Capítulo 62 – Os dias seguintes

A voz do anjo sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido já escuto os teus sinais
Que tu virias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais

Música: Anunciação – Alceu Valença


Para a alegria de Arlene o jantar foi servido e estava delicioso.

"Ei, meus parabéns!". Cameron se aproximou do casal com Chase a tiracolo.

"Obrigado. Desculpe por isso". House disse.

"Desculpe pelo que?". Cameron perguntou confusa.

"Por não ter sido você". House falou sarcástico.

"Eu já superei o que eu sentia por você". Ela disse corando.

"Ótimo para Chase então".

Cuddy queria matar House em pleno casamento. "Obrigada Cameron, desejo a vocês dois toda a felicidade do mundo também".

Quando os dois se afastaram.

"E eu desejo que você não fale mais nenhum absurdo senão não haverá noite de núpcias". Ela disse para House.

"Mas o que eu disse de errado?".

Ela olhou pra ele com gana de matá-lo. "Cale-se!".

"Eu sou o primeiro e único marido que atinge o feito de irritar a esposa na festa de casamento".

"Você é bom assim!". Cuddy falou se afastando dele.

Ele respirou fundo frustrado.

Do outro lado do salão de festas...

"Você não consegue se sentar desde a despedida de solteiro?". Taub perguntou para Wilson.

"As chibatadas machucaram, eu evito sentar porque... dói".

"Mas também, que ideia idiota foi aquela".

"Não foi minha ideia, foi ideia de Treze".

"Eu já disse que foi um equivoco, não era para ser daquele jeito". Treze disse.

"Quem te indicou aquele lugar?". Foreman perguntou.

"Uma ex-namorada".

"Wow!". Kutner falou empolgado.

"Você... Você cale-se porque você não é normal". Taub disse para Kutner.

"Eu fui espancado!". Wilson disse para Treze. "House quase foi estuprado".

"Mas nada aconteceu no final...". Ela se justificou.

"Nada? Nós fomos parar na delegacia". Foreman contestou.

"House quase foi estuprado e vocês foram parar na delegacia?". Cuddy se aproximou deles.

Todos arregalaram os olhos em choque e se calaram.

"O que diabos aconteceu na despedida de solteiro?". Cuddy estava tensa.

Ninguém respondeu.

"Respondam!".

"Nada...". Taub falou.

"Eu quero a verdade! House quase foi estuprado? Eu avisei que não queria mulheres...".

"Lisa, não foi culpa de House. Na verdade foi minha culpa. E de Treze". Wilson disse.

"Eu estou esperando que me contem o que aconteceu".

E Wilson contou, tentando poupar alguns detalhes.

"Eu mato vocês dois!". Ela disse assim que ouviu a história.

"Foi um mal entendido".

"Vocês têm noção do risco que colocaram todo mundo? Do risco em que colocaram o meu marido e pai dos meus filhos?".

Todos se calaram.

"Mas tempestade era legal". Kutner disse.

Cuddy olhou pra ele sem entender.

"Tempestade era uma dançarina". Kutner explicou recebendo olhares reprovadores de todos.

"Mantenham distancia do meu marido, inclusive você, Wilson".

"Mas Cuddy...".

"Não tem desculpas... Nunca mexa com uma noiva irritada!". E ela saiu.

House estava bebendo no canto do salão de festas e Cuddy se aproximou.

"Eu te amo, mas te mato se você não me contar as coisas".

Ele olhou pra ela sem entender.

"Eu sei tudo sobre a sua despedida de solteiro". House arregalou os olhos.

"Relaxe, eu sei que não foi sua culpa. Mas me conte da próxima vez".

Ele balançou a cabeça em concordância, mais por instinto do que algo que ele tenha feito em plena consciência.

"Eu te amo e mataria alguém se algo acontecesse com você". Ela o abraçou forte.

"Eu também te amo!". Ele respondeu confuso.

A festa foi chegando ao fim. Wilson estava embriagado e decidiu que amava Fairy, então resolveu dar uma prova de amor a sua amada.

"Com licença! Desculpem a interrupção na diversão de todos, mas eu preciso cantar uma música para a minha amada como prova do meu amor".

House riu. "Wilson sendo Wilson...".

Todos começaram a assoviar, gritar, aplaudir.

"Tira esse bêbado daí!". Arlene exigiu.

"Deixa ele cantar!". House falou empolgado com o mico que o amigo pagaria em publico.

My love, there's only you in my life
The only thing that's right

My first love
You're every breath that I take
You're every step I make

And I, I want to share
All my love with you
No one else will do

And your eyes, your eyes, your eyes
They tell me how much you care
Ooh, yes
You will always be
My endless love

Two hearts
Two hearts that beat as one
Our lives have just begun

Forever (oh)
I'll hold you close in my arms
I can't resist your charms

(...)

Wilson cantava desafinado, mas parecia não se importar. Ele colocou todo o coração naquela canção.

"Oh meu Deus, isso é bom demais!". House falou. Cuddy nem conseguia rir, ela sentia vergonha alheia pelo amigo.

Fairy estava se sentindo deslocada, ela conheceu Wilson no dia anterior, aquilo estava fora de controle. Sem saber o que fazer, ela fugiu da festa. Wilson não percebeu, mas quando terminou Fairy já não estava mais por perto.

Rachel dormiu quase toda a festa, Gwen brincou no inicio, mas já estava dormindo também.

"Vamos para a nossa noite de núpcias?". House sugeriu.

"Sim". Julia e Arlene ficariam com Rachel e Gwen naquela noite.

O casal se despediu e saiu.

"Wilson está bem?".

"Ele está chorando pela perda do grande amor da vida dele, mas ele vai superar". House explicou.

"Uma moto?". Cuddy falou quando viu uma moto preta grande estacionada na saída do salão.

"Suba!".

"Nunca!".

"Vamos Cuddy, deixe de ser chata. Vamos lembrar os velhos tempos".

"Onde você consegue tantas motos?".

"Motociclista sempre conhece outro motociclista".

"Oh meu Deus!". Ela disse levantando o vestido de noiva para subir na garupa da moto.

House sorriu satisfeito e partiu com a motocicleta.

"Onde você está me levando?".

"Surpresa!". House respondeu.

Eles foram até o Campus da Universidade de Michigan. Andaram por Ann Arbor.

"Sério?".

"Venha! Vamos dar uma volta!".

"Mas já é quase meia noite e está garoando. Eu também estou com frio com esse vestido".

"Venha!". Ele insistiu. "Só alguns minutos, e eu irei te aquecer".

Eles caminharam de mãos dadas por lá, cruzaram com alguns estudantes pelo caminho, mas a maioria estava em alguma festa ou em seus quartos.

"Naquela época eu não podia imaginar tudo o que aconteceu depois...". Cuddy disse enquanto andava de mãos dadas com o marido.

"Ser reitora de medicina?".

"Não podia me imaginar nessa função, eu queria mesmo era ser endocrinologista".

"E salvar as meninas gordas do mundo".

Ela deu um tapa leve no braço dele. "Endocrinologista faz muito mais do que isso".

Ele sorriu.

"Mas eu gosto de ser reitora de medicina, eu, como um personalidade controladora e organizada, me dou bem nessa função".

"Você é a melhor nessa função". House disse e ela corou.

"Obrigada, você foi doce".

"Ou eu quero algo em troca".

Ela riu. "Eu também não me imaginava casada com a lenda Greg House".

"Você se imaginou fazendo sexo comigo, mas não casando comigo?".

"Mais ou menos isso".

"Interessante".

"Não tem nada de interessante... Você não era material para casamento".

"Wow! Eu estou surpreso".

"Eu também não pensava em me casar naquela época. Mas eu queria ter feito mais sexo com você, muito mais sexo do que nós fizemos. E talvez... Ter algo mais...".

"Mas eu fui embora...".

"Pois é, mas não quero falar disso, porque você voltou, eventualmente. Namorando Stacy, mas voltou".

"Antes tarde do que nunca!".

Ambos riram.

"Venha aqui!". Ele a puxou para o prédio central dos estudantes.

"O que vamos fazer aqui? Esse lugar deve estar cheio a essa hora".

Mas ele a ignorou, entrou em uma porta e depois outra e mais uma.

"Onde estamos?".

"No meu esconderijo secreto".

Ela não entendeu nada, continuou olhando para ele.

"Ninguém vem a essa sala, eu costumava passar muito tempo aqui quando queria sumir de alguma aula chata ou de alguma garota perseguidora".

"Você se escondia aqui para matar aulas e fugir de garotas? Você tem coragem de me trazer aqui?". Ela perguntou divertida.

"Como minha defesa: Eu nunca fugi de você".

Ela riu alto.

"Eu nunca trouxe ninguém aqui. Eu vinha para ler também, estudar...".

"E como você descobriu essa sala?".

"Investigando".

"Você é impressionante!".

"Por isso que você se casou comigo, eu imagino". E ele começou a beijá-la no pescoço.

"House, não podemos...".

"Por que não?".

"Porque estamos na universidade e porque é a nossa noite de núpcias".

"E qual é o problema? Nos conhecemos aqui, esse lugar é simbólico, faz todo o sentido".

"Você já trouxe garotas para cá?".

"Eu te disse... Eu nunca trouxe ninguém aqui. Eu nem sabia se esse lugar existia ainda, já que existe... Nós estamos aqui...".

Ela sorriu. "Eu devo estar ficando louca em estar cogitando isso".

"Você é louca por mim!".

"Então eu quero fazer amor com você aqui!".

"Você não quer nada mais romântico para a sua noite de núpcias?". Ele perguntou sarcástico.

"Isso é romântico. E intenso!". Ela respondeu.

"Então que seja feita a sua vontade, minha esposa".

Os beijos intensificaram. As mãos estavam em todos os lugares certos, quando Cuddy se deu por conta, House já estava dentro dela. Ela estava em pé, vestido levantado acima da cintura e o seu marido a possuindo por trás.

"Uh... Você está tão molhada pra mim". Ele dizia enquanto se movia dentro dela.

Cuddy não dizia nada, ela estava inebriada pelo momento. As mãos dele a segurando mais perto e a abraçando na altura dos seios, a outra mão dele levantando o vestido dela e as vezes acariciando sua nádega direita, os suspiros e gemidos ao seu ouvido, ela estava completamente possuída naquele momento e não queria estar em nenhum outro lugar com mais ninguém além dele.

Em pouco tempo ambos chegaram ao orgasmo e continuaram abraçados.

"Eu te amo!". Ele disse beijando a nuca dela e se afastando.

Cuddy suspirou com o afastamento, e sorriu. "Eu também te amo!".

"Parecemos dois universitários com tesão".

"E quando nós dois não parecemos isso?".

"Tem razão". E eles riram.

Quando eles estavam saindo da sala um segurança do Campus os viu e correu até eles.

Eles tentaram correr do segurança, mas a perna ruim de House não ajudava, a sorte é que a moto dele estava próxima.

"Suba!". Ele ordenou Cuddy, ela correia segurando o vestido de noiva, mas subiu na moto rapidamente e saíram de lá.

Eles caíram na gargalhada enquanto House guiava a moto.

"Nós somos loucos!". Cuddy disse enquanto o abraçava apertado sentada na garupa da moto.

"Infelizmente eu perdi o meu esconderijo, mas pelo menos fiz uma despedida digna".

Ela riu. "Eu te amo!".

E ele acelerou mais.

"A pista está molhada, vá devagar!".

"Estão atrás de nós".

"Não temos o FBI atrás de nós".

"Seria mais divertido".

"Você é louco. E eu devo ser mais louca ainda por ter me casado com você". Ela respondeu sorrindo.

"Você é louca! Se conforme!". Ele disse enquanto aceleravam pelas ruas de Michigan.


Duas semanas depois...

O casal não foi viajar em Lua de Mel, pois estavam extremamente ocupados e descapitalizados. Cuddy estava muito cansada devido a gestação que avançava e House esteve trancado no hospital nos últimos dias, um caso difícil que ele e seu time demoraram para resolver.

Gregory já tem barba no rosto aos dezesseis anos, ele está mais petulante do que nunca e Blythe não se importa, por ela Gregory faria o que quer da vida. Ele agora surgiu com garotas para estudar em casa, eu tenho certeza de que ele só quer me provocar ao trazê-las e ficarem trancados no quarto, eu já disse que é proibido fechar aquela porta, mas suspeito que Blythe faça vistas grossas quando eu não estou. Ele é um rapaz alto e inteligente, tem um ar rebelde que deve atrair a essas garotas, eu penso nos pais delas, pobre diabos. Blythe queria que eu falasse sobre sexo com ele, mas eu nunca farei isso, eu descobri tudo o que há para saber sozinho, todo o homem acaba por descobrir o que precisa sem a ajuda de ninguém. Mas se esse bastardo engravidar uma dessas garotas, ele sairá de casa e terá que se virar para sustentar o rebento por si só, já chega todas as contas que eu pago em casa, já chega a água que esse garoto desperdiça nos dois banhos que toma diariamente. Eu comecei a deixar os banhos gelados se ele demorar mais do que dois minutos, pois dois minutos é suficiente para se limpar, mais do que isso é luxo. Estamos criando esse rapaz muito mal, ele será um adulto fora da realidade, irresponsável e insubordinável.

"É, no final ele estava meio certo". House falou consigo mesmo em tom bem humorado enquanto lia o diário de John.

O rapaz entrou para o time de Lacrosse da escola, eu preferia futebol americano, mas ele é totalmente diferente de mim em tudo, o que eu podia esperar. Acho que as questões genéticas são relevantes nesses aspectos. Lacrosse é jogo de gay.

"Vá se foder, John!". House falou alto.

Gregory parece se sair bem em tudo o que faz, isso é insuportável. Não tem nada que o garoto não faça bem, exceto o que ele não quer fazer. Blythe lambe o chão por onde passa o filhinho dela. Ontem eu fiquei pensando, quem será o pai dele? Quando, onde e como Blythe me traiu? Hoje eu não consegui olhar no rosto dela. E esse bastardo, toda vez que olho para ele tento encontrar traços familiares que me mostrem quem é o seu pai, mas eu não consigo. Talvez porque eu não queira enxergar.

House ficou abalado com a última leitura. Primeiro ele não imaginava que John conseguisse se abrir tanto, mesmo que para um diário, depois ele se sentiu mal imaginando que John olhava para ele e enxergava o fruto de uma traição, o fruto da dor que Blythe infligiu no coração de John.


"Dra. Cuddy, você pode olhar essa documentação?". A assessora dela pediu.

"Desculpe, mas hoje eu não posso. Isso terá que ficar para amanhã". Depois Cuddy olhou ao redor e abaixou o tom da voz. "Faz cinco dias que eu não faço sexo com o meu marido, pois estamos nos desencontrando e eu preciso resolver isso hoje".

"Vocês são recém-casados e já estão assim?".

"Oh acredite em mim, não por nossa vontade, mas força maior de nossa profissão e da vida familiar agitada com duas crianças".

"Eu não quero atrapalhar a vida sexual de ninguém". A assistente respondeu bem humorada.

"Obrigada por isso!".

Cuddy juntou as coisas e foi para casa rapidamente. Quando ela entrou em casa House estava deitado na cama sonolento.

"Você está dormindo?", Cuddy perguntou ao entrar no quarto.

"Quase...", ele respondeu sonolento.

"E Gwen?".

"Dormindo...".

"Rachel?".

"Também".

"Uh... Que bom que elas estão dormindo e você não...". Cuddy falou maliciosa, mas House estava com tanto sono que nem percebeu as intenções da esposa.

"House...".

Nenhuma resposta.

"Que ótimo!". Ela falou irônica.

Bem, só restou para Cuddy dormir também. Mas as cinco horas da manhã ela acordou e começou a beijar o marido.

"Uhhh...". Ele gemeu e ela continuou.

"Cuddy... Que horas são?".

"Hora do sexo!".

Ele sorriu ainda com os olhos fechados, fazia dias que eles não tinham relação sexual, ele também sentia falta da intimidade.

Os beijos foram se intensificando e logo ela o estava montando.

"Bom?". Ela perguntou para ele.

"Muito bom. Não pare!".

Então eles ficaram nesse balé sexual por alguns minutos. House sempre achava sexy a maneira como os seios dela saltavam quando ela o montava. E como os dedos dela grudavam nos ombros dele para que ela pudesse ter condições de fazer o seu papel na cavalgada.

Cuddy sempre achava sexy a maneira como ele a olhava e os gemidos que ele deixava escapar. Como os músculos peitorais dele se contraiam a cada movimento.

O ritmo ficou errático, ambos buscavam sua liberação com urgência, então Cuddy se perdeu no tempo e espaço e quando ela retornou, ela percebe que ele ainda estava duro e sem sinais de que tinha atingido o orgasmo.

"Você não gozou?". Ela perguntou frustrada.

"Quase...".

Então ela nem esperou que ele concluísse a frase, Cuddy se abaixou sobre o corpo do marido e o levou a boca.

"Uhhh Cuddy...". Ele não esperava por isso. Minutos depois ele chegou ao ápice e ela engoliu até a última gota.

"Uma mulher tem que cuidar de seu marido". Ela disse quando terminou.

"Se eu soubesse disso, tinha me casado com você bem antes...".

"Vamos ficar aqui, Ethan está agitado...".

"Ethan está aprendendo como se deve usar um pênis com maestria".

"Cale-se! É do nosso filho que você está falando".

"E daí? Ele não terá um pênis? Não usará esse pênis um dia?".

"Cale-se! Ele nem nasceu...".

"Ah, então eu não posso ter ciúme das meninas, mas você pode ter ciúme do menino?".

"É melhor você dormir um pouco mais".

"Ele riu. Seria divertido provocar a sua esposa com esse fato".

Depois de ficarem abraçados por alguns minutos, Cuddy levantou-se para tomar banho, as meninas logo precisariam de cuidados. House, que havia caído no sono novamente, acordou ao ouvir o barulho de sua filha.

"Já vou filha, não precisa chorar...". Ele colocou a sua cueca boxer e foi em direção ao quarto da filha.

Aquela era a vida familiar deles agora.

Continua...


Música citada: Endless Love - Lionel Richie e Diana Ross