Capítulo 63 – O menino House
Ouve o barulho do rio, meu filho
Deixa esse som te embalar
As folhas que caem no rio, meu filho
Terminam nas águas do mar
Quando amanhã por acaso faltar
Uma alegria no seu coração
Lembra do som dessas águas de lá
Faz desse rio a sua oração
Lembra, meu filho, passou, passará
Essa certeza, a ciência nos dá
Que vai chover quando o sol se cansar
Para que flores não faltem
Música: O Rio – Marisa Monte
"Eu não quero pizza, eu preciso comer algo leve e logo, pois preciso começar o meu jejum a partir das 7:00 da noite". Cuddy o informou.
"Jejum? Você vai fazer exame de sangue? Ou é alguma bobagem religiosa?".
"Eu não acredito!". Ela arregalou os olhos em choque. "Você se esqueceu?".
Ele franziu a testa tentando se lembrar de qualquer data significativa. Casamento não era, aniversario das meninas também não...
"Amanhã o seu filho irá nascer!". Cuddy esclareceu.
"Wow, é verdade".
"A minha cesariana e a laqueadura das trompas está agendada para amanhã às sete horas da manhã. Como você se esqueceu disso?".
"Foi só um lapso...".
Cuddy estava irritada. "Você é inacreditável". E ela foi para o quarto.
House não sabia se ia atrás dela ou se esperava. Um misto de sentimentos o dominou. Amanhã o seu filho nasceria, um menino, um garoto assim como ele foi um dia. Ele seria pai de um garoto, isso o apavorava. Era tão simples com as meninas... Rachel e ele levaram algum tempo para se adaptarem um ao outro, mas agora tudo fluía bem. E se Ethan fosse um garoto rebelde como ele fora um dia?
Nesse momento House correu para pegar o diário de seu pai, ele nem pensou, ele só precisava lê-lo.
Gregory tem uma namorada oficial, uma menina que me parece de boa índole e família, eu não posso me imaginar no lugar do pai essa jovem, Gregory é insubordinado, rebelde e faz questão de contrariar regras e etiquetas, além do mais ele usa um cabelo que deveria ser proibido pela polícia. Como o pai dessa jovem não a proíbe de namorá-lo?
House riu. "Coisas sobre garotas que John nunca entendeu...".
Essa semana Gregory recebeu pelo menos cinco cartas de universidades o aceitando para iniciar os estudos no ano que vem. Eu não entendo como esse rapaz conseguiu ser aceito em todas as universidade em que se inscreveu. Uma delas é Hopkins, impressionante! Ele diz que será um médico, eu duvido disso. Para estudar medicina é necessário ser disciplinado, ele vai acabar sendo expulso, isso se não engravidar nenhuma colega por lá e tiver que abandonar os estudos para trabalhar e sustentar o filho. Eu falei isso para Blythe e ela diz que eu estou implicando com ele, Blythe não consegue enxergar nada quando o assunto é o seu filhinho.
"Pelo menos ele acertou parte do que previu". House riu.
"House, vamos jantar?". Cuddy o interrompeu.
"Temos que ligar pra pedir o jantar...".
"Eu já fiz isso". Ela o informou.
"O que você pediu pra mim?".
"Fique tranquilo que você vai gostar do que eu pedi pra você, apesar de não merecer, pois nem se lembra do dia de nascimento do seu filho".
Ele bufou. "Desculpe-me, eu sou um idiota desmemoriado".
Ela não queria ceder, então Cuddy se fechou. House tentava conversar e voltar ao normal, mas a sua esposa estava em silencio, tentando parecer brava.
"Tudo bem, você tem o direito de ficar brava". Ele disse após o jantar. "Mas amanhã você estará assim quando Ethan nascer? Brava comigo?".
"Eu não sei...".
"Vamos Cuddy, eu já me desculpei".
"Desculpas não é o suficiente".
"E o que é suficiente?".
"Você tem ideia de que eu passarei por uma cirurgia para tirar o nosso filho do meu ventre e ainda continuarei naquela mesa para a laqueadura das trompas? Eu estou tensa e você não está nem aí para mim ou para Ethan".
"Isso não é verdade!". Ele falou com firmeza.
"Então porque você esqueceu?".
"Porque eu sou um idiota desmemoriado, mas um idiota que te ama! Desculpe-me! Eu estou nervoso sim, muito nervoso. E se Ethan não gostar de mim? E se ele sentir o mesmo por mim que eu sentia por John?".
Cuddy se derreteu e se aproximou do marido. "Isso não vai acontecer".
"Como você tem tanta certeza?".
"Porque você não é como John".
Naquela noite House não dormiu. Cuddy sim, apesar da preocupação e do desconforto com a gravidez na fase final, ela dormiu profundamente. House ficou olhando para o teto tentando imaginar todos os possíveis cenários de sua vida como pai de um garoto. Ele também tentava tirar o pensamento recorrente de que algo poderia sair errado na cirurgia.
Lá pelas quatro da manhã, cansado de rolar na cama, ele se levantou e pegou o diário do pai.
Gregory passou o verão todo com amigos e com a namorada, não sei para onde foram, ele sumiu. Blythe diz que é coisa de jovem, mas eu acho um absurdo. Na minha época nós passávamos o verão trabalhando ou ajudando os pais com as coisas necessárias, essa juventude anda muito mal acostumada.
"John você sempre foi um péssimo pai". Ele disse alto. House não se reconheceu naquele homem, ele jamais ficaria infeliz com a felicidade e diversão de seus filhos, pelo contrário. Mas ele esperava ser um pai que não afastasse os seus filhos nas férias de verão. Ele, quando jovem, sempre queria estar fora de casa, em qualquer lugar fora do teto doméstico. Os seus filhos não seriam assim, eles não teriam razão para querer fugir de casa na primeira oportunidade. Cuddy tinha razão, ele pensou, ele era muito diferente de John.
"House, o que você está fazendo?". Cuddy apareceu na sala.
"Nada". Ele escondeu o diário.
"Então venha pra cama comigo, eu não consigo dormir sem você ao meu lado".
"Tudo bem, eu já vou".
Ele guardou o diário e seguiu para a cama. Cuddy sabia que ele lia o diário do pai de tempos em tempos, mas respeitava a privacidade do marido.
"Abrace-me?". Cuddy pediu tentando se ajeitar o melhor que podia perto dele.
Ele a envolveu com os longos braços e assim ficaram até ambos adormecerem.
No dia seguinte Cuddy acordou cedo, ela já havia deixado tudo organizado nos dias anteriores, mas a ansiedade estava presente.
"House... Acorde!". Ela o chamou depois de tomar um banho. "Você precisa levantar pois temos que ir para o hospital daqui à uma hora".
"É tão cedo ainda...".
"Mas temos cirurgia agendada".
Ele bufou, cobriu a cabeça com o travesseiro. Cuddy o deixou ali por mais alguns minutos, mas logo o chamou novamente.
Gwen e Rachel já haviam dormido na casa de Julia na noite anterior. House sentia a falta das filhas.
"Vamos!". Cuddy disse.
"Sim". House se levantou sonolento, tomou uma ducha rápida, se vestiu enquanto tomava um café e pegou a chave do carro. Cuddy ficou pensativa.
"O que foi?", ele perguntou.
"Quando eu voltar pra casa eu estarei com Ethan em meus braços".
House sorriu, mas por dentro uma insegurança ascendeu. E se algo saísse terrivelmente errado?
No carro os dois foram em silencio quase absoluto, pois Cuddy ligou o rádio e selecionou uma estação que tocava música pop antiga.
"Você e suas músicas...". House brincou tentando relaxar.
"Eu gosto dessas músicas mais antigas, elas me acalmam, me deixam nostálgica".
"Nostálgica sobre o que?".
"Sobre tudo. Eu me lembro da infância, do meu pai, das viagens em família, da minha adolescência...".
"Oh não, você se lembra de outros garotos!".
Ela riu.
"Você não pode lembrar-se de nenhum outro ser do sexo masculino quando tem o meu filho no seu ventre e está prestes a parir".
"E quem inventou essa regra?".
"Então você assume que estava lembrando-se de algum garoto?"
"NÃO!".
"Sua mentirosa!".
Ela riu.
A técnica de House estava fazendo efeito, eles estavam mais relaxados.
Quando chegaram ao hospital, Cuddy já foi encaminhada para o quarto. Dr. Blau já a esperava.
"As vantagens de ser reitora". House zombou.
"Cale-se!".
"Vai me dizer que esse é procedimento usual no hospital para todas as mães?".
"Deveria ser".
"Exato. Deveria, mas não é. Só para a reitora".
"Vamos colocar esse circo na estrada?". Dr. Blau entrou interrompendo o diálogo entre o casal.
House fez cara feia, definitivamente esse sujeito era insuportável, ele pensou.
"Ethan, você está pronto para vir ao mundo?".
"Primeiro, ele não sabe falar ou te entender", House começou dizendo. "Depois, se ele estiver pronto ou não, você vai tirá-lo de qualquer maneira. Então qual é o seu ponto?".
"House!". Cuddy chamou a atenção dele.
"Ele está certo". Dr. Blau disse bem humorado "Vamos começar os preparativos para tirar Ethan do quentinho".
Eles prepararam Cuddy para a cirurgia. House começou a se sentir enjoado, ele já havia presenciado inúmeras cirurgias, mas essa era diferente. Era a sua esposa e o seu filho.
"Tudo bem, House?". Ela perguntou quando percebeu que ele estava pálido.
"Sim, por que não estaria?".
"Você não quer se sentar um pouco?".
"Cuddy, as atenções devem estar em você não em mim e eu sou um médico, eu estou bem com isso".
Ela segurou a mão dele. "Eu sempre vou me preocupar com você, independente da situação. Mas isso é diferente, é o seu filho".
"É insano que você se preocupe comigo nessa hora".
"Desde quando somos normais?".
Ele sorriu.
"Está tudo certo, vamos começar!". Dr. Blau informou.
O anestesista fez o seu papel e em poucos minutos a cirurgia se iniciou. Logo eles avistaram Ethan. "Aqui está o jovem Ethan. Estamos incomodando você, mas é por uma boa causa". Dr. Blau falou.
Cuddy já começou a chorar.
"Ei Ethan, venha para o mundo! Venha conhecer os seus pais". O médico pegou o bebê e o retirou do ventre da mãe. Ele saiu com a bolsa intacta, um evento raro.
"Olha papai e mamãe, a bolsa não estourou. Diz a lenda que ele será uma pessoa especial". Dr. Blau falou.
Era uma lenda idiota, mas era o filho dele então meio que ele acreditava na lenda agora.
Ethan chorou alto, tão alto que surpreendeu a todos os presentes.
"Wow, que pulmões esse pequeno tem". Dr. Blau disse e o entregou para o pai. "Ethan Mathews House, eu te apresento os seus pais".
"Ei!". House disse quando pegou o pequeno. Diferente de Gwen, o bebê não parou de chorar, ele continuou gritando alto em plenos pulmões.
"Deixe-me vê-lo!". Cuddy pediu emocionada. House o levou até ela.
"Oh meu filho!". O bebê parou de chorar ao lado da mãe.
"Ele é muito careca". House disse.
O bebê não tinha um único fio de cabelo.
"Parece que ele nasceu no meio de um tratamento de quimioterapia".
"House!". Cuddy chamou a atenção dele. "Não fale esse absurdo!".
"Desculpe!".
"Ele é lindo!".
"Claro que ele é, ele é nosso filho!".
Ela sorriu e pegou a mão do marido.
"Obrigada por esse presente também".
A garganta de House estava embargada, ele não conseguia responder.
"Nós temos que continuar a cirurgia, desculpe atrapalhar o momento família". Dr. Blau disse.
"Eu preciso amamentar o meu filho". Cuddy contestou, já que ela amamentou Gwen imediatamente após o parto.
"Você precisa concluir a cirurgia antes de qualquer coisa. Temos muito a fazer".
"Você tem certeza sobre a laqueadura das trompas?". House perguntou.
"Sim, nós já conversamos. Ou isso ou você faz a vasectomia".
"Tudo bem. Dr. Blau, você pode seguir com a laqueadura das trompas de minha esposa".
Cuddy riu e, com muito pesar, entregou Ethan para o pai.
"Por favor, fique com ele em todos os segundos". Ela recomendou.
"Como um carrapato". House respondeu.
Ele saiu para que a cirurgia fosse concluída. Eles fizeram Cuddy dormir para relaxar enquanto o procedimento de laqueadura das trompas era realizado, House seguiu com Ethan para os exames de rotina.
O menino se saiu extraordinariamente bem nos testes, apesar de não parar de chorar um único minuto.
"Ei Ethan, eu sei que te tiramos de repente do ventre de sua mãe. Imagino que foi um choque, você estava tão tranquilo lá, sossegado, não tinha planos ainda para vir ao mundo... Desculpe por isso, mas foi por uma causa justa, para que os seus pais possam fazer... fazer coisas sem preocupação no futuro próximo, sem que sua mãe tenha que encher o corpo com hormônios. Além disso, você nasceria nos próximos dias de qualquer maneira, foi só um adianto de algumas horas ou dias, a sua mãe já estava começando a sentir pequenas contrações, você já estava na posição certa... Era só questão de pouco tempo, talvez horas".
Uma enfermeira que ouvia a conversa sorriu.
House olhou pra ela envergonhado.
"Continue falando Dr. House, ele parou de chorar ouvindo a sua voz".
House ficou corado e sem jeito para continuar a conversa com o filho.
"Eu vou dar privacidade para pai e filho". A jovem disse e saiu.
"Ei, mulheres fazem isso conosco, nos deixam sem jeito". Ele falou para Ethan. "Não sei se é um bom momento, mas temos que estabelecer algumas regras da casa, já que agora somos dois machos. Primeiro, você terá emprestado os seios de minha esposa, emprestado, não abuse. Segundo, eu sou o alfa macho da casa, isso é algo sem contestação. Terceiro, eu não quero ser como John, eu espero conseguir ter uma boa relação com você, não sei bem como fazer isso já que é estranho pensar que lidarei com outro ser com um pênis, mas temos que encontrar um caminho juntos. Se você me ajudar, eu te ajudo".
"Dr. House". Eles foram interrompidos pela chegada da chefa de enfermagem. "Parabéns, Ethan é lindo e muito saudável".
"Obrigado".
"Vamos amamentar Ethan?".
"Cuddy não pode amamentar agora".
"Sim, é verdade, mas nós temos um banco de leite no hospital. Vamos amamentá-lo enquanto Lisa se recupera da cirurgia".
Eles começaram a amamentar Ethan que parecia um dragão esfomeado.
"Oh, eu não me lembro de nenhuma das garotas mamarem com tanto desespero". House disse.
"Geralmente meninos são mais esfomeados". A enfermeira explicou.
"Existe a possibilidade de Cuddy não conseguir amamentá-lo? Li que, em caso de cesariana, as vezes o leite demora a descer".
"Temos que ter paciência, pode levar algum tempo sim, pois no parto natural o corpo da mulher libera a prolactina e a ocitocina que estimulam a produção e a liberação de leite materno, na cesariana o corpo não passou por esse processo e pode levar um tempo para se adaptar".
House sabia que Cuddy ficaria arrasada em não poder alimentar o filho, ela já havia ficado chateada por não poder amamentar Rachel.
House ficou com o filho por alguns minutos enquanto ele mamava. O menino devorou tudo em pouco tempo e dormiu.
"Vamos deixá-lo descansar". A enfermeira disse. "Os seus parentes estão na recepção da maternidade".
"Obrigado. A cirurgia de Cuddy terminou?".
"Ainda não, mas logo deve terminar".
Ele se afastou do filho com dor no coração, Ethan ficou no berçário da maternidade. Ele estava com uma pulseira igual a que estava em Cuddy. Mas ele era o bebê mais bonito e o único totalmente careca, seria impossível confundi-lo, ele pensou.
Quando chegou à recepção House encontrou-se com Arlene, Julia, Cali, Blythe, Gwen, Rachel e Wilson.
"Papai!". Gwen correu ao encontro dele.
"Ei pequena". House a abraçou.
"E aí?". Julia perguntou ansiosa.
"Ethan nasceu e está bem".
"Quero vê-lo!". Arlene falou.
"Ele está descansando".
"E Lisa?". Wilson perguntou.
"A cirurgia ainda não terminou".
"Isso tudo porque o inútil do meu genro não quis fazer vasectomia". Arlene disse.
"Mamãe!". Julia contestou.
"É verdade...". A senhora insistiu.
"Ei, parabéns papai!". Wilson desviou o assunto.
"Obrigado Jimmy, agora são três Houses no mundo".
"E a humanidade não sabe o perigo disso!". Ele riu.
"Como Ethan é?". Cali perguntou.
"Muito careca". House disse. "E tem os pulmões de um tenor".
Todos riram.
"Quero ver bebê". Gwen disse.
"Você já vai conhecer o seu irmão". House informou.
Rachel começou a chorar, ela estava com Julia, mas também queria ir com o seu pai. E ele a pegou nos braços para a felicidade dela.
Minutos depois House recebeu a noticia de que a cirurgia de Cuddy havia terminado e que tudo correra bem. Ela estava dormindo após o procedimento.
"Vocês podem ver Ethan no berçário". A enfermeira informou e todos foram rapidamente e ansiosos para lá.
O menino dormia tranquilo.
"Vendo assim nem parece que ele chora tão alto". House falou.
"Ele é mesmo muito careca?". Cali perguntou, pois Ethan estava com uma touca da maternidade.
"Bebê! Irmão!". Gwen dizia.
"Meninas, aquele ali é o irmão de vocês. O que está coberto pelo cobertor azul, cercado por garotas". House informou.
Só havia Ethan de menino no berçário, os outros bebês eram todas meninas.
"Desde cedo cercado por mulheres!". House disse sarcástico.
"Eu quero vê-lo mais de perto". Arlene falou.
"Ele está dormindo e Cuddy também. Assim que ambos acordarem vocês poderão vê-los". House informou.
"Ele é lindo!". Blythe disse emocionada.
"Você nem o viu direito". Arlene contestou. "Ele está todo coberto e com touca".
"Não preciso". A mãe de House disse. "Eu sei que ele é lindo".
Horas depois Cuddy acordou e quis ver o filho imediatamente. House o levou até ela.
"Oh meu Deus! Dê-me ele!".
House o colocou ao lado dela.
"Ei Ethan, você é lindo!".
O bebê procurava um lugar para mamar.
"Ele está com fome". Cuddy disse.
"Outra vez? Ele já mamou como um andarilho que não se alimentava por dias...".
"Quero tentar amamentá-lo".
"Cuddy... A enfermeira disse que, devido a cirurgia, você precisa esperar um pouco".
"Eu não posso amamentar o meu próprio filho?".
"Claro que você pode, só não pode agora".
Cuddy começou a chorar. "Ei, não é nada demais, só dê tempo ao tempo. A anestesia precisa sair do seu corpo, e depois o leite precisa descer". House tentou confortá-la.
Mas ela chorava e Ethan começou a chorar também. House não sabia o que fazer. Ele chamou a enfermeira que veio com mais leite do banco de leite para amamentar o bebê.
Cuddy deu a mamadeira para o menino.
"Eu quero ser capaz de amamentar o meu filho com o meu leite".
"Você será, tenha paciência". House dizia. "Olha como ele mama, como um desesperado".
"Eu não o vi mamar pela primeira vez...". Cuddy voltou a chorar.
"Você não o viu porque você estava no meio da cirurgia. Te digo que não foi diferente de agora, ele continua mamando como um esfomeado".
Cuddy sorriu.
"Desculpe por estar louca, são os hormônios". Cuddy falou. "É diferente do parto normal, com a cesariana parece que eu não passei pelo parto, parece que eu dormi e quando acordei o meu filho estava aqui".
"E isso é ruim?".
"É estranho".
"Pelo menos dessa vez você não sentiu tantas dores, não esmagou a minha mão e nem prometeu que nunca mais faríamos sexo".
Ela riu. Esse homem tinha o poder de fazê-la rir nas situações mais diversas.
Assim que Ethan mamou, eles pediram para os familiares entrarem.
"Dessa vez eu vou ser a avó que vai segurá-lo primeiro". Arlene entrou dizendo.
"Oi pra você também, mamãe!". Cuddy falou.
Julia corou com vergonha alheia pela atitude de sua mãe.
"Vovó sempre causando". Cali disse.
"Oh meu Deus, ele é lindo!". Blythe falou emocionada.
"Não, já chega de mulheres chorando por hoje!". House disse.
"Ele é muito careca". Wilson disse. "O pai dele está ficando calvo, mas ele já nasceu calvo. Puxou você". Wilson riu.
House olhou feio pra ele.
"A cabeça dele é lisinha". Cali disse encantada.
"Bebê! Irmãozinho!". Gwen falava.
"É querida, esse é Ethan, o seu irmãozinho. O nosso caçula". Cuddy falou.
Após os adultos se alternarem para segurar Ethan no colo, o menino começou a chorar.
"Wow!". Wilson disse quando ele começou. "Ele chora alto mesmo".
"Ele chora alto, ele come que nem um desesperado, ele é muito meu filho". House falou orgulhoso.
Cuddy sorriu.
"Dodói?". Gwen perguntou preocupada.
"Não filha, bebês choram bastante. Você se lembra de Rachel?". Cuddy explicou para a filha. Mas a menina não se lembrava do choro da irmã, ela era muito nova na ocasião.
"Quer segurar ele?". House perguntou para a filha.
A menina fez que sim com a cabeça.
"Isso é perigoso!". Arlene contestou.
"Claro que não". House disse. Ele sentou-se, pegou Gwen no colo e depois Ethan no colo da irmã. Ele segurava ambos garantindo a segurança geral.
"Bebê bonito!". Gwen disse fazendo os adultos rirem enquanto passava a mão delicadamente pela cabeça de Ethan.
Minutos depois o time de House foi conhecer Ethan. Outros funcionários do hospital que eram mais próximos de Cuddy também foram.
"Wow esse bebê é mais calvo que o pai". Chase provocou.
"É melhor você não falar isso na frente dele". Cuddy disse rindo, pois House não estava no quarto naquele momento.
"Ele é lindo!". Cameron disse.
"Obrigada Cameron".
"Ele é grande!". Taub falou.
"Sim, ele é grande. Nasceu maior que Gwen e que Rachel. E ele mama muito também".
"Perto de você qualquer um é alto". House entrou dizendo e provocando Taub. "Aliás, quando tiver três anos o meu filho terá a sua altura".
Taub olhou feio para ele e os demais riram.
"Greg também mamava que nem um desesperado. Eu já estava fraca de tanto amamentar e ele continuava chorando esfomeado". Blythe, que estava no quarto com Cuddy, comentou.
"Obrigada por compartilhar minha intimidade juvenil, mãe". House reclamou fazendo Cuddy rir alto e assustar Ethan.
"Eu sei que vocês já têm duas meninas, mas... é estranho pensar em um garoto House. Isso me dá medo". Wilson falou sério.
Cuddy riu. "Não esqueça de que é um garoto Cuddy-House".
"Pior ainda". Kutner deixou escapar e todos riram.
Continua...
