia anterior, House ainda ficaria em casa por mais um dia até retornar ao hospital.

Enquanto estavam internado, uma equipe especialista da clinica de reabilitação visitou a casa de House para encontrar e descartar todo o suprimento de Vicodin, fazia parte do processo. Wilson os acompanhou nessa visita. O amigo de House também fez o mesmo no hospital, descartou todo o frasco de Vicodin que encontrou no escritório de Diagnóstico. House ajudou dizendo onde estavam os suprimentos secretos.

Chegando em casa House ligou para Cuddy.

"Olá namorada".

Ela estava em um restaurante com alguns médicos e tentava disfarçar enquanto atendia ao telefone.

"Olá. Como você está?".

"Em casa e com saudades".

"Eu também".

"Então venha pra cá".

"Não antes do expediente terminar".

"É hora do almoço, venha almoçar aqui, garanto que tem coisa melhor par você comer...".

Ela corou. "Infelizmente eu não posso agora".

Os médicos olharam suspeitos, um deles, Dr. Clark, tinha um enorme crush por Cuddy e começou a suspeitar que era algum homem ao telefone com ela.

"Dra. Cuddy, o seu peixe chegou". Clark disse alto.

"Você está com os idiotas do hospital em algum restaurante". House falou desanimado.

"Eu não sabia em que horário você estaria liberado". Ela se justificou. "Eu vou almoçar e te ligo assim que voltar para o hospital".

"Tudo bem, mas lembre-se de que agora você tem um namorado muito bravo, se algum desses médicos masturbadores abusarem...".

"Tudo bem, até já!". Cuddy disse desligando e tentando disfarçar.

House respirou frustrado, ela não viria antes das sete horas da noite, com certeza. Ele precisava arrumar alguma coisa para comer. Então ele teve uma ideia.

"Wilson, onde você está?". House ligou para o amigo.

"Estou indo almoçar".

"Aonde?".

"Em algum restaurante".

"Você está sozinho?".

"Sim, eu sai mais tarde e todos já tinham ido".

"Ótimo, então passe no restaurante e pegue almoço pra nós dois depois venha aqui pra minha casa".

"Você está em casa?".

"Sim, sozinho e carente". Ele respondeu e desligou.

Em poucos minutos Wilson chegou.

"Ei, é bom te ver de volta".

"É bom estar de volta e ter meu almoço pago por você".

Wilson riu. "Como está a sua perna?".

"Está bem e não precisamos falar sempre desse assunto".

"Ok. Como está Cuddy?".

"Você voltará ao hospital em breve, pergunte a ela...".

"Eu quero saber como vocês estão".

"Estamos bem".

Wilson bufou. "Mais algum detalhe seria bom".

"Nós estamos... namorando".

"Wow! Isso é grande!". Wilson disse arregalando os olhos.

"Eu sei". House falou com a voz baixa.

"Vocês vão assumir publicamente o relacionamento?".

"Não ainda. Nós vamos com calma...".

House lembrou-se da conversa que teve com Cuddy dois dias atrás.

"O que faremos quando voltarmos ao hospital como namorados?". Ele perguntou.

"Vamos aguardar algumas semanas senão as especulações vão começar já que ficamos afastados no mesmo período". Ela respondeu.

"Esse seu hospital é um antro da fofoca. Algo deve ser feito". House falou dramático.

"Como se você não fosse um dos principais responsáveis por iniciar as fofocas". Cuddy falou bem humorada.

"Eu não iniciei a fofoca de que você raspa os pelos pubianos deixando o formato da letra C". Ele disse sério.

"Tenho certeza de que não foi você". Ela disse rindo.

"Espera... Você sabia dessa fofoca?".

"Claro que sim".

"Quem te contou?".

"Elen".

"Aquela sua assistente é uma linguaruda".

"Eu também soube que falaram que eu nunca namoro porque mato os homens após a cópula. E também a versão de que eu não os mato, mas os tranco em um porão". Ela riu.

"Essas eu nem sabia da existência. Devo me preocupar?". House fingiu espanto.

Ela o beijou. "Quem sabe?".

"Você soube daquela em que você cortava os pênis dos seus namorados e depois fazia uma sopa com os pênis decepados?".

Cuddy fez cara de nojo e correu para o banheiro.

"Desculpe, eu esqueço de que você grávida fica com o estomago sensível". House gritou do quarto.

"Então vocês continuarão se vendo as escondidas?". Wilson perguntou tirando House do transe.

"É temporário".

"Eu não posso nem imaginar como será quando vocês assumirem, eu queria ver a cara de pelo menos metade dos funcionários do hospital". Wilson falou bem humorado.

"Pode deixar que eu te aviso sobre o dia e hora em que iremos divulgar nosso caso tórrido de amor". House disse sarcástico.

"Como isso começou?". Wilson perguntou curioso.

"Em 1987, Michigan".

"Eu sei que se conheceram lá, mas eu me refiro a agora. Como isso começou no tempo presente?".

Wilson nunca soube que House e Cuddy tiveram uma noite de sexo na faculdade.

"Isso começou como um projeto especial". House falou misterioso.

"Ah?".

"Como sempre eu dei uma de louco. Mas Cuddy ama os loucos". House falou bem humorado.

"Explique-se!".

"Um dia eu te conto, Wilson. Não agora".

"Vocês estão muito misteriosos".

Eles terminaram o almoço e Wilson voltou para o hospital.

Naquela noite Cuddy foi até a casa de House.

"Finalmente". Ele falou abrindo a porta.

"Tudo isso é saudade?". Ela disse mordendo o lábio.

Ele a agarrou antes que ela entrasse no seu apartamento. Depois de trocarem alguns beijos ela entrou.

Do outro lado da rua estava Chase. Ele estava com olhos arregalados não acreditando no que via.

'Oh meu Deus! Ninguém acreditará em mim'.

Chase estava à espreita no apartamento de House nos últimos dias para tentar descobrir quem era a misteriosa mulher que fez com que o seu chefe concordasse com a desintoxicação. Foreman não acreditava que ele estava na reabilitação por vontade própria, Cameron pensava que ele estava cansado da dor e queria buscar a felicidade por si mesmo, mas Chase sempre acreditou que a responsável era aquela misteriosa mulher, agora ele descobriu que ela era Lisa Cuddy.

No dia seguinte Cuddy estava em seu escritório quando Wilson entrou.

"Ele voltará hoje?".

"Sim". Cuddy respondeu com um sorriso.

"Vai ser bom ver o bastardo de volta".

"Vai sim".

"Vocês ainda não vão assumir publicamente o relacionamento?".

"Não por enquanto Wilson, vamos manter assim por mais algum tempo e eu peço encarecidamente que você mantenha a sua boca fechada".

"Claro". Wilson disse fazendo sinal de que passava um zíper em seus lábios. "Você acredita que ele não tentará conseguir Vicodin aqui?".

"Eu acredito nele. Acredito que ele está realmente tentando. Eu estive lá e vi tudo, não acho que ele queira voltar para aquilo outra vez".

"Tomara que você esteja certa".

"Tomara". Cuddy falou preocupada.

Perto das dez horas House chegou e foi diretamente para o seu escritório.

"Ei!". Foreman foi o primeiro que o viu.

"Que bom vê-lo!". Cameron disse.

"Acho que a sua mulher finalmente te liberou do cativeiro sexual". Chase fez uma gracinha.

"O que temos aqui?". House falou pegando a ficha do paciente que estavam diagnosticando.

"Antes de tudo, é verdade que você está limpo?". Cameron perguntou.

"Sim, eu sou um corpo sem Vicodin, agora parem de me perturbar senão minha perna vai começar a doer". House disse.

"Posso perguntar o que te motivou a desintoxicar?". Cameron continuou.

"Jesus Cristo. Eu finalmente encontrei o Senhor". House falou sarcástico fazendo Chase rir.

Antes de saírem para realizar alguns exames, Chase se aproximou de House.

"Lisa Cuddy deve ser realmente boa na cama pra te fazer entrar na desintoxicação".

House franziu a testa enquanto encarava Chase antes do jovem médico sair.

Imediatamente House foi até a sala de Wilson e abriu sem bater.

"Que merda, Wilson!".

"O quê?".

"Você só tinha que manter o bico fechado".

"Eu não falei nada para ninguém".

"Então como Chase sabe?".

"Eu não faço ideia, alguém deve ter contato".

"Quem? Arlene, a mãe de Cuddy?".

"Eu juro que não falei nada pra ninguém. Eu estou tendo até azia por precisar manter isso em segredo".

House olhou profundamente nos olhos de Wilson para analisá-lo. Ele parecia sincero.

"Então quem contou para ele?".

"Não sei... Ele pode ter visto algo...".

House calou-se e saiu sem dizer uma palavra.

"House...". Wilson tentou chamar, mas já era tarde.


"Cuddy...".

House entrou sem bater no escritório dela.

"House, me avise quando você vier...".

"Chase sabe!".

"O quê?".

"Chase sabe sobre nós e não foi Wilson quem disse".

"Então quem?". Cuddy estava chocada.

"Sua mãe".

Cuddy franziu a testa olhando para ele profundamente.

"Eu não sei quem disse, ou se ele viu algo...". House explicou.

"Se ele sabe, mais gente pode saber também". Cuddy falou.

"Por isso que eu sou o seu namorado, porque você pensa como eu".

"Descubra!". Cuddy falou para House.

"E como você espera que eu faça isso? Suborno? Violência? Chantagem?".

"Você é o maior QI desse hospital, pense em algo".

House bufou. Ele tinha que fazer alguma coisa a respeito.

Mais tarde, quando o expediente estava acabado House chamou Chase.

"Ok, 100 dólares para você me dizer como soube".

Chase sorriu. "100 dólares é muito pouco, com uma informação dessas eu posso ganhar muito mais".

"Concordo, e eu estive pensando em um modo de nós dois ganharmos dinheiro com isso".

Chase olhou interessado.

"Você começa uma fofoca de que Cuddy está namorando alguém do hospital, depois divulga uma aposta para tentar identificar a identidade do sujeito. Acho que só você votará em mim. Então nós dois dividiremos o premio".

Chase se animou. "Cuddy é a favor disso?".

"Cuddy é a favor de que ninguém saiba ainda, em breve divulgaremos, mas até então... apostas rolaram e... o prêmio será nosso".

"Fechado!". Chase estendeu a mão para House.

"Ah, Wilson está proibido de entrar na aposta, pois ele é o único que sabe... além de você".

"Wilson pode nos ajudar influenciando outros, ele é bastante influente". Chase disse.

"Por isso eu te contratei. Ótimo, combine tudo com Wilson e... Faça ele influenciar todos a votarem no Dr. Clark, ele tem uma paixonite por Cuddy que eu sei bem. Aliás, todo mundo sabe...".

"Fechado!".


À noite House e Cuddy estavam em uma clinica de um médico conhecido de Cuddy nos arredores de Princeton.

"Tem certeza de que esse médico é bom?". House perguntou.

"Ele é um dos melhores, eu o conheço há tempos, fique tranquilo".

"Como você o conheceu? Será estranho ter alguém te tocando que já tenha te tocado no passado, se é que você sabe o que eu quero dizer...".

"Eu não fiz sexo com ele, se é o que você está insinuando".

"Existem várias formas de sexo...".

"Eu nunca tive intimidade nenhuma com ele. Ele é apenas um colega". Cuddy falou. Ela devia estar mais irritada pelo ciúme bobo do namorado, mas ela estava gostando da atenção de House.

"Tudo bem, eu confio em você".

"É bom que confie mesmo, e quanto a Chase?".

"Fique tranquila, só ele sabe e ele não contará a absolutamente ninguém".

"O que você fez?". Ela perguntou desconfiada.

"Nada demais. Não o matei e nem o sequestrei".

"House! Ok, eu prefiro não saber". Ela disse.

Logo eles foram chamados para o consultório.

"Lisa, que surpresa te ver". Dr. Blau disse.

"Obrigada por nos receber depois do horário de expediente. É que... Preciso de um ultrassom". Cuddy falou apertando mais forte a mão de House.

"Imagino que você esteja grávida". Dr. Blau concluiu, já que a sua especialidade era Obstetria e Ginecologia.

"Sim". Cuddy falou corando.

"Você está radiante, como as mães geralmente ficam". Ele a elogiou. "Você deve ser o pai".

"Dr. House". Ele falou estendendo a mão.

"Oh meu Deus, você é doutor Gregory House?". Dr. Blau perguntou em choque.

"Sim, mas tudo o que dizem a meu respeito é mentira". House falou divertido fazendo Blau rir.

"Você é uma lenda da medicina".

"E o pai do meu bebê". Cuddy disse.

"Será um prazer olhar para o bebê de Lisa Cuddy e Gregory House". O médico disse preparando o equipamento de ultrassom.

"Só pedimos sigilo absoluto, Blau, pois ainda não divulgamos nada, nem sobre o nosso relacionamento". Cuddy falou.

"Será como um eclipse solar raro". Ele brincou divertido.

Primeiro Dr. Blau começou a examinar Cuddy. Ela ficou inibida pela situação, estar sendo tocada por outro homem, mesmo que um médico, na frente de seu namorado. Ela nunca havia passado por algo assim.

House também ficou desconfortável e preferiu olhar para o rosto de Cuddy ao invés de olhar para as mãos de Dr. Blau.

"Está tudo bem até agora, vamos ver esse bebê?". Dr. Blau perguntou.

"Prepare-se para encontrar um unicórnio". House falou.

Assim que o exame iniciou estava lá, o feto.

"Quanto tempo desde a concepção?". Dr. Blau perguntou.

"Creio que em torno de nove semanas". Cuddy disse.

"Oito semanas e seis dias, para ser mais exato". Dr. Blau falou. "Ouçam o som da vida. Eu sempre adoro essa parte".

De repente eles começaram a ouvir os batimentos cardíacos acelerados do bebê. Cuddy não conteve as lagrimas e House permaneceu estático. Existia uma vida ali. Uma vida.

Continua...