Ow! Essas últimas semanas trouxeram um salto no número de visualizações da fanfic. Obrigada por isso! Espero que estejam gostando da viagem. Aperte os cintos que tem mais por vir!


Capítulo 47 – Reavaliações

Deixa eu penetrar na tua onda
Deixa eu me deitar na tua praia
Que é nesse vai e vem
Nesse vai e vem
Que a gente se dá bem
Que a gente se atrapalha

Aumenta o seu volume
Que o ciúme
Não tem remédio
Não tem remédio não

Música: Sintonia – Moraes Moreira


House chegou em casa cansado, havia sido um longo dia, e ele quase não dormiu por conta do desentendimento com a namorada.

"Onde está Gwen?". Foi a primeira pergunta que ele fez.

"Dormindo".

"Hoje eliminamos mais um candidato. Feliz?".

"Você dormiu com a Dra. Keyla?". Ela perguntou sem rodeios, afinal, ela havia pensado nisso a tarde inteira.

"O quê?". Ele não estava entendendo de onde vinha aquilo.

"Você fez sexo com a Dra. Keyla, a reumatologista do hospital?".

House sentiu-se gelar. Isso havia sido há três anos e só Wilson sabia. Pelo menos era o que ele imaginava até segundos atrás.

"Foi só uma vez". Ele não podia negar.

"Foi só uma vez? E você nunca me disse? Nós fizemos sexo uma única vez quando éramos jovens e veja onde estamos agora! Por que você não me contou? Eu fiz papel de idiota com Rubben".

"Ah claro que eu devia ter te contado na época já que não tínhamos nenhum relacionamento exceto funcionário e chefe".

"Eu era a sua amiga".

"Que isso Cuddy, você sabe que não éramos próximos a esse ponto. Você nunca me falou sobre as suas aventuras sexuais, nem hoje e nem naquela época".

"É diferente! Ela era funcionária do hospital...".

"Então você acha que eu deveria ter entrado na sua sala naquela época e informado que eu havia dormido com uma colega?".

"Não sei... Alguma coisa assim".

Ele riu sarcástico.

"Rubben sabia, metade do hospital deve saber, menos eu. Justamente eu que sou a sua namorada. A mãe da sua filha e a reitora".

"Eu não faço ideia de como isso chegou até Rubben, eu não tenho culpa se Keyla contou pra alguém...".

"Keyla? Você é assim intimo?".

Ele bufou. "Dra. Keyla. Melhor?".

"Wilson sabe, não sabe?".

"Sim. Só ele... Eu sei da fama de fofoqueiro dele, mas eu garanto que ele ficou quieto com relação a isso".

"Como você tem tanta certeza?".

"Porque se ele tivesse dito algo para alguém, você estaria na lista da fofoca dele".

Fazia sentido.

"Como isso aconteceu? Você e ela?". Cuddy perguntou curiosa. Ela não sabia se aguentaria ouvir os detalhes, mas ela precisava saber.

"Eu estava no estacionamento indo em direção ao meu carro em uma noite de tempestade, ela me pediu uma carona, pois estava de moto...".

"Dra. Keyla tinha uma moto?".

"Sim. Uma grande por sinal. Então eu fui educado e dei uma carona para ela".

"Você educado?". Ela perguntou sarcástica.

"Sim. Estava um temporal e eu sou um motociclista, eu sei que seria perigoso guiar uma moto naquelas condições".

"Você deu a carona pra ela porque Dra. Keyla é uma mulher bonita".

"Isso pode ter ajudado...".

Ela revirou os olhos irritada.

"Mas eu não planejei nada, aconteceu... Eu ia realmente dar uma carona pra ela apenas, até porque eu nunca tinha trocado mais do que cinco palavras com ela".

"Então ela te agarrou contra a sua vontade?".

"Eu dei a carona, mas chegando lá ela insistiu para que eu entrasse. Ela disse que faria um café pra mim como agradecimento".

"E claro que você entrou só pelo café...".

"Aonde você quer chegar Cuddy? Isso foi há anos...".

"Continue a sua história".

Ele respirou fundo, House achava desnecessário.

"Eu disse que não precisava me agradecer, que eu estava cansado, mas ela insistiu".

"Uh...".

"Aí ela fez o café, começamos a conversar, ela riu das minhas piadas...".

"Simples assim?".

"Sim, foi isso".

"E depois ela foi embora do hospital por vergonha de ter cedido aos seus encantos?".

"Obrigado por isso". Ele disse chateado.

"Não... Eu não quis te ofender, até porque eu sou a última pessoa que pode dizer algo... Gwen é a prova disso".

Ele ficou calado.

"House, estamos sendo sinceros aqui. Por favor, termine a sua história".

"No dia seguinte ela me procurou e começou a agir como se nós tivemos um relacionamento. Eu esclareci as coisas".

"Você esclareceu as coisas?".

"Eu disse que eu não estava disponível para um relacionamento. Ela se ofendeu".

"Uh...".

"Ela saiu do hospital algumas semanas depois, não sei se foi por isso, nós não nos falamos nunca mais".

Ela riu nervosa. "Que ótimo!".

"Por que isso agora? Por que essa curiosidade sobre algo que aconteceu três anos atrás?".

"Porque ela irá voltar para o hospital".

"Tudo bem, e isso deve ser um problema?".

"É isso o que eu quero saber".

"Eu estou com você. Naquela época eu não tinha ninguém. Eu nunca senti nada por Dra. Keyla, foi só sexo. E sexo mediano, eu tenho que dizer".

"E você transou com mais alguém do hospital?". Cuddy perguntou desconfiada.

"Além de você?".

"Além de mim".

"Não".

"Nem com Cameron?".

Ele riu. "Nem com Cameron".

"Nem quando vocês tiveram o encontro?".

"Não".

"Nada?".

"Eh... Ela me beijou uma vez, mas foi só...".

"ELA O QUE?".

"Ela me beijou uma vez".

"Na boca?".

Ele franziu a testa. "Nós estamos no primário? Sim, na boca".

"Você realmente é o irresistível?". Cuddy perguntou irritada.

"Cuddy, por que isso?".

"Keyla te forçou a fodê-la, Cameron te forçou a beijá-la...".

"Eu sou assim bom...". Ele disse sério, sem um sorriso no rosto.

"Onde vocês estavam quando Cameron te beijou?".

"Na minha sala".

Ela riu nervosa. "No meu hospital? Embaixo do meu teto?".

"Nós dois não estávamos juntos na época, e me desculpe se eu cometi um ato impuro sob o teto do seu sagrado hospital. Aliás, nós dois já cometemos atos muito menos puros sob o teto do seu hospital, se você bem se lembra".

"Quanto tempo antes de ficarmos juntos?".

"Cuddy, por favor. Você está agindo de forma insana".

"Quanto tempo?".

"Um mês antes de começarmos...".

"Quer dizer que você beijou ela as 3:00 e as 8:00 você estava na minha cama?".

"Claro que não! Foi só um beijo, nada além disso. Nem chega perto do que nós temos".

"Foi bom? O beijo?".

"Cuddy, eu cheguei agora e estou cansado. Quero tomar um banho e ver Gwen...". Ele ia saindo.

"RESPONDA!". Ela falou alto.

"Se fosse bom eu não estaria com você agora, mas teria ficado com ela". Ele respondeu irritado.

Isso acalmou Cuddy de alguma maneira.

"E você?". Agora era a vez de House.

"O que tem eu?".

"Alguém no hospital conheceu a reitora na intimidade?".

"Claro que não".

"Seja sincera!".

"Eu estou sendo sincera. Eu sou reitora, eu estou lá para trabalhar".

"Então comigo foi a exceção da sua regra profissional?".

"Sim. Você sempre foi a exceção da minha vida".

"Então o único que conseguiu se aproximar da cereja brilhante fui eu?". Ele perguntou orgulhoso.

"Cereja brilhante?".

Ele se aproximou dela. "Sua hoo hoo".

"Que ogro!". Ela respondeu tentando conter um sorriso.

Ele beijou o pescoço dela e Cuddy sentiu as pernas bambearem.

"Vem cá minha cerejinha...".

"Não chame as minhas partes de... cereja...".

"Eu quero comer cerejas hoje...".

"Uh...". Ela gemeu só de imaginar.

Ele a levou para o quarto, Gwen dormia. House tirou as roupas dela com rapidez e logo ele a provava com a língua hábil.

"Oh meu Deus! Não pare nunca!".

Ele não pretendia. Pelo contrário, ele continuou até que ela chegou ao orgasmo.

"Oh meu Deus! Eu precisava disso".

"Com certeza você precisava". Ele concordou.

"Eu fiquei muito irritada quando soube por terceiros sobre a sua aventura com uma colega". Ela se justificou enquanto se recuperava.

House estava muito duro e precisava dar um jeito nisso.

"Podemos falar depois?". Ele disse apontando para a sua dureza.

Ela sorriu maliciosa. "Você quer me foder, Dr. House?".

"Isso seria bom!".

Então Cuddy tratou de montá-lo e de levar ambos para o abismo.


Na manhã seguinte House acordou com o barulho de Cuddy no banho. Ela voltaria para o trabalho oficialmente, era seis horas da manhã e Cuddy já estava no pique total.

"A que horas a babá vai chegar?". House sonolento perguntou.

"Marina chegará daqui a meia hora".

"Você tem total confiança nela? Olhou os antecedentes criminais? Viu se ela não é uma psicopata procurada pela policia internacional?".

"Sim, eu fiz tudo isso". Ela respondeu enquanto terminava de se aprontar. "E mais!".

House levantou-se. "Eu tenho certeza disso. Não pense que eu irei levantar já, eu só vou beber uma água". E ele foi até a cozinha, quando ele abriu a geladeira quase pensou que estava abrindo o estoque de um banco de leite. Cuddy havia deixado muitas mamadeiras com leite materno.

"Cuddy, você está comercializando leite materno?".

"É para Gwen?".

"E você acha que Gwen é uma cabrita?".

"Não House, mas é a única alimentação dela".

"Eu estou preocupado". Ele disse sério.

"Por quê?". Cuddy olhou séria para ele.

"Porque, com essa quantidade de leite, você deve fugir de casa por uma semana".

"Não é nada demais".

"Não? Ela pode se alimentar por longos dias só com esse estoque".

"House, sobre ontem a noite...". Cuddy mudou de assunto. "Me desculpe se eu me excedi".

"Ok".

"Ok? Mas e você? Você não se arrepende de não ter me falado antes sobre aquelas coisas?".

House sentiu que aquilo era um campo minado. Ele hesitou por um momento, pensou.

"Eu não sei... Eu não senti nenhuma necessidade de te dizer, pois não significou nada pra mim".

Ela gostou da resposta dele, abriu um sorriso. "Tudo bem, eu acho que estamos bem então".

"Ótimo". Ele respirou aliviado. Ele estava ficando bom em relacionamentos, House pensou.


Cuddy chorou no carro a caminho do trabalho, chegando lá ligou para Marina para ter noticias de Gwen e a cada vinte minutos olhava as câmeras de segurança que ela mandou instalar em sua casa.

House estava ocupado com um novo paciente então eles mal se viram.

"Eu soube que a Dra. Cuddy retornou hoje". Amber puxou assunto com ele.

"Me conte uma novidade". Ele falou mal humorado.

"Pensei que você ficaria feliz com a sua namorada de volta". Ela continuou o provocando, Treze arregalou os olhos surpresa com a audácia de sua colega.

Ele parou o que estava fazendo e sorriu para ela. "Eu prefiro minha namorada em casa. Aqui ela é a minha chefa".

Amber foi salva pela chegada dos demais.

"O que vocês encontraram?". House perguntou.

"Todos os testes negativos". Taub respondeu.

"E um novo sintoma: insuficiência respiratória". Foreman informou.

"Tem alguém falando? Eu estou ouvindo vozes de um ex-funcionário...". House perguntou sarcástico enquanto ignorava Foreman.

Kutner segurou uma risada e Foreman permaneceu imperturbável.

"House!". Cuddy entrou na sala.

"Ei chefa. É bom tê-la de volta!". Ele disse sarcástico e ela permaneceu séria.

"Nós precisamos conversar".

"Por conversar você quer dizer?".

"Eu quero dizer: conversar. Na minha sala, agora!".

"Eu adoro uma mulher mandona". Ele disse se levantando. "Faça o teste de esforço físico e depois me diga o resultado". Ele orientou antes de sair.

"Dra. Cuddy é mais bonita pessoalmente". Kutner falou.

"Cuidado!". Big Love alertou Kutner.

"Eu não posso achá-la atraente só porque ela é a reitora?". Kutner contestou.

"Reitora e namorada do seu chefe". Treze disse bem humorada.

"E mãe da filha dele". Taub complementou.

"E os dois são loucos um pelo outro, melhor ninguém ficar no meio". Foreman encerrou o assunto.

Enquanto isso, na sala de Cuddy...

"Como está a situação do seu time?". Ela perguntou.

"Está progredindo".

"House, eu preciso que progrida até amanhã. Dois nomes, é tudo o que você precisa decidir".

"Eram três nomes, o que aconteceu com um deles?".

"Esse um virou Foreman".

"Eu não quero Foreman".

"Você não tem escolha".

"É meu time, sou eu quem vou trabalhar com eles".

"É meu hospital, sou eu quem vou pagá-los".

Ele bufou. "Sempre a mesma coisa... Você não respeita a minha opinião como chefe de departamento".

"Isso não é verdade".

"Até hoje eu não aceitei bem a escolha que você fez pelas minhas costas, trazer Foreman e recontratar Chase e Cameron. Pelo menos Chase está fazendo algo útil como ser o organizador das apostas... Mas e Foreman?".

"Chase tem mais com o que se preocupar se quiser continuar nesse hospital".

"É só chamá-lo e dizer isso diretamente para ele. Eu posso ir agora? Eu tenho coisas mais importantes para fazer, como salvar uma vida".

"Antes olhe isso... Venha aqui!".

Ele olhou desconfiado, mas foi ver o que acontecia na tela do laptop dela. Era a câmera do quarto de Gwen, ela estava dormindo tranquila no berço.

"Você deixa isso conectado o tempo todo para ficar vigiando a nossa filha?".

"Eu mandei instalar as câmeras com uma finalidade". Ela se justificou.

"Cuddy, ela vai ficar bem. Lembre-se de que você deixou um estoque de leite capaz de sustentar um orfanato inteiro. E de que você pegou referencias até da quinta geração de Marina".

"Eu sei. Mas... você não sente falta dela? Medo de que algo aconteça e de que você não esteja lá?".

"O tempo todo".

"E como você lida com isso?".

"Nós estamos fazendo o nosso melhor, ela está em boas mãos e nós estamos ganhando o nosso dinheiro para proporcionar uma vida boa para Gwen".

"Será mesmo que estamos fazendo o nosso melhor?". Cuddy ainda estava muito abalada com o afastamento físico da filha.

"Sim. Nós estamos. Pelo menos com relação a Gwen. Agora, por outro lado... Você contrata pessoas para o meu time sem me dizer...". Ele falou e saiu deixando Cuddy com um sorriso e mais aliviada.


Quando ela chegou em casa não conseguia desgrudar da filha nenhum segundo. House fazia caretas por trás dos ombros de Cuddy e Gwen gargalhava.

"Grave isso House". Cuddy pediu passando a sua câmera profissional para ele.

Quando a menina dormiu, eles foram para a cama.

"Eu me senti estranha hoje. Parece que o hospital ficou pequeno, perdeu o sentido. O meu coração estava aqui em casa o tempo todo e não lá, como costumava estar". Cuddy desabafou.

"Você vai se acostumar eventualmente a ter o seu coração nos dois lugares". Ele respondeu enquanto vestia uma camiseta para dormir.

"Nos três lugares, você quer dizer...". Ela o corrigiu.

House olhou para ela sem entender.

"Meu coração estará em Gwen, no hospital e em você". Ela sorriu.

"Sim senhora, você se acostumará a ter o seu coração nos três lugares". Então ele se aproximou dela e a puxou contra ele. "Seu coração é praticamente um Horcrux".

"O quê?".

"Esqueça...". Cuddy não era fã de Harry Potter ou de qualquer outro tipo de ficção.

"Eu estou menstruada hoje". Ela o informou com tristeza.

"Eu sei".

Ela riu.

"O que foi?". House perguntou.

"É estranho essa coisa de intimidade, você sabe tudo sobre mim. As vezes você sabe sobre mim mais do que eu mesma sei".

"Eu vi o pacote de absorventes aberto. Mas eu sei a época do mês que a sua hoo hoo fica indisponível, é a época mais triste de todas".

Ela riu.

"Eu também sinto o cheiro de fêmea no cio".

Ela deu um tapa no peito dele.

Ele riu e beijou o cabelo dela. "Eu amo esse xampu de coco e o creme de baunilha".

"Eu sei". Ela respondeu sorrindo.

"Estamos parecendo um casal de velhos que sabe tudo sobre o outro, não é?". House perguntou.

"E isso é ruim?".

"Eu pensava que sim, mas agora eu acho que não".

Ela sorriu. "Sabe Dr. House, eu posso te ajudar de alguma outra forma que não envolva a minha hoo hoo, como você diz".

"O que você quer dizer?".

"Eu posso usar a minha boca e a minha língua para te dar prazer". Ela falou maliciosa já se deslocando.

"Continue... Eu estou gostando do rumo dessa conversa". Ele disse.

E assim a noite continuou boa para eles...


A semana correu e Cuddy estava muito feliz porque era véspera de sexta-feira. Ela havia negociado com o hospital que ficaria de home office as sextas feiras quando não houvesse nenhuma emergência que exigisse a sua presença no hospital.

No meio da madrugada House acordou com uma luminosidade perturbadora.

"O que você está fazendo?". Era a luz do laptop de Cuddy.

"Nada! Eu te acordei?".

"Não, você está com um canhão de luz na minha cara, mas não me acordou...". Ele reclamou irônico.

"Desculpe".

"São cinco da manhã, pelo amor de Deus!".

"Eu estou desligando...".

"Não me diga que você está trabalhando?".

"Não".

"Então você está comprando alguma coisa".

Ela corou.

"Eu sabia! Você tem que falar com a sua terapeuta. Não é normal uma pessoa tão consumista assim". Ele disse colocando o travesseiro sobre a cabeça.

"Cale-se e volte a dormir!".

"Como se fosse simples depois de você me acordar".

"É só fechar os olhos".

"Não esqueça de que você ficará de home office, mas eu não".

"Como se home office significasse folga. Eu trabalharei muito. Só que perto de Gwen". Os olhos de Cuddy brilharam.

"Mariana ainda vira, certo? Senão eu quero desconto".

Ela riu. "Marina ainda virá, pois eu preciso de ajuda já que eu estarei de fato trabalhando. E quem paga o salário de Marina sou eu, por sinal".

"Você quer dizer que eu não pago nada para a minha filha?".

"Bom, você comprou fraldas até a adolescência dela. E comprou também algumas roupinhas...".

"Porque não havia necessidade de comprar mais, você comprou tudo. Você tira o meu espaço, é como se eu não fosse necessário. Além disso, você ganha mais do que eu. Agora desligue isso que eu preciso dormir".

Ela desligou e se aproximou dele. Ela o abraçou pelas costas e beijou entre as escapulas do namorado. "Você é muito necessário".


Semanas depois Cuddy estava trabalhando infeliz. O processo seletivo de House estava se estendendo por tempo indeterminado e era um sucesso entre médicos e enfermeiros, todos atentos e apostando sobre quem seriam os escolhidos e isso desviava o foco do trabalho principal. House aparentemente se convenceu de que Foreman era um membro de seu time, inclusive ele havia o nomeado como o seu substituto natural quando ele não estivesse disponível, bem como aconteceu naquela noite em que Cuddy precisou ficar trabalhando até mais tarde e House voltou para casa para cuidar de Gwen.

Cuddy também não estava contente em relação as mentiras de House. Dias atrás ele sumiu e depois disse que estava na CIA atendendo a um agente que sofreu com os efeitos da radiação, Cuddy tinha certeza de que era mentira, mas House insistia.

"Oi Flora". Ela ligou para a terapeuta tendo o cuidado de estar em um local privado.

"Oi Lisa, como você está?".

"Alguns aspectos vão muito bem, outros nem tanto...". E então ela contou sobre House e sua teimosia, em como eles se desentendiam com frequência e no minuto seguinte estavam fazendo amor. Mas também disse que House estava se mostrando um pai dedicado e amoroso.

"Lisa, nenhum relacionamento será perfeito. Você precisa aceitar as imperfeições, as suas imperfeições e a dos outros, é isso o que nos torna tão humanos".

"Eu não espero ser perfeita e nem que House seja perfeito, mas... Eu não sei... Eu estou feliz em um momento, extremamente feliz, e no seguinte eu estou irritada com ele".

"Será que essa interação de vocês não é o que trás sentido ao relacionamento? Você teve outros parceiros que achava entediante, talvez seja justamente esse jeito de House que trás a motivação para você".

Ela ficou reflexiva. "Quer dizer... as mentiras?".

"Quero dizer a atitude, a interação entre vocês. Ele garante que esteve na CIA, por que isso não pode ser verdade?".

Cuddy riu alto. "Sério?".

"Sim".

"Não, isso não é verdade. Agora, porque ele não me diz a verdade?".

"Talvez seja verdade".

"Eu descobri que ele dormiu com uma ex-funcionária do hospital há algum tempo. Eu descobri por terceiros, ele não havia me dito. Eu passei vergonha por não saber...".

"Isso foi antes de vocês estarem juntos?".

"Sim, bem antes".

"Não vejo o seu ponto então".

"Flora, eu sou namorada dele, mãe da filha dele e reitora, não é tão simples".

"Você contou pra ele sobre todos os seus relacionamentos?".

"É diferente, eles não era funcionários do hospital em que ele é o reitor".

"Lisa, sinceramente... Eu não vejo isso como um problema. Talvez você esteja criando problemas onde eles não existam".

"Você está defendendo ele?". Ela perguntou indignada.

"Não, eu não estou defendendo ninguém, eu estou conversando com você para tentar trazer um outro ponto de vista. Uma reitora não precisa saber sobre o que acontece na vida intima de seus funcionários, ou todos os diretores deveriam saber sobre tudo o que os seus funcionários fazem na sua vida intima?".

"Mas eles eram dois funcionários do hospital...".

"Eles não fizeram sexo dentro do hospital".

Cuddy ficou calada.

"Talvez a excentricidade de House seja algo que te estimule, mas ao mesmo tempo te deixe insegura, pois ele é uma figura de destaque e, com certeza, chama a atenção de outras pessoas, como chamou a atenção dessa médica com quem ele dormiu. Talvez, com ele, você não se sinta tão segura como se sentia com outros parceiros".

"Eu tive parceiros que eram lindos e chamavam a atenção por onde passavam".

"Você era apaixonada por eles como é por House?".

"Não".

"Sabe... Colocar defeitos em nossas coisas e pessoas ao redor é uma maneira de nos preparar para perdê-las. Uma autodefesa".

"Você acha que eu exagero com relação a House? Que eu pego no pé dele?".

"Talvez... Você age assim com os outros médicos? Você agiria assim com outros namorados?".

E Cuddy ficou pensativa.

Continua...