Capítulo 25 – Frisson

Pelo seu sorriso eu me apaixonei
Foi o seu olhar que falou pra mim
Me queira na sua vida
Me leve em seu abraço, daqui

Tua voz me diz o que eu quero ouvir
Teu cheiro me leva pra longe daqui
Não vejo mais saída, nem quero uma saída

Dorme no meu peito
Faça o seu ninho em mim
Acorde com meus beijos

Música: Fique na Minha Vida – Roberta Campos e Vitor Kley.

Eles estacionaram e se prepararam para entrar.

"Como está minha maquiagem?".

"Eu não sou especialista nisso, mas me parece ótima".

"Eu te beijei, como está o batom? Borrado?".

"Não".

Ela sorriu, limpou os lábios dele que estavam um pouco manchados com batom dela, pegou a mão dele e se dirigiram para a entrada do evento.

Chegando a porta principal ela respirou fundo, os dois entregaram os convites para o segurança do evento e a grande porta se abriu.

Imediatamente olhos curiosos voltaram-se para eles enquanto eles se dirigiam para o salão principal. Quem via a reitora de medicina chegando de mãos dadas com o médico mais polemico do hospital arregalava um olho de espanto e cutucava alguém do lado.

Chase sorriu satisfeito e já pensando em seu dinheiro, Foreman não acreditava no que os seus olhos viam e Cameron tinha certeza de que se tratava de uma brincadeira.

Wilson sorriu feliz ao ver seus dois amigos juntos e se dirigiu até lá.

"Eu sabia que vocês entrariam em grande estilo".

"Housestyle". House comentou sorrindo.

"Vamos até a nossa mesa e conversamos lá?". Cuddy sugeriu sendo tragada pelos olhos de todos os presentes.

Eles causaram um grande frisson. Olhos os seguiram até a mesa e a fofoca já corria solta.

"Wow, o namorado misterioso era House". Foreman disse ainda sem acreditar.

"Não, isso é uma pegadinha". Cameron não conseguia admitir tal possibilidade.

"Pois é o que é". Chase falou levantando-se para cumprimentar o casal.

"Ei! Parabéns ao casal sensação". Ele chegou dizendo.

"Obrigada Dr. Chase". Cuddy respondeu sorrindo. "Quer juntar-se a nós?".

"Não, eu estou com Cameron e Foreman, só vim mesmo elogiá-los, vocês realmente têm estilo". Ele falou isso e saiu com um sorriso no rosto.

"Estranho Chase ter se controlado até agora e não ter revelado o que sabia para ninguém". Cuddy falou.

House olhou para Wilson e Cuddy notou a comunicação visual entre os dois.

"O que vocês fizeram?".

"Nada".

"House!".

"Talvez haja uma aposta correndo...".

"Que aposta?". Ela perguntou já esperando pelo pior.

"Sobre quem era o seu... namorado".

"E eu imagino que essa aposta trouxe muito dinheiro para vocês três?".

"Não, eu fui impedido de lucrar com essa informação". Wilson reclamou.

Cuddy olhou para House.

"Você devia me agradecer, pois é o dinheiro para o enxoval do bebê". House falou dramático, mas Cuddy achou fofo demais e o beijou suavemente.

Esse fato não passou despercebido pelos olhos alheios.

"Você também devia me agradecer, pois eu sou tão discreto que não fiquei no TOP 10 da aposta, isso quer dizer que eu soube disfarçar perfeitamente". House falou para Cuddy.

"Uh... E quem ficou no TOP 10?". Cuddy perguntou curiosa.

"Dr. Clark foi o primeiro". House falou.

Cuddy fez cara de nojo. "Clark é um imbecil".

Os homens riram.

"Um bom médico, mas...". Cuddy tentou corrigir.

"Tudo bem, eu concordo com você, querida". House disse bem humorado.

Wilson franziu a testa com o som daquilo.

"Querida?".

"Somos românticos e carinhosos um com o outro". Ele justificou.

"Ele está brincando, House não me chama assim". Cuddy esclareceu. "E depois? Quem foi o próximo da lista?".

"Dr. Herman, Silas – o fisioterapeuta prodígio, Wilson e Dra. Brown".

Cuddy arregalou os olhos. "Silas? Aquele menino novo? Dra. Brown?".

"Pra você ver... Eles pensaram em todas as possibilidades bizarras, menos em mim". House falou com voz dramática.

"Wilson?". Cuddy pensava em voz alta.

"Ei, o que tem eu? Poderia ser... poderíamos ser um casal". Wilson falou ofendido.

"Você é... como um irmão pra mim". Cuddy respondeu e House riu.

"Eu sempre disse isso". Ele se gabou.

Wilson não sabia por que, mas estava ofendido.

"Relaxa Jimmy, você tem todas as enfermeiras para você". House falou.

"Quanto você ganhou com a aposta?". Cuddy perguntou curiosa.

"Não sei ainda o número final, mas é um bom dinheiro".

Ela deveria estar indignada, mas por alguma razão ela estava feliz.

Enquanto isso, do outro lado do salão de festas...

"Você viu isso? Cuddy o beijou na frente de todos". Foreman disse.

"É encenação, foi só um selinho". Cameron respondeu.

"Você realmente não quer acreditar, não é?". Chase perguntou um tanto chateado.

"House e Cuddy? Fala sério!". Cameron disse.

"Por quê?". Chase perguntou curioso.

"Eles só brigam...".

"Então, faz ainda mais sentido. Nunca ouviu sobre os meninos e meninas na escola? Eles brigam porque têm uma atração irresistível que não entendem...".

"Chase agora é psicólogo". Foreman falou rindo.

Cameron ainda não estava convencida.

Minutos depois Cuddy subiu no palco para um breve pronunciamento.

"Boa noite!". Ela começou. "Fico feliz com a presença de todos vocês essa noite, colegas de jornada durante todo esse ano. Houveram momentos de tensão, de muitas dificuldades, outras vezes pudemos salvar vidas e celebrar as boas notícias, mas hoje só faremos uma coisa: comemorar!".

Nesse momento todos a aplaudiram.

"Eu não vou me estender, pois hoje o foco é outro. Vamos celebrar mais um ano de sucesso em nosso hospital, mais um ano de realizações e de dever cumprido. Um brinde a todos nós!". Ela levantou uma taça de champanhe e todos fizeram o mesmo com o copo mais próximo.

Depois a banda começou a tocar algumas músicas animadas e os presentes foram para a pista de dança.

"Vamos dançar?". Cuddy convidou House.

"Você sabe... perna... sem Vicodin...".

"Venha!". Ela o puxou e o arrastou para a pista.

Dançaram, riram e ganharam os olhares curiosos e saudosos dos presentes. Realmente eles pareciam felizes. Cuddy fazia questão de mostrar a cada momento o carinho que tinha por ele, ela o acariciava no rosto, dava pequenos beijos, o abraçava e ficava de mãos dadas. Às vezes ela conversava com um ou outro, mas sempre junto de seu namorado.

"Todos os homens e algumas mulheres estão com inveja de mim". House sussurrou para ela. "Dra. Brown encontrou-se comigo no bar e quase jogou a tequila dela no meu rosto, eu disse pra ela se controlar porque você adora um pen...".

"Cale-se agora!". Cuddy sorriu. "Que morram de inveja então!".

"Eu ia dizer que você adora um pen drive. Desde que seja um grande pen drive". Ele falou malicioso e a abraçou forte.

Cuddy riu alto chamando a atenção de alguns convidados.

Quando voltaram para a mesa, Cuddy fez questão de sentar-se no colo do namorado.

"Você ainda acha que isso não é real?". Chase provocou Cameron.

Ela nada respondeu.

"Eles estão mais apaixonados do que muito casal adolescente". Wilson chegou dizendo. "Eu estou até com inveja dos dois, desde Amber...". Wilson começou a chorar.

"Wilson você está chorando?". Chase perguntou.

"Não, é impressão sua". Wilson tentou disfarçar

"Não... são realmente lágrimas saindo de seus olhos". Chase falou rindo.

"Pare de ser insensível! Ele está sofrendo por amor". Cameron falou um tanto rude para Chase.

"Você também está sofrendo por amor?". Chase a provocou.

"Claro que não!". Ela respondeu.

"Ei ei... eu não queria provocar uma briga entre vocês. Eu bebi demais". Wilson disse e saiu.

"Dr. Wilson". Uma garota o chamou.

"Sim".

"Eu sou assistente administrativa, sou nova no hospital, esse é o meu primeiro emprego. Chamo-me Sandra". Ela se apresentou.

"Oh". Wilson a achou atraente demais e ela parecia estar a fim dele.

"Todos falam muito de você, que você é o melhor Oncologista".

"Eles falam?".

"Sim. É um prazer conhecê-lo. E você também é bastante atraente".

Wilson corou.

"Você quer dançar?". Ela o convidou e foram para a pista de dança juntos.

"Quem é aquela ninfeta com Wilson?". House perguntou para Cuddy.

"Oh meu Deus! Ela é Sandra, é a nova assistente, mas ela é muito nova".

"Me diga que ela tem menos que dezoito anos, por favor". House falou divertido.

"Não, ela deve ter feito dezoito anos recentemente".

"Droga!". House reclamou.

"Mas ela começou a trabalhar aqui ontem". Cuddy falou surpresa.

"Essa é realmente rápida". House disse enquanto bebia a sua vodca.

"Eu estou impressionada". Cuddy se limitava a dizer.

"Com ela ou com Wilson?".

"Com os dois".

"As ninfetas adoram pegar no pen drive". Ele disse sério.

Cuddy balançou a cabeça, mas não disfarçou um sorriso.

Em pouco tempo Wilson e Sandra estavam se atracando na pista de dança.

"Fique tranquila que eles não vão tirar o nosso titulo de rainha e rei do baile". House falou bem humorado.

Cuddy riu. "Eu não estou nem um pouco preocupada com isso, e nem com eles. Eu tenho coisas mais úteis e interessantes para cuidar".

"Uh...". Ele respondeu malicioso.

"Mas que os dois terão uma enorme enxaqueca, eles terão". Cuddy falou em tom ameaçador e House arregalou os olhos animado.

A noite passou rapidamente e Cuddy novamente subiu ao palco para dar continuidade às atrações da festa.

"Vamos partir para os sorteios dos prêmios?". Ela disse e todos aplaudiram empolgados.

Eles sortearam muitos prêmios, House ficou no bar enquanto sua namorada fazia às vezes de anfitriã do evento. House olhava encantado para ela. Cuddy era linda e era dele. Ele imaginou como seria ainda maior o espanto geral se soubessem que ela carregava um feto que era também dele. Ele gelava com essa lembrança sempre, isso o apavorava. House tratou de beber para esquecer aquela sensação de pânico que começava a dominá-lo.

"Tudo bem, pode confessar". Cameron se aproximou dele.

"Você é padre? Aprendeu com Chase?". Ele foi sarcástico. "Eu sou puro, não tenho pecados para confessar".

"Você está com Cuddy para dividirem o premio da aposta, certo?".

House riu e quase cuspiu a sua bebida. "Imaginação fértil, é assim que eu gosto".

"Eu não vou entregá-los, fique tranquilo".

"Então eu fico mais aliviado para confessar. Sim, estamos juntos apenas para ganharmos o premio. Eu quase não gosto daquela bunda e daqueles seios".

"Eu estou falando sério". Cameron disse frustrada.

"Eu também". Ele respondeu arregalando os olhos e fazendo cara de louco.

Cuddy continuava falando, mas agora ela olhava insistentemente para a mulher que estava muito perto de seu namorado. Era Cameron? Aquela vadia. Cuddy tentava disfarçar, mas não conseguia tirar os olhos dos dois.

"Vamos sortear uma britadeira agora". Cuddy disse e todos olharam para ela assustados. 'Uma britadeira?' Era essa a pergunta geral.

"E essa britadeira vai para a Dra. Alisson Cameron".

House olhou para Cuddy com estranhamento.

"Eu ganhei uma britadeira?". Cameron perguntou baixo surpresa.

"É brincadeira...". Cuddy riu.

"Não tem britadeira nenhuma?". Wilson bêbado gritou.

Todos riram.

Minutos depois Cameron foi até Cuddy. "Eu ganhei uma britadeira?".

"Não Dra. Cameron, você não ganhou nada. Eu sei como você queria ganhar alguma coisa, mas não deu. Desculpe por isso". Ela falou sarcástica.

Cameron não havia entendido nada, mas House que observava a distancia, sim.

"Agora o último sorteio da noite". Cuddy anunciou. Já haviam sido sorteados televisores, relógios, celulares. Wilson havia ganho um dos kits de panelas, claro que House não perdoou e fez uma piada a respeito.

"O último prêmio será uma viagem para dois com destino em Fernando de Noronha, no Brasil". Cuddy anunciou e todos arregalaram os olhos.

"Wow!". Ouvia-se o burburinho.

"O sorteado foi o número 597". Ela anunciou. Mas ninguém se manifestou.

"Ninguém?".

Nada...

De repente Cuddy olhou para em seu bolso e o número 597 era o dela.

"Sou eu!". Ela gritou.

"Não vale!". Muitos gritaram de volta. "Isso é fraude". Outras gritavam se divertindo.

"Sou eu!". Cuddy falou feliz.

Cuddy havia ganhado a viagem.

Depois que ela desceu do palco House caminhou até ela. "Nós ganhamos uma viagem". Ela disse empolgada.

"Pra quê se você não pode tirar férias nunca?".

"Eu vou... Temos um ano de prazo para usar o voucher".

"Até você tirar férias o oceano já terá invadido o continente Americano e as praias terão desaparecido". Ele a desafiou. "Ainda mais um arquipélago".

"Vamos antes de o bebê nascer". Ela disse convicta.

"Eu duvido!". Ele falou rindo.

"Se for com você, eu irei até o fim do mundo". Ela respondeu dramática.

Ela estava sentindo-se livre, leve e solta por ter assumido o seu amor publicamente, eles não precisavam mais esconder nada de ninguém agora.

"Apostado!". House falou e Cuddy apertou a mão dele e logo o puxou para um beijo suave.

Continua...