Comissário Gordon estava de pé ao lado da cama do Bruce, um policial mais afastado tomava nota da conversa e Selina estava sentada em uma cadeira que ficava ao lado direto da cama do moreno.
-Como se sente?
-Estou bem Jim. –Bruce falava com mais clareza agora, depois de três dias entre acordar, desmaiar e vomitar tudo que comia, ele se senti muito melhor. –O médico disse que vou pra casa amanhã.
-Se não tiver uma recaída. –Selina o interrompeu.
Bruce apenas sorriu para ela.
-Consegue se lembrar do que aconteceu? –Jim puxou um cadeira e sentou do outro lado de Bruce.
-Vagamente. Lembro de conversar com a Pamela e dela gritando algo, mas não consigo me lembrar o que era.
-Clark acha que vocês discutiram.
-Provável apenas gostaria de me lembrar sobre o que.
-Ela acertou você?
-Sim. Eu lembro dela pegando algo e me batendo com força e também lembro de cair no chão, Pamela andou e a porta se abriu. Depois eu apaguei. –Bruce olhou para o mais velho –Jim ela foi presa?
-Ainda não a achamos.
-Vadia!
-Mas não vou parar de procura-la. –Gordon decidiu ignorar o insulto da Selina, ele sentia o mesmo. –Descanse Bruce qualquer coisa entro em contato.
O comissário saiu junto com seu policial.
-Eu queria muito saber sobre o que discutimos.
-Não importa! Ela é louca, depois que atingiu você ela deu um tapa no Tim.
-O QUE?!
-Não se preocupe eu deu uns tapas nela por você.
Bruce olhou a morena ela estava horrível, não que estivesse feia Selina nunca poderia estar assim, mas sua aparência era de uma pessoa cansada. Ela tinha olheiras nos olhos, provavelmente não dormia a algum tempo, ela estava um pouco pálida, suas roupas amassadas e ela parecia desconfortável na cadeira.
-Deveria ir descansar.
-Estou bem.
-Pode ir deitar no sofá se não quiser ir pra casa. –Bruce apontou o objeto que ficava no canto do quarto. –Deve ser confortável.
-Prefiro ficar aqui caso você vomite de novo posso impedir que faça muita sujeira ou que acabe se sufocando.
Nesses dias em que Bruce estava se recuperando Selina sempre o ajudava, antes que alguma enfermeira chegasse ela já tinha tudo sob controle.
-Obrigado por cuidar de mim.
-Não precisa agradecer só me faça um favor, quando Gordon prender aquela psicopata vê se não casa com ela.
-Acha que seria tão louco de casar com uma mulher que tentou me matar? –Ela não respondeu –Posso ter batido a cabeça, mas não fiquei idiota!
-Talvez fique mais esperto.
-Você é inacreditável! Eu te agradeço e continua me ofendendo.
-Vomitou em mim duas vezes acho que tenho o direito de te ofender!
-Não me desculpo pelo vomito. –Ele cruzou os braços.
-Insuportável! –Selina ficou em silencio por dez segundos –Espero que não tenha marcado a data do casamento.
-Eu não marquei data nenhuma! –Bruce sorriu –Porque tá preocupada com isso?
-Porque aquela puta não deveria chegar perto de você nunca mais! -Ela desviou o olhar, Selina não conseguia mais conter a raiva.
-Tá com ciúmes. –O sorriso cresceu mais ainda.
-O que?! –Selina voltou a olhar para ele e quis soca-lo.
-Ciumenta.
-Ciúmes? De você? Se enxerga!
-Eu sou irresistível.
-Me poupe. –Selina levantou, mas Bruce a puxou pelo braço fazendo a morena cair com o tronco por cima dele. –O que...?
-Eu não vou me casar com a Pamela quero ela longe de mim e da minha família. –Ele segurou a cintura dela.
-Ótimo. –Selina não queria demostrar o quanto esses toques a estava afetando.
-Mas quero você perto de mim.
-Não quer não. –Havia magoa na voz dela –Eu sou um erro, lembra?
-Selina...
-Está se sentindo sozinho –Ela o interrompeu -E por isso acha que me quer do seu lado, mas na verdade sabe que não é isso que precisa.
-Não sabe do que preciso. –Bruce falou com dureza.
-Sei que não precisa de um erro.
-Que inferno Selina! Só sabe falar isso? –Ele se irritou.
-Foi você que disse isso lembra? –Ela tentou se soltar, mas Bruce a apertou – Me solta!
Bruce segurou a cabeça dela forçando Selina a olhar pra ele, quando seus lábios estavam quase se tocando...
-Cof Cof –Alfred estava parado na porta.
Selina aproveitou o momento de distração do Bruce e se levantou.
-Que bom que chegou Alfred estava quase colocando ele em coma de novo. –Selina saiu do quarto deixando os dois homens sozinhos.
-Se sente melhor? –Alfred ergueu uma sobrancelha.
Bruce apenas olhou para o amigo.
Bruce recebeu alta do hospital e voltou pra casa para a alegria dos filhos, logo a rotina retornava ao normal, levar os filhos para a escola, ir trabalhar, visitar o Clark e brigar com Selina.
Ou pelo menos ele tentava porque enquanto brigavam eles poderiam conversar, mas Selina não dava brecha a palavra erro ainda era muito amarga na boca dos dois. E Bruce sabia de quem era a culpa.
Ele queria acertar as coisas, mas não sabia como. Segundo Clark ele apenas tinha que falar com ela. Como se Selina desse oportunidade, nem olhar para Bruce ela olhava. Algo tinha que ser feito.
-Não acredito que convidou a Kori pro baile. Na verdade eu não acredito que ela disse sim.
-Para com isso Jaison.
-O Dick tem uma namorada. –Tim sorria.
-Ela não é minha namorada!
-Mas você queria.
-Dami!
Eles provocavam Dick que ficou emburrado de braços cruzados. Os meninos estavam no salão de bailes da mansão, quase nunca ficavam nesse lugar, era muito grande e havia várias janelas enormes, não existia cômodos no lugar eles só eram visto quando tinha algum baile ou festa de aniversário, ou seja não atraia muito a atenção deles. Mas como Dick havia dito era um emergência.
-Eu tó com um problema.
-Qual? –Jaison perguntou.
-Eu não sei dançar.
-E você vai a um baile?! Tá ferrado.
-Jaison linguajem! –Selina entrou na sala.
-Selina o que é um baile? –Damian se aproximou dela que o pegou no colo.
-Um baile é aonde você leva uma pessoa que gosta e dança com ela a noite toda. –Ela rodopiou e Damian deu uma risada. –Porque? Foi convidado para um baile?
-Dick convidou a namorada. –Tim provocou.
-ELA NÃO É MINHA NAMORADA!
-Ok já chega. –Selina colocou Damian no chão, ela se aproximou do Dick –Então?
-Vai ter um baile na escola e eu convidei a Kori pra ir comigo, ela aceitou. Mas eu não sei dançar. E se ela acabar se decepcionando e decidindo ir com Roy Harper?
Selina não fazia ideia quem era Roy Harper, mas não devia ser amigo do Dick.
-Dançar não é difícil e posso te ensinar. Vem. –Selina o puxou e começou a valsar com ele –Dois pra lá, dois pra cá... Muito bem.
-Não é tão difícil. –Dick sorriu.
-É basicamente isso.
-Lembre-se sempre de conduzir e vai ficar tudo bem. –Bruce estava parado na porta vendo eles.
Selina não escutou ele entrando.
-Como assim? –Dick se afastou da morena.
-Me permite? –Bruce ergueu a mão e esperou pacientemente Selina aceitar, ela permitiu que ele a guiasse pelo salão. Bruce colocou uma mão na cintura dela e outra segurou erguida junto com a sua, Selina colocou a outra mão no ombro dele –Os passos são os mesmo, mas é você que guia. –Bruce dançou graciosamente com Selina e Dick olhava para os pés deles encantado.
-Entendi!
Bruce fez os dois rodopiarem e se afastaram um pouco das crianças, de alguma forma parecia que uma música havia começado a tocar. Jaison colocou um valsa no celular, os meninos olhavam os dois adultos dançarem.
-Normalmente os parceiros olham nos olhos quando dançam. –Bruce sorriu.
Selina continuou olhando para os lados ignorando o homem.
-Eu não danço uma valsa assim a anos. –Isso chamou atenção da morena que o olhou pela primeira vez em dias, Bruce tentou ignorar a alegria que sentiu. –A última vez que dancei tinha quinze anos.
-Mesmo?
-Sim.
-Com quem foi?
-Minha mãe. Era uma ótima dançarina como você, me ensinou tudo. Ela ia ensinar os meninos, mas acabou morrendo antes que pudesse.
-Do que?
-Câncer. –Bruce estava perdido em lembrança –Assim que Dick nasceu ela morreu, parece que só queria conhecer o neto antes de partir.
-E seu pai?
-Morreu de infarto quando eu era criança, Alfred se tornou minha figura paterna e materna, já que minha mãe se isolou do mundo quando o meu pai morreu. Ela se afundou na própria tristeza demorou anos pra se recuperar, mãe mal falava comigo acho que lembrava meu pai.
-Sinto muito. –Selina apertou a mão dele com força.
-Eu superei, nunca faria o que ela fez. Quando Talia, bom, foi embora eu tinha quatro meninos pra cuidar.
-Eles são ótimos. –Ela sorriu o olhou para as crianças –Fez um bom trabalho.
-Nós dois fazemos. –Selina parecia surpresa –É verdade. Eles te amam, adoram você. Obrigado por cuidar tão bem deles.
Bruce parou a dança, a música havia acabado a muito tempo, mas ele não soltou seu braço da cintura dela. Ele aproximou sua testa e encostou na dela.
-Selina... –Era um sussurro carregado de dor.
Mas porquê? Da onde vem essa dor que Bruce está sentindo? Ele sabia a resposta, vem do coração. Um coração que chora e sangra pela mulher que está em seus braços e que a deseja mais que tudo no mundo.
-Eu tenho que ir. –Selina se soltou e saiu do salão.
Bruce ficou parado com o perfume dela impregnando seu ar.
No dia seguinte Damian estava atrás da escola, perto de uma grande árvore que ficava um pouco longe do prédio. Era recreio e como almoçavam do lado de fora Damian sempre ficava nessa árvore para que ninguém o perturbasse.
Ele não tinha amigos além dos seus irmãos e Ravena, seus irmãos almoçavam em horários diferentes e tinham seus amigos, ele não tinha certeza sobre Tim apesar de vê-lo conversando com alguns garotos outro dia e parecia estar se dando bem, então ele sempre esperava sua única amiga Ravena.
A garota veio correndo em sua direção, ela parou com as mãos no joelho tentando recuperar o folego, seu uniforme branco parecia um pouco sujo, havia chovido mais cedo e tinha lama por todo o lado.
-Tá atrasada.
-A professora queria falar comigo. –Ela sentou em um galho da árvore e Damian fez o mesmo. –O que aconteceu?
-Já tá tudo pronto.
-O que?
-O meu plano.
-Ai Damian não sei se é uma boa ideia. –Ravena apertou a barra da saia.
-Confia em mim. –Damian sorriu -A operação: fazer meu Pai e Selina se casarem começa agora!
