Capítulo 54 – Breves momentos

Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver

Toda pedra no caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
É preciso saber viver

Música: É Preciso Saber Viver - Titãs


Chegando lá House encontrou o berço. Vazio.

House ficou imóvel, ele não conseguia entender o que estava acontecendo. Rachel devia estar em outro lugar, será que Cuddy não a pegou antes dele? Se não, como ele iria dar essa noticia para Cuddy? Não, ele tinha que encontrar Rachel. Não havia outra opção.

House saiu à procura da menina quase desesperado... O primeiro lugar que ele foi olhar foi à varanda, ele não sabia por que, mas ele teve uma epifania (sim, pois House não acreditava em intuição). Chegando lá ele viu a enfermeira com Rachel no colo bem perto da grade de proteção, o coração de House saltou, ele não deixaria nada de ruim acontecer a sua filha.

"O que você está fazendo?".

"Oh, Dr. House, me desculpe se eu assustei você, mas Rachel começou a chorar muito e nada funcionava, então eu vim dar uma volta com ela aqui fora, quem sabe o ar puro ajudasse".

"Você devia ter nos chamado". Ele disse indo rápido ao encontro da menina e a pegando nos braços. Por um breve momento ele achou que tudo estava perdido, mas agora ele tinha a filha nos braços outra vez.

"Desculpe, eu não queria incomodá-los".

"Minha filha não é incomodo. Nunca!".

A enfermeira ficou sem graça, mas entendeu o susto que ele tomou quando notou que Rachel não estava no berço.

"Ei Rachel, tudo bem. Eu estou aqui e sua mãe está lá embaixo".

"Desculpe, Dr. House".

"Tudo bem, mas não faça isso com nenhum pai senão você pode se arrepender da insanidade paternal".

"Sim". A jovem respondeu. "Você vai levá-la ao salão?".

"Não, ela não tomou todas as vacinas ainda, seria imprudente. Ela desceu antes só para conhecer os avós e tios mais próximos, mas agora tem muita gente, é melhor ela continuar aqui".

E ele ficou um tempo com a bebê até que ela adormecesse.

Quando ele voltou Cuddy o procurava preocupada. "Você demorou, como está Rachel?".

"Dormindo. Ela está bem, fique tranquila".

"Eu não fico tranquila com ela longe dos meus olhos".

"Eu sei, mas ela está bem cuidada e logo iremos pra casa".

Cuddy concordou.

"Como está à procura pela nova casa?". Amber perguntou para Cuddy minutos depois.

"Er... Tudo bem". Cuddy ficou irritada, eles haviam combinado de manter em sigilo à procura pela nova casa. Com certeza House comentou com Wilson.

"A festa está linda!". Wilson chegou dizendo.

"Obrigada. Aproveitem!". Ela só queria sair de lá e encontrar o namorado linguarudo.

"Venha aqui!". Ela o puxou pela camisa. "Você falou sobre a mudança de casa pra Wilson?".

"Quem te disse isso?".

"Ele contou para Amber".

"Wilson é mesmo um idiota!". House respondeu balançando a cabeça.

"Nós havíamos combinado de manter sigilo".

"Eu não falei que os meus incríveis espermatozoides fecundaram o seu óvulo novamente, eu só falei sobre a mudança de casa...".

"Você não falou nada mesmo sobre a gravidez?".

"Nadinha!". Ele confirmou.

Ela olhou para ele desconfiada.

"Pode acreditar em mim".

"Por favor, não fale mais sobre nada porque Wilson não consegue manter a boca fechada".

Blythe, que estava atrás do casal e ouviu a tudo abriu um largo sorriso. Ela seria avó outra vez? Atualmente o seu filho estava dando mais razões para ela sorrir do que nunca. Mas ela precisava manter sigilo.

John estava se empanturrando com a ótima comida do Buffet. Era bom porque ele se mantinha ocupado e com a boca cheia, isso evitava comentários desagradáveis. Blythe encontrou Cuddy no banheiro.

"E a cena se repete".

Cuddy olhou para a mulher sem entender o comentário.

"Quando você estava grávida de Gwen nós tivemos uma conversa no banheiro do restaurante. Agora que você está grávida novamente, nós estamos tendo essa conversa no banheiro do salão de festas".

Cuddy arregalou os olhos, como ela sabia? Não... Para ela Cuddy tinha certeza de que House não tinha dito nada.

"Eu ouvi a sua conversa com o meu filho há alguns minutos".

"Ow!".

"Fique tranquila que ninguém mais ouviu e que eu manterei sigilo. Só tenho que dar um abraço em você".

Cuddy estava em choque, House realmente tinha a quem puxar, essa mulher descobria tudo, de um jeito ou de outro. Então Blythe a abraçou.

"Você e meu filho me fazem tão feliz! E eu te disse e repito: ele te pedirá em casamento".

Cuddy corou. "Eu não espero por isso".

"Ótimo então, pois ele irá te surpreender".

Cuddy sorriu envergonhada. Ela não sabia o que responder.

Tia Ash também estava presente e House tentava manter distancia dela depois do acontecido na última festa em que ambos estavam presentes.

Finalmente chegou o momento de cantarem Parabéns, então House e Cuddy foram com Gwen até o bolo. Cuddy havia escolhido a música de Rei Leão: Can You Feel The Love Tonight como tema para esse momento especial da festa.

Ela estava emocionada. House percebeu a emoção da namorada e, para ele, era muito engraçada toda a situação: a música que tocava, Cuddy e ele caminhando com Gwen no colo do pai, todos aplaudindo, Blythe e Julia com lágrimas nos olhos, Gwen batendo palmas fora de ritmo, Cuddy a beira do choro. House se sentiu como num filme cinematográfico, mas ele não podia rir, ele precisava se conter.

Quando chegaram à mesa a música foi trocada e começaram a tocar "Parabéns a você". Gwen estava toda feliz e batia palmas. House a segurava nos braços, Cuddy estava mais feliz do que Gwen, House podia dizer isso, e ele tentava ser um pai de família normal, mas estava falhando miseravelmente, pois a vontade dele era rir alto com toda a cena.

Chase e Kutner tentavam conter uma risada também, Wilson estava com olhos marejados enquanto assistia a toda a cena, até que o palhaço se aproximou perigosamente, então Wilson precisou sair e encontrar um esconderijo. House não conteve a risada.

Então, House passou a mão no chantilly do bolo e melecou o rosto de Gwen. A menina riu e ele repetiu.

"House!". Cuddy tentava conte-lo inutilmente. Ele repediu e depois Gwen queria fazer o mesmo. A menina colocou a mão no bolo com mais força do que o normal e destruiu um pedaço daquele bolo que era uma obra de arte da confeitaria.

"Que absurdo!". John reclamou, mas Blythe nem deu atenção, ela estava rindo enquanto tentava fotografar a cena.

"Aí sim, essa é a festa de um ano de uma legitima filha de House". Chase comentou com os colegas que riam.


Eles estiveram em um ritmo louco nas últimas duas semanas, sem tempo para praticamente nada. Quando deitavam eles dormiam imediatamente. As cólicas de Rachel deram uma cessada e eles podiam dormir como pedras por cinco horas até que precisassem levantar para trocar fraldas e alimentar as meninas.

"Você irá para a academia hoje?". Cuddy perguntou para o namorado.

"Sim, eu preciso retomar os treinos com força total, essa semana só fui uma vez".

"Tudo bem. Bom treino!". Ela falou. Cuddy também havia interrompido a yoga, ela precisava retomar.

Meia hora depois de House sair, Cuddy notou que ele esqueceu a mochila. As roupas e toalha estavam todas lá, ele não conseguiria tomar banho e se trocar para ir ao trabalho, então ela desviou a sua rota e foi em direção à academia.

Assim que avistou House ela se surpreendeu. Ele estava muito sorridente e simpático conversando com uma mulher de seios e bunda enormes que usava uma roupa tão colada ao corpo que era perigoso que a roupa se tornasse parte dela.

Cuddy ficou sem chão, ela deixou então a mochila dele em frente a porta de vidro que dava acesso aos aparelhos de ginástica, e foi embora.

"Dr. House?". Um segurança o chamou.

"Sim".

"A sua mochila estava na porta, por favor, não a deixe no meio do caminho na próxima vez". E ele entregou a mochila para House.

Ele franziu a testa confuso, ele não deixou a mochila na porta, ele sempre a deixava no armário. Ele ficou intrigado e foi averiguar o armário e estava trancado. Então ele lembrou-se de que não havia trazido a mochila naquele dia, só tinha uma possível explicação para isso, ou ele teria que acreditar em mágica...

Ao chegar ao hospital ele foi direto a sala de Cuddy.

"Você sabe algo sobre a mochila mágica?".

"House, suma daqui!".

"Ei, o que aconteceu?".

"É por isso que você não está me procurando para sexo na última semana? Porque você está conseguindo sexo com a mulher cobra?".

"O quê?". Ele parecia genuinamente surpreso.

"Eu vi!".

"O que você viu? Preciso que me explique porque...".

"Você e a mulher cobra rindo e conversando, flertando".

Ele ficou pensativo. "Oh, você se refere a Maya?".

"É esse o nome dela?". Por um breve momento ela pensou que seu relacionamento estava acabado.

"Por quê você a chama de mulher cobra?". House estava intrigado.

"Não vem ao caso, o que eu quero saber é outra coisa. Entendi agora porque você gosta tanto de ir a academia, você nunca gostou...".

"Ei... ei... ei... Eu não tenho nada com Maya, ou com a mulher cobra, como você a chama".

"Eu vi como você falava com ela".

"Ela me ajuda com os treinos, ela é personal training. Ela me ajuda de graça e funciona".

"E você a paga com sexo?".

Ele riu. "Cuddy, você não me ouviu? Nós não temos nada".

"Mas você quer ter".

"Não! Eu não estou interessado nela, ou em ninguém além de você".

Ele se aproximou. "Por que você não foi falar comigo? Você largou a mochila na porta".

"Eu fiquei muito irritada e não pensei".

Ele se aproximou ainda mais. "Você imagina que todas as mulheres estão a fim de mim só porque você está, não é bem assim. E mesmo se estivessem, eu não estaria. Nós não fizemos sexo desde semana passada porque nós estávamos muito cansado, mas podemos consertar isso agora mesmo se você quiser". E ele beijou o pescoço dela.

"House, agora não. Eu tenho compromisso".

"Então vamos para um encontro essa noite".

"Um encontro?".

"Sim!".

"Você está me chamando para um encontro? Então você fez algo errado!".

Ele bufou. "Pare de bobagem, mulher".

"Quem cuidará das meninas?".

"Eu falo com Marina. Ou com Julia... Damos um jeito".

"Aonde você vai me levar?".

"Vamos jantar e depois assistir a um filme no cinema, o que acha?".

"Eu não quero você perto dessa tal de Maya".

"Ela me passa os treinos e depois segue o caminho dela e eu o meu, só isso".

"Pague alguém pra te passar treinos. Ela não!".

"Tudo bem. Feliz?".

"Sim". Ela respondeu séria.

"O que você acha do encontro essa noite?".

Ela sorriu. "Eu acho ótimo".

Eles precisavam desse momento para eles.

"Então sairemos às sete horas, não se atrase senhora".

"Eu não irei".

"Ah, e porque você a chama de mulher cobra?". Ele estava curioso.

"Porque aquela roupa colada dela parece uma pele de cobra. Além de que ela é uma cobra atrás do meu homem, e isso eu não vou admitir!".

Ele riu. "Fique tranquila porque eu não gosto de carne de cobra. Eu prefiro carne de vaca".

Ela jogou o grampeador que estava em sua mesa nele, mas ele foi mais rápido em se esquivar.

"Até às sete horas!".


Cuddy passou horas procurando por um vestido, fazia tempo que ela não ficava tão nervosa para se vestir. Também fazia tempo desde o último encontro em que ela esteve.

House a levou para jantar no restaurante italiano mais badalado da cidade, eles conversaram, riram e comeram. Depois eles foram ao cinema.

"É sério que você quer assistir a esse filme?". House perguntou confuso.

"Sim!".

"Mas é um filme infantil".

"Eu sou fã de Tim Burton".

"Tudo bem, você está grávida, é como se tivemos uma criança conosco".

Ela riu.

"Eu também gosto de Tim Burton, mas no meu caso... eu não vejo a hora de assistir O estranho mundo de Jack com as crianças (The nightmare before Christmas)".

"É claro que não, esse filme é a sua cara".

"Eu sou alto como Jake". Ele respondeu.

"E vocês têm outras qualidades similares". Ela disse bem humorada.

"Se isso é uma ofensa eu não tomei como uma". Ele respondeu a fazendo rir. "Eu também gosto de Edward mãos de tesouras, A noiva cadáver".

"Eu tenho certeza disso. E o deixarei assistir esses filmes todos com nossos filhos se você assistir comigo hoje A fantástica fábrica de chocolates (Charlie and the Chocolate Factory)".

"Tudo bem... tudo bem... Você venceu!".

Dentro do cinema o que predominava eram pais com seus filhos, eles eram os únicos casais sem crianças.

"Quem trás os filhos para assistir a um filme infantil às nove horas da noite?". Cuddy estava indignada.

"Nem todos os pais tem regras chatas sobre horário para dormir".

"Regras são importantes. Rotina é importante". Cuddy contestou.

"Tudo bem". Ele não queria brigar naquela noite, apesar dele descordar.

"House... Eu sei que esse filme vai me dar vontade de comer chocolate. Compre alguns pra mim antes do filme começar, por favor?". Ela pediu.

Ele queria fazer uma piada, mas conteve-se e foi até a loja de conveniência do cinema para comprar chocolates. Cuddy gostava de chocolate amargo, mas essa gravidez estava a deixando insana em relação a sabores. Na semana anterior ela comeu um pote inteiro de chantilly e um quilo de uvas, então ele resolveu não arriscar, comprou um chocolate de cada sabor.

"Você é louco? Eu não vou conseguir comer tudo isso".

"Eu te ajudo!".

"Não... Nós vamos ficar diabéticos com isso tudo. Eu vou levar pra casa e comeremos devagar". Cuddy falou. "Acho que até o final da gestação terminamos de comer tudo. Que exagero!". Ela riu.

"Eu tenho certeza de que você comerá tudo até amanhã". Ele disse.

"Eu sei me controlar, mesmo com os hormônios agindo".

"Apostado!". Ele disse e ela ignorou, pois ela mesma não sabia se resistiria aos chocolates até o final da sessão de cinema.

"Engraçado que você falou sobre o filme Edward mãos de tesouras... Desde esse filme eu criei um crush em Johnny Depp". Cuddy falou enquanto abria o chocolate.

"Que ótimo saber disso já que estamos prestes a assistir a um filme de seu crush".

Ela riu. "Isso diz muito sobre mim. Eu sempre gostei de homens estranhos".

"Obrigado por isso".

Ela riu alto e alguns no cinema reclamaram do volume da risada dela.

Cuddy não deu atenção, pois as crianças estavam falando alto e o filme nem havia começado. Ao invés disso, ela pegou a mão do House e a beijou. "Eu te amo!".

"Esse é o atestado de que eu sou realmente estranho. Você me ama!". Ele disse divertido. "Se você gosta de homens estranhos, me amar me torna quase uma aberração".

Ela riu alto novamente e novamente alguns reclamaram.

"Que pessoas chatas! O filme ainda nem começou". Ela reclamou com House.

"Pois deixe começar que eu vou jogar pipoca na cabeça desses pais chatos".

E assim House fez. Durante o filme ele jogou uma ou outra pipoca na cabeça daqueles que mais reclamaram da sua namorada. Ele provou que dominava a arte de arremessar pipoca sem ser visto, pois todos estavam intrigados sobre quem era o engraçadinho, ninguém descobriu.


"Eu estou com treze semanas de gestação. Nós vamos contar para a minha mãe". Cuddy o informou.

"Você pode contar quando eu não estiver presente? Eu não quero ter gana de assassiná-la pelos comentários imbecis". House disse.

"Não, você estará comigo e vamos nos conter. Pelo bem de nossos filhos".

Ele bufou frustrado.

Naquela noite eles jantaram com Arlene e Julia.

"Gwen, coma toda a comida filha, você precisa crescer forte". Cuddy dizia enquanto alimentava a filha.

"Papai, brincar!". A menina repetia.

"Depois da comida, filha".

"No meu tempo não tinha dialogo, as crianças comiam sem exigir nada". Arlene disse.

"Oh, mas no seu tempo não dava pra sair para o quintal, pois os dinossauros eram um perigo". House respondeu fazendo Cuddy segurar uma risada.

"Onde está Rachel?". Julia perguntou.

"Dormindo depois de mamar". Cuddy respondeu.

"Como vocês estão se adaptando? Dois bebês não é fácil, eu sei bem". Julia perguntou.

"Em breve serão três então... Isso não é nada". House falou naturalmente e Cuddy olhou feio para ele. Não era a maneira que ela planejou para dar a noticia.

"Oh meu Deus, Lisa. Você está grávida?". Julia perguntou.

"Ou você adotou mais uma?". Arlene complementou.

"Não mãe, Julia está certa. Eu estou realmente grávida".

"Oh!". Julia foi abraçar a irmã. John, marido dela, nem percebeu o que acontecia, ele estava muito distraído com o celular cuidando dos negócios.

"Que irresponsabilidade uma gravidez depois de uma adoção tão recente". Arlene reclamou.

"A senhora sempre tão agradável!". House disse.

"Espero que dessa vez vocês me deem um neto".

"Pois será outra menina!". House respondeu.

"Vocês já sabem o sexo?". Julia perguntou curiosa.

"Não. House acha e quer que seja outra menina. Mas eu acho que será um menino". Cuddy disse simpática.

"E espero que realmente seja um menino". Arlene falou.

"Você teve duas meninas, não tem direito a opinar sobre meninos". House a cortou.

"E espero que vocês se casem, afinal, serão três filhos. Lisa é praticamente a sua concubina".

"Mamãe!". Julia e Cuddy disseram ao mesmo tempo.

"O que eu falei de errado?".

"Parabéns garanhão!". John atravessou a conversa e foi cumprimentar House. "Acertando o alvo outra vez, hein?".

"John!". Julia chamou a atenção dele.

"O que eu falei de errado?". O homem perguntou confuso.


"Certamente o jantar com a sua família ocorreu como o esperado". House falou sarcástico.

"Papai, brincar!". Gwen puxava a manga da camisa do seu pai.

"Gwen já é tarde, hora de criança dormir". Cuddy anunciou.

"NÃO! Papai brincar!". A menina estava se tornando mais teimosa a cada dia.

"Papai vai brincar um pouco e depois você vai pra cama, tudo bem?". Ele falou.

"BRINCAR!". A menina respondeu feliz.

"Você não pode atender a todas as vontades dela, House". Cuddy chamou a atenção do marido.

"Mas não são todas as vontades. Eu não estou dando pra ela um carro de luxo, vamos brincar por quinze minutos".

"Ela está ficando teimosa e geniosa, temos que tomar cuidado com essa característica desde já".

"Quem será que ela puxou?". House perguntou sarcástico.

"Você, claro!". Cuddy respondeu e ele riu alto.

"Pois eu acho que é você!".

"Brinque quinze minutos e depois a leve pra cama!". Ela ordenou.

"Sim senhora. Se ela puxar essa característica mandona que você tem, estaremos bem...". Ele disse irônico.

"Quinze minutos!".

"Gwen, a sua mãe não nos entende porque ela não tem essa conexão especial com você...".

"Eu estou ouvindo isso!". Cuddy reclamou alto da cozinha e ele riu.


Naquela noite...

"House, eu preciso te dizer algo".

"Se você já foi homem algum dia, não me diga. Eu prefiro não saber". Ele disse dramático.

"Eu fui convidada para passar um mês em Paris".

Ele riu.

"Eu estou falando sério".

"O quê?".

"O hospital se associou a uma rede global de hospitais de alta qualidade e eu, como administradora, preciso passar um mês no Hôpital Universitaire Pitié Salpêtrière".

"E você deixará as crianças comigo?". Ele não sabia o que perguntar, ele só estava chocado.

"Eu posso levar filhos e marido comigo. Eu vou levá-las".

"Ótimo, isso quer dizer que eu ficarei pra trás sozinho. Você levará Gwen e Rachel, o feto e eu ficarei".

"Não, não é isso o que eu quero dizer. Eu posso negar, tenho motivos para isso. Filhas pequenas, eu estou grávida... Mas é uma oportunidade que não se repetirá".

"Você quer ir".

"Sim, eu quero muito ir!".

"Você pode levar uma babá?".

"Isso é negociável".

"Então você pode levar uma babá, mas não os pais de seus filhos?".

"House". Ela se aproximou dele. "Você não é o meu marido, não teremos como levá-lo de graça, mas daremos um jeito nisso. Em nenhum momento eu disse que não me importava se você iria comigo, eu faço questão que você vá comigo".

"Nós gastamos quase todas as nossas economias com a casa nova, pagar por minha viagem não estava nos planos".

"Desde quando você faz planos financeiros como um pai de família tradicional?". Ela caçoou dele.

"Não sei se você notou, mas a minha vida mudou. Significativamente".

"Sim, eu sei". Ela deu um selinho no namorado.

Eles haviam comprado uma casa dias atrás. Era uma casa em um bairro vizinho com cinco quartos e uma boa área no jardim.

"Nós iremos pensar em algo". Ela falou e o abraçou. Eles pegaram no sono, mas House teve uma epifania e acordou minutos depois.

"E se nos casássemos? Eu sei que casamento é algo burocrático e estúpido, mas essa exigência para viagem também é". House propôs.

"Você está me pedindo em casamento, Dr. House?". Ela perguntou maliciosa.

Cuddy sempre quis isso, apesar de negar para si mesma nos últimos anos.

"O casamento continua sendo algo burocrático e cínico, para mim. Mas nesse caso teria uma finalidade útil, pelo menos". Ele respondeu de forma objetiva e fria.

"Nós podemos pensar em outras opções que não envolvam casamento". Ela respondeu triste.

Cuddy tentou disfarçar a frustração. Por um breve momento ela pensou que ele realmente quisesse se casar com ela, assim como ela queria se casar com ele, o homem da sua vida, o pai de seus filhos, mas não... Não era isso. A esperança durou apenas um breve momento.

Continua...