Nota: Esse capítulo e alguns seguintes contém trechos do script original da série adaptado. A série e os personagens não me pertencem, estou apenas usando minha imaginação para criar um cenário de ficção.


Capítulo 43 – Unicórnio cor de rosa

Escureceu, o sol baixou
Anjo da guarda cantarolou
Nana neném
Nana neném
Cacheadinho, anjinho é

De manhã sob o sol
Cada gota de orvalho
A secar, é suor
É suor de trabalho
Nana, neném

Música: Anjo da Guarda – Tribalistas


"Lisa está parindo um cabrito? Porque está demorando tanto?". Era Arlene reclamando na sala de espera da maternidade.

"É parto normal, o primeiro parto... Demora mesmo". Wilson tentava acalmar a senhora.

"Demorou doze horas para Cali nascer, mamãe. Lisa só está aqui desde as nove horas da noite". Julia falou.

"Então teremos que esperar até às nove horas da manhã? Eu vou pegar um café". Arlene disse.

"Vovó, se for para você deixar de ser inconveniente, eu busco três cafés". Cali falou.

"Essa menina está cada vez mais mal-educada". Arlene reclamou para Julia.

"Finalmente chegamos!". Blythe entrou com John. "Novidades?".

"Nada!". Arlene bufou.

"Ainda bem, eu queria estar aqui quando minha neta nascer". Blythe celebrou. John estava carrancudo, pois ele precisou sair às pressas para pegar um avião apenas para ir ver um bebê.

"Wilson, você é médico desse hospital, não?". Arlene perguntou.

"Er... sim".

"Então faça alguma coisa e traga noticias!". Arlene ordenou.

Não foi preciso, House surgiu na sala de espera.

"Olá a todos os presentes! Eu quero informar que Gwen nasceu, ela está saudável e Cuddy está bem".

"Oh meu Deus!". Blythe começou a chorar emocionada.

"Parabéns papai!". Julia falou indo abraçá-lo. House não sabia como reagir aquilo, ficou imóvel e se deixou abraçar corando de acanhamento.

"É assim que você dá a noticia? Posso vê-las?". Arlene perguntou.

"Você queria que eu apresentasse a minha filha como fizeram com o Simba em o Rei Leão". Ele perguntou indignado. "Ninguém ainda pode vê-las, Gwen irá para algumas avaliações de rotina, eu irei com ela. Cuddy precisa descansar". Ele informou.

"Como ela é?". Cali perguntou ansiosa para conhecer a prima.

"Ela é perfeita!". House tentava disfarçar a emoção ao falar da filha. Ou ele estava realmente ficando mole com toda a situação, ou de fato havia algum gatilho biológico que fazia os pais ficarem bobos.

"Ei... cara... você é um pai! Inacreditável!". Wilson o cumprimentou com tapinhas nas costas. "Outra House no mundo, que todos fechem as portas e subam para as montanhas!". Ele disse divertido e lembrou-se de que o senhor e senhora House estavam por preto. "Desculpem, eu não quis ofender...".

House riu do constrangimento do amigo.

"Eu preciso ir...". House anunciou.

"Queremos vê-las!". Arlene disse novamente.

"Greg, nos avise quando pudermos vê-las". Julia tentou contornar a inconveniência de sua mãe.

"Tudo bem".

Ele voltou para o quarto e sorriu quando encontrou Cuddy e Gwen dormindo.

"Vamos levá-la para os exames?". A enfermeira perguntou.

"Sim, mas alguém avisa Cuddy quando ela acordar, senão ela vai sair à procura da filha por todo o hospital". Ele disse fazendo a enfermeira rir.

"Sim, pode deixar. Eu conheço a minha chefa".

Ele foi com Gwen e fizeram os testes necessários. Gwen se saiu incrivelmente bem em todos eles, ela era uma menina saudável. House respirou aliviado.

Quando Cuddy acordou e não encontrou Gwen a seu lado ela surtou, por um pequeno momento. Até que a informaram sobre os exames.

"House está com ela?".

"Sim, fique tranquila e tente dormir um pouco".

Ela não conseguia pregar os olhos, ela sentia falta de sua filha. Nove meses com ela e então... Onde ela estava? Cuddy começou a chorar.

"Ei Dra. Cuddy, o que houve? Você sente alguma dor?".

"Não Madallene, eu estou bem. Pode parecer idiota, mas eu sinto falta de Gwen".

"Não é idiota, você passou por muita coisa, e tem os hormônios descompensados. É sua filha recém nascida, é natural. Logo ela retorna para ficar ao seu lado".

"Obrigada!".

Dez minutos depois disso House entrou com Gwen no quarto. Cuddy abriu um enorme sorriso.

"Está tudo bem com ela?".

"Está tudo ótimo com ela. Nossa filha é completamente saudável, uma evolução da raça humana. Já querem inscrevê-la em um estudo sobre uma raça superiora". Ele respondeu bem humorado e ela sorriu.

"Eu amo vocês dois, sabia?".

"Claro que sim, como não nos amar, não é Gwen? Nós somos demais!".

"Sim, vocês são!". Ela concordou.

House entregou Gwen para ela. Cuddy cheirou e beijou a cabecinha da filha. Gwen era um bebê com ralos cabelos castanhos, olhos grandes e muito expressivos, cor ainda indefinida, mas definitivamente clara. Lábios que formavam um biquinho fofo. Ela estava com um pequeno laço rosa na cabeça.

"Ela é linda!".

"Ela é!". House concordou. Ele estava realmente bobo pela filha. "Mas ela já tem um enfeite rosa na cabeça...".

"Ela terá muitos enfeites. Eu vou enchê-la de coisas fofas, acostume-se". Cuddy falou divertida. "Me dá um beijo?". Ela pediu.

"Claro". Ele se levantou e deu um selinho na namorada.

"Eu nunca fui mais feliz". Ela disse.

"Nem eu". Ele respondeu e era sincero, assim como o medo de que algo desse errado.


Duas horas depois, Cuddy havia acordado e amamentado Gwen novamente. Depois House chamou os familiares e amigos para conhecer a filha.

"Finalmente! Era mais fácil eu conhecer o menino Jesus do que minha neta". Arlene reclamou.

"Estranho você falar de Jesus, já que você é judia". House a provocou.

"Oh meu Deus! Ela é linda!". Blythe disse. "Posso segurá-la?".

"Claro!".

"Não! Eu serei a primeira avó a segurá-la". Arlene falou dando um empurrão em Blythe.

"Mamãe!". Julia chamou a atenção dela.

"Que mulher inconveniente". Blythe disse surpresa e assustada.

"Mãe, pare! Não existe uma competição para ver quem é a primeira avó a carregar Gwen. Blythe foi a primeira a pedir para segurá-la, então ela será a primeira a segurá-la". Cuddy esbravejou.

Blythe pegou a neta, isso era algo que ela imaginou que nunca aconteceria. Ela nunca pensou que seguraria um neto algum dia. A emoção tomou conta dela.

"É só um bebê". John falou.

Todos na sala olharam feio para ele e isso limitou os comentários inoportunos de John. Ele calou-se.

"Ela é a coisa mais linda! Também, sendo filha de tia Lisa e de Greg". Cali falou admirando a prima.

"Olha esses olhos, parece que ela nos entende". Blythe falou emocionada. "Os olhos dela serão claros como os de vocês".

"Eles só podem ser azuis como os nossos. Genética básica". House explicou. "Caso contrário Cuddy terá muito o que explicar".

Cuddy olhou feio pra ele.

"Ok.. ok... foi uma brincadeira".

"De fato, parece mesmo que ela está nos entendendo. Ela presta muita atenção". Julia comentou.

"Eu espero que ela não esteja nos entendendo". House respondeu bem humorado.

"É como ver um unicórnio. A filha de Greg House". Wilson comentou divertido. "E pra deixar a situação ainda mais estranha, ela é muito fofa".

"Minha filha não é fofa. Ela é extremamente linda!". House falou orgulhoso e Cuddy sorriu. Era muito fofo ver House orgulhoso da filha deles.

"Realmente, ela é uma menina muito bonita". Julia falou derretida pela sobrinha. "Deixe-me carregá-la, agora é a minha vez".

Todos queriam segurar Gwen no colo, e a menina olhava atentamente para todos.

"Gwen deve estar sentindo saudades do útero já". House comentou com Cuddy que sorriu.

Depois de alguns minutos, House pegou a pequena nos braços. "Agora vocês precisam deixar mãe e filha descansarem".

"Você vai derrubá-la!". John falou para o filho.

"Eu tenho problemas na perna, não nos braços". House respondeu e Cuddy ficou muito irritada.

"Ele não colocaria a filha em risco, senhor House. Como ele mesmo disse, ele tem muita força nos braços, isso eu mesma posso atestar".

O clima de celebração de repente tomou uma direção menos festiva e mais cinzenta, Blythe tratou de tentar desconversar e acalmar os ânimos.

"Como você teve um parto normal sei que logo irá para casa".

"Amanhã, se tudo der certo". Cuddy respondeu.

"Se precisar de ajuda, eu estarei à disposição, eu ficarei em um hotel aqui perto. John precisa voltar, mas eu não. Eu ficarei!".

"Você pode ficar no meu antigo apartamento". House ofereceu.

"Eu também posso ajudar". Julia se ofereceu.

Arlene ficou muda.

"Eu agradeço a todos, mas eu e House queremos tentar encontrar uma rotina com Gwen. Vocês serão bem vindos para visitas, claro". Ela falou.

De fato, pensar em ter pessoas dentro de casa 24 horas por dia não era o que Cuddy queria, ela queria a paz do lar com House, já que ele estaria de licença por alguns dias. E depois, eles haviam conversado, ele poderia ficar mais uma ou duas semanas trabalhando de casa. Agora, o problema da demissão de Foreman seria uma complicação? Isso não estava nos planos do casal.

Mais tarde naquele dia, Cameron, Chase e Foreman passaram para conhecer Gwen. Também vieram algumas enfermeiras e médicos. Todos ficaram impressionados e chocados, a filha de Gregory House era a coisa mais fofa do planeta.

"Ela é linda!". Chase falou sorrindo. "Parabéns!".

"Ela é muito fofa". Cameron complementou. "Ela tem os seus olhos". Cameron falou para House.

"Ainda é cedo para saber". Ele respondeu. "Mas obrigado por me chamar de fofo"

Cuddy olhou séria para ele e um tanto enciumada. House desviou os olhos dos dela.

"Parabéns!", Foreman se limitou a dizer.

Ao término da visita, Cuddy pediu que House e Foreman ficassem. "Vocês dois ficam".

"O que está acontecendo?". Cameron perguntou desconfiada.

"Vocês podem especular entre si". House respondeu enquanto eles saiam do quarto.

"Você tem certeza?". Cuddy perguntou para Foreman.

"Sim".

"Por quê?".

"Ele tem medo de ficar igual a mim". House falou.

"No passado eu diria que é um bom motivo, mas hoje... Eu conheço House melhor. Você está olhando para a filha dele, afinal". Cuddy disse. "Ele não pode ser tão ruim, não é?".

Foreman deu um sorriso sarcástico.

"Não se esqueçam de que eu estou na sala". House falou, mas foi ignorado.

"Minha assistente levará os documentos para você assinar". Cuddy disse.

Chase e Cameron ficaram do lado de fora do quarto tentando ouvir algo.

"E boa sorte!". Cuddy desejou.

"Obrigado!".

"É isso então?". House perguntou. "Você não vai dizer pra ele que somos uma família e que família não abandona uns aos outros?".

"Você quer que eu diga isso a ele?". Cuddy questionou o namorado surpresa.

"Não".

"Faria diferença?". Ela perguntou para Foreman.

"Não".

"Boa sorte, Dr. Foreman".

E ambos saíram para deixar Cuddy descansar. Eles encontraram Chase e Cameron fora da sala.

"Então... Onde estávamos?"

"Estudante universitária cuspindo sangue". Chase respondeu.

"Oh não, eu estou de licença paternidade". House disse. "Não perguntei relacionado ao caso médico, mas a especulação. A intriga no palácio, as dúvidas. Foreman foi promovido?...".

"Eu pedi demissão". Foreman informou interrompendo House.

"O quê?". Cameron perguntou surpresa.

"Eu mesmo não acredito que mantive os mesmos três funcionários por três anos". House disse.

Chase voltou a falar sobre o paciente.

"Sim, a vida continua". House disse. "O chato ansioso vai se preparando".

E Chase continuou a falar do caso médico.

"Oh... Não esqueça de que eu estou de licença paternidade".

"E quem ficará no seu lugar?". Cameron perguntou.

"Boa pergunta. Vamos questionar a reitora. Oh, não! Ela também está de licença maternidade, afinal, ela acabou de parir a criatura mais linda e evoluída desse mundo".

Eles bufaram.

"Enquanto eu estiver aqui eu ajudarei. Vão fazer os exames de rotina e me digam sobre qualquer coisa". House disse e voltou para o quarto de Cuddy.

"Sabe o que o Foreman fará agora?". Ele entrou dizendo.

"Procurará outro emprego?".

"Ele ficará andando pelo hospital nos próximos dias se gabando por ter pedido demissão e espalhando aos quarto ventos como ele é soberano insubstituível".

"E isso te incomoda, por quê? Nós temos coisas melhores para focar a nossa atenção". Ela disse acariciando o cabelo da filha que dormia em um berço pré-natal ao lado dela.

O fato é que Chase e Foreman começaram a se estranhar.

"Ei, posso roubar House de você por um minuto?". Wilson entrou no quarto perguntando para Cuddy.

"Depende. Pra que você quer roubar House de mim e de Gwen?".

"Temos que celebrar. Um charuto...".

"Se você voltar aqui para o quarto cheirando charuto... Eu te expulso!". Cuddy o avisou.

Ele saiu com Wilson. "Quase sem pressão". House comentou.

Foram para o telhado.

"Comprei charutos cubanos para celebrarmos, afinal, isso merece. Gwen: A unicórnio". Wilson falou entregando um charuto para House.

"Gwen a unicórnio cor de rosa, para ser mais preciso". House o corrigiu.

Wilson riu.

"Como é ser um pai?".

"Ainda não sei. Quem pariu e quem amamenta é Cuddy. Para mim a vida continua igual".

Wilson olhou para ele suspeito.

"Só a programação biológica que foi ativada, eu suspeito".

"O quê?". Wilson perguntou confuso.

"Eu vou pesquisar estudos científicos a respeito, mas eu imagino que o pai e a mãe têm alguma programação genética para a ativação de alguma glândula que secrete um hormônio especifico quando o ser humano se torna um pai e mãe".

Wilson riu. "Que bobagem".

"Eu também pensava isso...".

"Você quer dizer que se importar com Gwen, que amar a sua filha é uma predisposição genética?".

"Basicamente".

"Admita House, você a ama incondicionalmente".

"Isso não deveria existir. Tudo tem uma condição".

Wilson riu. "Gregory House está virando um ser humano. Oh Deus!".

House forçou a risada. "Que engraçado!".

"De fato é preocupante".

"Foreman pediu demissão". House cortou o assunto.

Wilson arregalou os olhos. "Eu sinto muito!".

"Tudo bem. Não é nada grave".

"Certo. Ele te deu um motivo?".

"Ele disse que ele não queria ficar igual a mim. Minha resposta foi genial. Não estou lembrando qual foi".

"Se fosse antes... Eu entenderia. Mas você mudou".

"Eu não mudei...".

"Você mudou. Você é pai de uma linda menina e tem um relacionamento com uma linda mulher. Foreman não tem nem de perto a ideia do que está dizendo".

"Obrigado Jimmy, por me defender".

"Eu estou falando a verdade. Viva Cuddy e viva Gwen!".

Eles sorriram.

Em outros tempos House poderia ficar obcecado por Foreman resolver sair, mas não... Ele tinha coisas melhores para se concentrar. Ele tomou cuidado para não impregnar a roupa com a fumaça do charuto e chupou uma bala de menta antes de voltar ao quarto de Cuddy.

"Ei".

"Ei, ela está dormindo. Mamou e dormiu".

"Que vida emocionante!". Ele respondeu.

"Ela tem um dia de vida". Cuddy respondeu rindo. "Foreman esteve aqui".

"Pra quê?".

"Eu disse que existem coisas piores para se tornar, mas ele está fugindo dele mesmo".

"Eu agradeço você por defender a minha honra".

"Vem aqui... Quero que você fique ao meu lado".

"Essa cama aguentará nós dois?".

"Em compro camas de hospital que aguentam até trezentos quilos".

Ele tirou o blazer e deitou-se ao lado dela.

"Você tomou banho?".

"Sim. Tomei banho aqui no hospital. Eu sempre tenho roupas reservas".

"Uh, adoro um homem prevenido".

"Pare de me cobiçar, você não pode ter sexo".

"Eu não posso ter sexo por um longo tempo".

"Oh meu Deus! Eu não havia pensado nisso". House respondeu preocupado.

Ela riu. "Fique tranquilo que minha mão e minha boca funcionam normalmente".

"Eu te amo demais, sabia disso?".

Ela riu alto e Gwen reclamou. Então eles se calaram imediatamente e a olharam pegar no sono novamente.

Continua...