Como sempre eu agradeço o carinho dos comentários que recebo aqui na fanfic e também os privados. Vocês são demais!
Espero que curtam esse capítulo, afinal, Huddy é sexy, é amor, mas é complicado... E os dois precisam lidar com as arestas nesse relacionamento (não como David Shore fez - se é que me permitem o comentário audacioso).
Haverá tempestade, inevitável com esses dois geniosos, mas o amor prevalecerá? Afinal, amar é tudo?
Capítulo 39 – Diálogo
Quando o sol bater
Na janela do teu quarto
Lembra e vê
Que o caminho é um só
Por que esperar
Se podemos começar
Tudo de novo
Agora mesmo
A humanidade é desumana
Mas ainda temos chance
O sol nasce pra todos
Só não sabe quem não quer
Música: Quando o sol bater na janela do teu quarto – Legião Urbana
Ela desligou o telefone e respirou fundo. House ficou escondido, pensativo. Alguns minutos depois ele entrou na sala.
"Oh, você chegou!". Ela disse sorrindo e acariciando a barriga. Cuddy criou esse habito de acariciar a barriga constantemente sem ao menos perceber.
"Sim. Atrapalho você?".
"Claro que não". Ela respondeu e foi dar um selinho no namorado.
"Estranho, pois eu pensei que não ter entendido que agora somos uma 'família' deveria ser algo que a incomodava imensamente".
"House...".
"As vezes eu me sinto um garoto de dez anos". Ele falou sarcástico.
"Você ouviu minha conversa". Ela concluiu irritada.
"Isso também é imaturo de minha parte? Desculpe se eu entrei em casa na hora errada. Não escolher a hora certa para chegar é imaturidade?".
"Essa era uma conversa privada...".
"Então você devia ter ido para um lugar igualmente privado. Espere... Essa é a sua casa, eu é que sou o intruso aqui".
"Não House, não comece distorcendo tudo".
"Distorcendo? Eu ouvi muito bem a sua conversa".
"Você ouviu a uma conversa minha com a minha terapeuta, não é como se você não falasse das coisas com a sua terapeuta".
"Nunca falei essas coisas sobre você".
"E eu tenho que me sentir mal porque eu estava falando sobre os meus sentimentos em uma sessão de terapia?".
"Em primeiro lugar, você nunca me disse que tinha uma terapeuta. Será que sou só eu o imaturo aqui? Será que sou só eu que não percebi que somos um casal?".
"É claro que eu te contei sobre ela. Você que se esqueceu".
"Eu acho que não".
Ela não se lembrava se havia dito a ele sobre a terapia.
"De qualquer forma isso não é o que estávamos discutindo antes". Cuddy tentou argumentar.
"Claro, porque não te convém. Sua terapeuta aceita ouvir as duas versões da história? Posso ligar pra ela e esclarecer algumas coisas".
"Eu concordo com você e acho que esse é o momento". Cuddy falou aumentando o tom de voz. House estreitou os olhos e seu coração bateu acelerado.
"Você quer dizer que esse é o fim? Se é isso, fale logo!". Ele aumentou o tom de voz.
"House! Eu quero dizer que esse é o momento de sermos honestos, completamente honestos um com o outro".
A última coisa que ela queria era terminar com ele, mas o medo de que ele abandonasse tudo e sumisse era real. Cuddy não podia sucumbir a esse medo, ela tinha que enfrentar as consequências, ela precisava ser forte, por ela e por Gwen.
"Eu começo". Cuddy disse. "Eu estou morrendo de medo de estar sozinha com Gwen. Eu estou com medo de que você nos abandone porque acha que não merece ou que não é bom o suficiente para nós".
"E eu estou morrendo de medo de ser um lixo de namorado e de pai. Aparentemente eu já tenho conseguido isso com relação a parte do namorado...".
"Não! Eu...".
Ele a interrompeu. "Você tinha caras se batendo para estar com você e, no entanto, você está comigo. Você engravidou de um idiota como eu".
"Você acha mesmo que eu tinha caras fazendo fila para ficarem comigo? Os homens podem até querer sair comigo, mas morrem de medo do meu cérebro e se afastam logo depois. Ou eu os afasto porque eles são tão entediantes...".
"Não acredito em você".
"Pois deveria. Eu vivenciei isso por anos. Nem todo homem gosta de um desafio. Eles querem uma mulher feminina e submissa aos anseios masculinos, quando eles percebiam que o meu salário era maior que o deles, por exemplo, ou que a minha inteligência é compatível ou superior a deles, eles ficavam inseguros e desinteressantes. Só existiu até hoje um homem que foi páreo para mim, e esse homem é você. Os outros temiam minha personalidade forte e independente. Em algumas ocasiões eu até tentei ser a mulher que eles esperavam, a bonequinha de porcelana sensível e frágil, mas não funcionou. Não se pode fingir ser quem não se é e esperar que tudo fique bem. Então eu me concentrei em minha carreira e desisti de relacionamentos. Pensei que isso não era pra mim, pelo menos não naquele momento. Nos últimos anos eu tinha tentado novamente através da internet ou de alguns encontros a cegas, mas não deu muito certo". Nesse momento House tentou conter a risada. "Quando você e eu... Quando nós começamos a ficar juntos, eu estava totalmente descrente dos homens e de relacionamentos".
"Homens são estúpidos". Ele falou.
"Totalmente de acordo". Ela disse com um sorriso fraco.
"Mas quero deixar claro que eu não mudei de ideia sobre um tópico".
"Qual tópico?". Cuddy perguntou insegura.
"Ninguém merece fazer aquela porcaria de curso de pais".
Ela sorriu. "Não era uma porcaria, e eu queria fazer...".
"Você não precisa disso, eu tenho certeza de que você será uma mãe tão dedicada e atenciosa. E sei que você sabe tudo o que precisa ser feito, e não precisa de uma boneca estúpida para praticar a maternidade".
Ela arregalou os olhos em choque, ela não esperava por aquelas palavras.
Ele ficou calado por alguns segundos, mas continuou.
"Eu sempre pensei, depois do infarto, que todas as mulheres me veriam como um idiota aleijado e me deixariam como Stacy fez. Mas você aparentemente não me vê assim, quer dizer... você me vê como um idiota, mas não a parte do aleijado".
"Nunca te vi assim. Nem como idiota e nem como aleijado. A sua perna que se foda! Eu quero você inteiro".
"Você quer dizer: O meu pênis?". Ele perguntou bem humorado.
"Também. Claro que sim! Eu amo o seu pênis". Ela estava séria.
"Eu ... eu tenho dificuldades em aceitar a felicidade. É como se isso não fosse algo pra mim, é como provar uma roupa muito justa onde o zíper não fecha, mas insistir em vesti-la. Sinto que a qualquer momento as coisas vão dar errado, ou que um piano cairá na minha cabeça na próxima esquina, ou que o zíper vai estourar".
"Eu te entendo".
"Mesmo?"
"Sim".
"Nós somos loucos?".
"Minha terapeuta disse que nós somos apenas humanos".
"Isso é pior que loucos". Ele falou divertido e ela riu.
"Como a sua terapeuta se chama?". House perguntou curioso.
"Flora".
"Faz tempo que você faz terapia?".
"Não muito tempo. Eu a conheço há uns dois anos, fazia terapia antes, mas parei. Voltei porque... Eu não consegui lidar bem com a história da sua infância. Isso me abalou". Cuddy não sabia se devia ter dito isso, mas como eles estavam com a proposta de serem honestos...
"Eu não queria te abalar...".
"House, não! Não foi você que me abalou por compartilha comigo. Eu fiquei muito feliz porque você se sentiu a vontade para falar comigo, sério! Foi pensar em tudo o que você passou que me deixou mal. Eu estou prestes a ser uma mãe, dói o meu coração só em pensar em algo assim".
"Eu jamais faria isso com Gwen". Ele disse preocupado.
"Eu sei".
"Talvez... As coisas que meu pai dizia... Ele sempre deu a entender que a felicidade e o prazer eram coisas erradas e mereciam punição. Talvez por isso eu busque o prazer vazio, como uma maneira de contradizê-lo, de enfrentá-lo. Mas o que tenho com você não é vazio...".
"Oh House". Ela disse se aproximando. "Nós merecemos a felicidade. Nós merecemos!". Ela pegou a mão dele gentilmente. "House, olhe pra mim". E assim ele fez.
"Eu quero isso". Ela apontou entre os dois. "Eu quero nós! Eu quero nós três! Eu quero a sua companhia nos eventos do dia a dia e nos eventos importantes também. Eu preciso saber que você estará lá por mim, por Gwen. Eu não espero que você mude, eu amo você. Talvez não precise xingar todo mundo, ofender doadores, membros do conselho, acionistas, pacientes, colegas...".
"E você diz que não quer que eu mude?". Ele perguntou sarcástico.
Ela riu.
"Eu quero estar lá pra vocês. Você me faz... feliz. Talvez esse seja todo o problema, talvez eu esteja ocupado tentando evitar que o piano caia na minha cabeça".
"Não há piano nenhum".
"Eu tenho medo de te perder. Eu tenho medo de perder vocês duas. Pensar que algo pode dar errado no parto, ou...". Ele percebeu que a síndrome do pânico iria voltar e Cuddy tratou de ajudá-lo.
"Respire devagar. Nada vai acontecer. Estamos bem, nós duas. Eu e sua filha. E nós duas te amamos muito". Ela disse segurando a mão dele e passando a outra mão bem lentamente pelas costas do namorado.
Aos poucos ele foi se acalmando e voltando ao normal.
"Nem eu quero te perder". Cuddy disse quando percebeu que ele estava de volta.
"Mas eu não posso suprir as suas exigências. Você... você tem um nível de exigência irreal". House disse.
"Eu sei". Cuddy admitiu. "Eu sou maníaca, controladora e fora da realidade, como diz a minha mãe. Mas eu consegui tanta coisa profissionalmente por acreditar em algo fora do padrão. Você é mais do que eu imaginava, o meu sonho desde a faculdade. Era algo fora de questão para mim e, no entanto, estamos aqui e eu te amo!".
"Mesmo com as minhas inúmeras e gigantes imperfeições? Mesmo considerando que as vezes eu pareço ter dez anos de idade? Mesmo sabendo que eu posso recair no meu vicio por narcóticos?".
"Mesmo com tudo isso, eu também não sou perfeita".
"Do ponto de vista físico...". Ela deu um tapa leve no braço dele.
"Cuddy, você precisa dizer pra mim o que espera de mim, eu nem sempre vou adivinhas". Ele falou com semblante sério.
"Eu sei. Você tem razão. E você precisa se abrir mais comigo e me deixar entrar".
Ele acenou com a cabeça em concordância.
"Eu sei que você tem um problema com narcóticos, eu não sou desmemoriada, eu estive lá, lembra-se? Se algum dia ficar muito difícil para você, me diga, por favor!".
House abaixou a cabeça e ficou pensativo.
Um silêncio perpetuou na sala por alguns segundos.
"O que faremos agora?". Ele quebrou o silêncio.
"Sexo? E depois dormimos, amanhã tentamos ser mais abertos um com o outro e faremos mais sexo...".
"Eu gosto de como você pensa". House disse malicioso.
"Você gostou da parte do sexo, seja honesto".
"Isso é o mais divertido...".
Ela riu alto. "Com você? Sempre!".
"E aí Jimmy boy? Como anda o namoro sem graça com Eline?".
"É Emily!".
"Não mude o foco".
"Eu não estou mudando nada... Estamos bem!".
House o olhou fixamente.
"Estamos indo devagar".
"Vocês estão indo devagar para a santificação dos virgens no Vaticano?".
"Vai se foder!".
House riu. "O que vocês fazem quando estão juntos? Vocês pintam a unha um do outro?".
"Pra você é tudo sobre sexo?". Wilson questionou irritado.
"Não tudo. Oitenta por cento".
"Sexo é supervalorizado. Quando você está com quem se ama, o amor transcende a tudo".
House riu alto. "Bobagem".
"Você deveria praticar isso com Cuddy, mais conversa e menos sexo. Intimidade não significa sexo".
"Nós não queremos ser santificados, nós queremos morrer no pecado".
"Eu soube que você foi expulso do curso de pais". Wilson o provocou.
"Aquele curso idiota novamente...".
"Você foi expulso do curso de pais?". Cameron chegou perguntando.
"Mais uma... O que você quer?".
"Ryan, ele teve uma convulsão". Cameron o informou.
"Quem é Ryan?".
"O nosso paciente". Cameron disse sem acreditar na falta de memória dele.
"Ah, claro. Wilson eu preciso ir, mas... Não diga que eu não te avisei quando ela quiser cortar as suas bolas para que vocês vivam felizes na Terra do Nunca". House disse e saiu.
Naquela noite House e Cuddy estavam assistindo a um filme no sofá.
Cuddy colocou a mão na coxa de House e se aproximou perigosamente da virilha dele. "Você tem certeza de que quer terminar de assistir ao filme?". Ela perguntou maliciosa.
"Wilson disse que devemos ficar mais tempo juntos apenas fazendo coisas diferente de sexo". House falou sério.
"Wilson que se dane, eu quero você agora!". Ela disse já o montando. Essa era uma das únicas posições possíveis nos últimos dias por conta do tamanho da barriga de Cuddy.
"Depois você não vai reclamar pra ele e nem pra ninguém que eu só penso em sexo, porque...". Ela o calou com um beijo e já começou a desvesti-lo.
A conversa não foi mais necessária depois disso.
"Eu tenho que ir as compras". Cuddy falou na noite seguinte.
"Claro, se você quiser que Gwen nasça no meio do shopping".
"Ela não vai nascer essa semana ainda, e eu preciso comprar algumas coisas que faltam".
"O que pode faltar? Nossa casa está cheia de itens rosa, eu já nem encontro a minha cueca".
"Você não entende... Ainda faltam algumas coisas".
"Eu me nego a levá-la ao shopping assim, prestes a parir".
"Você não precisa me levar, eu irei com Julia e com mamãe".
"Oh, e desde quando vocês são super amigas?".
"Não vamos passar férias juntas, nós vamos apenas para uma ida rápida ao shopping".
"Você no shopping nunca é uma ida rápida".
"Eu não estou pedindo permissão, eu estou informando".
"Ah é? E se minha filha nascer no meio da praça de alimentação?".
"Ela não irá nascer no shopping".
"Tomara, porque minha filha já vai ser mimada e viver rodeada por coisas cor de rosa, se ela nascer no shopping será a verdadeira patricinha de Beverly Hills".
Ela segurou a risada. "Que preconceituoso!".
"Cuddy, eu estou falando sério. Não vá ao shopping".
Ela se aproximou dele e deu um selinho. "Eu volto muito rápido. Aproveite para assistir aqueles reality shows chatos".
"Você é muito teimosa!". Ele disse resignado.
E ela foi.
Cuddy estava com Julia e Arlene no shopping.
"Eu queria estar grávida de uma menina agora, tem tantas coisas lindas para comprar". Julia falou para a irmã.
"Você sossega esse fogo que você já tem três filhos, ou você acha que é uma vaca parideira?".
"Mamãe!". Cuddy chamou a atenção dela.
"É verdade. Lisa que começou tarde no mercado das vacas parideiras".
As duas filhas riram.
"E além de começar tarde ainda vai nomear a minha neta como Gwenola. Isso é um absurdo. Essa menina ficará traumatizada".
"Minha filha vai amar o nome dela". Cuddy contestou.
"Eu adorei o nome". Julia disse.
"Você é uma puxa saco da sua irmã". Arlene argumentou.
"Não é verdade, eu admiro Lisa e tudo o que ela conseguiu. Gwenola é um nome forte, como a mãe dela". Julia elogiou a irmã.
"Obrigada July". Cuddy falou emocionada.
"Oh, chega dessa palhaçada. Vamos entrar aqui comigo que eu preciso de alguns sutiãs novos, os meus estão rasgados e meus mamilos estão de fora". Arlene falou arrastando Julia com ela.
"Eu vou ficar aqui fora olhando as vitrines". Cuddy anunciou rindo e dirigiu-se para a vitrine da loja ao lado.
"Lisa?". Ela ouviu uma voz conhecida, mas não conseguia identificar de quem era.
Continua...
