Capítulo 23 – Revanche e revelações

Eu vivo sozinho e apaixonado
Não tenho ninguém
Aqui do meu lado
Meu cachorro Venus foi roubado
Fiquei um pouco preocupado

Vou me entorpecer
Bebendo vinho
Eu sigo só
No meu caminho

Música: Bebendo Vinho - Ira


A semana passou e Cuddy estava aliviada por estar cheia de trabalho, pois House não a deixou em paz. Ele estava preocupado com o bem estar dela e do bebê, então ele queria se certificar a cada minuto de que ela estava se alimentando, de que ela não estava fazendo força em demasia e nem se estressando além da conta.

"Você está há uma semana planejando esse evento de natal, você não tem uma assistente? Secretária? Por que a reitora de medicina grávida tem que fazer tudo?".

"Por que eles não sabem que a reitora está grávida e ela é uma mulher controladora". Cuddy respondeu dando um selinho nele.

"Eu vou para a sua casa esperar por sua mãe, nós teremos a revanche do pôquer essa noite".

"Sim, sim, eu sei. Essa maldita revanche. Minha mãe me ligou todos os dias para me lembrar disso".

"Ela está muito ansiosa". House falou divertido.

"Ela anda treinando dia e noite com as amigas judias".

House riu. "Elas não são pareô pra mim".

"House, juízo!".

"Eu que digo isso pra você. Nada de carregar peso e nem de se estressar demais, se você não voltar pra casa até às dez horas eu venho te arrancar daqui a força". Ele a ameaçou carinhosamente.

"A festa será muito importante esse ano". Cuddy falou.

"Por quê? Essa festa acontece anualmente".

"Porque nós iremos juntos".

"Nós iremos juntos? Como um casal?".

"Sim. Iremos assumir nosso relacionamento".

"Wow!".

Ela riu.

"Será... Interessante". Ele concluiu.

"Eu te falei...". Ela sorriu e saiu.

House ligou imediatamente para Chase. "Como estão as apostas?".

"30 mil dólares para o ganhador até o momento". Chase respondeu.

"Temos que intensificar".

"Eu estou fazendo isso".

"Você não entendeu. Sábado eu irei com Cuddy para a festa de natal e a aposta terminará".

"Oh meu Deus!".

"Pois é".

"Vou focar nisso amanhã".

"Se chegarmos a 40 mil dólares será 20 mil para dividirmos e a tal de Cinda ficará com 20 mil só pra ela... Isso não estava nos meus planos". House reclamou.

"É Linda! Não, ela ficará com menos, pois ela apostou menos dinheiro. Devemos ficar com uma porcentagem de 3/4 do montante total".

"Ótimo, aposte mais, vamos chegar o mais perto possível dos 4/4". House orientou.

"Tudo bem, mas eu estou descapitalizado". Chase reclamou.

"Arrume um jeito". House falou e desligou.

Ele estava atrasado, logo Arlene estaria chegando à casa de Cuddy e ele ainda estava no hospital.


"Senhora Cuddy, seja bem vinda ao lar de sua amada filha". House a recebeu.

"Lisa está trabalhando?".

"Com certeza".

"Tão típico dela". Arlene respondeu. "Trouxe o vinho, na verdade trouxe três garrafas de vinho".

"Você pretende me embebedar para ganhar o jogo? Ou para tirar vantagens de mim?".

"Você é um ogro". Ela respondeu e House riu.

"Eu trouxe pizza, duas. Pepperoni, eu espero que goste".

"Serve". Arlene respondeu com desdém, mas louca para provar a pizza.

"Vamos comer primeiro?". Arlene perguntou.

"Vamos comer enquanto jogamos, como os grandes jogadores fazem".

"Aonde você viu isso?". Arlene contestou, mas House a ignorou e foi buscar taças, abrir o vinho e trazer a pizza.

"Vou colocar música, é sempre bom jogar com música boa". Arlene disse e colocou um CD de musicas tradicionais judaicas.

"Se isso perturba as suas amigas judias, eu já te aviso que comigo não terá efeito". House a avisou.

"Não é para perturbá-lo. Eu amo os costume judaicos".

"Mas você não é judia de nascença". House disse enquanto a servia.

"Não, assim como você... Você pode se converter".

Ele riu. "E por que eu faria isso?".

"Por Lisa".

"Ela não liga pra isso. E se você quer saber, eu não vou fazer nenhuma cirurgia no meu pênis também, não importa quais ameaças você me faça".

Arlene balançou a cabeça, ele era um ogro, mas era o único namorado de Lisa que tinha inteligência o suficiente para discutir com ela. E Arlene admirava isso.

"Se tornar um judeu é mais uma questão de comunidade, não de crença".

"Eu nunca fui bom com comunidades". House disse enquanto comia. "Agora, vamos jogar logo".

Eles começaram a primeira partida e ambos estavam tensos.

"Apostas?". House propôs.

"O que você sugere?".

"Uh... Se você perder... Você me paga ingressos para a final do Monster Truck. Não só ingresso. Você terá que ir comigo vestindo jeans e um boné, me pagar bebida e comida durante todo o evento". House disse.

"O que é Monster Truck?".

"A coisa mais legal do mundo, depois de algumas outras coisas, como sexo, por exemplo".

Arlene continuou olhando para ele séria.

House a explicou o que era Monster Truck.

"Você chama isso de legal? E quer que eu te leve?".

"Sim".

"Não".

"É só você não perder... Ou você já começa o jogo se dando por vencida? Está certo que eu sou melhor...".

"Tudo bem, tudo bem". A provocação dele funcionou.

House sorriu satisfeito.

"Mas se eu ganhar... Você levará Lisa para Indiana na casa de minha irmã para o próximo Hanukkah. Ela não aparece para celebrar em família há anos".

"Chato pra caramba, mas temos um acordo!".

O jogo continuou, assim como o vinho e a pizza.

"Você sabe que esse não é o último pepperoni do planeta, não sabe?". House perguntou, pois Arlene já estava levemente embriagada e parecia ter um caso de amor tórrido com o pepperoni.

"Eu quase não como pizza, me deixe em paz".

Ele riu. "Dado o seu desespero, eu acho que você está sem comer qualquer coisa há dias".

Ela jogou a fatia de pizza nele.

House assustou, mas não se deu por vencido e jogou a pizza de volta nela.

"Você sujou minha camiseta branca". Ele reclamou.

"Esse trapo? Você, como médico, devia se vestir melhor".

"Eu, como médico, devia salvar vidas, o resto é minha opção e sua filha adora, por falar nisso".

O jogo e as provocações continuaram, eles estavam se divertindo, mesmo que não quisessem admitir.

O telefone de House tocou. "Espere, pare tudo! Eu preciso atender".

"Agora?". Ela reclamou.

"Eu sou um médico, esqueceu?".

Era Wilson.

"Jimmy eu estou em um jogo de pôquer tenso, falamos depois...".

"Não!". Wilson contestou. "Você está jogando pôquer em uma quinta-feira à noite e nem pensou em me convidar?".

"É com Arlene".

"Quem é Arlene?". Wilson perguntou confuso.

"A mãe de Cuddy".

Wilson arregalou os olhos. "Arlene Cuddy?".

"Essa mesma e você está me atrapalhando, essa velha é safa, ela deve estar roubando cartas disfarçadamente enquanto falamos".

Arlene jogou outra fatia de pizza nele.

"Você está jogando pôquer com Arlene Cuddy?".

"Sim, eu tenho que repetir tudo duas vezes agora? Desde quando você teve uma concussão cerebral?".

"E Cuddy? Ela está aí também?".

"Trabalhando na organização da festa de natal, tudo tem que estar perfeito ou você não a conhece? Daqui a pouco ela irá decidir que eu deverei ir vestido de Papai Noel com o meu grande saco vermelho pendurado".

"Isso é insano". Wilson falou.

"Eu concordo!".

"Eu me refiro a você e Arlene jogando pôquer".

"Tchau Wilson!". House falou e desligou.

"Onde paramos?". Ele perguntou.

"Você paga ou corre?". Ela falou embriagada.

"Diferente do seu marido que pagou, eu fujo!". Ele disse e ela riu.

"Meu marido, Matheus, era um grande homem".

"Com certeza ele era". House falou bem humorado.

"Eu falo sério".

Ele percebeu que Arlene estava se abrindo emocionalmente. House ficou preocupado já que não saberia lidar com confidências da sogra.

"Ele e Lisa eram como unha e carne, não se desgrudavam, eu tinha um pouco de ciúme, confesso. Ele a entendia como ninguém mais, ele a fazia rir como ninguém mais, desde que ele se foi eu nunca mais tinha visto minha filha sorrir tão espontaneamente, exceto quando você está por perto".

"Wow, você está me comparando ao pai dela? Isso seria incesto".

"Deixa de ser idiota!". Arlene disse. "Matheus tinha um jeito de ser muito diferente de mim, ele era divertido, bom ouvinte e um pai dedicado. Eu nunca fui uma mãe tão dedicada quanto ele foi pai. Eu nunca soube lidar com Lisa, ela é tão diferente de mim".

"Tenho certeza de que Cuddy não espera muito de você, só que a aceite como ela é e respeite as decisões que ela tomar". House falou em um momento de seriedade, até ele estranhou o rumo que a conversa embriagada estava tomando.

"Mas agora estou eu aqui... sozinha, me entorpecendo com o vinho e engordando com pizza".

"Você não está sozinha, eu notei que você e o pepperoni estão em uma relação séria". Ele disse tentando desanuviar o clima.

Ela jogou outro pedaço de pizza nele.

"Aí! Agora a última rodada para definirmos isso logo". Ele falou quebrando o clima de nostalgia e seriedade.

As cartas foram reveladas e House com um Royal Flush, ganhou.

"Não é possível que na última mão você tinha um Royal Flash". Arlene contestou suspeitando dele.

"Tanto é possível que aí está! Espero ansiosamente pelo evento de Monster Truck". Ele disse em tom arrogante.

"Eu não vou naquela porcaria".

"Ah você irá, aposta é aposta!".

"Você... Trate de limpar essa casa antes da minha filha chegar". Arlene irritada ordenou.

House riu. "A derrota torna as pessoas menos simpáticas".

"Minha filha trabalha demais, se ela chegar em casa e encontrar essa desordem...".

"Quem começou arremessando pizza não fui eu. E não é porque a sua filha está grávida que eu tenho que ser o mordomo dela". House deixou escapar como resultado de ter ingerido tanto álcool.

"O quê? Você engravidou minha filha?".

"Oh, oh!". Ele caiu em si.

"Você, seu bastardo, engravidou a minha filha?". Arlene repetiu a pergunta.

"Boa noite!". Cuddy entrou sorridente pela porta. "Quem fez essa bagunça?". Ela disse olhando o chão cheio de pedaços de pizza, molho, vinho. "Vocês estão bêbados?".

"Lisa, quem faz as perguntas aqui sou eu. Desde quando você está grávida e escondendo isso de mim?". Arlene perguntou.

Cuddy olhou para House em choque e ele sorriu sem graça.

Continua...