O surto dela estava bem maior do que Ino certamente imaginou. Sakura era a destruição em pessoa, e fora assim que a Yamanaka ofertou um calmante a garota de cabelos róseos. Jogada em sua cama e agarrada aos travesseiros, ela chorava frustrada enquanto repetia aquilo pela milésima vez:
—Ele foi tão injusto comigo... Ele saiu do país e nem se despediu.
—Vocês tinham terminado, testudinha.
Sakura fez uma careta de ódio diante daquela afirmação tão sem sentido para si.
—Não interessa! É o mínimo que ele tinha que fazer depois do tempo que tivemos juntos. Mas não! Sasuke Uchiha se achava bom demais para mim, é isso? O filha da puta trocou o número de telefone.
—Você ligava muito!
—Nunca respondeu meus e-mails...
—Você o ameaçou, e depois disse que ia fazer uma loucura.
A careta de sakura só aumentava a cada resposta da loira.
—Cala a boca, porca! – fungou – ele nem se importou com isso, e ainda por cima me bloqueou de todas as redes sociais dele quando eu insisti só um pouquinho mais.
—Convenhamos, amiga. Você era tipo uma stalker maníaca perseguidora. Dava medo.
—Não é verdade! Porra Ino, eu amo aquele... Desgraçado. E quando eu tinha finalmente seguido em frente o que ele faz? Volta, puff, ele voltou pra que? Pra tirar o restinho da minha sanidade? – houve um silencio – Quer saber? – ela limpou as lágrimas - eu o superei!
—Não superou não.
Ela voltou a chorar.
—Eu não o superei! E aquela... Mosca morta, sonsa do caralho. Ela fez de propósito. Eu peguei o namoradinho idiota dela, e ela foi atrás dele, do meu Sasukinho.
—Ela sabia que você gostava dele, sempre soube, desde do colegial.
—Ela sabia, aquela..., mas se ela pensa que vai toma-lo?
—Não acha estranho isso? Os dois... – Ino levou o dedo ao queixo enquanto pensava.
—é claro que é estranho, é bizarro! Ela é tipo... A mortiça Adams, e ele... Ele é tipo... Um Damon Salvatore.
Ino gargalhou imediatamente com a comparação, até que parou quando a ficha caiu.
—Isso não coloca ambos no universo sobrenatural? Amiga.
—Que ódio! Como ela conseguiu? Aposto que ele estava bêbado.
—Ela também deveria estar, porque... Olha, ela é bem cafoninha, toda timidazinha, a gente quase não escuta ela falar direito, e ainda tem e aquelas roupinhas de garota do colegial? Eca... Muita coragem mesmo sair assim na rua.
—Pois é! Eu sou tão moderna, e sofisticada, e... Cheia de bom gosto, né? Frequento lugares bons. Sou a mais popular do campus, e ela?
—Odeio ela!
—Eu preciso ver o Sasuke – a rosada sentou-se na cama ainda agarrada ao travesseiro - eu tenho certeza que ele vai colocar essa maldita Hyuuga no lugar dela, como nos velhos tempos. Ele detestava esse tipo de atenção, e isso é culpa dela. Sasuke é incapaz de qualquer gesto público de afeto ou intimidade. Imagina se deixaria barato um vídeo assim?
—Tem razão! Ele era bem malvado no colégio e nunca nem se preocupou com a existência dela. Alias, com a de ninguém.
—Até no laboratório de biologia, ele a ignorava mesmo sendo parceiro dela. Ridícula! Ele 'tava bêbado. Eu vou falar com ele, é isso!
—tá... Mas como vai falar, se ele não te deu trela esses anos todos? Não sabe onde ele tá, não pode chama-lo nas redes socias, ele trocou de número – ela listava nos dedos irritando ainda mais Sakura.
—Chega! – bradou e respirou fundo.
O silencio se fez mortal enquanto ambas pensavam em como solucionar tal entrave. Então a loira estalou os dedos ao ter uma ideia.
—Aposto que a songa monga tem o telefone dele. Se ela o embebedou, ela deve ter pego, é tudo parte da vingança, pode apostar! Coloca ela contra a parede, vamos no apartamento que ela divide com aquela Maria-João tão esquisita quanto ela. A gente faz o que for preciso.
A rosada sorriu limpando o rosto.
—Tem razão! Vou fazer tudo. Se ele voltou mesmo, pode ser a minha chance, certo? Eu tenho certeza que ele me afastou dele só pra não me fazer sofrer com a distância. Eu tenho certeza. No fundo ele me ama como eu o amo e apenas se preocupou com meus sentimentos – Ela começou a sonhar com seu romance.
—Tá... E o Naruto? – e como se causasse uma colisão de ideias em sua mente, Ino a perturbara.
—Que tem? – ela arqueou uma das sobrancelhas.
—O que fará, estão namorando, se lembra?
Levantando-se, ela ajeitou as roupas que usava e os cabelos.
—Minha querida porquinha. Naruto é... Um plano B, meu escape, meu... Subterfugio. Ele é... Como um parquinho de cidade quando eu posso ter a Disney inteira. Em outras palavras, eu o chuto sem qualquer remorso. É só meu Uchiha me chamar, que eu vou.
Os olhos esmeraldinos brilharam fugazes.
...
Ele bufou mais uma vez, estava pra lá de revoltado, largou-se na cadeira que ficava frente a mesa do computador em seu quarto. Ergueu o celular na altura dos olhos novamente percebendo-se completamente ignorado pela garota de cabelos rosas. Esfregou o rosto ao mesmo tempo que o maxilar se tensionava drasticamente. Talvez azar mesmo era se dar conta do quanto era apaixonado por aquela garota mesquinha, porque era capaz de apenas fechar os olhos diante de coisas tão obvias.
Ele tornou a olhar para o celular mexendo assim no seu aplicativo de mensagem ignorando as várias pessoas que falavam com ele, e tinha certeza que algumas era a respeito do tal vídeo da Hyuuga. Ao pensar no dito vídeo, ele acabou voltando a última mensagem que trocaram a alguns dias. Foi impossível não pensar na garota de cabelos negros, mas o que ele pensava na verdade era do passado pra valer, da garota de óculos, aparelho e roupas sempre esquisitas. Sempre toda tão coberta e fechada. Lembrou-se do quanto ela gaguejava e do quanto pegavam no pé dela sempre. Uma garota negativa, estranha e tímida demais. E então o comparativo veio com ela universitária. Tornara-se mais tragável, nunca havia de fato a notado. Sem os óculos, ele reparara nos olhos exóticos dela, e sem o aparelho, pode observar ela como um todo, os lábios e o jeitinho bobinho demais. Ainda se vestia fechada demais, fora que era uma garota tão cheia de medos, regras e travas sociais... Até mesmo a primeira vez que tiveram fora complicada, dado o fato dela ter tanta vergonha que buscou tudo apagado, ele mal conseguia vê-la... Uma garota que nunca pisava fora da linha, mas isso não impedia dele pisar. Ela nunca saia com ele, nunca se entrosava, nunca matava uma aula sequer. E fora motivado por essas constatações obvias, que ele voltou ao vídeo dela com o Uchiha. Aquela Hinata era uma total desconhecida para ele, afinal, ela morria de vergonha até de demonstrações públicas de intimidade, coisa que ele nem reclamava tanto assim, já que manteve o mais restrito possível o seu envolvimento com ela. Não era como se tivesse grandes planos com aquela garota e talvez por isso tenha fugido tanto de qualquer coisa entre ela e a família. Pra falar a verdade, nem se lembrava de ter visto os pais dela alguma vez.
Suas sobrancelhas juntaram-se em uma face de um tanto de consternação.
—Você não é do tipo dele, que porra de jogo é esse? – pensou novamente na garota sem graça e na garota daquele vídeo. Eram duas pessoas completamente diferente, ou não? – Uchiha filha da puta, que brincadeira tá fazendo?
...
Ele tentou ligar para a garota novamente, mas repetindo a situação, sua chamada caiu em caixa postal e talvez o que irritou mais o Uchiha naquele momento fora as provocações do irmão mais velho.
—É ironia ou kharma? Tipo, pensa bem, maninho – ele levou a mão ao queixo – uma carrada de mulher aos teus pés e suplicando para serem fodidas e justamente a que você quer, tá fugindo de você. – Gargalhou alto.
—Vá a merda, Itachi! – berrou com uma face da mais pura zanga.
O outro limpou as lágrimas do riso e ergueu as mãos em rendição.
—Ah, vamos lá! Tem graça sim. – Suspirou e ficou meio sério – eu vou te dar umas dicas, pelo visto precisa.
—Não preciso de caralho nenhum! – rosnou entredentes.
—Precisa sim, olha, seja mais audacioso, talvez isso seja algo novo pra você já que nunca esteve em um jogo real de conquista, nunca precisou pra valer. Tô falando pro seu bem. Ela é daquelas garotas tímidas que curtem romance e conquista. É melhor aprender logo, ou vai ficar obcecado por essa garota de novo.
—Não vou não!
—É o que dizem... Quem prova do fruto proibido, sempre quer mais. É tipo um vício – ele sentou-se ao lado de Sasuke no sofá e o abraçou pelos ombros – e sabemos o quanto ela é seu fruto proibido.
Era literalmente muita frustração, mas sem dar o braço a torcer, ele levantou-se ao empurrar o irmão e pegou suas chaves e capacete saindo. Do lado de fora ele fora em direção a sua moto e saindo dali meio sem rumo, até lembrar-se de um lugar que gostava de ir. Poucos minutos depois ele estava descendo e tirando o capacete ao aproximar-se de um parapeito da ponte Arco-íris.
Puxou o ar para os pulmões enquanto fechou os olhos sentindo as brisas frescas batendo em seu rosto. Era engraçado fechar os olhos e pensar no passado, em quanto cruzou com aquela garota no seu primeiro dia de aula, bom, ele havia faltado a primeira semana inteira, então não sabia que ela era de sua turma. Ele se lembrava dela sem os óculos limpando as lentes tão concentrada no que fazia como se houvesse uma regra a ser seguidas, etapas, e provavelmente havia. Ele suspeitava que isso era um tipo de tique que ela tinha, pois mais velho, ele descobriu que regras e etapas ajudavam pessoas ansiosas ou inseguras a não errarem e sentirem-se mais confiantes consigo mesma porque isso influenciava diretamente em suas autoestimas. A necessidade perfeccionista da imagem. Quando os olhos finalmente alcançaram os dele, fora como se fosse atingido por algum lampejo. Eram profundos, intensos, claros... Era como se fosse arrastado a sua primeira infância em que sua mãe Mikoto, o colocava para dormir contando histórias de povos místicos. Naquela hora ele sentiu-se paralisado e intimidado com aquele olhar, corou-se e por isso usou da rispidez para se afastar. Definitivamente não foi uma boa primeira impressão... Nem todas as outras que vieram depois.
—Representante – ele murmurou com um meio sorriso e zangou-se – tsc... To muito ferrado.
Pegou o celular tentando novamente falar com ela, nem suas mensagens ela visualizava.
...
Os fones estavam no ouvido enquanto ela ouvia música alta. Não era nada clássico, ou romântico, ou mesmo calmo. Era algo agitado e cheio de batidas porque ela achava que tal ritmo a afastava da sensação dramática e depressiva que ela se encontrava pós vergonha alheia. Deitada na cama, ela balançava apenas os pés e a cabeça ligeiramente enquanto encarava o teto. O celular continuou a vibrar e ela o pegou olhando no visor novamente o nome de Sasuke. Ela poderia já o ter bloqueado, ou atendido e mandado ele parar, mas a curiosidade e o temor ainda aguçavam sua mente. Qual era o problema do Uchiha, ou o que ele queria afinal? Brigar, humilha-la? Talvez... Repetir a noite?
—Que porra eu tô pensando? – ela brigou consigo mesma sentindo as bochechas queimarem tanto enquanto negava absurdamente a ideia com a cabeça, até parece que Sasuke ia querer aquilo, estavam bêbados e nada mais.
Mas, e se ele quisesse?
—Fora de cogitação, garotos são a desgraça do mundo! – fora radical.
Suspirou e virou-se de lado ainda encarando o visor acender novamente com o nome do Uchiha surgindo ali. Amor era uma droga e tudo aquilo era culpa de Naruto, tudo. Ela poderia ser arruinada e a culpa era toda dele!
—Como se ele tivesse pego o copo de bebida e socado na sua garganta, sua... Pervertida.
Virou-se de bruços e fechou os olhos. Tudo ia passar, na segunda ninguém ia se lembrar mais daquilo e era isso que a acalentava.
Mais uma chamada...
— porque tá me perseguindo? Será que ele ficou com raiva pelo vídeo? Mas eu sou tão vitima quanto ele! – mordeu o lábio - e se ele se arrependeu e tá ligando pra me escrachar? Não mesmo!
Tornou a fechar os olhos para novamente sentir-se mergulhada nas lembranças embaraçosas e depravadas da noite anterior. De como ele metia forte, de como ele a pegava, dos chupões... Definitivamente ele era tão bruto e nada romântico. Grosso, e pervertido, e...
Os olhos abriram arregalados e ela se sentou de uma vez na cama.
—Meu deus, eu transei com Sasuke Uchiha! – ela gargalhou igual uma maníaca – na sua cara sua... Boneca testuda dos cabelos ridículos! Eu transei com ele e... Meu deus, meu deus...
O celular tocou novamente, mas dessa vez ela encheu-se de coragem, deveria falar algo, e se ele retrucar, ela o responderia a altura e o culparia também, afinal, ela não o obrigou a beber. Quando finalmente decidiu atender, ele desligou do outro lado interrompendo assim a conexão. Então uma nova notificação de mensagem instantânea entrou e fora com as mãos meio tremulas que ela entrou no aplicativo vendo se tratar de uma imagem. Os olhos focaram vendo do que se tratava e Hinata sentiu a cara corar e a boca cair, vergonha mesmo até a décima geração ao ver a sua calcinha ali.
Só havia uma legenda muito cara de pau: Precisamos falar dela.
Definitivamente ela corou-se muito. Estava tão quente que começou a suar. Mordeu o lábio inferior olhando estática para a tela.
*Desculpa, eu meio que não conseguir acha-la pela manhã* - respondeu e respirou, afinal não era mentira. Por Deus, que vergonha sentia!
Deitado em sua cama usando nada além de uma cueca, o Uchiha esboçou um sorriso sorrateiro, quase conseguia imaginar a garota com as bochechas coradas.
Queria vê-la mesmo, e por isso iniciou uma chamada de vídeo da qual, Hinata arrancou os fones e atendeu, e só depois pensou em sua aparência largada. Afinal, ela estava usando só o baby-doll, mas sentiu o calor aumentar ao ver que o Uchiha estava sem camisa.
A cara de garoto mau e rude estava ali, e pela primeira vez ela pensou como parecia um tanto sexy.
—Caralho garota, porque não atende essa merda? – ela sobressaltou-se com o tom grosso e autoritário dele.
—Não fala assim comigo! – respondeu com um tom repreensivo, um bico, e um tom tão doce que ele teve certeza que ela dificilmente mandava alguém pro inferno. Não era o tom de alguém que brigava, ela era fofa. Droga, ela fofa demais.
—Custa atender? Qual o teu problema? – manteve o tom mandão e arrogante.
—O meu? – ela exasperou e ele estava mesmo se animando ao ver ela colocando para fora novamente aquele mesmo gênio do bar, de repente as fagulhas dela o esquentava tanto - qual o seu problema? E ainda me mandando foto de... Coisas particulares.
Ele sorriu faceiro vendo ela corar-se zangada. Merda, era duas misturas tão sexys nela.
—O que quer, Uchiha?
—Não é obvio? Sou um príncipe Hyuuga, e preciso devolver o que você deixou pra trás, que aliás... Ainda tem seu cheiro.
Ela tinha certeza que até seus cabelos agora estavam rubros depois daquilo, que garoto mais safado e sacana!
—Cheirou minha calcinha? Que espécie de pervertido é você?
Aquele sorrisinho malicioso provocou um arrepiou tão perigoso no corpo dela.
—Da pior espécie. Então amanhã as oito no café Giore, fica aqui perto. Conhece o caminho.
—Oi? – o cenho dela franziu.
—Nosso café. – Ele mantivera o mesmo maldito controle.
—Eu não vou tomar café contigo.
—E nem pegar sua calcinha de volta? Prefere que eu... – ele levantou a peça diante da câmera.
—Tá me acuando!
—Não, princesa. To te convidando para tomar um café e entregar seu bizarro sapatinho de cristal, cinderela. Que feio sair sem dá bom dia ao seu anfitrião.
—Você é desprezível, Uchiha.
—E pelo visto, seu número. – ele piscou com malicia e ela fizera uma careta - agora... Espero mesmo que sonhe comigo chupando sua... – ela desligou na cara dele completamente ofegante e constrangida, ele a colocou no limite e ela despencou na sua cama sentindo o rosto quente e mantendo as coxas prensadas com força sentindo sua intimidade agora pulsando tanto.
Já ele, do outro lado estava gargalhando gostosamente, de certo modo provoca-la parecia incrivelmente prazeroso. Deixou a peça intima dela sobre seu peito e ficou olhando a foto de perfil dela.
— Eu posso me obcecar ainda mais por você?
No seu quarto, Hinata sentia o coração tão acelerado.
—porque estou assim? Porque ele é tão... Rwnnr, qual o problema dele? O que ele quer comigo? Aposto que me provocar. Ou... Não sou do fã clube, me recuso! Já basta um Uzumaki imbecil, um Uchiha também não!
Afundou nas almofadas ainda roçando as coxas fortes.
(...)
Ela jogou a quinta combinação sobre a cama abrindo novamente seu guarda-roupas e praguejando o porquê de querer se vestir diferente, afinal, era só o idiota do Uchiha e era só um café. Talvez ainda estivesse irritada com o rumo de sua vida sentimental, ou talvez estivesse frustrada com uma máscara que usava em si, ou querendo provar que não seria mais aquela garota boba apaixonada.
Vestiu então um shortinho de alfaiataria floral clarinho e uma blusinha de alcinhas branca. Calçou uma sapatilha rosa e escovou os cabelos. Colocou um acessório nos cabelos e algumas pulseiras coloridas. Parecia uma adolescente de dezessete e não uma mulher de vinte e poucos.
Tenten encostou-se no vão da porta e a fitou com curiosidade a vendo deslizar um brilho labial frente ao espelho. Era tão cedo e a garota, que noite passada, estava surtada agora estava pronta para sair, logo Hinata que era tão caseira.
—onde vai?
—Tomar um café. – respondeu dando os últimos retoques e a Mitsashi viu as roupas sobre a cama.
—Com quem? – perguntou, porque era obvio, era algum tipo de encontro e sinceramente rezava pra não ser com o babaca loiro. Podia até ver a cara de sonso santo suplicando por perdão e manter a amizade. O cacete com isso!
—Com um pervertido – resmungou Hinata e os olhos de Tenten arregalaram-se.
—Como assim? Miga, conta isso!
Mesmo corada, ela tirou o celular da bolsa e abriu a conversa com o Uchiha e no mesmo instante a Mitsashi gargalhou com vontade.
—Que sacana!
—Ele... Quer me devolver. – Ela falou baixinho e constrangida.
—Que desculpa esfarrapada! – ela sorriu ainda mais maliciosa e encostou contra o armário de Hinata cruzando os braços.
—Não é desculpa.
—Conta outra, ele quer é te pegar de novo. – Gesticulou pervertidamente.
—Não seja louca. É o Uchiha, sabe? O arrogante, presunçoso, cruel, frio e...
—Ele tem pau grande? – ela cortou a amiga - você nem me disse.
—TENTEN! – gritou corada.
—Só responde ué, sim ou não. Não mata ninguém
Hinata abriu e fechou a boca algumas vezes e desviou o olhar virando-se de costas e cruzando os braços frente ao peito.
—Não faz diferença.
—O que? É claro que faz!
—Então... Ele é adequado. – Deu de ombros.
—Que porcaria de adequado, Hinata? Ninguém fala que deu pra um cara de pau adequado, ou ele tem pau pequeno ou é pauzudo. Ponto final.
—E o meio termo?
—Ele é meio termo? – arqueou a sobrancelha.
—Não disse isso.
—Meio que disse sim.
—Ele tem o pau grande, tá satisfeita? Cacete, tenten, me mata logo! – bradou Hinata pegando o celular e a bolsa e saindo.
Tenten que saiu atrás dela até a sala ainda zombou:
—Lembre-se de comprar camisinha extra grande...
—Você me paga! – disse Hinata batendo a porta deixando a amiga gargalhando atrás.
...
Ela pegou um ônibus dessa vez e levou pouco mais de quinze minutos para chegar ali. Fora fácil achar o lugar exato com o celular e assim que entrou no café avistou em uma das mesas mais afastadas o garoto que ela considerava o mais arrogante e egocêntrico que já conhecera, ou não, né?
—Tá atrasada – ele disse assim que a viu, imediatamente sentiu o cheiro do perfume adocicado com notas florais dela. Gravou aquele cheiro. Era diferente do que ela usou no bar, mas parecidos em notas.
—Estou em um horário satisfatório. – respondeu firme sentando-se frente a ele que a encarou com aqueles olhos tão escuros e indecifráveis e o viu esboçar um meio sorriso, estava começando a imaginar coisas ou ele se satisfazia em irrita-la? Pigarreou e num tom baixo falou —Não pode só me entregar a coisa e... Eu vou embora – corou-se.
—Não teria graça. Vamos, eu to pagando o café, seja uma boa menina, Hyuuga.
—Se eu não for uma boa menina? - ela o viu curvar-se mais na mesa aproximando-se dela, invadindo seu espaço de segurança.
—Eu sou bem malvado punindo garotas malcriadas. – A intensidade do olhar dele a causou ânsia e arrepios excitantes fazendo inevitavelmente sua intimidade pulsar. Juntou as coxas.
Ele a analisava minuciosamente, os lábios, os olhos, os cabelos, a roupa.
Ela engoliu em seco diante daquilo, ele ainda a intimidava por mais firme e centrada que ela forçasse a ficar.
O atendente se aproximou deles. Ela então olhou para ele que parecia irredutível, e ela revirou os olhos pegando o cardápio, passou os olhos rapidamente e pediu um café uma torta.
—O mesmo pra mim, mas café sem açúcar e uma torta de tomate e queijo.
"Ainda não gosta de doces?" – ela pensou ao ouvi-lo pedir e com isso franziu o cenho com tal lembrança
De repente houve um silencio um tanto constrangedor entre eles enquanto ela via novamente os olhos dele sobre si a lendo.
—O que foi? – não resistiu a perguntar - eu... To estranha? – ele negou – porque tá me encarando?
—Algum problema?
—é esquisito e... Constrangedor. – Ela desviou o olhar.
—porque?
Aquela pergunta poderia ser capciosa, ou não. De todo jeito ela pegou Hinata desprevenida, mas ela encarou os olhos obsidiana dele. Sempre sério, frio... Pensou por um instante do porque sempre gostar dos mocinhos e príncipes das histórias, eles sempre sorriam e eram legais e falantes e sempre salvavam a donzela no final, mas o Uchiha, representava mesmo o lado negro da força, algo que ela nunca se concentrara ou se atraíra, mas que agora, cara a cara, notava como haviam traços no mínimo interessantes. Talvez gostasse de garotos maus e não sabia...
Ok, ele era bem bonito. Está tudo bem que aquele cabelo rebelde dava um certo charme, e toda aquela obscuridade parecia um pouquinho sexy... Tá, muito sexy. Talvez ela tenha se decepcionado mesmo com o herói.
Balançou a cabeça com suas divagações e com seriedade o respondeu:
—Como porquê? Posso listar uma infinidade...
—to ouvido.
Ela abriu os lábios e o encarou, franziu o cenho e sentiu as bochechas quente. Era como se a mente entrasse em um parafuso temporário, mas então voltou a si.
—porque é tão arrogante?
—Não sei..., mas ainda to curioso com os seus motivos.
Ela ia falar, então o pedido chegou e assim que o atendente se afastou ela abocanhou um pedaço da torta de maçã e canela e fechou os olhos saboreando para logo depois de engoli-lo e prosseguir:
Respirava irritada. Levantou os dedos contabilizando
—Você é arrogante, você é mal, e... Nunca fomos amigos, então zero intimidade. E... E...
—Transamos – ele se divertiu depois de morder o pedaço de sua torta.
—é...
—Eu enquadraria isso em intimidade, mas pelo visto você acha que não.
—Não distorça o que eu digo.
—E também não sou mal, sou direto e objetivo.
—é grosso, rude.
—Sincero.
—Inacreditável.
—Isso eu sou mesmo – ele piscou e voltou a comer deixando-a ainda boquiaberta com a audácia do sujeito. Se perguntava se ele sempre fora tão convencido assim? Aliás, era impressionante ele ser um ser minimamente sociável.
—Se é direto, então porque isso? Quer dizer... Porque eu? É um tipo de karma, pegadinha, vingança? Quer se vingar da Sakura porque ela tá com Naruto?
Ele parou de comer e afastou-se um pouco do prato de torta e a fitou uns instantes, então suspirou vendo a ansiedade dela em ter a resposta.
—Digamos que se eu quisesse uma, e fosse um plano meticuloso em que você é minha cumplice e a gente fode outras vezes como anteontem, você toparia?
Ela piscou alguns instantes digerindo aquilo, ele estava falando sério mesmo ou estava sacaneando com sua cara? Quer dizer, ele tinha esse senso de humor todo para isso?
—Você é tão... Constrangedor. E não... Definitivamente eu não sou esse tipo de pessoa.
—Foi o que eu pensei. – Ele esboçou seu meio sorriso e voltou a comer.
—Decepcionado?
—Aliviado...
Pela primeira vez ela sentiu-se relaxar e sair da defensiva totalmente, sorriu.
—Pensei que fosse o tipo venenosa que o atraísse, Uchiha. Isso sim é uma surpresa. – Ele deu um meio sorriso enquanto tomava o café. —Então...
—Então?
—O que quer exatamente de mim. Tá zangado, ou... Eu to nervosa. – Confessou.
—porque?
—Porque você me intimida de alguma forma. Eu não sei... São lembranças talvez. Como você sempre foi todo... Fechado e obscuro. E depois tem as coisas que disse ontem.
Ele arqueou a sobrancelha a encarando.
—Se lembra?
—Tenho uma memória abençoada. Então lembro de muita coisa, mesmo sem querer.
Ele suspirou. Decidiu mudar de assunto, não por não ser direto, mas por talvez ter receio de assusta-la ou como ela mesmo disse: acua-la. Se ela lembrava de parte das conversas tinha uma enorme chance.
—Konoha cresceu bastante, e mudou... – desviou o assunto.
Ela olhou para a direção que ele olhava pela janela e esboçou um pequeno sorriso.
—é um lugar legal. - Então volta os olhos a ele. – Você voltou de vez ou só...
—é... Eu voltei. Eu terminei a faculdade fora.
—Engenharia, né?
—Isso, e agora preciso de uma pós em business.
—Fará onde?
—Onde mais? Na UK, lógico.
Ela engasgou-se e ele enrugou o cenho.
—Tá de brincadeira?
—Eu não brinco.
— Eu imagino, não parece o tipo. – Ela ajeitou-se e digeriu um pouco aquilo.
—Olha quem fala, senhorita certinha.
Sorriu constrangida.
—Sabia que filmaram a gente lá no bar? – resolveu tocar no assunto de vez, porque por mais tentasse, ela não conseguia compreende-lo.
—é... Fiquei sabendo – disse finalizando a torta.
—E isso não te incomoda?
—Te incomoda?
—Um pouco...
—porque?
—Porque... Eu não sou aquela lá.
—Não foi o que pareceu. – Ele reclinou-se na cadeira estofada.
—Não me conhece, ou pensa que me conhece.
—Não... Eu tive o prazer único de conhecer o seu lado enjaulado, e agora estou me perguntando onde as chaves ficam pra eu soltar novamente? – sorriu minimamente provocador.
—Você é completamente inconveniente. Olha, senhor Uchiha,
—Não vem com essa de Uchiha! Eu vou começar na segunda, é bom ter um rosto conhecido.
—Tem muitos lá que você certamente conheceria.
—Foda-se eles.
—Porque eu, Sasuke? Sério. – disse meio chorosa com um biquinho.
Ele girou o celular sobre a mesa a encarando e pensando no que falar e se lembrando das palavras de Itachi. Droga... Era o cumulo.
—Talvez eu queria ser um cara legal.
—E me escolheu pra expiar os seus pecados?
—Pensa bem na oferta, você ganharia créditos extras com o cara lá de cima – ele disse apontando para o céu e ela sorriu achando certa graça. Ok, ele não era mal-humorado ou malvado o tempo todo.
—Sabe que isso poderia se qualificar meio que em perseguição, né?
Ele deu de ombros.
—Vamos pensar na linha apenas de que você cresceu e se tornou uma mulher interessante demais para apenas... Ignorar.
Ela desviou o olhar sorrindo.
—Isso não vai funcionar. Eu... Te disse. Eu acabei de sair de uma relação. Eu quero só me formar e trabalhar e...
—Eu odeio sentimentalismo, e... Coisas embaraçosas... E essa balela de amor e romance.
—Você é mesmo um cara rude e direto. – Ela deu um risinho - podemos só... Fazer isso não ser tão constrangedor?
—Por mim tudo bem. Quem fugiu pela manhã foi você.
Ela cobriu o rosto com ambas as mãos rindo envergonhada.
—Ok... Tem razão. Acho que te devo uma.
Eles terminaram de tomar o café ainda conversando, só que agora em um clima mais ameno em que ela pode constatar que ele melhorou bastante do garoto popular e frio do tempo do colegial. Aquele certamente a assustava muito, mas esse? Até que era legalzinho.
Quando chegou a hora de pagar, ele não a deixou arcar nem mesmo com sua parte.
—Eu convidei.
—Não é justo!
—Então você paga na próxima – disse ele meio curto e grosso se levantando.
—Oi? Como assim próxima? Não vai ter próxima!
—E eu todo iludido achando que você me levaria ao cinema, tsc...
Ele parou perto da calçada com as mãos no bolso do jeans azul marinho que usava.
—Tá... Agora... Me... Me devolve. – Ela ficou coradinha olhando para os lados como se estivesse cometendo um crime.
—Ah... Verdade – ele fingiu ter esquecido, começou a tatear os bolsos. – tsc... Acho que eu esqueci. – Ele a olhou tentando manter-se sério, mas teve tanta vontade de sorrir da careta dela com aquele bico birrento enquanto ela cruzava os braços. Tão pequena e... Como ele queria morde-la.
—Isso não é justo!
—Poxa, foi desagradável assim minha companhia?
—Não, mas... Não foi esse o acordo.
—Nesse caso... Pode ir pessoalmente busca-la comigo, lá em casa, no meu quarto... – sugeriu malicioso e ela arregalou os olhos.
—Não vou na sua casa!
—Tem certeza? É um pulinho daqui.
Ela gaguejou corada.
—T-tenho...
Ele suspirou derrotado, enfiou a mão no bolso e puxou a peça a erguendo com um dedo.
—Nesse caso...
Ela ficou roxa de vergonha e pegou a peça a enfiando com rapidez na bolsa.
—Você é muito difícil, Hyuuga. Sem encontro, sem sexo...
—Humpf! -ela desviou o olhar, sentiu o coração acelerado ligeiramente, estava nervosa demais para qualquer coisa.
—Então...
—Eu vou embora. – disse decidida.
—Quer uma carona?
—Não. E-eu... Vou de ônibus.
—ótimo, te ligo então pra marcamos o cinema.
—Pra que vai me ligar? Achei que a gente tivesse deixado as coisas às claras.
—Qual parte dela?
—Toda ela.
—Se você diz..., mas se mudar de ideia, eu conheço um lugar com uma boa comida tailandesa pra irmos depois de um filme.
Ela mordeu os lábios nervosa. O que estava rolando ali? Era um tipo de flerte? Era um amigo a sacaneando? Ele tentando ser agradável? Ele era tão complicado, ou talvez ela complicasse tudo.
Respirou fundo.
—Adeus, Uchiha.
—Até breve, Hyuuga.
