Agradeço os comentários usuais, tanto os privados quanto os públicos. Agradeço especialmente a BHouse85, calianabergman (adoro o seu nome!), Housever e minha amiga Renata. Vocês me motivam a continuar escrevendo.
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Capítulo 22 – Insensível?
Superficial como um espinho
Me deixou aqui sozinho
Ferido no coração
E eu virei esta pequena ilha
Cercada por concreto
Inundada por ondas de paixão
Superficial como um espinho
Me deixou aqui sozinho
Ferido no coração
E eu virei esta pequena ilha
Fechada em meus sentimentos
Calado e tão só
E eu vou matando um leão por dia
Não posso ficar parado
Pensando se seria melhor ou não
Era a oposição que nos atraía
Eu tão socialista
E você tão neoliberal
E muito louca é a sua caretice
Equilibrada é a sua insensatez
E admirável a sua intolerância
Mas não posso perder mais meu tempo
Bye, bye
Adeus
Música: Superficial - Ira
"Sua mãe é muito fofa, mas o seu pai não é fácil". Cuddy comentou a caminho de casa.
"Minha mãe é uma fantoche, não faz nada para desagradar Johh, talvez seja culpa porque ela me fez pelas costas dele".
"É estranho você nunca ter conversado sobre isso com ela".
"Cuddy, você e sua mãe não são as melhores amigas, como você pode não entender isso?".
"É verdade". Cuddy concordou com um sorriso triste.
"Pelo menos agora eu não sou uma criança, eu posso me defender". House falou e Cuddy percebeu que tinha mais coisas por trás desse assunto do que ela imaginava.
"Se um dia você quiser falar...".
"Eu estava pensando... Não seria bom se fizéssemos um teste cromossômico no... feto?". House disse surpreendendo Cuddy.
"Por quê?".
"Eu não sei... Nós... Nós não somos exatamente um casal jovem e saudável".
Cuddy arregalou os olhos.
"Eu abusei muito de drogas por muitos anos... Isso pode alterar os meus cromossomos, você sabe...".
"E o que vai adiantar um exame cromossômico? O que adiantaria saber que teremos um bebê com algum problema?".
"Nós evitaríamos sofrimento". House falou objetivamente.
"Eu nunca faria um aborto".
House riu nervoso. "Mas isso é insano".
"Você está sendo insano". Cuddy ficou emburrada.
"Cuddy, entenda. Eu sou um dependente químico, abusei de diversas substancias por anos. Você já não tem vinte anos, os riscos são...".
"Cale-se, por favor!". Ela falou alto e firme.
House ficou quieto, apesar de estar contrariado.
No dia seguinte House tinha consulta com a sua psiquiatra, doutora Layla. Ele havia dormido na casa de Cuddy, mas eles não tiveram nenhuma intimidade, ela estava chateada demais.
"Eu vou para a minha consulta e depois vou direto para o hospital". Ele avisou.
"Tudo bem". Cuddy respondeu secamente enquanto terminava de se vestir.
"Eu soube que meu pai vomitou no carro a caminho do hotel ontem depois do jantar, lógico que aquela comida toda iria fazer mal".
"Era óbvio que isso aconteceria". Ela também disse bastante seca.
"Cuddy... Pare com isso eu não queria...".
"Eu não quero falar a respeito disso. Boa sessão de terapia". Ela disse e saiu.
Uma hora depois House estava entrando no consultório da Dra. Layla.
"Olá, como você está?".
"Não muito bem". House respondeu.
"E qual a razão disso?".
House contou sobre a sua conversa com Cuddy na noite anterior e sobre a atitude dela pela manhã.
"E você não acha que ela tem o direito de estar chateada por isso?".
"Claro que não, eu só fui objetivo e pratico".
"Exatamente. Esse é o problema".
"Por quê? Eu sempre sou objetivo e pratico".
"Porque pais geralmente não são. O coração fala mais alto. Quando você trouxe a possibilidade de que o bebê de vocês tivesse algum problema de má formação e depois a questão do aborto, como você acha que uma mulher que está gestante reagiria?".
"Ela deveria pensar nos meus argumentos, eles são válidos".
"Uma mãe sente a ligação com o feto desde o primeiro momento em que sabe que está grávida, as vezes antes disso. Ela já ama esse bebê mesmo sem vê-lo. Você me disse que ela sempre teve o sonho da maternidade, é o sonho dela, a vida dela. Imagine alguém dizer que talvez o seu sonho, que finalmente irá se concretizar, pode ser defeituoso e que vocês talvez tenham que abortá-lo?".
"É completamente diferente".
"Será?".
House ficou pensativo.
"Você falou do bebê dela, o ser que está no ventre dela e que ela ama como se fosse parte dela. Aliás, que também é o seu bebê".
"Isso é insano".
"Quem disse que não é?".
"Por isso eu sempre fui contra a concepção, isso tira a sua razão".
Dra. Layla riu.
"Você tem filhos?". House perguntou.
"Uma menina linda com oito meses de vida". Ela respondeu.
"Wow! Você foi mãe recentemente".
"Sim".
"Estou falando isso para a pessoa errada. Uma mãe com a maternidade a flor da pele". House disse e Layla riu novamente.
"Eu tenho medo". House falou muito vulnerável.
Layla não disse nada, só o olhou com atenção.
"Medo de que eu seja o culpado pelo fato de que o sonho dela não será perfeito". Ele desabafou.
"Nada é perfeito no mundo, mas tudo é perfeito no que precisa ser. Nesse momento ela não quer se preocupar com a perfeição do bebê, mas em tê-lo ao lado dela para o que vier".
"E se vier um feto com má formação?".
"Você acha que as mães de crianças com má formação não as amam? Não são felizes?".
"Com certeza elas sofrem demais".
"Na sua visão".
"Na visão do mundo, ou você acha que é legal ter um filho que não pode correr como as outras crianças, ou que nunca terá independência intelectual?".
"Com certeza a maioria dessas mães teria preferido que suas crianças fossem 'normais', se é que podemos usar essa palavra, pois não existe um normal, o que é normal para você não é pra mim. Mas elas não trocariam uma vírgula, suas crianças são perfeitas pra elas, assim como são. Existem crianças especiais tão amorosas e incríveis".
"Bobagem, isso é ridículo. Pensar que uma mãe não iria querer que o seu filho fosse o mais lindo, o mais inteligente".
"Na sua opinião".
"Na opinião geral". Ele contestou o argumento dela. "Na evolução que Darwin provou".
"E o que é perfeito? Você não ama as imperfeições de sua namorada? Não é isso que a torna humana? Diferente das demais? Você a queria diferente?".
"Talvez se ela me trouxesse cerveja no sofá...". Ele falou e Dra. Layla ignorou o comentário inoportuno, ele sempre fazia isso para desviar a atenção do assunto que ficava grave demais.
"Os pais, em sua maioria, amam os seus filhos como eles são".
"John não...".
"Você não é John".
"Eu serei um pai... um péssimo pai. O que eu sei sobre paternidade? Eu sempre fiz tudo errado".
"Você tem muita experiência, isso é importante para a paternidade".
House riu.
"Você aprenderá a ser um pai junto com o bebê. É um aprendizado diário, ou você pensa que nascemos sabendo tudo?".
"Eu não sou o ser mais sociável".
"Mas você é talentoso, inteligente, bem humorado, engraçado... Crianças apreciam essas qualidades".
"Eu não sigo regras".
"Lisa te ajudará com isso".
"O que eu farei se o feto tiver algum... problema?".
"Cada coisa no seu tempo".
"Eu preciso saber agora".
"Não, você não precisa. Você precisa viver dia a dia".
"Cuddy deve me odiar".
"Não, ela não te odeia, pelo contrário".
"Ela me ama?".
Dra. Layla riu. "Isso é ela quem deve dizer".
"Eu a decepcionei com o meu comentário?".
"Você agiu racionalmente, talvez ela espera que você esteja mais presente emocionalmente do que racionalmente dessa vez".
"Esse é o problema, eu sou objetivo e pratico".
"Eu acho que você é mais sensível do que a maioria dos homens".
"Você está me chamando de gay?".
Ela balançou a cabeça negativamente. "Eu preciso mesmo falar algo sobre o seu comentário infeliz?".
"Não". House disse envergonhado. "Eu estava brincando".
"Se o seu pai pensava assim, é lastimável e não deve ter sido fácil conviver com alguém com essas ideias. Mas você não vive mais sob o mesmo teto de seu pai, não é e nunca foi errado mostrar a sua fragilidade, sensibilidade, é muito estimulante para as mulheres estarem com homens que assumem e vivenciam o seu lado sensível".
House engoliu em seco. "E se eu for insensível?".
"Então você não teria sido tocado por essa conversa". Ela falou com um meio sorriso.
House saiu pensativo após a sessão com doutora Layla. Ele passou em um restaurante e pegou a salada preferida de Cuddy e foi para o hospital. Chegando lá, ele foi direto para a sala dela.
"Posso entrar?". Ele perguntou com cara de cachorro de rua.
"É profissional? Senão, não".
Ele entrou.
"Eu trouxe uma salada Real para você". Ele a entregou.
"Isso não vai me fazer esquecer, eu não preciso de comida...".
"Desculpe-me". Ele a interrompeu e Cuddy se surpreendeu. "Desculpe-me por ter sido insensível".
Cuddy não espera por nada disso.
"Obrigada". Ela disse pegando a salada.
"Eu estarei na minha sala". House falou e saiu.
"Vocês já mataram o paciente?". House chegou perguntando para o seu time.
"Finalmente você chegou!". Foreman falou.
"Você é o quê? O meu pai?". House perguntou irritado.
Cameron começou a informá-lo sobre todos os resultados dos testes e Chase só ficou observando.
"Façam o teste de esforço físico. Chase, espere! Eu preciso falar com você". House orientou.
Chase foi o único que ficou na sala. "Como estão as apostas?".
"Bombando". O australiano respondeu.
"Quem está na frente? Quem esse povo pensa que está fazendo sexo quente com Lisa Cuddy?". House perguntou curioso.
"O TOP 5 é: Dr. Clark, Dr. Herman, Silas, Dr. Wilson e Dra. Brown".
"Wilson? Seria um incesto praticamente. Quem é Silas?". House perguntou franzindo a testa.
"Silas é o novo fisioterapeuta, ele deve ter uns vinte e cinco anos e é recém-formado". Chase respondeu.
"E o que Silas tem a ver com Cuddy?". House perguntou enciumado.
"Ele já disse abertamente que ele acha que Cuddy é a mulher mais linda desse hospital e que a pegaria totalmente".
"Filho da puta". House deixou escapar e Chase riu.
"Depois me mostre quem é esse Silas".
"Você tem que disfarçar é ótimo que só duas pessoas tenham apostado em você".
"Duas pessoas? Wilson não deveria apostar".
"Não Wilson...".
"Então quem?".
"Dra. Linda".
"Quem é doutora Linda?".
"Residente".
"E por que ela votou em mim?".
"Porque ela já disse abertamente que você é o melhor e mais interessante médico desse hospital e que sairia com você sem pensar duas vezes, acho que ela tem o mesmo gosto duvidoso em homens que Cuddy". Chase disse bem humorado.
"Ela disse isso?".
"Sim. Depois eu te mostro quem ela é". Chase falou divertido. "O estranho é que você não se surpreendeu com a escolha em Dra. Brown...".
"Porque lésbicas de bom gosto acham Cuddy gostosa também, faz sentido".
"Mas se ela fosse namorada de Cuddy, isso significa que Cuddy seria homossexual". Chase argumentou.
"Eu chamo de 'Mente Aberta'". House falou.
Chase riu alto.
"Continue me posicionado a respeito das apostas, precisamos aumentar as cifras". House recomendou.
No final do expediente Cuddy passou na sala de House.
"Você está indo para casa?".
"Depente... Para a minha casa ou para a sua casa?". Ele perguntou.
"A salada estava uma delicia, obrigada!".
"Por nada".
"Pra minha casa, claro". Ela falou com um sorriso.
"Eu te encontro lá em trinta".
"Ótimo, não se atrase". Cuddy disse.
Em vinte e nove minutos House estava estacionando a sua moto na frente da casa dela.
"Foi daqui que pediram um homem sexy?". Ele entrou dizendo.
Cuddy apareceu sorrindo e enrolada na toalha. "Eu estava tomando um banho".
"Eu percebo pelo cheiro de âmbar". House falou se aproximando dela e cheirando o seu pescoço de forma exagerada.
Ela riu.
"Desculpe Lisa". Ele falou usando o primeiro nome dela, o que era raro. "Eu fui... um ogro".
Cuddy sorriu. "Você foi objetivo. Você tem razão, essa é uma possibilidade eu... só não quero pensar nisso".
"Eu não quero ser responsável por causar nenhuma dor à você".
"Isso". Cuddy falou colocando a mão dele sobre a barriga dela. "Não é nenhuma dor, isso é o melhor presente que alguém já me deu".
House tinha tanto para falar, tantas formas de contestar aquele argumento, mas ele resolveu calar-se e sorrir.
Eles se beijaram e começaram a intensificar as caricias, em pouco tempo House estava sem camisa quando eles ouviram batidas na porta.
House bufou frustrado.
"Eu não faço ideia de quem seja". Cuddy disse.
"Eu vou ver". E ele abriu a porta.
"Eu não sabia que a sua casa tinha virado point de nudismo". Arlene entrou falando para a filha.
"Faz tempo que você não vê um homem sem camisa?". House provocou a senhora.
"Você se surpreenderia...".
"Cuddy a sua mãe anda fazendo sexo". House gritou.
Cuddy quase vomitou com a imagem mental que aquelas palavras criou.
"Eu quero a revanche do pôquer". Arlene disse para ele.
"Marque o dia e eu estarei lá". House respondeu.
"Semana que vem será natal e teremos a festa do hospital no sábado anterior". Cuddy disse. "Eu acho melhor a revanche de vocês acontecer no ano que vem".
"Discordo". Ambos falaram ao mesmo tempo.
"Quinta-feira à noite, Cuddy estará ocupada com a organização da festa de natal e nós podemos ter nossa revanche aqui". House propôs.
"Eu trarei o vinho". Arlene disse.
"E eu a pizza". House falou.
"Temos um acordo!". Arlene apertou a mão dele.
"Que os jogos comecem!". House disse em tom dramático.
Continua...
