Selina tinha perdido a sanidade só pode. No que ela pensou quando aceitou a proposta do Bruce de vir morar na mansão? Sim ela ficaria mais perto dos meninos. Sim ela estaria mais segura. Mas isso também significava que ficaria mais perto de Bruce e ver o homem andando pela casa com uma bermuda e camiseta regata toda suada depois de sair da academia não fazia bem pra sua sanidade.
-Bom dia. –Bruce secou o suor do rosto com a toalha que estava no ombro.
-Bom dia. –Selina desviou o olhar.
-Os meninos já acordaram?
-Ainda está cedo, não é comum ver o senhor acordado essa hora.
-Estava sem sono e resolvi malhar um pouco.
-Da pra perceber. –Selina sussurrou.
-O que?
-Nada.
-Você está bem?
Isso também era algo que mexia com Selina, já fazia uma semana que ela foi atacada e seus machucados já estavam quase todos sarados, mas Bruce sempre perguntava como ela estava. Ter alguém tão preocupado cuidando dela era novo.
-Bem, assim como ontem e amanhã. –Ela brincou –Obrigada por se preocupar.
Bruce se aproximou, ele colocou a mão no queixo dela e a ergueu o polegar dele passou por cima do pequeno hematoma que Selina tinha nos lábios, já estava cicatrizado mas ainda dava pra ver um pequeno roxo.
-Ainda doí? –Ele sussurrou.
-Não. –Selina se perdeu naqueles olhos azuis. –Já estou até pronta pra outra.
-Não. –Bruce colocou o braço na cintura dela e a puxou pra perto –Por favor não, nunca mais quero te ver machucada.
Ele passava o polegar pelos lábios dela, Selina sentia a mão dele esfregar no seu pescoço e seu braço a segurar com força. Ela colocou os braços ao redor do pescoço dele, se Bruce quisesse beija-la Selina não iria impedir.
-BRUCE!
Os dois se afastaram e viram Pamela parada na entrada, as mãos dela fechadas em punhos.
-O QUE SIGNIFICA ISSO? –A ruiva caminhava em direção dos dois.
-Pamela não é nada disso... –Bruce levou um empurrão da ruiva.
-SEU CRETINO!
-Calminha ai mulher.
-CALA BOCA SUA... VAGABUNDA. –Pamela quis partir pra cima da Selina, mas Bruce a segurou pela cintura.
-JÁ CHEGA PAMELA. –Ele a arrastou para o escritório e trancou a porta.
Selina ficou parada por alguns minutos, ela ouvia a mulher gritando e Bruce falando algo. A morena resolveu se afastar e deixar os dois conversarem.
-COMO PODE BRUCE?! –Pamela andava de um lado pro outro.
-Pamela me deixa explicar o que aconteceu. –Bruce estava parado olhando a noiva.
-VOCÊ IA BEIJAR AQUELA PROSTITUTA!
-EM PRIMEIRO LUGAR SELINA NÃO É UMA PROSTITUTA, NÃO VOU PERMITI QUE FALE ASSIM DELA!
-E AINDA A DEFENDE. –Pamela sentou na poltrona –Agora sei por que não queria marcar a data do casamento.
-Isso não tem nada a ver com a Selina.
-Tem a ver com o que então?
Bruce não sabia o que responder, não era por causa da morena que ele não queria marcar o casamento. Mas ele também não sabia o motivo.
-Meus filhos. –Ele respondeu –Ainda não se acostumaram com você.
-Atá. –A ruiva levantou –Tó cansada dessa desculpa.
-Não é uma desculpa. –Era uma desculpa, a única que Bruce podia dar.
-E enquanto aquela mulher? O que faz aqui?
-Selina é a babá das crianças, ela mora aqui.
-O QUE?! E você não pensou em me dizer sobre isso? –A ruiva parou na frente dele.
-Não preciso te contar tudo que acontece na minha casa! –Ele já estava perdendo a paciência.
-Claro que precisa Bruce, é meu noivo!
Ele ficou calado, Pamela tem razão eles eram noivos.
-Me desculpa.
-Estava beijando ela! –A ruiva cruzou os braços.
-Não! Ela sofreu um acidente a alguns dias e estava vendo se ainda estava machucada.
-Eu não sou idiota!
-Escuta –Ele a abraçou pela cintura –Eu não ia beija-la. Me perdoa se pareceu que sim.
-Só perdoo se marcar a data.
Bruce não sabia o que responder.
-O que me diz? –A ruiva o olhava com expectativa.
-Cadê o pai? –Dick estava assistindo um desenho com Damian no colo quando perguntou.
-Ele está ocupado.
-Com o que? –Jaison olhou para Selina. –Ele sempre passa as manhãs de sábado com a gente.
-Hum... Bem... Uma senhora está conversando com ele... –Selina não sabia o que responder.
-Que senhora? –Tim olhava curioso pra ela.
-Uma mulher ruiva.
-Hera venenosa. –Damian falou.
-O que? –Selina teve vontade de rir. –Qual o nome dela?
-Se chama Pamela, mas nós a chamamos de Hera Venenosa. –Dick respondeu com calma.
-Pois não deviam –Selina respirou fundo para esconder a risada –É muito feio chamar os outros por apelido.
-Você nos chama de gatinho.
-Mas é carinhoso Tim, já Hera Venenosa é maldoso.
-Tó nem ai. –Jaison cruzou os braços –Combina com ela.
Selina ficou sentada no sofá com eles, mas apesar de estar olhando pra TV sua cabeça voltava para o casal no escritório. Ela reconheceu a mulher como sendo a noiva dele, era uma mulher bonita só não fazia o tipo do Bruce.
Selina ainda estava magoada pela forma que Bruce a soltou para falar com a ruiva. "Claro são noivos obvio que ele iria querer se explicar com ela." Selina segurou o queixo na mão "Selina você ia beijar um homem comprometido! Se bem que foi ele que começou." Selina suspirou.
-Tudo bem? –Jaison que descansava a cabeça no ombro da moça perguntou.
-Sim. –Ela sorriu e passou a mão pelo cabelo dele.
"É melhor não pensar nisso, pelo menos não agora."
Fazia cinco minutos que os dois estavam em silencio.
-E então Bruce?
-Pamela –Ele suspirou –Tem razão. Eu tó demorando muito pra marcar a data.
-E?
-Me dá um mês pra eu organizar algumas coisas e... –Bruce parecia derrotado –...E vou marcar a data.
-HAAAAAAAAA! –Pamela pulou nos braços do homem suas pernas o prenderam pela cintura.
-Pamela...
Ele não terminou a frase já que a ruiva o beijava apaixonadamente. Bruce só torcia pra ter tomada a decisão certa.
Selina estava na cozinha arrumando a bagunça que os meninos fizeram depois de comer um lanche quando Bruce entrou, ele já devia ter tomado banho pois vestia uma blusa preta com uma calça jeans. Ela esperou ele iniciar a conversa.
-Desculpe pela forma como a Pamela falou com você hoje.
-Devia tentar namorar uma mulher que tenha mais educação. –Selina segurava uma faca.
-Ela tem educação.
-Então deveria usar mais. –Selina estava com raiva.
-Não pode falar assim dela. –Bruce também estava com raiva. –É a minha noiva!
-Não me interessa! Não foi eu que comecei aquela situação senhor Wayne.
-Eu não ia te beijar!
Selina ficou calada, ela largou a faca na pia. Ficar de costas para ele seria mais fácil, assim Bruce não veria o olhar magoado da moça.
-Como se eu quisesse que o senhor me beijasse.
Bruce sentiu o estomago embrulhar. Era obvio que Selina também queria o beijo, ele sentiu ela tremer nos seus braços quando Bruce a abraçou.
-Então deveria guardar pra alguém que queira. –Sua voz saiu fria.
-Como a sua noiva por exemplo.
-Como a minha noiva. –Bruce se aproximou e parou atrás da morena, Selina podia sentir a respiração dele no seu pescoço. –Aliais, daqui a um mês Pamela será a minha esposa. –Ele sussurrou no ouvido dela, sua voz carregada de luxuria –Meu casamento com ela será a melhor coisa que pode me acontecer.
Selina deixou o prato que segurava cair na pia respigando um pouco de água na barriga dela no processo. Ela respirou fundo e virou de frente para o homem. A voz dela também tinha luxuria.
-Espero que seja feliz. –Selina se aproximou, seus lábios quase encostando –E que consiga dar o beijo que tanto queria com aquela mulher. –Ela mordeu o lábio dele –Afinal não é como se quisesse me beijar.
-Nem um pouco. –Ele sussurrou. Bruce abaixou a cabeça e mordeu de leve a orelha dela.
-Hum... –Selina inclinou o pescoço –Talvez esse seja o problema.
-Qual? –Ele apertou a bunda dela e a trouxe mais perto.
-Sua boca e seu corpo não falam a mesma língua. –Selina passou as mãos pelas costas dele.
-Como assim? –Ele apertou o seio dela de leve.
Selina reprimiu o gemido.
-Se realmente quisesse beijar sua noiva não estaria aqui me tocando.
-E se você não quisesse me beijar –Bruce segurou a coxa dela –Não me deixaria fazer isso.
-Tem razão. –Selina o soltou. –É melhor ir me deitar senhor Wayne.
Bruce a soltou e permitiu que Selina se afastasse quando ela estava na porta da cozinha ele a ouviu dizer.
-Boa noite.
Ele fechou os olhos com força e a ouviu ir embora. Bruce precisava de uma bebida.
