Já se passou cinco horas desde que Bruce chegou no hospital. Selina andava de um lado para o outro na sala de espera, os médicos não permitiram que ela entrasse já que não era alguém da família dele. A morena queria armar um escanda-lo até que as enfermeiras ameaçaram tirar ela a força do hospital, Selina preferiu ficar quieta e esperar por notícias do lado de fora pelo menos ainda estaria perto do homem.

-Selina? –Clark se aproximou dela –Como ele está?

-Ainda não me deram notícias. –Ela passava a mão no peito um habito que tinha quando ficava nervosa. –Essa porra de médico não fala nada!

-Silêncio! –A enfermeira da recepção ordenou, olhando feio pra Selina.

Clark percebeu que Selina iria respondeu e a afastou gentilmente da mulher, eles sentaram nas cadeiras mais perto da janela.

-E os meninos?

-Com o Alfred. Estão bem, um pouco abalados acho.

-Pobrezinhos. –Selina apertou os braços com força.

-Fui a delegacia prestar uma queixa, eles vão atrás da Pamela.

-Aquela psicopata tem que ser presa!

-Ela vai. –Clark viu um homem se aproximando –É esse o médico?

Selina se levantou.

-Como ele está?

-Vocês são da família?

-Sim somos amigos do Bruce.

-Como ele está? –Selina perguntou mais uma vez com impaciência na voz.

-Ele está estável, mas vai demorar pra acordar. Por sorte o golpe que ele recebeu na cabeça não atingiu o crânio, os golpes na nuca são mais preocupantes, mas nada muito grave. O senhor Wayne desmaio pela falta de sangue e principalmente quando atingiu a cabeça no chão. Enfaixamos seus cortes e apesar de ficar com um galo enorme vai acordar em dois dias talvez.

-Tudo isso? –Clark perguntou.

-É muito delicada a situação, pancadas na cabeça são mais graves do que imaginam.

-Porque talvez?

-Bom... –O médico olhou para Selina –Estipulo esse prazo em conta da gravidade dos machucados, mas cada corpo se recupera de um forma. Ele pode acordar em dois dias ou pode ser que leve mais tempo e a outra coisa também.

-O que? –Selina odiava esse suspense.

-Sua memória. Os exames mostraram que a pancada pode ter afetado suas lembranças, como eu disse cada corpo reage de um forma. Tenho que esperar ele acordar para ter certeza que vai se lembrar de tudo.

Selina sentou na cadeira e começou a chorar.

-Ei –Clark se ajoelhou na frente dela –Vai ficar tudo bem.

-Gostaria de vê-lo?

-Sim. –Selina limpou as lágrimas –Por favor.

-Me acompanhe.

O médico a levou até o quarto, Bruce estava deitado em uma cama bem grande, sua cabeça enfaixada, seu rosto pálido e sua respiração bem profunda como se ele estivesse dormindo. Selina se aproximou e colocou a mão no cabelo dele com cuidado para não tocar na ferida.

-Ele parece que está dormindo.

-E está. O senhor Wayne não está desmaiado chegamos a essa conclusão após os exames e também damos um remédio para que ele não sentisse dor e isso pode causar sonolência.

-Então quando o remédio passar ele pode acordar?

-Só o corpo dele dirá isso. –O médico foi até a porta –Caso precise de mim é só chamar, mais tarde um enfermeira virá para passar as orientações sobre visitas.

Selina escutou a porta fechar e ficou sozinha com Bruce, ela acariciava seu cabelo com cuidado. O pescoço dele tinha marcas de unhas, elas estavam bem vermelhas Pamela deve ter causado isso, Selina sentiu sua raiva aumentar.

-Aquela vadia, como ela pode fazer isso? Como deixou ela fazer isso? –Selina sabia que ele não responderia –Pamela vai ser presa e vai pagar pelo o que fez eu juro a você. –Selina apertou a mão dele com força. –Bruce fique bom logo.

Selina o beijou de leve nos lábios. Ela não iria chorar mais Bruce precisava que ela ficasse firme por ele e pelos meninos e era isso que iria fazer.

Havia se passado quatro dias e Bruce ainda não acordou, Selina passava as noites e parte do dia no hospital Alfred aparecia de manhã para ficar no lugar da morena que saia relutante toda vez do quarto.

-Alfred eu posso ficar mais um pouco.

-Senhorita Kyle precisa descansar já cuidou dele a noite toda.

-Mas...

-Selina –Alfred colocou a mão no ombro dela –Vai pra casa por favor, eu cuido do patrão Bruce. –Alfred olhou para a forma adormecida na cama –Eu cuido do meu menino.

Selina deu um forte abraço no mais velho e foi para casa, a mansão estava silenciosa desde do dia em que Bruce foi atacado. Os meninos estavam na cozinha com Clark que tomava conta deles até outro adulto chegar em casa do hospital.

-Quero ir!

-Dick por favor...

-Não é justo Tio Clark! É o nosso pai!

-Jaison...

-Eu entendo que não queiram que o Tim e o Dami vão, mas nos dois já somos mais velhos temos o direito de ir!

Selina entrou na cozinha e viu Clark ajoelhado e Dick e Jaison olhando bravos para o homem, Tim e Damian não estavam a vista.

-Gatinhos?

-Selina. –Dick correu para abraçar ela. –Podemos ir ver o papai? Por favor.

Eles haviam decidido que nenhum dos meninos iria até o hospital para ver Bruce.

-Dick...

-Por favor Selina é o nosso pai. –Jaison se aproximou. –Temos o direito de vê-lo.

Era isso! Ver dois meninos de 13 anos pedindo para ver o pai era demais para Selina aguentar.

-A tarde quando eu voltar para o hospital levo vocês dois será por apenas alguns minutos até Alfred os levar para casa.

-Selina...

-Clark eles tem o direito de ver o pai deles.

O homem apenas concordou em silencio. Mais tarde naquele dia Selina teve que explicar porque Tim e Damian não podiam ir.

-Mas eles vão!

-Eu sei Damian, mas eles vão ficar pouco tempo.

-É porque eles são mais velhos né? –Damian apertou seu elefante de pelúcia com força.

-Tudo bem Dami a gente visita o pai na próxima vez, quando ele acordar.

-E se ele não acordar Tim?

Selina sentiu seu peito apertar.

-Ele vai acordar meninos. Eu prometo. Ele está dormindo pra recuperar as forças assim que se sentir melhor seu pai acordará e vai abraçar vocês com muita força.

-Selina você pode levar isso pro meu pai? –Damian entregou o elefante para a morena –Assim se ele tiver pesadelo não vai se sentir sozinho.

Selina sorriu e segurou o brinquedo com delicadeza.

Quando chegaram no hospital Dick e Jaison ficaram ao lado do pai conversando com ele.

-Papai não vai responder.

-Não patrão Jaison. –Alfred estava ao lado dele –Mas eu sei que ele escuta tudo que vocês falam.

-Mesmo? –Havia pequenas lágrimas nos olhos do menino ele se voltou para o pai –Pai eu não tó mais brigando na escola e nem com o Dick mais, apesar de as vezes querer empurrar ele da escada. O Tim entrou no meu quarto ontem e eu não gritei com ele, tó me comportando então acorde logo por favor pra que você veja isso. –Ele colocou um livro perto do homem –Eu trouxe pra você pra quando acordar possa voltar a ler pra mim como fazia todas as noites.

Alfred colocou o livro na mesinha que ficava ao lado da cama do Bruce.

-Eu tirei um dez na prova de matemática que você me ajudou a estudar. –Dick sorriu –O professor me elogiou e assim que acordar ele vai querer falar com você, vai ter um baile na escola o pessoal da minha classe tá organizando. Tem uma menina que quero convidar, mas não sei como. Quando acordar você me ajuda com isso? –Dick começou a chorar –Por favor acorde... Não deixa a gente sozinho...

Selina se aproximou e abraçou os dois, as lágrimas pinicavam nos olhos da moça, mas esses meninos não podiam ver elas.

-Bruce vai ficar bem meus amores eu sei.

Quando eles se acalmaram Alfred decidiu que era hora de ir pra casa, Selina se despediu deles e sentou na cadeira que ficava ao lado da cama do Bruce ela segurou a mão dele com força.

-Seus meninos precisam de você... Eu preciso de você. – Ela tirou o elefante da bolsa –Damian mandou pra te fazer companhia e Tim pediu pra deixar esse carrinho pra você se lembrar dele. A sua família te ama muito Bruce então acorde logo.

Uma semana. Uma maldita semana e nada dele acordar Selina já não aguentava mais, os médicos disseram que ele estava bem apenas seu corpo não queria acordar.

Uma semana de Alfred preocupado parecendo que havia envelhecido dez anos. Uma semana de Clark tentando manter o bom humor, mas angustiado demais para disfarçar os olhares de preocupação quando via o amigo. Uma semana dos meninos chorando pedindo para o pai voltar. Uma semana de Selina rezando pedindo a qualquer divindade que queira ouvir para que Bruce acordasse.

Na noite do oitavo dia Selina andava pelo quarto em círculos olhando o homem desacordado. Ela estava ficando com raiva de toda a situação.

-Acorda Bruce. –Ela se aproximou dele – É o homem mais teimoso que já conheci, porque não usa essa porra de teimosia que tem e acorda! Seu desgraçado de merda!

Selina se abraçou, fechou os olhos e começou a chorar.

-Só acorde de uma vez seu cretino.

-Por que tá me xingando?

Era uma voz fraca que Selina reconheceria em qualquer lugar. Ela abriu os olhos e ergue a cabeça bem devagar, Bruce Wayne estava olhando pra ela com aqueles olhos azuis que Selina amava.

-Você acordou! Seu cretino de merda acordou! –Selina chorava e ria ao mesmo tempo.

-O...Que... –Ele fechou os olhos de novo.

-Bruce fica acordado! –Selina abriu a porta e gritou –ELE ACORDOU! PRECISO DE UM MÉDICO!