Ela entrou no pequeno apartamento que ficava próximo aos arredores do Campus da Konoha University. Esse, ficava no quarto andar e ela o dividia com a melhor amiga: Tenten Mitsashi. Um lugar escolhido a dedo pelas duas por ficar próximo a faculdade que cursavam e também próximo ao centro onde ambas tinham seus estágios. Contas rachadas, vida acadêmica e sem regras, bom, assim deveria, mas Hinata criara um quadro daquelas que ela julgava crucial para a boa convivência, e a primeira de todas era: nada de garotos ali quando a outra estivesse. Não seria nada legal uma tentar estudar enquanto era obrigada a ouvir gemidos. Era no mínimo desconcertante.

A garota de cabelos negros, assim que chegou, pendurou as chaves bem na entrada, sua cabeça latejava ridiculamente. Fora que ainda estava completamente preenchida de remorso, culpa e vergonha alheia pelo que fizera, pelo seu primeiro – e com muita sorte último - porre da vida. No entanto, o grito estridente a fez levar as mãos aos ouvidos e encolher-se ao imaginar que seus tímpanos estariam sangrando agora, bem como sua cabeça preste a explodir.

—Meu deus, Hina! Eu estava quase ligando pra polícia, eu estava tão preocupara, eu estava em pânico e... – Tenten falava enquanto a apertava com força.

—T-tá me... Sufocando... – falou tentando se livrar daquilo.

Tenten, então se afastou de uma vez e deu um belo tapa no ombro de Hinata.

—Ai!

—Nunca, mais nunca mais na sua vida faça isso, mocinha! Eu pensei tanta coisa ruim. O que custava atender o caralho do celular, Hinata? Eu to surtando, olha isso – mostrou a mão tremula – eu ia ligar para o tio Hiashi e...

—Ououou, sem exageros – disse a garota massageando a têmpora, mas ao mesmo tempo com os olhos ridiculamente ardidos sentiu-se péssima por tal comportamento, e por deixar a amiga daquela forma – m-me desculpe – fungou – eu... Eu... Não queria eu... Tava mal e...

Juntando todo o peso de sentimentos de uma só vez a sua ressaca, a Hyuuga começou a chorar copiosamente se jogando no sofá e agarrando um travesseiro.

—E-eu sou tão... Filha da mãe e... Fiz tantas coisas vergonhosas, e... Eu acabei com a minha vida perfeita – ela começou a resmungar coisas sem nexo entre o choro.

Tenten, que a fitou, se dera conta de como a amiga estava amarrotada e acabada.

—M-minha vida está de pernas pro ar agora... E eu tô tão zangada, e...

—Vamos com calma, onde esteve, Hinata? – ela, em meio ao choro parou e piscou. Corou-se até o ultimo fio de cabelo ao lembrar-se do abdômen do Uchiha com tantos gominhos, da língua ousada, dos gemidos e sacanagens no seu ouvido...

—Não quero falar disso – resmungou e fungou. – Eu vou me trancar aqui e não saio nunca mais!

—Chega de exageros.

—Eu bebi tanto, e...

—Tomou o primeiro porre da sua vida e sem mim? É, você tá bem encrencada, mocinha!

Ela sorriu e fungou.

—Eu sou uma garota tão ruim, Tenten... Eu sou um monstro!

—Você tem uma tendência a exageros. Não pode ser tão ruim, bebeu e pagou algum mico, certo? – Hinata ficou calada e chorava negando. A garota de cabelos castanhos franziu o cenho, sentiu o coração acelerar um pouco mais, Hinata era um ser tão passional que a assustava – a policia vai bater aqui? – perguntou com medo do que a garota poderia de fato ter feito, e viu Hinata chorar ainda mais afundando-se na almofada – meu deus, você matou alguém? Foi o Naruto? – ela viu a careta da amiga e começou a andar como uma barata tonta – eu sabia! A culpa é minha, eu não deveria ter deixado você sair daquele jeito. Você surtou não foi? E... E... Hinata como conseguiu uma arma? Ou foi uma faca? – ela parou, olhou e prestou novamente atenção em Hinata – com certeza foi uma arma, se fosse faca você taria com sangue por todo o vestido – ela olhou pela janela ao se aproximar como se espreitasse como uma paranoica fugindo da polícia depois de um crime – alguém te arranjou a arma? Precisamos do segredo. Onde deixou o corpo? A gente consegue encobrir a cena do crime ainda? Eu ainda tenho os fios de cabelo daquela sebosa da Haruno que cortei outro dia, eu ia usar pra voodu, mas podemos colocar na cena e culpar ela – Tenten andava parecendo uma louca e Hinata estava agora realmente preocupada com a amiga – olha eu estou nas aulas de direito criminal e ter provas é o que importa! Não se preocupa, vamos dá um jeito, amiga. Não vai pra cadeia, você é delicada demais pra ser presa. – Tenten fez um bico e abraçou Hinata ao jogar-se no sofá. – tá fedendo a álcool.

—Obrigada – resmungou Hinata ainda abraçando apertado a garota – e-eu não matei ninguém..., mas obrigada... E-eu... Bebi muito.

—Percebi – Tenten deu um risinho, agora mais calma, mas no fundo curiosa com o que a Hyuuga havia de fato feito.

—E-eu... Fui num lugar esquisito e cheio de gente esquisita.

—Um bar barra-pesada daqueles de motoqueiros? – arqueou a sobrancelha.

—Não era de motoqueiros, mas pra mim era muito barra-pesada. – disse com um biquinho. – Tenten levantou-se, e indo até a pequena cozinha serviu da cafeteira uma bala caneca fumegante de café para entrega-la.

Hinata então tirou a jaqueta que usava e Tenten deu outro grito deixando a caneca cair.

—Caralho, Hina, foi atacada por um polvo ou o que?

—Hm? – assustada, não só com a ação da amiga, mas com as palavras, a Hyuuga levantou-se em um pulo e foi direto para frente de um espelho abaixando mais o vestido. Eram tantas marcas. Algumas de mordida, outras de chupão, de arranhões... – Meu deus, eu sou uma piranha! – o choro voltou com tudo e Tenten estava presa entre gargalhar, ter pena e estar chocada.

—Aí amiga... – a abraçou por trás – pelo visto trepou com uma espécie de jack estripador.

Hinata começou a hiper ventilar e a Mitsashi a arrastou para a cama.

—Fica calma, Hina... Respira devagar, por favor...

—E-eu... Consegui ser trocada, f-ficar bêbada e... Transar com um estranho tudo em um dia só... – chorava novamente – o-o que meus pais pensariam se... Se soubesse disso? O-o que todos pensariam? Eu sou uma piranha!

Com a garota parecendo entrar em uma crise de pânico, Tenten deu um tapa de média força no rosto dela a despertado.

—Fica calma, porcaria! Não surta, tá legal? Não é o fim do mundo.

—É do meu!

—Tá... – respirou - vamos por parte. Usou camisinha?

A memoria da morena automaticamente a levou aquela manhã, em que tinha varias delas espalhadas pelo chão, e aquilo serviu para aumentar ainda mais seu constrangimento. Sacodiu a cabeça negando, mas dos lábios saíram:

—Usei!

—Tá ótimo! – disse Tenten e se abaixou segurando nas coxas de Hinata e a olhou nos olhos – como eu disse, não é o fim do mundo. Acontece. Eu já passei por isso e várias garotas. Umas biritas, loucura, uau, e sexo promiscuo com um cara de dar vergonha no outro dia, mas sabe o que acontece? – Hinata negou – se ninguém viu, ninguém sabe. É um segredo, entende? Acabou bem ali. Puff, passou.

—M-mais se algo acontecer? – murmurou preocupada demais para fingir.

—Nada vai acontecer. Pra ficar segura toma uma pílula do dia seguinte, podemos ir ao hospital também e você toma um coquetel de drogas preventivas e... – Então ela se lembrou de algo muito mais importante.

—Amiga... Foi consensual? Tipo, ou você estava muito bêbada? Ele te usou? Te abusou? Podemos denuncia-lo e...

—Eu quis, Tenten – bradou de repente e levou a mão aos lábios em choque consigo mesma. Sentiu seu coração disparado e então baixando os dedos dos lábios sentiu as bochechas arderem em vergonha – e-eu me lembro de tudo. Eu... Eu quis, eu fui de livre e espontânea vontade. Eu estava bemmm consciente, só... – ela então tampou o rosto, a vergonha a devorava – eu estava com tanta raiva, e aí eu bebi e fiquei tão feliz e depois tão gostosa, e... Eu dei tanto – resmungou – eu sou uma vadia igual aquelas garotas daquele grupo asqueroso.

—NÃOOOO! – disse chocada – não é como elas. No fim, se você se divertiu e esqueceu ao menos um pouco o babaca do teu ex, então tá tudo bem. Não tenha vergonha. – Suspirou – ele foi tão canalha, mas você é melhor que isso, melhor que ele. Agora vai tomar um banho e se livrar do álcool e da culpa, e vem comer algo.

A Hyuuga consentiu, e quando a amiga a deixou ali, ela pegou uma muda limpa e confortável de roupas para dias de casa, e uma toalha indo direto para o banheiro. Uma aguinha morninha, e ela esfregou os cabelos com seu shampoo de flor de lótus e jasmim e o cheiro do produto espalhou-se por todo o lugar. Com o sabonete líquido, da mesma linha, ela começou a esfregar-se, até chegar na parte intima e sentir a leve ardência na região. Era realmente uma loucura e uma vergonha, mas principalmente, impossível de apagar da mente o quanto se entregou sem pensar em qualquer consequência para depois.

—Uchiha Sasuke... Eu só posso ser muito azarada ou louca – disse encostando a testa no azulejo do box.

...

Ele remexeu-se novamente na cama, a mão grande tateou o espaço constatando que o mesmo estava vazio. Lentamente virou-se e fitou a ausência da garota. Esfregou o rosto e bufou. Ela fugiu. A pequena furtiva fugiu antes mesmo dele acordar, uma fuga a francesa. Sua pequena cinderela escapuliu... O Uchiha sorriu um tanto malicioso enquanto os dedos foram aos lábios pensando no quão gostosa e viciante era ela. Virou para o lado e no travesseiro sentiu o cheiro do perfume dela misturado ao seu.

—Deliciosa – murmurou, e mexeu-se para levantar, o lençol caiu no chão e ele abaixou-se o pegando e o jogou contra a cama, então os olhos negros captaram uma pontinha azul marinho debaixo do seu travesseiro, levantou o mesmo e os olhos arregalaram-se enquanto os dedos alcançavam a peça lisa em um tecido sutilmente metálico com um pouco de brilho, a calcinha pequena dela. – O que temos aqui... A cinderela deixou o sapatinho e você me deixou sua calcinha, Hyuuga? Você definitivamente é uma caixinha de surpresa – ele gargalhou.

Pegou a peça e abrindo a gaveta de sua mesinha de cabeceira, ele a enfiou ali. Pegou uma toalha e mesmo nu, fora direto para o banheiro, precisava de um bom banho corta ressaca. Pouco tempo depois, ele terminou de vestir a cueca box preta enquanto divagava em cada momento daquela noite bizarra e cheia de surpresas interessantes, no mínimo. Estava tão preso na sua mente que mal notara a presença ali, então quando se virou, se deparou com o irmão mais velho encostado contra o batente da porta aberta.

—Caralho, quer me matar? Saber bater nessa porra não?

Sem deixar-se intimidar pelo mau-humor do caçulinha, Itachi arqueou a sobrancelha e estendeu uma caneca de café para o mesmo que aceitou enquanto jogava parte dos cabelos para trás.

—Hyuuga, é? Quanta obsessão... – sugeriu o mais velho. Os olhos de Sasuke se estreitaram.

—Foi por acaso

—Humrum...

—to falando sério, porra!

Os olhos de Itachi percorreram o chão e um sorriso sacana nasceu nos lábios do Uchiha mais velho ao ver os preservativos usados.

—Boa festa dessa madrugada, só precisei da porcaria dos abafadores pra dormir.

—Como se não fizesse pior.

—Bom... Talvez, mas você pelo visto tirou a porra do atraso desde a adolescência – afirmou dando de ombros.

Itachi então caminhou para a janela e abriu de uma vez deixando a luz entrar. Um sorriso ainda sacana brincava nos lábios do mais velho, e então ele falou:

—Bom... Não é da minha conta, mas... Belo show – tirou seu celular do bolso e destravando-o, abriu em um vídeo o virando para o irmão que estava sentado na cama.

—Que porcaria tá falando? – resmungou o mais novo arrancando o celular do irmão. Os olhos então arregalaram-se.

—Você sabe mesmo ser divertido, Sasuke Uchiha – gargalhou o Uchiha mais velho – até mandei no grupo da família, que a propósito, papai adorou.

Surto em três, dois, um...

Sasuke tinha certeza que Hinata ia morrer se visse aquilo.

—Puta – que - pariu! – esfregou a mão a boca e no rosto – onde tá isso?

—Agora? No território negro conhecido como internet.

...

Ela se sentou ao balcão da cozinha e enquanto mexia o café com leite e mais açúcar, ela ligou o celular que até então estava desligado. Tenten tirava da sanduicheira um recém feito pão com queijo quente e tomate e colocava frente a garota que deixou o celular de lado no silencioso, estava entrando muitas notificações de uma só vez e Hinata estava esperando que essas parassem para que ela finalmente visse as incontáveis chamadas perdidas e o que mais fosse.

A tela do aparelho então começou a piscar no ritmo da chamada vibrada. Tenten arqueou a sobrancelha e mordendo seu próprio sanduiche, a futura advogada falou de boca cheia:

—Não vai atender? É uma chamada.

Hinata olhou para o aparelho vendo um numero novo e desconhecido por si.

—Não – respondeu simplesmente voltando a comer. Não estava com cabeça para nada daquilo.

—Fala sério. – Zombou a amiga - mas diz ai, foi boa a noite? Porque... – ela engoliu – com tantos chupões e marcas...

—Não quero falar sobre isso – disse constrangida e corada - se eu puder eu quero arrancar toda a lembrança do dia fatídico e seguir em frente. Alias, arrancar a lembrança de tudo, incluindo daquele... Filho de uma... Babaca de merda!

—Sabe... Não pode fugir. Os problemas ocasionalmente batem a porta. Levanta a cabeça. E dai que ele não te quis, que te fez de trouxa e te trocou por aquela testuda do caralho? – Hinata esboçou um sorriso – Porra, você é Hinata Hyuuga, e é linda, incrível, doce, esperta e talentosa. Logo vai ter um cara mega incrível, gostoso pra cacete no seu pé e seu sonho de princesa vai ser real!

—Desisto de príncipes encantados, o ultimo que sonhei acabou de virar um sapo asqueroso!

—Mentira que desistiu do príncipe. Talvez seu lance seja mais um vilão gostoso.

—Hm?

—É... O príncipe virou um sapo, então, se o vilão vira um príncipe?

Hinata gargalhou negando.

—Você é bem maluca.

—Que nada! Já diz a internet, não fique à procura do Príncipe encantado. Procure o Lobo Mau: Ele te enxerga melhor, te ouve melhor e ainda te come melhor.

Hinata não aguentou e junto com a amiga gargalhou mesmo.

—Bom, pelo menos não é uma mentira, o lobo mau come bem.

—Mentira! – berrou Tenten – me conta agora!

...

A loira terminava de aplicar o fixador de maquiagem sobre o rosto bonito e maquiado frente ao seu espelho. Todo o seu quarto era reflexo de uma garota extremamente vaidosa que era. Um mundo digno da blogueira e estudante de moda. Estava tão conectada, que naquele momento mesmo, o celular sobre a sua penteadeira estava no viva-voz em uma chamada com alguém que a falava das ultimas fofocas.

—Juro, juradinho. O vídeo está se espalhando como erva-daninha em solo fértil. As meninas estão comentando... Eu diria que é viral.

—Que coisa mais idiota, algum casalzinho querendo fama, aposto! – disse a loira com tédio ajeitando o franjão no rosto.

—Antes fosse, mas dizem que nada passa de mero acaso. Eles ganharam o palco e os holofotes da Gedo mazo. E pelo visto o publico curtiu muito a performance sexy explicit.

—Tá, tá... Me marca nessa coisa idiota que eu vou ver quando tiver tempo, bye, bye bicha! – disse ela encerrando a chamada.

Seu celular pouco depois notificou-a, ela se levantou dali e pegou o aparelho de ultima geração e colocou o tal vídeo para reproduzir. Os olhos verdes abriram-se no mesmo instante a tal ponto que poderiam cair de seu belo rosto, os lábios estremeceram-se, aquilo não era uma fofoca, era A fofoca.

—Não pode ser, Sasuke Uchiha e a songa monga?

Altamente em choque, ela logo acessou suas redes sociais e viu aquilo subindo nas buscas, a hastag da cantora subia por igual. Aquilo era péssimo, aquilo era mais que péssimo. Era um desastre, uma catástrofe, ainda mais diante de um furação de cabelos cor-de-rosa.

A loira estava vendo aquilo assumindo proporções gigantes, eram em grupos da faculdade, em todos os lugares...

—Jesus... Que Sakura vai surtar! – disse baixinho.

...

A garota de cabelos rosas estava tendo a sua agradável manhã ao lado do seu mais novo namorado, o recém escolhido: capitão do time de futebol da faculdade. Sua vida estava perfeita, ela era popular, namorava com o cara mais popular do momento, estava quase se formando em engenharia, a vida não poderia ser melhor. Eles haviam combinado de tomarem café da manhã na Katsuyu, que era um café muito bem frequentado do centro e o preferido da Haruno. Estava junto com o seu grupinho exclusivo faltando apenas a loira irritantemente espalhafatosa, Ino Yamanaka. Ali estava ela, Naruto, Sai, Gaara e Shikamaru.

Ela olhava o cardápio enquanto os garotos conversavam animadamente sobre qualquer coisa idiota o bastante para não merecer sua atenção. Entediada, olhava tudo com uma certa duvida do que pedir. Seu maldito celular não parava de tocar e por essa razão ela o deixou no silencioso e o enfiou na bolsa.

—Sakura, oh, graças a deus! – ela ergueu o olhar vendo Ino chegar esbaforida ali.

—Tá atrasada, porquinha – disse com mesmo tédio voltando a olhar pro cardápio.

—Que isso, loira, viu o bicho papão? – zombou Gaara.

—Ou devorou ele – disse Sai com um risinho e viu ela erguer o dedo do meio.

—Babacas!

—Senta logo, Ino – disse Sakura em meio ao risinho dos garotos.

—Amiga, você não vai acreditar!

Nesse momento, o atendente apareceu com a xicara de chá colocando frente a garota de cabelos rosados.

—A senhorita já...

—Xô! – disse ela gesticulando para o garoto que certamente era universitário também – quando eu for pedido te chamo.

Ele se afastou, e nesse instante, Sakura colocou adoçante ao chá o mexendo.

—Se ficar cheia de euforia assim, vai ter rugas cedo, Ino - disse ela com certa maldade exposta no sorriso. – Desembucha. Tá me irritando – disse começando a beber.

—Ai credo! Tem antidoto de veneno nesse teu chá? Tá acima do limite, testuda, menos, viu?

Sakura revirou os olhos e sorriu bem abertamente.

—Amiga, minha linda porquinha, abre a merda da boquinha e fala logo.

—Tá, foda-se, testuda. – Ela pegou o celular e desbloqueou virando a tela para a Haruno que assim que começou a assistir o vídeo cuspiu de uma só vez o chá em direção ao namorado que estava bem ao seu lado.

—Eca, Sakura! – disse o loiro com uma careta pegando os guardanapos. – Que nojento, arg!

Os garotos gargalharam.

—Aposto que a Barbie acabou de tomar no c... – Sai abriu a boca pra falar, mas o grito de Sakura foi maior.

—Infernoooo! Desgraçada, ela fez de propósito, não foi? Aquela... Aquela... Ahhhh

—Para! Tá surtando – disse Naruto.

—Cala a merda da boa, idiota! – disparou Sakura pegando o próprio celular e começando a acessar as notificações e quase tendo uma parada cardíaca movida a ódio.

Shikamaru arqueou a sobrancelha diante daquilo e desenhou um sorrisinho, pressupondo que talvez tivesse a ver com um certo vídeo que estava rolando e um certo Uchiha dos tempos de High School. Chilique era pouco o que a garota estava dando.

—Isso é um pesadelo, me diz que é? – choramingou enquanto Ino dava tapinhas de consolo em suas costas.

—Não... E tá subindo rápido.

—O que tá rolando? - perguntou Naruto tentando entender.

—Alguma emergência de botox, aposto – zombou Gaara com um sorrisinho.

—Você é insuportável – disparou Ino o encarando.

—Também amo você, loirinha. – Ele mandou um beijo para ela do outro lado da mesa o que a fez fazer uma careta de nojo. Se perguntou porque transava com ele mesmo?

Nesse momento, o celular deles apitaram com notificações dos grupos, e de imediato eles abriram o vídeo assistindo. Diferente dos outros, Sai e Gaara não cursaram o High School no mesmo colégio, então acharam estranho tal gravação, porque conheciam apenas uma pessoa ali, mas no momento não a reconheciam.

Os olhos azuis arregalaram-se assistindo o vídeo, os lábios entre abriram-se um tanto e logo o maxilar travou-se em um aperto tão forte que talvez ele rangesse, a mão que segurava o aparelho apertou por igual e engoliu em seco quando dos lábios escapou um nome:

—Hinata...

A sobrancelhas do Sabaku arqueou-se e agora entendeu.

—Puta merda que é a Hyuuga? – disse sem se dar conta. – Onde ela escondia tudo isso, a garota é muito gostosa!

Gemeu ao receber um tapa na nuca dado pelo Uzumaki, mas não o intimidou.

— Não sabia que a Hyuuga era tão gostosa assim – comentou Gaara – canta, bebe... E você chamando ela de sem graça, Uzumaki.- provocou-o.

Naruto ainda digeria aquilo ou o que sentia com relação aquilo. Ok que ele estava com Sakura e que eles haviam terminado a menos de uma semana, mas ela já... Estava ali bem soltinha, né? Talvez fosse ego ferido, afinal, para quem se dizia tão apaixonada por ele pelo visto esqueceu bem rapidinho, e o pior, com o maldito Uchiha.

Sempre Uchiha.

Como Hinata se deixou descer tanto o nível? Alias, ele não se lembrava dela ter dito que cantava, ou que bebia. Nunca nem saiu com ele para eles tipos de lugar. Ela era sempre tão certinha, tão enjoadinha, tão morninha e... Desinteressante, mas aquela ali era uma Hyuuga completamente diferente da que ela achava que conhecia.

Sakura levantou-se bruscamente.

—Eu perdi o apetite – disse pegando uma nota e deixando na mesa largando o namorado ali e arrastando a loira consigo.

Naruto a olhou saindo e pensou em ir atrás, pensou mesmo. Mas algo o corroeu por dentro. Uma mescla de ciúmes da Haruno com a presença de Sasuke, mas também o orgulho ferido com a ação desconhecida de Hinata. Mal tiveram tempo de conversar ou dele se explicar. Bom, ele tinha o ego ferido de duas maneira, uma porque sabia do sentimento que Sakura sempre nutriu pelo seu ex melhor amigo, mesmo que ela dissesse ter superado o fora da partida dele, agora ficou claro que não, e segundo, por Hinata ser baixa de ir procurar consolo logo os braços do moreno mesmo sabendo que Naruto sempre o detestou depois da briga deles.

— E a ciranda volta a girar – zombou Shikamaru quando o loiro finalmente tirou os olhos do ecrã do celular.

—Ciranda? – Sai arqueou a sobrancelha.

—Não voltou porra nenhuma! – disparou o loiro encarando o amigo – Sakura está comigo. E... Hinata... Ela...

—é bem solteira... E bem gostosa. – disse Shikamaru com malicia – é o que dizem nos grupos – completou e bebeu do seu café puro vendo o loiro franzir o cenho – acho que deveria prender mais a sua namorada. Afinal, ela acabou de sair correndo. Quem sabe pra onde ela foi?

—Agora me expliquem essa merda! – exigiu Gaara logo após dar uma mordida no seu sanduiche.

—Esse outro cara do vídeo aí é Sasuke Uchiha. O antigo amor da Haruno – resumiu o moreno a mesa com certo tédio.

Naruto levantou-se com aspereza e tirou dinheiro da carteira pegando as chaves do carro.

—Acabou a fome – falou dando as costas aos amigos ao mesmo tempo que pegava o celular para achar a namorada.

— Isso vai ser problemático

— porque? – questionou o ruivo confuso.

—Porque acabamos de quebrar a ciranda dos maus amores do colégio Konoha.

—Hmmm – entendeu – Acha que ele...

—Sakura não é flor que se cheire, mas conta isso pro idiota do Naruto. Existe Deus no céu e a Haruno na terra. Ele lamberia o chão que ela pisa.

—Mas não foi o que pareceu agora – divagou Sai.

—é por aí... Como eu disse, problemático.

...

Ela estava encolhida no sofá da sala enquanto via tv, um romance dramático e fungava se acabando em um pote de sorvete. Era deprimente, e a Mitsashi sabia que era vergonha e dor de cotovelo, afinal, Hinata fora apaixonada pelo Uzumaki desde sempre. Mesmo quando Tenten a dizia que ele era um bosta, um arrogantezinho de merda, ou que estava apenas se aproveitando da ingenuidade da Hyuuga, que era doce e boba. Como ela sabia? Simples, o Uzumaki jamais dera qualquer trela para a garota e então veio a faculdade e eles caíram em turmas múltiplas porque cursavam businnes em administração e para zero surpresa da Mitsashi, Hinata destacava-se absurdamente o que além de causar inveja nos colegas de turma a tornou impopular ainda mais com os alunos, mas preterida dos professores, já o Uzamaki... Bem, esse não era tão bom assim e como melhor conseguir notas que fazendo a garota que gosta de você te ajudar com os trabalhos principais?

Tenten sabia que essa era a exclusiva razão que levou o loiro a aproximar-se da Hyuuga e dar tanta brecha, e quanto mais as coisas melhoravam para ele, mas intimo ele tornou-se de Hinata, então em outras palavras, para a Mitsashi, ele apenas a usou do inicio ao fim daquela relação.

Mal sabia ele que havia trocado os pés pelas mãos, o ultimo ano era uma droga e sem a Hyuuga, provavelmente ele voltará a ser o aluno tão medíocre quanto uma vez foi.

Era tão difícil para Hinata entender que ele precisava mais dela do que o contrário?

Mas não ia ficar por isso mesmo assim não. Tenten pensava no quanto sua vingança seria maligna contra aquele loiro sem noção. Afinal, a garota sempre protegeu a Hyuuga, desde os sete anos quando se conheceram. Ela já se imaginava chutando as bolas de Naruto com tanto requinte de crueldade que com certeza ele seria incapaz até de ter filhos no futuro.

Estava a doendo o coração ver a amiga daquela forma. Se bem que, ela poderia até encher a cara mais vezes, Tenten jamais a julgaria, ela precisava viver mais, afinal, Hinata parecia atrasar a vida dela, porra, jovens e adolescentes eram inconsequentes, era a fase das loucuras, das aventuras e de lembranças únicas de uma vida adulta chata e cheia de responsabilidades, e aquela fora a primeira vez que a Hinata havia chutado o balde em toda a sua vida.

O celular de Tenten vibrou e ela um pouco cansada pegou o aparelho olhando as notificações, seu queixo fora imediatamente ao chão, levou a mão a boca para acontecer o grito, o coração estava na goela, oh deus, realmente Hinata estava muito certa, ela havia sido comida pelo lobo mau mesmo!

—Puta merda! – murmurou.

Ela abriu as redes sociais e descobriu que aquilo estava ainda pior do que ela imaginava, era mera questão de tempo. Hinata conseguiu chamar a atenção drasticamente. Mal o ano letivo havia começado e ela conseguiu.

Ela aproximou-se do sofá e se sentou próximo a garota.

Pigarreou.

—Hina... Minha Hina, minha linda flor do campo, minha... Princesinha – a morena arqueou a sobrancelha encarando a amiga.

—O que aconteceu? Eu te conheço – disse Hinata ajeitando-se no sofá e sentindo o coração disparado.

—Amiga... Por favor não surta tá?

—Já tô surtando!

—Lembra quando a gente falou sobre ninguém ficar sabendo das besteiras que a gente faz bêbeda?

—L-lembro...

—Bem... – a Mitsashi desbloqueou o celular e fechando os olhos entregou para a garota de exóticos olhos perolados.

Hinata deixou-se pender para frente enquanto assistia aquilo ao ponto de cair no chão. Ela não sabia o que pensar, o que fazer; entrou em pânico.

—Eu tô ferrada! Eu to muito ferrada! – levantou-se e começou a andar pelo espaço. Suas pernas estava tremulas e suas mãos acompanhavam.

—Calma, Hina...

—COMO CALMA, TENTEN?! – gritou aos prantos – meus pais vão ver isso e todo mundo vai ver, e... – Ela passou as mãos nos cabelos. No mesmo instante, seu celular que estava na mesinha de centro da sala começou a tocar e o nome: Sasuke gostoso, surgiu na tela o que a fez arregalar os olhos ainda mais. Paralisou e sua amiga por igual.

A música divertida Me too de Meghan Trainor tocava enquanto a chamada era mantida.

Não se mexiam, não falavam, não paravam de olhar o aparelho que tocava e brilhava com aquele nome aceso no ecrã.

—Não vai atende-lo? – sussurrou Tenten.

—Não! Nunca, eu... Vou fugir! É isso – Hinata moveu-se passando a mão no rosto – é isso! Eu preciso de um nome novo, um passaporte e... Uma peruca, mas daquelas boas. Talvez lentes de contato... Acha que eu fico bem loira?

—Para Hinata! Respira! Vamos... Respira. É... Aqueles vídeos idiotas né? Afinal, ninguém nem te conhece direito pra valer na faculdade, e... Não é como se todo mundo fosse ver esse vídeo, né? É só um videozinho bobo – mentiu a Mitsashi que sabia que o mesmo estava no top dez, nos seus grupos e até aparecia na rede social bem destacado.

Hinata respirou. Arrumou os cabelos, levou as mãos a cintura.

—Tem razão! Hoje ainda é sábado também... Na segunda ninguém nem vai lembrar, certo?

—Isso!

—Mas se lembrarem?

—Acho que você fica bem loira.