A partida de videogame atingira um momento mais descontraído entre o loiro e o ruivo, que, sentados na sala de estar do Sabaku, aproveitavam o momento para relaxar e conversar. Sentando em uma poltrona próximo a eles, estava o Nara, que fumava mesmo contrariando a rígida regra da senhora Sabaku que detestava o cheiro que a nicotina deixava no ar e empreguinado nas coisas. Alias, Shikamaru fumava contra até mesmo as incansáveis reclamações maternas que também odiava o péssimo hábito dele. Mesmo que os olhos deles estivesse vidrados na tela do televisor, conseguiam manter uma conversa completamente lógica e o foco naquele instante, eram os trabalhos de conclusão, da qual Naruto estava justamente reclamando do quando estava complicado lidar com toda a carga de final de curso, mais o maldito trabalho, isso sem contar o estágio, mais o time. Para sorte do Uzumaki, conseguira fazer parceria com o estranho Kabuto, que parecia ao menos levar as coisas bem agora, depois de um primeiro momento ladeira abaixo que tiveram. Naquele ponto, o projeto embrião deles era isso: um bizarro embrião. Por conta do sujeito, eles haviam começado algo focado em pets especiais, pessoas que queriam bichinhos não tão normais, como cobras, iguanas etc... Ok, para Naruto estava tudo bem, desde que o tal de Kabuto ficasse com a parte nojenta, ele pouco se importava.
—Eu sei como se sente – resmungou Gaara fechando o cenho um pouco mais – Eu to muito fodido. Eu peguei um projeto grande pra cacete com esse imbecil aí – apontou com o queixo para Shikamaru que estendeu o dedo do meio enquanto um pequeno sorriso debochado surgia nos lábios finos libertando uma cortina de fumaça branca.
—Como conseguiram fazer entre cursos? – ou merda! Se eu soubesse, eu me juntaria a isso, em vez de catalogar... Bichos estranhos. – Ele fez uma careta enquanto os outros dois gargalhavam.
—Bom... Foi um lance de sorte. Estamos no programa de engenharia, podemos cruzar isso – respondeu Shikamaru com simplicidade. Nesse mesmo instante, a campainha soara alta no lugar fazendo o ruivo pausar o jogo.
—Tá esperando mais alguém? – perguntou Naruto, ao se espreguiçar lançando-se sobre o macio sofá e gesticulando com o Nara pedindo um cigarro.
—O imbecil do meu primo – resmungou Gaara com uma imensa indiferença.
Assim que entrou ali, Kankuro tratou de sentir-se em casa. Sem qualquer reserva, como de costume, pegou uma cerveja na geladeira a abrindo enquanto via os "caras" jogando novamente depois de um singelo cumprimento. E não, ele não era amigo do Uzumaki, ou do Nara, embora ocasionalmente fizessem coisas juntos; a única coisa que tinham em comum era justamente o ruivo, e porque fora obrigado pelo pai, Kankuro dividia o curso com Naruto. Indiferente aos membros que estavam ali, ou as "famas" acarretada aqueles caras tão "bem-vistos e populares" e ele sabia que era justamente por serem populares que, caras como o Uzumaki, Gaara e o Nara, geralmente não andavam com qualquer um, e sim, Kankuro se enquadrava no qualquer um.
Ele sentou-se em um dos sofás vazios e fitou um pouco a tela de tv vendo a partida do jogo acontecendo. Fitava analítico, mas disfarçadamente o loiro enquanto ponderava a ex dele em sua mente. Hinata ainda ocupava seus devaneios eróticos, e nem viessem o julgar, afinal, a garota era uma puta gostosa, e depois, sonhar não tirava pedaço. Sua língua se mordia mesmo de vontade de perguntar da Hyuuga para o Uzumaki, porque no fim das constas, sim, ele adoraria mesmo ter alguma chance de pega-la. E se caras como Naruto, eram o tipo dela, então... Bem, que ele entendesse, até porque estava obvio, só não estava tão claro como os dois formaram um casal tão bizarro por tanto tempo, porque Naruto nunca demostrara nenhuma empolgação ou deixava tão as claras aquele enlace que tinham. Mordeu a língua mais uma vez e foi salvo pela voz de Gaara que verberou:
—Então? Tem a porcaria da lista? Ela pelo gostou do protótipo ou é uma daquelas exigentes, ela tem cara de ser – provocou com um sorriso meio diabólico.
—Ela adorou. Simples assim. Bom, como eu disse, eu preciso de várias inclusões e melhorias em tempo recorde. É... Ela é bem exigente.
Perdido na conversa que a principio não era nem um pouco do seu interesse, Naruto arqueou uma das sobrancelhas e mesmo sem tirar o olhar celeste do jogo, ele indagou:
—Ela quem? Alguma alma caridosa resolver dá pra você, seu imbecil?
Kankuro formou uma careta e prendeu uma imensa vontade de mandar Naruto se foder, mas em vez disso, algo muito mais sacana pairou em sua mente, e então ele prosseguiu.
—A delicia da Hyuuga – maliciosa, a voz chamou atenção do loiro que um primeiro instante olhou rapidamente de soslaio. Certo, havia ganhado a atenção do imbecil – Sabe, somos parceiros de TC, e porra, que garota. Gata e genial. Pode crer! Ela não só teve a ideia mais foda que eu já, como já engatilhou todo o esquema, e o meu priminho aqui tá me ajudando com uma parada de programação.
— Deixa eu ver essa merda – pediu o ruivo, recebendo logo em seguida de Kankuro o celular com uma listagem de aperfeiçoamento pedido por Hinata – Porra, ela quer algo já parcialmente funcional pronto pra interagir com a interface? Pensei que essa merda era de conclusão.
Cheio de si, Kankuro inflou o peito com orgulho.
—Sabe o que é? A gente faz uma dupla do caralho, palavras dela. A gente anda com uma conexão muito, muito boa. Fora que... O nosso trabalho é tão bom, que ela vai levar para uma iniciativa chamada de Anjonext que traz investidores que compram ou patrocinam projetos acadêmicos. No nosso caso, uma startup virtual. – Piscou com notória arrogância.
Ele tinha sobre si os três pares de olhos cujo o calibre de cada um era bem diferente. Um som estalado soou vindo de Naruto que tinha os olhos azuis mais escuros.
—Filha da mãe! – balbuciou pausando o jogo e puxando seu próprio celular. Havia apenas uma intensão: uma mensagem para Kabuto, mas nem fodendo que ele ia ficar para trás daquilo. Mostraria para Hinata que poderia ser tão bom mesmo sem ela.
—Anjonext – murmurou baixinho enquanto digitava rapidamente. Seus olhos azuis tinham um brilho incomum naquele momento. Rivalizaria com Hinata, bem, se ela fazia tanto para chamar sua atenção, então bem, ela precisaria lidar com aquilo.
Ter um trabalho reconhecido por fora, era sinônimo de excelência, certeza de uma nota bastante empolgante, indicação de primeira vinda dos professores e acima de tudo, para Naruto, era finalmente a sua cartada a esfregar na cara do pai provando que era sim capaz de fazer algo relevante por si mesmo sem depender de favores ou indicações do Namikaze.
(...)
Era de se esperar que, enfrentar as quase cinco horas de viagem entre Konoha e Kumo seriam um tanto estranhas e tediosas, bom, ledo engano. Hinata se viu dentro de um espaço completamente estilizado por eles que comportava com estilo despretensioso, confortável e bastante jovial todos os doze passageiros daquela viagem em que Obito tornara-se o motorista da rodada. Acomodada ao fundo junto de Sasuke, ela esperava silencio, mas havia apenas baderna, não daquelas ruins, oh Deus, não mesmo. Eles falavam, eram animados, agitados, cheios de histórias e Hinata se via internamente admirando aquelas três garotas que se impunham sem se importar com julgamentos ou nada. Ali e em qualquer lugar elas eram apenas elas. E eram divertidas, engraçadas, como se fosse uma reunião com Tenten's com diferentes níveis de temperamento, como Karin que era mais explosiva e rude, ou como Mei que era sexy e vulgar, mesmo sem ser vulgar. Era uma das poucas ali que conseguia deixar caras como Itachi – da qual Hinata desconfiava mesmo ter uma queda pela garota ou eles terem algum lance pela forma que se olhavam – um tanto sem jeito. Ou Konan que tinha um humor mais negro e ácido, mas que ainda assim era capaz em poucas palavras de arrancar gargalhadas de todos.
Era tão ruim se sentir em casa? Bem, não deveria ser errado se sentir assim, pelo contrário. Talvez toda aquela trava que ela tinha quanto a se conviver em meio a galeras, ou que não passavam de uma pequena gangue de malfeitores e arruaceiros mudasse com a viagem e com a convivência. Hinata apenas sabia que sua experiencia com grandes grupos fora sempre ruim, e por isso mantinham ainda assim bastante pé atrás e cheia de travas. No entanto, ali, era impossível não se enturmar, aliás, com aquelas pessoas era impossível.
O violão rodara na mão dos garotos que cantavam coisas aleatórias, e claro, não pode faltar o Uchiha mais velho importunando o irmão até consegui-lo fazer tocar algo, coisa que trouxe o lapso de memoria de Hinata da primeira noite ao lado de Sasuke. Corou-se ao se lembrar de ambos no palco, mas sentiu-se um tanto mais... Bem, caidinha com a imagem sexy do garoto em posse de uma guitarra, é claro. Havia uma crescente impulsão das meninas querendo fazer Hinata se soltar mais, importunavam-na para repetir o que fizera ao lado de Sasuke, e junto destas, juntaram-se Itachi e o Obito que tinha os olhos na estrada e o ouvido na galera.
—Ah, vamos! Vocês fizeram uma puta dupla no palco do Gedō Mazō. Cantem seus putos! – bradou Obito do banco do motorista. Hinata estava roxa e com o coração disparado.
Os dedos emaranhavam-se nervosa enquanto Sasuke apenas tentava vencer aquilo mandando-os parar.
—E-eu... Só fiz... Fiz porquê... Porque... Havia bebido um pouco... E... – Hinata balbuciava e embora no meio de toda aquela briga dos garotos, Karin foi capaz de ouvi-la e por isso arrancou de sua mochila uma garrafa bastante suspeita que continha a mistura de suco gummy.
—Bom, não seja por isso – a ruiva abriu a garrafa tomando um belo gole e estendendo a mesma em direção a Hyuuga que hesitou muito – oh, vamos lá garota. Ninguém aqui liga se você bebe até cair, aliás, a maioria aqui bebe justamente pra isso, acredite. Já estive em mais shows com esses idiotas que qualquer um aqui. Não pense como algo ruim, pense como uma poção magica que manda pra casa do caralho suas regras. Gostaria de manda-las se foder?
—Karin, se Hinata não se sente bem com isso não a importune – Sasuke finalmente viu e intrometeu-se.
A ruiva balançou mais uma vez a garrafa frente aos olhos perolados. Bom, naquele momento Hinata se viu exatamente diante dos seus dois conscientes, o seu anjo e o seu diabo interior e ambos rapidamente lhe mostravam prós e contra aquilo. Se de um lado, manter o controle e sensatez era a garantia de não se meter em encrencas e não fazer mais nenhuma coisa estupida, do outro lado ela queria tanto estar do lado divertido daquela linha sem ter a mente coberta de julgamento que ela fazia a si própria. Cobranças que a empurrava e cobrava de si mesmo ser uma mulher exemplar como um dia sua mãe fora, como imaginava que todos deveriam enxerga-la. A Hyuuga tinha uma imagem distorcida de que, todos esperavam perfeição de si e nada menos e justamente para nunca correr o risco de desapontar o pai ou a família, ela empunhou a si tudo aquilo. Quando adolescente, ela nunca estivera metida em nada errado, em festas ilegais... Nada...
"muda o disco!" A voz de Tenten soara, como se a amiga assumisse sua visão de demônio pessoal. Tentadora? Sim... Bastante. Que merda ela fazia da vida? Ela sempre fazia o certo, era sempre assim. Deus, estava em um lugar livre de julgamentos, certo?
"se está no inferno, abrace o capeta!" Sim... Tenten era terrível, mesmo em sua mente.
Sorriu negando e espantando os pensamentos quando segurou a garrafa e virou um bom gole desfrutando o álcool disfarçado em meio ao sabor do morango do suco.
—Oh deus, isso é bom! – exclamou fazendo Karin gargalhar, e como se lesse pensamentos, a ruiva falou.
— É como dizem Hina, no inferno, a gente abraça o diabo.
Quantos goles eram necessários para fazer uma Hyuuga se soltar completamente? Bem, sem terceiros artifícios, exatamente meia garrafa. Sorte do Uchiha e da Hyuuga estarem juntos de um grupo tão... Animado, da qual preparados, tinham muita mais bebida que aquilo.
Estive lendo livros antigos
As lendas e os mitos
Os testemunhos que contavam
A lua e seu eclipse
E o Superman retira
Um traje antes de voar
Mas não sou o tipo de pessoa que se encaixa nisso
Apoiada no banco, ela segurava-se enquanto olhava nos olhos negros do Uchiha que sustentava por igual o olhar a ela enquanto habilidosamente dedilhava o vilão. A voz de Hinata preenchia o automóvel. Uma plateia que não apenas interagia, como acompanhavam o casal...
Ela disse: Aonde você quer chegar?
Quanto você quer arriscar?
Eu não estou procurando por alguém
Com dons sobre-humanos
Um super-herói
Uma felicidade de conto de fadas
Apenas algo para que eu possa recorrer
Alguém que eu possa beijar
Sim... Ela era capaz de sorrir e de interagir e não se sentir tão pressionada. Ela era capaz de ser Hinata Hyuuga e muito mais que apenas a garota de Sasuke Uchiha, embora ali, conectada aquele olhar profundamente escuro e com o coração quase na garganta ela tivesse a plena consciência satisfatória que... Estava amando ser, a garota do Uchiha. Só a sua garota.
(...)
Os olhos verdes esmeraldinos estavam arregalados enquanto encarava o loiro a sua frente na porta de entrada. Esse estava completamente arrumado – mesmo que casualmente – pronto para sair, mas topara com ela usando apenas um short jeans curto e uma blusinha. Os cabelos presos bagunçadamente, e espaçadores entre os dedos do pé que exalavam o forte odor de acetona e solvente vindo das unhas recém pintadas. O nariz ainda estava com a tala, só que dessa vez sem maquiagem revelando a coloração ainda amarelada da qual ele fizera uma careta. Tudo bem, ela tinha quilos de maquiagem, não era o fim do mundo.
—O que tá fazendo aqui? – indagou irritada o virando as costas enquanto jogava-se sobre o sofá ligando a tv novamente. Indiferente, era assim que ela estava, embora para ele, indiferente, fria, ou ela mesma, eram exatamente iguais. Quando a Haruno se tornara tão... Esquece!
Ele sacodiu a cabeça espantando os pensamentos enquanto sorriu ligeiramente caminhando para ela.
—Como o que? A gente combinou de sair, ou se esqueceu?
—Acha mesmo que eu vou sair com você hoje, e ainda mais com a cara assim?
—Prometeu, Sakura! – ele fizera uma careta diante daquilo. Bufou estressado sentando-se ao lado dela. Correndo o risco de bagunçar os fios loiros tão bem ajeitados sobre o fixador, ele passou as mãos e fitou-a de relance. – A gente marcou essa merda a duas semanas atrás, cacete.
Ela sorriu ainda sem olha-lo, um sorriso um tanto sarcástico e zombeteiro.
—Ah, isso foi antes da sua ex psicótica me atacar. Antes de tirar meu humor e antes de eu perceber que você tem um péssimo gosto para programas. Não vou sair até que eu possa tirar essa porcaria de mim. – Apontou ao nariz o olhando.
Naruto estreitou o olhar para a rosada e emitiu um som baixinho próximo a um rosnado.
—Pra ir até a delegacia, você foi sem hesitação, eu diria. – Buscou levantar-se, mas ela o segurou pelo braço o fazendo sentar-se.
— Eu tinha um prazo, querido. E depois... Não é como se fosse perder grade coisa. Você e seus amigos idiotas...
— Não são meus amigos, Sakura. É minha família!
—Oh – ela franziu o cenho e ele riu com frustração.
—Você esqueceu, não é?
—N-não... Quer dizer, sim... Pode remarcar. – Sugeriu como se não fosse nada demais, embora tivesse a plena noção que pisara muito feio na bola com o namorado.
Ele levou o dedo indicador e o polegar próximo a glabela apertando-o enquanto inspirava profundamente.
—Remarcar? – sussurrou. A garota mudou a atitude de agressiva para passiva jogando-se nos braços do loiro enquanto aconchegava-se ao colo masculino. Os olhos encararam-se um instante em que ela viu toda a irritação que ele sentia irradiar.
—É... – Os dedos delicados deslizaram entre os fios loiros enquanto ela baixou muito o tom de voz com suavidade – remarcar. Fala que sua linda e perfeita namorada sofreu um acidente e por isso não vai poder ir. Sei que você me entende, e também não gostaria de me ver passando por tanto constrangimento assim, não é? Ainda mais com seus pais, Naru... Precisamos de algo... Especial, não acha?
Os olhos encaravam-se profundamente e quando os lábios dela quase quebraram a linha do toque contra os dele, com mãos um tanto rude, Naruto a segurou pelos ombros e a empurrou de lado no sofá a tirando de si e levantando-se. Sua cabeça latejava naquele momento porque simplesmente estava frustrado, irritado, estava puro veneno. E como se não bastasse, a Hyuuga dominou seus pensamentos ao se lembrar de todas as vezes que ela delicadamente tocava nesse assunto de conhecerem a família um do outro. Para ela era algo importante, e ele fez tão pouco caso e agora se vira no mesmo papel de trouxa.
Gargalhou de repente. Sim... Frustrado, era assim que se encontrava. Passara tantos anos desejando a Haruno, idealizando-a, colocando tanto... Sentimento e agora parecia só... Idiota demais. Talvez houve uma pitada imensa de ironia nas palavras que ele deu uma as sua ex namorada: ela tinha expectativas demais. Bom, não era a única pelo visto.
—Quer saber? Só esquece essa merda – proferiu em um tom baixo e perigoso demais para a rosada que arregalou os olhos encarando-o
—Eu não posso sair assim, se quer culpar alguém, culpe aquela sonsa. – Rosnou ao levantar-se. O dedo indicador tocou o peitoral do namorado enquanto os olhos verdes tornaram-se mais ferozes.
—A culpa é minha – disse Naruto com sarcasmo – sejamos francos, nós dois sabemos que quem causou isso em você não foi a Hinata, então pare de culpa-la. Ela simplesmente é... Ela odeia agressões.
—Oh – ela debochou – agora ela é a perfeita Hinata? Porque não vai latindo atrás dela se ela é tão perfeita assim? De repente vocês voltam a ser um casal bizarro, ou talvez ela coloque um daqueles vestidos – ela sorriu com escárnio – vestido ridículos dela comportada como a boa menina e se sente a mesa dos seus pais e mantenha uma conversa tão chata quanto ela ou tão enfadonha quanto...
Irritado ao máximo, as palavras apenas fluíram dos lábios de Naruto, que sorria com frustração:
—Quer saber? Talvez eu faça isso mesmo!
Ela calou-se, houve alguns instantes de silencio em que ambos se encaravam em fúria, até que ela teve um ataque de riso seguido de fúria e passou a estapeá-lo.
—Você é um imbecil! Um idiota! Como você fala uma coisa assim na minha cara? Eu faço tudo por você, e então uma misera falha e me crucifica, seu idiota!
Naruto segurou os punhos dela ao tempo que a sacodiu a trazendo a si novamente. Encarou-a seriamente, e embora sempre tomasse decisões por vezes impulsivas, naquele momento ele não queria, deus sabe que não, porque ele acreditava mesmo no que sentia pela Haruno, mesmo que esse encontrava-se completamente abalado no momento. As conversas com seu melhor amigo pesavam tanto que doíam bizarramente em sua mente.
—Quer saber? Eu vou desmarcar essa merda, vou sair com os caras. Já você, deveria tomar seus remedinhos tarja preta ou suas pílulas coloridas ou de repente podem achar que surtou de vez – ele empurrou-a sentada novamente no sofá ao ponto que ela gritou.
— Você é um maldito ogro troglodita como todos os seus amigos e... – vendo que o Uzumaki lhe dera as costas completamente indo em direção a porta, ela não deixaria sair por baixo, fora que precisava dele, se ele voltasse atrás naquilo seria ruim pra ela, embora ele pudesse se ferrar tanto quanto – quer saber? Vai embora mesmo, vai encher a cara e pensar nas suas atitudes. Eu deveria ser importante pra você, mais até que um jantar idiota. Qualquer outro cara estaria preocupado com meu estado, estaria me mimando e não me arrastando pra... Jantares.
Ele sorriu com ironia ainda na porta e negou.
—Bom, parece que eu não sou qualquer outro cara. Só por hoje. A propósito, eu acho que está a cara da Fiona com esse nariz! – ele saiu fechando a porta ouvindo claramente algo se estilhaçar contra a mesma logo em seguida. Provocando-a ainda mais, Naruto tornou a abrir a porta tomando a garota assustadoramente irritada, mas ainda disse – viu só? Tome a merda dos remédios, sua louca!
—Va pra o diabo que o parta, Uzumaki! – gritou de vez.
(...)
Os olhos em várias tonalidades percorriam por todo lugar do casarão. Bolsas largadas, portas abertas...
—Puta merda! O teu padrinho é tipo ricaço? – Indagou Mei, que, sem qualquer pudor ou hesitação começou a explorar a imensa sala de estar enquanto caminhava em direção a escadaria.
—E um pervertido de merda! – gargalhou Karin ao ver algumas das pinturas e esculturas. Viu Suigetsu fazendo um gesto obsceno enquanto a apontava, o que a fez soca-lo com força no ombro ao ponto de derruba-lo sobre uma das poltronas.
—Você é um porco nojento! – bradou ela quando ele a agarrou pela cintura a puxando.
—Oinc, oinc, bebê! – beijou-a de uma vez a surpreendendo.
Quando chegaram ali, já passava da meia noite, mas parecia que sono era o ultimo foco deles.
—Caralho, eu achei o bar! – gritou Obito que voltava com duas garrafas de vodca nas mãos. – O venho é tarado, mas bebe coisa boa, olha isso!
Do lado de fora, um grito pra lá de eufórico e escandaloso espalhou-se por todo lado:
— .PARIU! – quando todos os doze se dirigiram ao lugar, fora unanime, aquele seria O final de semana. – Eu to emocionado – balbuciou Yahiko recendo um copo de bebida de Obito, que apertou o seu ombro – caralho, eu amo o velho tarado.
Diante deles havia uma imensa piscina com cascata que além de aquecida possuía uma hidro interna. Descendo para a casa de maquinas, Itachi fora o primeiro a ligar o sistema e as luzes e o que viera a seguir fora o espetáculo de leds.
Sasuke agarrou-se mais forte a cintura de Hinata que encostou a cabeça no ombro dele enquanto ambos encaravam a piscina. Era lindo e bastante convidativo. Aquela altura Hinata estava apenas confortável. Havia bebido o bastante para não se sentir tão travada e estava até se permitindo ter expectativas quanto aquela pequena viagem. Suspirou sem perceber ao aninhar-se ainda mais nos braços fortes do Uchiha. Sentiu os lábios dele beijando o topo de sua cabeça e então ergueu um pouco os olhos alcançando os dele.
—Pronta pra se divertir? – ele murmurou com a sua típica inexpressividade, da qual Hinata estava aprendendo a decifra-la nas entrelinhas.
Sorriu singela enquanto levou o indicador ao queixo do Uchiha deslizando lentamente. Um ponto de contato que fizera ambas peles reagirem. Os olhos novamente ganharam aquela intensa conexão da qual era simplesmente impossível desvencilhar. Hinata sentia seu coração acelerar de repente no peito e aquela sensação de estar flutuando tornava-se palpável em si. Sua voz escapou suave, baixe, no entanto, provocante como jamais fora de tal dimensão para o Uchiha:
—E você? Está pronto pra se divertir?
As mãos grandes e fortes viraram-na completamente de frente para si, apertaram um tanto mais forte a cintura delgada feminina a ponto dela expelir o ar desejosa, os olhos que antes encantavam-se, agora premeditamente devoraram o lábio um do outro com o desejo mais intenso aflorando por todos os poros, e fora quando a língua de Hinata deslizou umedecendo os lábios rosados, que Sasuke entendeu que ali era o seu limite e quando se preparou para abocanhar de forma dominadora e reivindicando aquela que era sua, antes mesmo dele entender aquela dimensão, Itachi agarrou os dois pelos ombros.
—Frozen marguerita!
A sobrancelha do mais novo arqueou-se perigosamente ao irmão que gargalhou.
—É maninho, você é o que mais precisa de uma boa dose de tequila. E você, cunhadinha, está em boas mãos, né Mei? – a ruiva surgira com duas taças do que parecia uma espécie de sorvete raspadinha estendendo para a Hyuuga que, tal como Sasuke arqueou a sobrancelha.
—O que é isso?
—Frozen marguerita, queria. Vamos lá. Não há veneno melhor no sangue que Agave. – Piscou.
Surpresa, os olhos de Hinata arregalaram-se completamente. Um sorvete alcoólico.
—I-isso é a tequila? Uau...- pegou a taça e chupou do canudo sentindo a coisa mais deliciosa da qual provara.
—Essa é sem duvidas a forma mais perigosa de beber tequila e limão.
—é mesmo? E porque – riu a garota sugando ainda mais do canudo se deliciando com o sabor que pouco aparentava o álcool.
— Porque te deixa bêbada sem que você se de conta, simplesmente porque não faz ideia do quanto de álcool realmente está sendo ingerido, por exemplo, essa sua taça, ela carrega meia dose de tequila, mas temos os outros compostos, licor de laranja... Em fim...
Mesmo que devesse se assustar, Hinata não o sentiu. Era uma bebida gostosa demais para se temer. Olhou para o lado vendo Sasuke segurando a outra taça a bebendo e parecia mesmo não se incomodar e até gostar. Conversava com os amigos e não parecia deslocado, simples assim. A casa toda ganhou cores e o som alto de música explodiu, como uma boate privativa só para eles.
— Parece que o Deidara achou a multimidia do velho Jiraya Namikaze. – Itachi bateu no ombro do irmão e apontou para Hinata com o queixo, essa agora estava sorrindo e cercada pelas garotas. Ao que parecia, sentia-se muito acolhida e bem. Os olhos negros de Sasuke acompanharam a direção apontada. Por uma pequeno instante seus olhos focaram apenas nela enquanto seus lábios traçaram um pequeno sorriso discreto, afinal, seu maior temor era deixa-la acuada ou desconfortável, ainda mais depois da semana que a Hyuuga teve com a foto e tudo mais. Admitir a si mesmo como ela era adorável naquele momento de descontração era o obvio, mas voltando a realidade ele pigarreou e chupou mais um pouco do frozen alcoólico ainda que sentindo as bochechas levemente fogosas ao perceber o olhar de Itachi sobre si.
—O que foi? – indagou um tanto rude, como sempre mesmo ciente que de forma tão irritante, Itachi parecia le-lo.
Estreitou o olhar vendo o sorriso brincalhão nele.
—Ela é foda.
—Itachi...
—Serião, bro... Tipo, olha pra ela. É dócil, delicada, calma, paciente e muito, muito inteligente, sabe? Não é como daquelas... Fúteis. Ela é uma garota incrível e olha só como ela cativou praticamente todo mundo. As meninas a adoram.
Houve uma pausa enquanto os Uchihas observavam a garota. Por um instante Hinata olhou em direção a Sasuke e corou-se ao notar ser observada. Timidamente colocou os cabelos por trás da orelha e abaixou o olhar sorrindo com singela beleza. Então voltou sua atenção para as meninas sem saber que deixara o Uchiha com o coração tão rápido e desesperado no peito que sentia-se sufocar. Era possível sentir de volta em si todos aqueles mesmo sentimentos de quando era um mero adolescente confuso que negava qualquer sentimento e emoção?
Sim... Não... Não era como quando adolescente. Era mais forte, mais intenso e pesado, porque não era platônico e sim real. Tão real que o assustava quanto mais forte poderia ficar.
—Sabe... Convivendo com a senhorita Hyuuga – ele provocou – eu vejo que sim, tinha razão, ela é uma garota incrível como você dizia a alguns anos atrás. Agora me pergunto, foi por medo de amar essa garota que fugiu aos quinze? Tipo, sua vergonha em ser mal visto ou julgado era tão grande assim a ponto de só... Não se permitir sentir?
Tumtum-tumtum-tumtum... Desgovernado, ele sentia as batidadas cada instante mais rápidas e mais intensas. Doía, deus como doía. Angustiava-o. Lembranças por vezes tão... Boas e escrotas ao mesmo tempo o tomaram.
— E-eu... Não sei – murmurou descontente – Só não... Foi uma boa fase, e ainda tinha o papai e tudo aquilo, aquela merda. As vezes eu me pergunto se ela se lembra de mim daquele modo, como aquele cara.
Itachi virou um gole de seu drink de vodca e balançou a cabeça.
—Behmmm, pensamento errado. Olhe pra frente não para trás. A melhor forma de concertar o passado é com o presente e nada além. Eu só te perdoo porque o pai era um merda.
—Era? – Sasuke arqueou a sobrancelha o encarando.
— Tá... Ele ainda é. – calou-se e com um sorriso perverso ressonou – "Você é um Uchiha, se comporte como um Uchiha, pensei como um Uchiha, Uchihas são os primeiros, sempre no pódio, sempre em primeiro lugar. Tenha o orgulho de um Uchiha" – a voz grossa imitava Fugako em todos os aspectos e isso fizera Sasuke dar um meio sorriso.
—Quando eu perdi minha primeira partida de baseball, ele surtou. Lembro dele gritando como um louco. E olha que eu só tinha seis anos. – Sasuke bebeu um pouco mais. – Quer saber? Eu odeio esse lema estupido.
— Rebelou-se, tirando o imbecil do Obito, você foi o único Uchiha que se rebelou contra o sistema, já o pedrisco ali – apontou para o primo só de calção de banho se lançando na piscina como um canhão – o tio Tajima apenas desistiu.
—Grande rebeldia – resmungou – agora estou servindo a mesma vontade de merda dele.
—Não é bem assim. Tudo aquilo já passou. Ao menos eu acho que passou, não é?
Houve um silencio enquanto Hinata aproximou-se do Uchiha. Ele notou as bochechas bem rosadas e os olhos mais intensos. Quantas daquela ela já havia tomado? Duas, três? Ele parou de contar.
—Já volto! – ela murmurou para logo em seguida ser arrastada por Karin e Mei diretamente para dentro do casarão.
—Eu preciso cuidar dela, viu como ela tá? Já bebeu o bastante. – falou de forma protetora e Itachi apenas gargalhou.
—Puta merda, tá mesmo apaixonado por ela até o ultimo fio de cabelo, Sasuke Uchiha.
—Cala a boca!
—Mas agora que a graça começa. Precisa mesmo fazer algo a respeito.
—Já to fazendo, não tá vendo – resmungou.
—Não! Precisa de algo maior, mais... Forte.
—Só para com isso. Eu... – suspirei – eu não quero espantar ela.
Isso fizera Itachi gargalhar ainda mais e receber um soco do irmão.
—Ah maninho, faz algo legal. Tipo, mulheres do tipo dela se cativam com coisas bacanas.
—Ah certo, e você é o rei do romantismo... – Debochou.
—Eu sou O conselheiro amoroso, cola comigo – abraçou-o pelos ombros. – De flores, de surpresa. Ela gosta de doce?
—Ela é como uma formiga.
—Adoce a vida dela ainda mais.
—Não foi exatamente isso que eu e ela combinamos – falou entredentes lembrando da conversa.
—E não estamos falando de acordos ou essa baboseira. Estamos falando de gestos. Ou você o faz, ou outro fará. Não pareça desesperado, mas não a deixe sumir dos seus olhos. Guarde ela ao seu alcance, mas não a sufoque. Alimente o romance, mas não exploda as expectativas exageradamente. Cozinhei em banho maria e a deixe exigir mais, ela que deixará você entrar na vida dela, mas pra isso, precisa de chaves – piscou.
—Meloso – resmungou revirando os olhos e o viu beber um grande gole. Bom, Itachi sempre suportara bem mais que ele no assunto alcoólico.
—Créditos a senhora Mikoto Uchiha, Sasukinho da mamãe -sorriu provocando-o – sério, sério... Ela dizia algo como...nem sempre os grandes gestos são sinônimos de sentimento verdadeiro e real. As vezes eles são reflexos do desespero e da necessidade.
—Sabia... – sorriu com certo deboche, mas Itachi assumiu uma feição bastante seria vendo o irmão pegar mais uma taça de frozen.
—Muito. Hoje, embora sendo um mané, eu entendo o que ela quis dizer. São os pequenos gestos no dia a dia que criam a verdadeira conexão. Você achou uma dessas garotas sabe? Romântica. Mesmo que ela negue, ela acredita mesmo no amor e no seu final perfeito e feliz. Ela anseia ser... Correspondida, alcançada, cortejada e valorizada... Ela anseia ser amada, Sasuke.
Os lábios do Uchiha mais novo tremularam quando ele parou o copo perto dos lábios. Fitou o irmão em silencio enquanto digeriu um instante apenas.
—Se eu não for o cara certo pra ela? Se eu não for esse amor?
—Então seja ao menos uma lembrança boa. Alguém pra ela pensar com carinho e nostalgia e um comparativo bom. Não alguém que some mais traumas. – Os olhos do mais velho então desviaram para a porta de vidro o fazendo engasgar com a bebida quando surgira as três garotas usando apenas os biquínis. – Puta merda! – ele bateu no ombro de Sasuke e deu um passo em direção a Mei, mas antes sussurrou – quer apostar quem faz um mini Uchiha primeiro e mata o papai do coração?
Sasuke até responderia, mas naquele momento ele estava completamente capturado por uma miúda seminua que o arrebatou a razão mais uma vez naquela semana. O que ele sentia imensa vontade naquele momento? De jogar aquela garota em cima de uma cama e fode-la tanto, lamber cada centímetro de pele clara, se deliciar em cada gemido dela chamando por si... Oh ele queria, e seus olhos cerrados e incandescentes eram a prova de que ele assumira uma postura predatória, bem como o pulsar entre suas pernas era mais do que prova de como tudo, absolutamente tudo nela mexia consigo. Hinata era o gatilho dos seus cinco sentidos.
