Capítulo 38 – Confidencial
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter a quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria
Música: Monte Castelo – Legião Urbana
"E a sua mãe, como ela está?".
"Bem! Nem parece que ela teve um AVC. Ela é forte".
"Fico feliz em saber. Você teve algum ataque de pânico nesse período?". Dra. Layla perguntou.
"Não, só aquele mesmo. Foi um episódio isolado".
"Bom! E como foi a visita à casa de seus pais?".
"Teve seus momentos". Ele falou malicioso.
"Eu me refiro ao que você sentiu estando de volta aquele ambiente e na presença de seus pais". Ela tratou de esclarecer.
House respirou fundo. "Meu pai continua sendo um idiota e minha mãe continua sendo a rainha da paciência e da resignação, nenhuma novidade então. Mas notei algo interessante. Ele deve ser mais fácil perto dela, mais tolerável. John fica pior quando eu estou ao redor".
"E você sabe que não há nenhuma responsabilidade sua nisso, certo?".
"Eu quero que ele se foda. Desculpe!". House ficou envergonhado com a linguagem que usou.
Ela continuou séria olhando para ele.
"Sério. Eu quero que ele vá para o inferno".
"O que isso quer dizer exatamente?".
"Eu não dou a mínima para o que ele pensa ou deixa de pensar. Eu não me importo em como ele trata a minha mãe, pois foi escolha dela manter esse relacionamento e, sinceramente, ele não parece ser tão ruim com ela. Mas eu me importo com o que ele faz ou fala para Cuddy e também para a minha filha".
"Você quer protegê-las. Compreensível".
"Ele não terá acesso a elas".
"Vocês não mantém contato frequente. Ele não seria uma figura usual na sua vida e nem na vida delas, certo?".
"Eu não acredito em Deus, mas... Obrigado Senhor por isso!".
Ela riu.
"Você parece estar melhor, digo, com relação a sua insegurança".
"Eu estou bem". Ele se limitou a dizer.
"Só isso? Sem detalhes?".
"Eu... eu tive muitas lembranças enquanto estava lá. Algumas doloridas, outras simplesmente tristes, mas também encontrei alguma felicidade quando morava por lá, não posso negar... Talvez, uma dessas lembranças tenha me mostrado que eu tenho valor de alguma forma".
"Que ótimo! E realmente, você tem valor de muitas formas".
"Eu sei que não serei o melhor namorado do mundo, e nem o melhor pai do mundo, mas eu vou me esforçar para ser o melhor que eu puder ser".
Dra. Layla sorriu, seu paciente estava progredindo.
"Ainda há tempo para mudarmos de ideia e irmos embora". House falou para Cuddy.
"Não, eu não mudei de ideia". Ela respondeu confiante.
"Todos os pais que estarão aí dentro terão na faixa de seus vinte anos e serão completamente inexperientes". House contestou.
"E nós não somos mais experientes que eles".
"Nós somos médicos, já temos uma formação melhor do que a formação que a instrutora desse curso tem". Ele argumentou.
"House, nós entraremos e faremos o curso de pais de primeira viagem. Essa instrutora é altamente renomada".
"Por quê?".
"Porque ele é uma terapeuta experiente e com uma enorme bagagem".
E ela pegou na mão dele e entraram, ele foi praticamente arrastado.
Haviam oito pais além deles, incluindo um casal de homens homossexuais. E, para surpresa de House, ele não era o pai mais velho. Um homem na faixa dos seus sessenta anos estava com sua esposa gravida, a jovem senhora devia ter em torno de uns trinta anos.
"Olá, agradeço a presença de todos! Sejam muito bem-vindos!". A instrutora Val começou dizendo. "Gostaria que falassem um pouco sobre vocês para nos conhecer, creio que esse seja o primeiro passo importante para nos sentirmos conectados uns aos outros, afinal, vocês estão vivendo o mesmo momento especial na vida de vocês".
"Odeio esses cursos idiotas". House resmungou para Cuddy. "Nos conectar uns com os outros? Eu não quero uma conexão com ninguém".
"Deixa que eu falo por nós dois". Cuddy informou. Seria melhor deixar House o mais calado possível.
Então começaram as apresentações.
"Nós estamos grávidos de 30 semanas". Um casal informou empolgado.
"Nós estamos grávidos! Quão ridículo é isso?". House resmungava.
"Eu e Dylan somos casados e agora a barriga de aluguel está gestante de 35 semanas de um de nossos espermatozoides, nunca saberemos quem é o pai biológico porque isso não importa para nós. Estamos muito felizes".
"Isso só pode dar merda. Um deles tem o tom de pele bem moreno, o outro é loiro, é claro que eles saberão quem será o pai biológico, e é claro que isso vai influenciar a relação deles". House dizia baixo para Cuddy.
"Shhhh... Quieto!". Ela dizia envergonhada.
"Eu tenho sessenta e três anos e nunca imaginava me apaixonar novamente. Mas eu tenho uma esposa linda e uma filhinha a caminho. Nós nos amamos muito!".
House não conseguiu conter o riso e Cuddy olhou pra ele muito envergonhada.
"Desculpem! Eu realmente acredito no amor". Ele disse alto e levou um cutucão da namorada.
Chegou a vez deles.
"Olá! Eu sou Lisa e esse é Greg. Eu estou grávida de 37 semanas e será uma menina, Gwen. Essa será nossa primeira filha e, apesar de sermos médicos, uma coisa é tratar bebês de pacientes e outra é cuidar de nosso próprio bebê". Ela falou olhando para House.
"Oh que bom, dois médicos!". A instrutora disse e House fez cara feia.
As aulas começaram. Primeiro uma palestra sobre as necessidades do recém nascido.
"Sério que depois de cursar a faculdade de medicina eu sou obrigado a ouvir isso?". Ele perguntou muito descontente.
"Serão só cinco aulas?".
"CINCO?". Ele falou alto interrompendo a palestra.
"Desculpe, mas... Não tem um módulo mais avançado para médicos?". House perguntou fazendo Cuddy corar de vergonha.
Depois eles tiveram que treinar com bonecos. Eles tinham que amamentar os bebês, fazê-los arrotar, trocar a fralda, colocá-los para dormir, dar banho.
"House você está afogando Gwen". Cuddy disse.
"Essa não é Gwen, essa é uma boneca idiota, ela nem parece um bebê real. Pelo amor de Deus, eu não quero brincar de casinha".
"House, fale baixo".
"Pra que alguém em sã consciência dá banho em uma boneca?".
"Para treinar".
"Eu não preciso treinar com uma boneca". House disse irritado.
"Algum problema aqui?". Val chegou perguntando.
"Não, nenhum. Desculpe". Cuddy tentou disfarçar.
"Você molhou os olhos da boneca, ela poderia...". Val começou a dizer.
"Eu sei de tudo o que poderia acontecer. Eu sou médico. E você? Qual a sua formação?". Ele interrompeu a instrutora.
"Ei cara, cala a boca e nos deixe ter as aulas em paz".
"E você...". House virou-se para o senhor sorrindo. "Você tem certeza de que essa filha é mesmo sua? Porque... Eu não me admiraria se...".
"House!". Cuddy chamou a atenção dele indignada.
De repente o homem queria pegá-lo. O tumulto estava armado.
"Saiam já daqui e nunca mais apareçam!". Val os expulsou.
Do lado de fora Cuddy estava muito irritada.
"Se você falar comigo nos próximos cinco meses, eu corto a sua língua fora". Ela o ameaçou enquanto caminhava até o carro.
"Nós não precisamos disso para cuidarmos de Gwen".
Ela nada respondeu.
"Nós somos médicos".
"E DAÍ? SÓ PORQUE SOMOS MÉDICOS NÃO PODEMOS APRENDER COM QUEM TEM EXPERIENCIA?".
"Então se é assim vamos falar com alguém que tem dez filhos e não com uma instrutora mequetrefe de um cursinho para pais. Isso é para roubar dinheiro e tempo".
"Você... Você conseguiu ser expulso em menos de metade de uma aula!".
"Eu sou bom assim!".
"EU TE ODEIO!".
Não, você não me odeia".
"Cuddy está muito frio".
"Você está brincando? Eu estou transpirando".
"Você tem esses hormônios da gravidez loucos, eu não".
House disse puxando a coberta no meio da madrugada. Cuddy estava com crises de calor e House sofria diariamente com isso.
"House, durma! Eu preciso acordar muito cedo amanhã".
"Se você não desligasse o aquecedor e arrancasse todo o edredom eu dormiria".
"Eu não quero isso em mim, está muito quente". Ela falou empurrando para longe as cobertas. "E você não tem direito de falar nada".
"Só se esse calor todo for na sua hoo hoo...".
"Mantenha essa coberta longe de mim".
"Ótimo".
E eles dormiram afastados, ele coberto dos pés a cabeça e ela sem nada. Cuddy ainda estava bastante irritada com o namorado pelo acontecimento no curso de pais.
No dia seguinte no hospital Wilson veio falar com House com o semblante tenso.
"Olá Jimmy, o que te trás aqui tão cedo?".
"São dez horas".
"Muito cedo".
"Emily...".
"Oh. O travesti com quem você está saindo?".
"Ela não é um travesti".
"Tudo bem". House tentou conter a risada.
"Eu... Ontem chegamos perto novamente de... Você sabe".
"SEXO?". House falou muito alto e Wilson corou.
"Fale baixo!".
"Qual é Wilson, sexo é uma coisa natural. E depois de você sair com todas as enfermeiras carentes daqui, o hospital inteiro já sabe o tamanho do seu pênis".
"O quê?". Ele perguntou arregalando os olhos em choque.
"Ou você acha que as mulheres não se falam?".
"O que você ouviu?".
"Que você tem as bolas assimétricas. Eu disse que era normal ter diferença entre os testículos, mas aparentemente, segundo diversos relatos, são muito assimétricas".
"Oh meu Deus! Isso é... Isso é um horror!".
"Ter as bolas assimétricas?".
"Não! Elas falarem sobre... você sabe".
"Sobre as suas partes masculinas e como você as usa?".
"Não fale mais nada!".
"Eu te disse... Onde se ganha o pão não se come a carne... Era algo assim..". House fez cara de confuso.
"Mas você e Cuddy...".
"Sobre eu e Cuddy, nós somos exclusivos. Ela não se envolveu com ninguém mais do hospital e nem eu".
Wilson olhou pra ele franzindo a testa.
"Só aquela médica, mas isso é passado e ninguém soube além de você. Eu não tenho culpa de que ela se jogou na minha frente".
"Irresistível você".
"Foi só... sexo. E se ela falou de mim, não foi nada ruim". Ele se gabou.
"Se Cuddy souber disso...".
"Nós não tínhamos nenhum relacionamento na época, e foi há muito tempo. Agora me diga o que tem Emily".
"Foi há três anos, não é tanto tempo assim... Emily... Nós quase fizemos... sexo". Wilson falou baixo. "E então ela disse que precisava conversar".
"Oh isso vai ser bom". House falou sorrindo.
"Ela me disse que não gosta de sexo".
"Ela é assexuada?".
"Não! Ela gosta de homens, mas não gosta de sexo".
"Então ela gosta de homens, mas gosta de sexo com mulheres?".
"Não. Ela não gosta de sexo com ninguém, com nenhum gênero. Ela gosta de beijos, ela gosta de companhia, ela gosta de estar em um relacionamento, mas sem sexo".
House riu alto. "Impossível".
"O que eu faço?".
"Você ainda tem duvidas?".
"Eu estou apaixonado".
"Wilson, você não conseguiria viver sem sexo. A menos que...". Os olhos de House brilharam.
"A menos que...". Wilson disse instigando House a continuar.
"A menos que ela deixe você ter sexo com outras mulheres".
"Não, eu quero sexo com ela, não quero ter sexo com outras mulheres".
"Mas ela não quer sexo com você. Sinto muito Wilson. Talvez se você fosse mais irresistível".
"Você acha que o problema sou eu?". Ele perguntou confuso.
"Não Wilson, o problema é ela. Largue ela e vá atrás de alguém que goste de sexo, ou compre uma boneca inflável, é melhor do que essa louca".
"Ela não é uma louca, é uma opção de vida...".
"É sério que você está cogitando ficar com ela?".
"O sexo é supervalorizado".
"Bobagem! E você sabe disso. O sexo é uma das únicas coisas boas desse mundo".
"Eu concordo plenamente". Chase chegou dizendo. "Desculpe interrompe-los, mas temos paciente".
"Wilson, acorde!". House disse antes de sair.
Meia hora depois House estava se indispondo com o pai de um paciente. A discussão ficou acalorada e Cuddy foi chamada.
"O que está acontecendo aqui, House?".
"Pergunte a esse senhor arrogante que acha que é dono do meu traseiro".
"House!". Cuddy chamou a atenção dele.
"É um absurdo que isso esteja acontecendo em um hospital onde eu sou um dos doadores". O homem dizia.
"Você é doador e acha que pode comprar as pessoas com o seu dinheiro sujo?".
"House!".
"É verdade, Cuddy. O filho dele tem uma pneumonia, eu não tenho que diagnosticar algo que já está diagnosticado".
"Eu invisto nesse hospital, se eu quiser que você trate o meu filho contra a gripe, assim você fará".
"Você está vendo? Eu não sou obrigado a isso". Ele reclamou para Cuddy.
"Vamos conversar e tentar entrar em um consentimento". Cuddy tentava conciliar as coisas.
"Não há consentimento. Eu sou diagnosticador e não tenho que tratar pneumonia. Existem outros médicos estúpidos que poderiam fazer isso. Milhões deles...". House argumentava.
"Você é um médico antes de tudo, o melhor desse hospital. Então você tratará o meu filho". O homem insistia.
"Dr. Hill, nós temos inúmeros médicos que podem lidar com o caso de seu filho. Especialistas, pneumologistas".
"Eu quero House!". O homem não desistia.
"Eu não estou em uma prateleira, sinto dizer. E se estivesse, Lisa Cuddy já me pegou". Ele disse sarcástico.
"Então eu quero tirar o meu filho desse hospital, bem como tirar todo o meu dinheiro investido aqui".
"Dr. Hill, vamos conversar". Cuddy tentava conciliar a situação.
"Foda-se você e seu dinheiro!". House esbravejou.
"House!". Cuddy estava desesperada. "Dr. Hill, vamos conversar".
Foi inútil, ele levou o filho para outro hospital e eles perderam o doador.
"House, eu não quero falar. Não agora!". Cuddy o alertou quando ele entrou na sala dela minutos depois.
"Eu não fiz nada".
"Não? Eu perdi o doador. Sabe o que isso significa?".
"Que você está livre daquele idiota?".
"Eu não poderei mais comprar o novo aparelho de ressonância magnética".
"Você não devia ficar nervosa, Gwen está prestes a nascer".
"Não House, eu não devo passar nenhum stress, e no entanto você me deixa fora de mim com as suas atitudes imaturas e egoístas. Agora todo o hospital ficará sem o equipamento porque você não podia tratar um garoto com pneumonia e fazer o desejo do pai dele. Além disso... Você nos fez ser expulsos do curso de pais, como eu não tenho nada para ficar irritada?".
"É sério isso?". House perguntou sorrindo de indignação. "Ele é o idiota arrogante e eu levo o sermão? E aquele curso... Você deveria me agradecer".
"Você não doou um milhão de dólares para o hospital, aliás... Você não está nem aí para o hospital ou para mim".
"É tudo uma questão financeira? Se eu doasse dois milhões, o que eu poderia fazer? Eu poderia correr nu pelo hospital? Ofender as enfermeiras? Com três milhões eu poderia ofender os médicos? Com cinco eu poderia ter uma lap dance da reitora? Eu poderia faltar na porra do curso de pais?".
"Cale-se! Saia já daqui!". Ela estava possessa.
"Ótimo, sensacional!". Ele disse e saiu batendo a porta. Isso chamou a atenção dos funcionários ao redor.
Nos dias seguintes eles se mantiveram distantes, mas aos poucos os ânimos foram serenando e eles voltaram a se aproximar.
"Eu decidi que quero fazer o ultrassom 4D". Cuddy falou.
"Agora que estamos quase no final da gestação?".
"Sim".
"Tudo bem". House não queria causar mais problemas.
"38 semanas não é tão final assim... Ela deve nascer só na 41° semana".
"De parto natural?".
"De parto natural".
"Isso que é não ter amor a sua hoo hoo".
"Já falamos sobre isso".
"Tudo bem, serão as suas partes, não as minhas". Ele disse querendo evitar discussão.
"Você acha que devo esperar até o parto para me surpreender com os traços do rosto dela?". Cuddy perguntou em duvida sobre o ultrassom.
"Eu acho que sim, já chegamos até aqui".
"Ok".
"Ok?". House perguntou estranhando, pois ela não era de aceitar sugestões assim.
"Ok".
"Você está... linda. Especialmente linda essa manhã, de qualquer maneira...". House disse galanteador.
"Você não vai conseguir sexo agora". Ela respondeu sorrindo.
"Eu só disse por quê... é verdade".
Cuddy se derreteu. "Obrigada".
Ela se aproximou e o beijou suavemente, era o primeiro beijo desde a discussão.
"À noite...". Ela sussurrou.
House acenou com a cabeça e sorriu.
Após o trabalho Cuddy chegou mais cedo em casa. Ela tinha consulta com a sua terapeuta, mas se atrasou. Então ligou para ela.
"Podemos falar por telefone hoje? Desculpe, mas eu me atrasei".
"Não há problemas Lisa". Flora, a terapeuta de Cuddy, falou.
"Eu precisava falar com você hoje, mas me enrolei no hospital novamente".
"Você planeja entrar em licença maternidade só quando Gwen nascer?".
"Exatamente! Eu quero estender o máximo possível".
"E como está tudo?".
"House... A minha vida atualmente gira em torno de House e de Gwen. Aliás... Quando não foi em torno de House?". Ela disse com uma risada triste.
"O que aconteceu?".
"Eu nunca estive com um homem como House, nunca! Nem perto disso. Nós temos uma chama... um fogo... Nós não podemos estar perto um do outro que perdemos a razão. Com os meus ex-namorados nunca foi assim, nem perto disso. Quer dizer, nem sempre era ruim, mas não se compara".
"Entendo". A terapeuta respondeu.
"Ele me faz sentir-me sexy, desejada e eu amo cada pedaço dele. Tudo nele pra mim é sexy, até a bengala, e eu me refiro a bengala de madeira realmente". Ela riu. "Ele está diferente desde a nossa rápida viagem para a casa dos pais dele. Ele parece mais seguro, mais confiante e, Deus, até isso é sexy como o inferno".
"Mais...". A terapeuta instigou.
"Coisas triviais como um jantar com doadores e reunião com o conselho... Curso de pais... Eu tenho que pensar dez vezes antes de convidá-lo, pois ele pode me envergonhar e prejudicar a nós dois. Mas antes ele iria teimar em não ir de qualquer maneira... Mesmo quanto é um evento importante pra mim ele não pensa nisso, só na vontade dele. As vezes parece que eu tenho um relacionamento com um garoto de dez anos. Eu o amo... Quanto será prejudicial eu estar em um relacionamento com um homem que amo mais do que a mim mesma? E minha filha no meio disso tudo? Eu estou confusa".
"O que exatamente aconteceu para essa duvida surgir? Pois na semana passada você não me falou sobre ela. O que despertou essa preocupação?".
Cuddy contou sobre o acontecido no hospital e no curso de pais.
"A intensidade tem dois lados. Ou é muito forte para um lado agradável, ou para um lado nem tão agradável". A terapeuta falou.
"Sim. As vezes eu quero simplesmente matá-lo e nunca mais vê-lo, mas no momento seguinte eu quero beijá-lo e não largá-lo nunca mais. Isso é loucura? Se fosse qualquer outra reitora já o teria demitido...".
"Você não o demitiu mesmo quando ele fazia essas coisas e vocês não eram um casal. O que mudou?".
"Mudou que agora nós somos um casal. É errado eu esperar mais dele?".
"Não é errado vocês se adaptarem a vida juntos, mas isso exige dialogo. Agora, se você quiser mudar quem ele é, vocês terão um problema".
"Eu quero que ele seja quem ele é. Eu me apaixonei por ele assim, ele é o homem mais incrível que eu já conheci. Eu só quero que ele demonstre que eu e Gwen somos importantes pra ele nas pequenas coisas do dia a dia e nas grandes também. As vezes ele me surpreende com alguma palavra ou gesto fofo, eu sei que ele se importa. Mas no minuto seguinte eu tenho duvidas. Em alguns momentos eu sinto que ele não entendeu que seremos uma família e que tudo o que ele faz recai sobre nós agora, invariavelmente. Ele não é mais só o médico mais valioso do meu hospital, hoje ele é uma das pessoas mais importantes da minha vida".
House havia chegado em casa minutos atrás e conseguiu ouvir quase toda a conversa.
Continua...
