Novamente eu agradeço ao carinho das pessoas que gastam alguns minutos do seu tempo para ler a fanfic e comentar. Muito obrigada! Sem isso não teria razão para eu continuar escrevendo.
Esse capítulo é uma delícia. O nascimento de um filho pode deixar a cabeça e coração dos pais desnorteados, mesmo um pai como House.
**Obs. Nesse capítulo haverão alguns diálogos entre House e Foreman que seguem a série House MD, eles não me pertencem, bem como a maioria dos personagens que uso na fanfic.
Capítulo 42 – Coisa linda
Linda do jeito que é
Da cabeça ao pé
Do jeitinho que for
É, e só de pensar
Sei que já vou estar
Morrendo de amor
De amor
Coisa linda
Vou pra onde você está
Não precisa nem chamar
Coisa linda
Vou pra onde você está
Linda feito manhã
Feito chá de hortelã
Feito ir para o mar
Ah, se a beleza mora no olhar
No meu você chegou e resolveu ficar
Pra fazer teu lar
Música: Coisa Linda – Tiago Iorc
"Vamos com o seu carro Wilson". Cuddy ordenou. "House ficará comigo no banco de trás".
Ela estava tomando todas as decisões, pois House estava muito alienado para isso.
"Eu não sei se eu consigo dirigir". Wilson falou tremendo.
"Oh meu Deus! Você quer que eu, em trabalho de parto, dirija o meu carro para o hospital?". Cuddy perguntou irritada.
"Não... Talvez House...".
"Ele está pior do que nós dois juntos". Cuddy falou olhando para o namorado que estava sem reação. "Vamos pedir um táxi". Cuddy decidiu.
"Não!". House voltou a si. "Eu dirijo!".
"House, não!". Cuddy falou preocupada.
"Você fica no banco da frente, como minha passageira".
"Você tem certeza de que você pode dirigir?".
"Eu não sou tão inútil assim".
E então foram. House dirigindo o carro de Cuddy, ela no banco do passageiro e Wilson no banco de trás sozinho.
House estava tão nervoso, as mãos suavam e tremiam, ele tentava disfarçar para que Cuddy não ficasse preocupada. Sorte deles que o carro dela era automático, ele pensou.
Uma contração forte começou e Cuddy se curvou toda.
"Cuddy respire!". House disse pegando a mão dela.
"Eu saberia como respirar se você não tivesse nos feito ser expulsos do curso de pais". Ela o atacou.
"Esse assunto que nunca termina...". Ele disse frustrado. "Quem precisa de um curso para aprender a respirar? Então os bebês morreriam todos, pois nascem analfabetos e não entenderiam quando o instrutor os explicasse como se deve respirar...".
Wilson riu.
"Não tem graça". Cuddy falou quando a contração começava a melhorar.
"Meio que tem sim". Wilson disse e Cuddy olhou feio para ele. "Desculpe". Ele disse abaixando a cabeça.
"House, se concentre em dirigir". Cuddy orientou.
"Você tem certeza de que quer um parto normal, realmente?". Ele perguntou.
"Sim".
"Você vai suportar dez vezes mais dor do que isso?".
"Sim".
"Você não se assusta com a ideia de uma cabeça passando pela sua hoo hoo em poucas horas?".
"Sim".
"E mesmo assim você não mudou de ideia porque é muito teimosa?".
"Sim".
"Você acha Emily insuportável?".
"Sim".
House riu.
"Ei... eu ainda estou aqui". Wilson reclamou.
"Você quer fazer a energização dos seus chakras?". House continuou as perguntas para distrair Cuddy e a si mesmo.
"Oh foda-se! Wilson, você é um idiota". Ela respondeu.
House riu alto. "Cuddy em trabalho de parto se torna a Cuddy sincera".
Wilson fez cara feia.
"De qualquer forma, você deixou Emily sozinha no restaurante? Como você acha que ficará os chakras dela agora?". House o provocou.
"House, vá se foder!". Wilson respondeu.
"Você mentia dizendo que estava parando de comer carne vermelha e de beber álcool, mas na minha casa se empanturrava com essas coisas para sujar o seu chakras?".
"Eu já disse: vá se foder!".
"De que adianta aqueles enormes seios se você não pode tocá-los?". House disse.
"Você está falando dos seios de outra mulher enquanto eu estou parindo a sua filha?". Cuddy perguntou indignada.
"Eles nem se comparam aos seus seios". House disse alisando a perna dela.
"Você é um bastardo!". Ela falou empurrando a mão dele.
"Eu também te amo!". Ele respondeu e Cuddy não conteve um sorriso.
"Como eu fui tão cego com Emily? Eu fiquei meses sem transar...". Wilson pensava em voz alta do banco de trás do veiculo.
"Bem-vindo de volta Jimmy! Senti a sua falta!".
"Vocês falam como se fizessem sexo um com o outro". Cuddy falou.
"Bem...". House começou bem humorado e Wilson o cortou.
"Nunca!".
Ele e Cuddy riram. Até que...
"Oh meu Deus... Outra... Está começando outra contração".
Cuddy mais uma vez se contorceu com a contração dolorosa. Quando terminou, Cuddy estava transpirando, mas alisava a sua barriga com delicadeza e falava com Gwen.
"Filha, o seu pai está nos levando para o hospital. Tenha paciência, não judie muito de sua mãe".
"É involuntário. A força para sair é lei da gravidade".
"Eu sei, House. Mas não me lembre disso".
"Você é quem quer parto normal...".
"Oh... Foda-se!". Ela respondeu ainda sentindo os efeitos da contração.
"As contrações estão ficando mais demoradas e o intervalo está diminuindo...". Wilson observou.
"Gênio!". House disse olhando feio para ele.
"O quê?". Wilson não entendeu que House não queria deixar Cuddy tensa com tais comentários.
"Calma Cuddy, estamos chegando em cinco minutos".
"Fale isso para Gwen!".
"Eu já disse que é a força da gravidade...".
"Cale-se!".
"Ok".
Um silêncio total permeou o ambiente pelos próximos minutos.
"Fale alguma coisa!". Cuddy pediu assim que a contração passou.
"Você me mandou ficar calado...".
"Não me obedeça. Você nunca foi de me obedecer e agora você faz isso?".
"Mulheres!". House comentou alto e Wilson riu.
"Oh meu Deus!". Cuddy exclamou surpresa.
"O que foi?... Oh meu Deus!". House disse quando entendeu ao que ela se referia. O banco do carro estava alagado, a bolsa havia rompido.
"Nós teremos que mandar higienizar esse carro...". House comentou.
"É só nisso que você pensa? No carro?". Cuddy perguntou irritada. "A minha bolsa estourou e você pensa na limpeza do carro?".
"Claro que não, é só um comentário".
"Então o guarde para você".
Wilson arregalou os olhos.
"Wilson, continue sem sexo. É o melhor...". House falou para o amigo.
Finalmente chegaram ao hospital. Cuddy, por ser reitora, recebeu as honras de chefe de estado e já foi transferida rapidamente para uma sala apropriada. Além disso, Dr. Blau foi chamado.
Dentro da sala, Cuddy pediu para House contatar as famílias deles.
"Ligue pra eles enquanto as enfermeiras depilam as minhas partes femininas".
"Você tem certeza de que não quer que eu faça isso? Eu e suas partes femininas nos damos tão bem!".
"Por mais que eu goste de ter você perto de minhas partes femininas, eu prefiro isso em outro momento".
"Tudo bem, mas... Peça para a enfermeira que fará isso não ficar com o olho grande nas suas partes. Elas são minhas!".
Ela riu. "Uma pessoa de minha confiança fará isso, fique tranquilo. No mais, eu já deixei bem depilado, é só dar um retoque final".
"Por favor, me deixe fazer isso! Entre ligar para Arlene e ver a hoo hoo da minha namorada, mil vezes ver hoo hoo da minha namorada".
Ela riu novamente. "Vá logo!".
"Tudo bem. Mas... Cuidado!".
E ele foi.
House ligou para Blythe que quase surtou quando ouviu a noticia. Ela estava preparada para vir para Princeton na próxima semana, mas Gwen adiantou os planos de vir ao mundo. Depois ligou para Julia, ele tentou evitar Arlene.
Quando desligou o telefone ele respirou fundo antes de voltar para a sala de parto, afinal, ele seria um pai hoje, isso o apavorou completamente. Mas antes de continuar o pensamento ele foi interrompido.
"Eu preciso falar com você". Era Foreman.
"Tem que ser agora? Aliás, o que você faz aqui a essa hora?".
"Eu ainda não fui para casa desde o último paciente".
"Por quê? Você se saiu bem".
"Fiz o que você teria feito".
"Bom... Eu posso ser tendencioso...".
"Eu torturei o garoto".
"Porque sabia que estava certo. Você sabia que iria salvar o irmão dele".
"Eu sei. Mas não gosto de saber. Eu odeio ouvir um garoto gritar de dor e nem parar para pensar no que eu estou fazendo. Odeio que, para ser um médico como você, eu tenha que ser uma pessoa como você. Não quero me transformar em você".
House sorriu sarcástico. "E você não vai se transformar em mim. Você já é como a mim desde que tinha 8 anos".
Foreman se virou para encará-lo. "Você vai salvar mais pessoas do que eu, mas eu me conformo em matar menos pessoas. Eu estou entregando o aviso prévio". Foreman falou e saiu.
Talvez se fosse em um momento diferente ele tivesse ficado incomodado, mas naquela situação? Ele tinha outras prioridades na cabeça.
Quando House entrou na sala Cuddy olhou para ele.
"Você pensou que eu tinha fugido?". Ele perguntou.
De fato ela estava apreensiva, pois ele demorou mais do que o normal.
"Não, eu... Você ligou para Blythe e para minha mãe?".
"Sim. Já depilaram a sua hoo hoo?".
"Sim".
"Posso ver?".
"Cale-se!". Ela respondeu sorrindo.
"Foreman pediu demissão". Ele a informou.
"O quê?".
"Ele não quer ser como eu".
"Ele te disse isso?".
"Sim!".
"Que idiota!".
"Eu concordo!". Ele sorriu.
"Você está bem?". Cuddy perguntou preocupada.
"Quem tem que perguntar se alguém está bem aqui sou eu".
Dr. Blau chegou e House fechou a cara enquanto ele examinava Cuddy.
"Lisa, você está com sete centímetros de dilatação, precisamos de no mínimo dez. Temos que aguardar".
"Eu só estou com sete centímetros de dilatação ainda?".
"Cuddy, vamos optar pela cesariana?". House insistia.
"Não! Vamos aguardar".
E as horas seguiram, já era madrugada. As contrações ficaram mais intensas e com menor intervalo.
Blythe estava a caminho e Arlene já havia chegado com Julia ao hospital. Cali veio também, Wilson estava com elas.
"Onde estão todos?". Cuddy perguntou entre as contrações.
"Na recepção da maternidade". House disse.
"Quantas horas ainda até dez centímetros?".
"Isso depende... Pelo menos mais umas três horas".
"Oh meu Deus!". Cuddy suspirou.
"Nunca é tarde para mudar de ideia e optar pelo...".
"Não!".
As horas seguiram.
"Eu estou me sentindo fraca por conta de tanta dor". Cuddy reclamou. "Mas eu não vou fazer cesariana. Eu cheguei até aqui. Já devo estar perto dos dez centímetros".
"Na verdade ainda faltam dois". Dr. Blau disse após examiná-la.
"Ainda faltam dois?". Ela perguntou com o rosto suado.
Perto das seis horas da manhã Cuddy atingiu os dez centímetros e começou a empurrar involuntariamente.
"Oh meu Deus! Isso dói! Ahhhhhhhhhhh".
"Isso Lisa, você está indo muito bem. Continue empurrando". Dr. Blau falou.
"House, me dê a sua mão". Ela pediu e ele assim o fez.
"Ai!". Cuddy apertou muito forte a mão dele.
"É pra você sentir o mínimo de dor também". Ela falou enquanto se recuperava e se preparava para fazer mais força.
"Ahhhh... Eu te odeio!". Cuddy disse para House assim que começou a empurrar novamente.
"Mas eu não fiz nada".
"Nós dois fizemos sexo e só eu estou com dor agora. Quão justo é isso?".
"Ei Gwen, dá uma força aí senão a sua mãe vai me matar e você nem vai chegar a me conhecer, será uma órfã de pai". House falou com a filha.
E Cuddy continuou empurrando. E House continuou tendo a sua mão esmagada.
"Quando sair daqui eu precisarei amputar pelo menos dois dedos". Ele disse fazendo Dr. Blau e as enfermeiras rirem.
"Eu não acho graça nenhuma. Quando eu sair daqui eu não quero mais saber de sexo. Nunca mais!". Cuddy esbravejou.
"Metade das mulheres falam isso, fique tranquilo". Dr. Blau falou para House. "Mas depois elas aparecem para o segundo parto".
"Nunca!". Cuddy quase gritou.
"Ela não resiste ao meu charme". House a provocou e teve a mão apertada mais forte.
"Ai!".
"Cale-se! Você não tem ideia do que é dor". Cuddy disse.
E ela empurrava... e empurrava...
"Está normal isso? Essa demora?". House perguntou baixo para Dr. Blau.
"Eu posso ouvir". Cuddy falou enquanto empurrava.
"É perfeitamente normal, e eu já estou vendo os cabelinhos dela... Gwen está vindo!". O médico falou.
"Oh meu Deus!". Cuddy empurrava e chorava agora.
"Ela nem nasceu Cuddy, são só os cabelos dela à vista". House pensou que ela iria se debulhar em lágrimas quando Gwen finalmente viesse ao mundo.
Cuddy não conseguia mais falar, pois tudo o que ela conseguia fazer era chorar e empurrar.
"A cabeça saiu... Ela é linda!". Dr. Blau falava. "Continue Lisa!".
House começou a entrar em um transe inexplicável. Ele via e ouvia a tudo o que acontecia, mas não reagia a nada.
"Isso Lisa, falta pouco!".
"Ahhhhhhhhhhh...".
"Os ombros estão saindo...".
"Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh...".
De repente House despertou quando ouviu a um choro de bebê. Da sua bebê!
"Ei papai, você quer cortar o cordão umbilical?". Dr. Blau o tirou do transe.
E então ele olhou pela primeira vez para a sua filha. Ela era perfeita, linda. House nunca entendeu como os pais achavam aqueles seres enrugados e sujos tão bonitos, mas ele estava pensando exatamente assim. Gwen era a coisa mais linda que ele já havia visto.
"House, me deixe vê-la". Cuddy pedia ansiosa entre lágrimas.
House cortou o cordão umbilical e as enfermeiras limparam rapidamente a pequena, depois a entregaram para o papai e ele a levou até Cuddy. Mas antes ele olhou bem para a filha e pode jurar que a filha olhou de volta para ele.
"Ei Gwen, essa é a sua mãe". Ele a colocou nos braços de Cuddy.
"Oh meu Deus!". Cuddy chorava compulsivamente. "Ela é linda!".
"Ei filha, eu sou a sua mãe. Eu te amo tanto, sabia?".
"Vamos tentar fazê-la mamar?". A enfermeira se aproximou do casal.
"Ela já está com fome?". House perguntou fazendo a enfermeira rir.
"Quanto mais cedo ela mamar, melhor".
Cuddy então retirou a mama do avental cirúrgico e tentou oferecer para Gwen. A pequena não entendeu logo de cara e começou a chorar.
O coração de House tremia com o choro da filha, será que havia alguma coisa errada? Alguma coisa biológica devia estar programada para entrar em 'modo de alerta' quando um pai houve o choro de sua filha. Só isso explicaria. Ele já havia ouvido o choro de muitos bebês, mas esse era completamente diferente...".
"Está tudo bem?". Ele perguntou preocupado para a enfermeira.
"Sim, essa reação é normal. Muitos estímulos de repente. A pequena precisa de tempo para se acostumar".
Mas Gwen aparentemente relaxou ao ouvir a voz do pai.
"Ei garota, eu divido com você os seios da sua mãe, mas você precisa me prometer devolvê-los intactos". Ele disse e a enfermeira riu enquanto Cuddy corava.
Gwen pareceu estar interessada na voz que ouvia. Então quando ela estava mais calma eles conseguiram fazer com que a pequena começasse a sugar os seios de Cuddy. Demorou um pouco para o leite sair, mas logo Cuddy estava amamentando e chorando.
"Vamos deixá-los um pouco a sós para aproveitar esse momento em família". A enfermeira disse.
"Ei... ela é linda e perfeita!". Cuddy falou para o namorado.
"Sim". House ainda estava aterrorizado com tudo o que sentia. Ele tinha medo de que qualquer coisa acontecesse com Gwen, ele sentia orgulho de ter feito aquele ser tão perfeito e queria mostrá-la para todo mundo, ele sentia um amor tão grande por Cuddy e por sua filha que só pensava em protegê-las de tudo e de todos, ao mesmo tempo ele experimentava um pânico de que ele não seria capaz de lidar com toda a responsabilidade que aquilo exigia.
"Ei". Cuddy o chamou desviando a sua atenção dos pensamentos contraditórios. "Eu também estou apavorada, mas extasiada. É o dia mais feliz da minha vida, obrigada! Ela é o maior presente que alguém poderia me dar".
House sorriu. Gwen mamando nos seios de Cuddy enquanto a mãe acariciava os ralos cabelos castanhos da menina com um sorriso bobo no rosto, era uma imagem tão forte e tão linda, ele queria fotografar aquele momento.
Quando a pequena terminou, Cuddy pediu que House a fizesse arrotar. Ele pegou a filha com todo o cuidado e enquanto a chacoalhava gentilmente.
"Hei, eu sou o seu pai. Desculpe por isso garota, eu sei que não tenho o melhor currículo para ser um pai, mas eu prometo me esforçar". Ele falou com Gwen que parecia ouvi-lo perfeitamente, pois fitava os olhos atentos nos olhos de seu pai.
"Eu devo estar ficando louco porque eu acho que ela está me entendendo...". Ele falou para Cuddy que novamente estava com lagrimas nos olhos.
"Agora nós somos pais, não temos mais como voltar a um estado de sanidade considerado normal". Ela disse sorrindo.
Continua...
