Os olhos perolados encaravam um ponto fixo qualquer do quarto, contemplando as cores sóbrias do lugar, bem como um quadro de paisagem qualquer que estava ali. Porém, nada daquilo era de fato interessante simplesmente porque a única coisa que ela realmente estava gostando, era do calor e aconchego que seu corpo se encontrava.

Havia um maravilhoso silêncio, do qual ela tinha certeza que se dava por todos os outros integrantes da casa estarem apagados de ressaca, uma que ela sabia que também teria, mas isso era um problema para a Hinata de alguns bons minutos no futuro. Ela mexeu só um pouquinho o corpo, apenas para ter um Uchiha extremamente possessivo lhe prendendo mais forte a cintura miúda.

Sorriu como uma garotinha boba, enquanto os cabelos de Sasuke faziam pequenas cócegas em sua bochecha e pescoço. A respiração regular dele arrepiava sua pele, ao passo que aquele corpo tão grande e robusto estava tão perfeitamente encaixado contra o seu.

Hinata sentia seus músculos reclamarem um pouco, sua cabeça dava pequenas pontadas e ela tinha certeza, por toda sua experiência, que deveria ter marcas até onde o sol não bate, aliás, principalmente por ali, contudo, diferente de outros dias, outros momentos, ela apenas sorriu, faceira, enquanto seu coração acelerava ligeiramente.

As bochechas ruborizavam com suavidade. Mordeu o lábio levemente, empurrando-se um pouco mais contra o corpo dele, até que seus olhos arregalaram, constatando toda aquela dureza e protuberância na sua traseira.

Ela arfou baixinho e corou ainda mais, se xingando mentalmente de pervertida. Bem... não era como se aquilo fosse tão ruim, e o mau humor matutino de Sasuke não era dos piores. Certamente ela até poderia se acostumar a acordar daquela forma mais vezes, ou sentir a pele quente dele totalmente nua e grudada à sua, ou os sussurros sonolentos dele ou... bem...

Ela rebolou suavemente, inclinando-se mais, enquanto sentia o membro dele deslizando entre suas nádegas. Oh, Deus! Muito, muito pervertida. O pobrezinho dormindo, apagado, e ela agora era uma molestadora de caras de pau duro com ereção matinal.

— Acho que posso me acostumar com esses "bom-dia" — a voz rouca do recém acordado a assustou, fazendo seu coração disparar ainda mais rápido. Em uma medida defensiva, seu corpo buscou afastar-se do dele, mas foi duramente repreendido, quando uma das mãos de Sasuke agarrou seu quadril, o travando onde estava. A boca dele buscou a pele, já bem marcada, do pescoço que um dia fora alvo. — Fugindo depois de me deixar de pau duro? Oh, não mesmo!

— Sasuke — murmurou com uma manha adocicada que parecia instigá-lo mais do que deveria.

— Vai negar, Hyuuga? — A voz dele quebrou-se contra o ouvido dela, fazendo a pele arrepiar-se enquanto, involuntariamente excitada, ela curvou-se mais contra aquela ereção tentadoramente grande. — Hm? Vai dizer que não estava esfregando essa bunda gostosa no pau e me provocando? Você é muito sacana, garota.

— Não diga coisas assim... — um biquinho formou-se ainda maior nela. Ela sentiu os lábios dele queimando em sua pele e os dedos provocando seu mamilo. — Oh! — Gemeu baixinho, fechando seus olhos.

Sasuke segurou seu membro e o deslizou, encaixando entre as pernas dela e as apertando. Prendeu a cintura com força, ao passo que seus quadris moveram-se em um lento vai e vem, se melando na excitação da boceta dela. O Uchiha passou, então, a dedicar pequenas chupadas no ombro de Hinata, à medida que seu pau era seduzido por uma boa masturbação ofertada pelas coxas grossas e apertadas dela. A excitação de Hinata deixava tudo mais quente e deslizante entre os lábios vaginais. Esfregava-se cada vez mais rápido, sabendo que seu membro roçava sobre o clitóris e aquilo fazia não apenas ele ficar doido, mas ela também.

Hinata respondia a isso movendo seu quadril contra os de Sasuke, buscando mais contato, mais aperto. Seus lábios rosados suspiravam e ofegavam, deixando os gemidos baixinhos dela escaparem. As sacanagens leves eram sussurradas por ele, sem parar, no seu ouvido, a fazendo perceber que talvez gostasse mais daquilo do que realmente admitira em voz alta.

Em uma urgência primitiva, ela contrariou um pouco sua natureza tímida e recatada, e o empurrou para trás. Virou-se, ajoelhando-se e se encaixando sobre o quadril do Uchiha. Os olhos encontram-se em faíscas e as respirações fluíam mais rápido.

Àquela altura, as bochechas de Hinata estavam carmesim, seu coração mais rápido do que ela achava capaz de resistir, mas queria estar ali. Queria ele em si, queria as mãos dele, queria, de alguma forma, aquele olhar faminto dele e se sentir desejada, completamente devorada por Sasuke como algo tão, tão intenso de si.

Isso veio quando ele agarrou a cintura dela, e ela encaixou-se sobre o membro do Uchiha, deixando-o deslizar para dentro, o engolindo quente, molhada e apertadamente, fazendo ambos fecharem os olhos. Gemeram em satisfação.

Ele sentou-se, a puxando mais e mais em um abraço sexy e dominador. Os lábios dele buscaram os dela com fome. Os seios fartos logo estavam prensados contra o peitoral dele. Ao corpo pequeno de Hinata, restara apenas o prazer de quicar e rebolar sobre o pau dele.

Os sons do encaixe dos sexos era o que predominava na suíte, até que um estalado tapa soara, imprimindo a marca da mão dele sobre a bunda carnuda. Hinata gemera enquanto os olhos arregalaram e as bochechas ruborizaram mais. Choque, surpresa e mais excitação. Desde quando gostava tanto daquela brutalidade? Oh, sim! Desde que deixou o maldito Uchiha entra em suas pernas pela primeira vez.

Seus corpos fundiram-se em um, à medida que os movimentos aumentavam. O calor era espalhado cada vez mais pelos corpos. Toda a atenção ficou no prazer daquela "rapidinha" matinal. Hinata sentia-o tão duro e fundo dentro de si. Era tão rude a apertando e marcando, tão gostoso a fodendo daquele modo.

Sentia-se confortável naqueles braços, de alguma forma segura como, até então, nunca não se sentiu. Era como se pudesse ser algo, ser enxergada. Hinata sentia, naquele momento, que estavam tão intimamente ligados que Sasuke não a julgaria por nada que ela fizesse, usasse ou desejasse. Com ele, ela era uma folha em branco que poderia ser preenchida com qualquer coisa e, pela primeira vez, isso não era ruim.

Já Sasuke, esse sentia como ela encaixava-se tão bem em si, como havia um karma poético e cósmico da presença dela em sua vida. Era como, de algum modo, ele deveria agradecer ao cara lá de cima, ou a qualquer força que fosse, que o fez estar naquele bar, naquela noite, naquele exato horário, reencontrando sua antiga paixão do colégio.

Agora ele estava bem ali, naquele momento, naquele vício, a desejando até sua última célula. Estava envolvido e embriagado... apaixonado ainda mais e odiosa e emocionalmente comprometido por algo que reacendeu como labaredas em si. Ele poderia viver uma vida inteira longe dela, mas ele sabia que o sorriso dela e o irritante bom humor contínuo, ao acordar, era algo que o divertia.

Sabia que ele poderia ter várias mulheres por semana em sua cama, mas que queria somente várias maneiras de fazê-la gozar para si, enquanto contemplava os olhos límpidos brilhando, as maçãs do rosto ficavam rosadas e os lábios abrindo-se um pouquinho, a tornando a composição mais adorável e bonita.

Ou pensava no quanto ela era irritante, teimosa, doce e afável. tão... cheia de manias. Mas toda essa maldita composição, alinhada em tudo que ele mais detesta individualmente, reunidas nela, ele apenas... amava.

Deus! Estava irremediavelmente apaixonado por aquela garota!

Os lábios de Hinata deixaram os dele somente para encostar a boca contra o pescoço, depositando lentamente beijos mornos e úmidos, enquanto os gemidos escapavam o enlouquecendo mais e mais. As mãos grandes dele agarraram aquela traseira branca, ajustando-a mais, acelerando o movimento, ao passo que sua própria pélvis arremetia mais contra a dela. Queria seu pau completamente dentro dela, mais rápido, mais rápido.

Os seios agitaram, ligeiramente comprimidos, enquanto os estalos de choque tornaram-se mais altos.

— Sasu... — ela gemeu mais alto e loucamente. Ele usou uma das mãos para agarrar os cabelos negros e puxar a cabeça feminina levemente para trás. Chupou o queixo pequeno, suplicando por mais.

— Vem pra mim... vem… goza! — Ele pediu, vendo que o corpo dela respondia ao apelo, enquanto ela passou a rebolar sobre ele mais avidamente. Pulsações, tesão, excitação... tudo misturou-se ao gemido e o grunhido de ambos quando o gozo finalmente veio. — Porra! — Ele finalmente soltou em satisfação.

Então deixou o corpo tombar para trás, a trazendo junto de si e ajeitando-a sobre o peito dele. Ofegantes e quentes. O suor os envolvendo e a ressaca sendo lentamente empurrada de lado. Os dedos dele brincaram um pouco com a franja úmida dela.

— Isso foi bom... — ela murmurou, sorrindo um pouco.

— Bem recreativo — sorriu levemente, com uma malícia tentadora. Beijou o topo da cabeça dela. – Me senti um garoto no parquinho, e quando digo parquinho... sua traseira é deliciosamente divertida.

Ela afundou o rosto no peito dele. O vermelho jamais deixaria seu rosto.

— Seu tarado!

(...)

Se havia uma definição para básico, essa era Hinata Hyuuga. Era justamente observando o look da garota que Sasuke se surpreendia em como ela conseguia ir de uma fofa romântica simplista a uma usurpadora de juízos masculinos sexy pra caramba, em apenas alguns passos.

Na noite anterior, ele teve a devassa e agora lidava com a menina tímida e afável que se sentia confortável em seu All Star, short jeans e camiseta preta estilo cool. Ainda assim, ele era capaz de olhá-la e desejá-la como nunca.

Quase era capaz de sorrir diante daquele rostinho rosado ou dos olhos tão grandes e lotados de fulgor por estar turistando em Kumogakure. Eles estavam lidando com aquilo, aliás, contrariando sua pouca paciência, o Uchiha estava mesmo aproveitando aquilo.

Eles passaram em algum café e comeram bolinhos e beberam café. Caminharam lado a lado pela Avenida Caminho da Baía, que levava direto para a praia dos golfinhos.

Havia muitas vitrines para olhar, muitos turistas e gente e aquilo era irritante, principalmente quando ele deixava-se misturar e se perder. Contudo, em dado momento daquele trajeto, ele a viu parada diante de uma das vitrines observando suvenires.

Sasuke se concentrou no olhar dela, no dedo que apontava ao vidro, contando algo. Ele focou naquela tartaruga marinha feita de ametista que ela namorava. Havia algo anexado a ela e aquilo despertou muito sua atenção.

Voltou à realidade com Hinata resmungando algo sobre como lojas turísticas gostavam mesmo de roubar turistas, só então ele se deixou olhar para a pequena etiqueta que precificava aquele conjunto. O café que estava descendo por sua garganta quase voltou, o engasgando. Aquilo era o quê? Estavam vendendo a tartaruga de verdade? Porque, com aquele valor, ele até poderia tentar comprar uma.

Continuaram por aquela avenida, até chegarem à avenida que cruzava com ela, essa cortava a costa praieira de fora a fora. Não estava tão cheio ali e não parecia bem uma área de banho, no entanto, Hinata o arrastou.

— Oh, merda! Meus tênis vão encher de areia, droga! — Resmungou, a fazendo rir.

— Não seja mal humorado! É linda a baía dos golfinhos, Sasuke!

— Alguém andou lendo folhetim turístico demais.

— Ou tomado muita cafeína e a culpa é sua! — Ela o arrastou por um deck de madeira, da qual tinha um grande telescópio na ponta.

— Ressaca, Hinata. O café é para isso.

— Sabe, tem algumas pesquisas que asseguram que pessoas que consomem muita cafeína são mais mal-humoradas e dormem menos. Eu reparei que você tem um humor realmente ruim.

Ele torceu o rosto em uma careta, a puxando.

— Ei! Quando meu consumo de café entrou em cheque?

Ela deu um risinho, enquanto suas bochechas ruborizaram um tanto. Capturou o rosto dele em suas mãos, ficando na ponta dos dedos para alcançar os lábios do Uchiha zangado.

— Viu por que deveria consumir um pouco mais de suco de laranja ou amora?

Ele envolveu a cintura dela, a travando contra si.

— Você é tão doce na minha vida que, se eu colocar qualquer outra coisa, posso ter uma overdose.

Ela corou ainda mais e ele passou a beijá-la lenta e provocantemente. Quando finalmente escapou dos lábios dele, ela resmungou, reclamando:

— Vamos ver golfinhos — murmurou, tentando soltar-se de Sasuke.

Quando o deu as costas, um gritinho escapou de seus lábios, ao receber um tapa em sua traseira.

— Comporte-se, Hyuuga, não quero ter que levar uma garotinha a emergência por excesso de açúcar no sangue ou afogamento por cair no mar.

Ela deu um risinho enquanto puxava do bolso uma moeda para colocar no telescópio para poder usá-lo.

— Se eu caísse no mar, deixaria eu me afogar?

Era uma pergunta interessante. Embora, de cara, ele soubesse a resposta, decidido a irritá-la, ele jogou sua embalagem térmica vazia na lixeira e colocou as mãos nos bolsos de seu jeans.

— Esses tênis custaram setecentos dólares, edição limitada... não gostaria deles cheios de lama marinha e...

Ele viu a cabeça dela erguer-se indignada e quis gargalhar.

— Sasuke Uchiha, que maldade! Ainda bem que eu sei nadar.

— Ei, eu não disse que não pularia… — defendeu-se.

— E seus tênis? — Ele deu um passou até poder agarrá-la.

— Você provavelmente teria que usar algum super poder feminino de compras e achar outro para mim.

— Eu não daria setecentos em um tênis.

— Que pão dura! — Ele mordiscou a nuca dela, que estremeceu completamente. — Meu Deus, minha garota é tarada e pão dura.

Ela ofegou com aquilo latejou em seu consciente: sua garota. Esboçou um sorriso, mas não disse nada, o que, para Sasuke, de algum modo, era bom porque ela não brigou ou veio com algum discurso, nem negou.

— Olha! — Animada, ela agarrou a manga de sua blusa, o puxando mais. — São golfinhos, Sasu.

Ele sorriu.

(...)

Aquela era, talvez, a quinta vez que seu celular tocava desde o início da madrugada, quando ele havia decidido desligar o aparelho, mas o fez e agora continuava sendo bombardeado por uma posição um tanto passiva/agressiva de Sakura Haruno.

Ele tirou o aparelho do bolso da calça e constatou o óbvio: ela estava ligando outra vez. Ele apenas deslizou a tela para o lado e ignorou. Estava chateado com a garota, estava um tanto confuso, conturbado e cheio de pequenos argumentos nada nobres. Havia também uma briga insana entre sua consciência e sua emoção, então, justamente, por isso lhe pareceu mais congruente ignorá-la, tirando um tempo para si.

Ele enfiou o aparelho, outra vez, no bolso e, como um jovem esportista e enérgico que era, desceu as escadas da casa de forma bastante apressada, encontrando sua mãe e sua avó, Mito Uzumaki, que estava parecendo de saída.

Era tão mais fácil ignorar ambas do que ter que lidar com duas tempestuosas Uzumakis juntas. Por isso, ele tentou não ser visto e desviar em direção a sala de multimídia da casa, porém não fora rápido nem furtivo o bastante, porque foi capturado pelas bochechas pela matriarca de cabelos cor de fogo, que o puxou com força. Aliás, força demais para uma senhora idosa, embora Mito parecesse longe de ser aquelas velhinhas convencionais.

— Não fala com os velhos, garoto malcriado?! — Ela sorriu e então o apertou em seus braços. Naquele momento, nem a diferença de altura ou porte corporal pareceu intimidar-lá, tornou a apertar as bochechas de Naruto tal como se ele fosse um garotinho de cinco anos. — Tão cheiroso e bonito, sem dúvidas me dará bisnetos lindos! Como é mesmo o nome da tal garota?

Ele estremeceu. Até sua avó estava envolvida naquilo. Queria fugir daquela possível conversa.

— 'Tá violentando minhas bochechas — resmungou, fugindo das mãos da ruiva.

Os olhos azuis claros, como os do progenitor, alcançaram os escuros da mãe, vendo uma certa hostilidade vinda dela, bem como uma ferocidade que deixava mais que evidente que ela estava muito zangada com o descaso da suposta namorada de Naruto, que desmarcou em cima da hora.

Eles tiveram uma discussão sobre a falta de comprometimento da tal garota. Não que Sakura fosse a primeira namoradinha de Naruto, apenas julgava patamares diferentes. Não eram adolescentes que não tinham objetividade e estavam se descobrindo, eram dois adultos que estavam começando a entender a vida, as responsabilidades atreladas, trabalho, futuro, então ela se chateava porque esperava do filho ações de um homem e não de um garoto.

Ele logo estaria trabalhando em tempo integral e, com sorte, morando sozinho, coisa que ele ainda não fazia por insistência da própria Kushina, que queria passar o máximo de tempo possível ao lado do seu filho único. Talvez fosse protetora demais como Minato sempre a jogava na cara.

— Sakura — Kushina resmungou em resposta a pergunta de sua mãe, Mito.

— Sakura? — Franziu o cenho ao largar o garoto loiro. — Ela é bonita como o nome? Está fazendo faculdade também? Qual curso? Ela é daquelas garotas que... – desatinou a investigar, mas fora interrompida pelo neto.

— 'Tá bom, vó. Depois a gente conversa — mudou drasticamente de assunto, querendo se afastar de uma avó maníaca e uma mãe furiosa.

Beijou a bochecha de Kushina, saindo para a cozinha para conferir, mais uma vez, que não precisaria comprar nada. As bebidas estavam ali, os petiscos, TV com seu pay per view e o melhor: o silêncio da ausência que teria, em breve, de seus pais. Poderia, então, receber seus amigos para assistirem o jogo dos Saint's contra os Rock's que seria transmitida ao vivo direto de Kumo.

Ainda próximo à porta, já saindo juntas, Mito questionou à filha caçula:

— Qual o problema? Falei algo errado?

Kushina puxou as chaves de seu Volvo XC40 da sua bolsa e destravou o veículo, entrando no lado do motorista enquanto a sua mãe ocupava o lado do carona. Ela suspirou longamente, divagando entre as poucas coisas que sabia do filho e as que a incomodavam 'pra valer.

— Não, mamãe. Só estou achando que eles brigaram. Ele parece não querer a atender.

— Oh! Então nada de bisnetos ou casamento?

— Mamãe! Francamente, estou começando a concordar com Minato sobre a capacidade de avaliação de Naruto — suspirou longamente e então deu partida no motor. — Vamos sair logo daqui, logo minha casa vai estar dominada por garotos com seus temperamentos irritantes!

Mito puxou o cinto de segurança, o deslizando sobre si e travando-o.

— Sabe, seu marido deveria mesmo viajar menos e levá-la para jantar fora mais vezes. Que exemplo ele tá dando pro meu neto?

— Seu genro é ocupado na maior parte do tempo e não é como se ele estivesse viajando a lazer, é trabalho. Ele estava aqui, tínhamos um jantar com a tal Sakura, mas não deu certo. Foi algo meio de última hora... Agora ele está em Suna.

— Hm. Trabalho demais mata, não viu seu pai?

— Vou anotar isso – Kushina sorriu, embora o peito apertasse ligeiramente com coisas que apenas embaraçavam em sua mente.

Talvez devesse pedir mais calmantes ao seu médico ou antidepressivos.

(...)

A pista de patinação de gelo artificial estava cheia, em sua grande maioria, de pré-adolescentes e adolescentes naquele horário. Ela apertou seus patins, ajustando-os melhor e deixou-se deslizar para a pista.

Rodopiou lentamente, observando um Uchiha bastante fechado e travado vir atrás de si, resmungando algo sobre os seus patins e em como crianças eram irritantes. Isso a fizera gargalhar, o empurrando, ele a agarrou com o equilíbrio abalado, os levando juntos ao chão duro, gelado e doloroso.

— Malditos patins de aluguel! — Ele rosnou.

— Oh, não se sinta mal! Todos temos algo em que somos ruins — ela o provocou, ajudando-o a erguer-se.

— Eu não sou ruim nisso, são essas drogas de patins, tá legal?

— Precisa relaxar mais — ela piscou

— Oh, é claro! Você é a garota dos patins.

— Kiri. Todos os anos desde que nasci, férias de verão e inverno, frio pra caramba, avós que adoram os ducks assault!

—Claro — ele riu com zombaria, enquanto suas pernas se moviam ao patinar ao lado dela. — Joga baseball, hóquei, canta, atira, primeira da turma...

Ela sentiu as bochechas quentes, ao desviar o olhar para um grupo de adolescentes que pareciam se divertir. Além de serem do time descolado, tudo que ela não fora naquela mesma época.

— Muito ruim? — Ela murmurou, de repente, ao ser assolada pela ideia de que era mesmo esquisita.

As garotas que ela conhecia daquela fase estariam mais preocupadas com maquiagens, viagens de férias ou quantos sapatos poderiam ter, ou em quantas cores legais seus cabelos poderiam ser tingidos como na moda.

Ao invés disso, ela era a garota estranha que caçava nas montanhas, subia em árvores e estudava um pouco de ciência política ao participar de clubes no colégio. Também fazia atividades extra curriculares digna de mentes brilhantes como levantar fundos e apoios para canis municipais, limpeza de rios e nascentes, sistema de coleta organizada…

Oh! Ela era esquisita e isso pareceu lhe pesar um tanto. Ela apenas olhou de soslaio para Sasuke, que tinha o cenho franzido e uma pequena indignação formada nos traços a olhando.

— 'Tá brincando, né? — Ele a segurou no braço, a parando de frente a si. — Vou repetir pra ver se você entende: você joga baseball, hóquei, canta, atir primeira da turma.

— Estranha, nerd, tipo um garoto — ela riu sem muita graça. — Sasuke, eu tinha cabelos curtos até os doze e várias pessoas achavam que eu era um tipo de garotinho raquítico e Neji era o irmão que deu certo!

Ele gargalhou, a fazendo corar ainda mais. Estava tão intimidada com aquela conversa, mas apenas ele a agarrou.

—Ah, Hina! Um garotinho raquítico? Pegaram pesado.

— Você me via como esquisita.

— Nunca te vi como esquisita — ela o encarou. — 'Tá... um pouco esquisita, mas não pelas razões que você pode pensar.

— E por quais razões eu era esquisita pra você?

— Olha – ele desviou o olhar, sentindo a mesa virar. Agora ele estava intimidado. — Tudo que você precisa saber e entender é que, nesse momento, você é a garota mais fascinante que um cara poderia querer. Um tipo de garota que ele poderia falar de seu time de merda, mas também poderia falar sobre besteiras — deu de ombros enquanto ela mordia seus lábios, o avaliando com uma estranha gratidão pelas palavras, ao mesmo tempo que lutava para não ser arrastada por todas aquelas emoções que bagunçavam e balançavam seu coração. — Quero dizer que é uma garota legal e que qualquer idiota que tivesse o mínimo de cérebro e decência notaria isso. Se fosse ao menos um pouco, um pouquinho de nada, esperto, te amarraria a ele com cordas bem grossas.

Ela deu um risinho um tanto envergonhada.

— Isso soou bem maníaco — voltou a patinar.

— É... então podemos mudar de assunto e dizer coisas mais obscenas, como você me molestando pela manhã?

— E-eu não te molestei! — Protestou totalmente vermelha. — E depois, você que 'tava lá todo...

Ele a apertou entre seu corpo e a grade de contenção. Seus lábios pressionaram no ouvido dela.

— Sabe de uma coisa? Você arrastando sua bunda no meu pau daquela maneira essa manhã, me deu tanta vontade de... — ele afastou-se, deixando a sugestão no ar.

Ela estava ofegando e pressionava suas coxas malditamente. Seu coração cantava disparado em seu peito.

— Vontade de que, Sasuke? — Perguntou enquanto o via se afastar, rindo, malicioso.

Quando finalmente o alcançou no ringue de patinação, o agarrando por trás e o envolvendo, um flash os atingiu quando um dos caras que vendia aquelas fotos de recordação os flagrou...

Uma imagem, mil palavras e mais uma soma de recordações, tal qual as que eles haviam tirado no deck da praia mais cedo. Bom, agora, além de lembranças, ela teria algo a questionar com Tenten: que raio de relação tinha sua bunda, o pau de Sasuke e...

Quando a ficha caiu, ela mudou de vermelha para roxa. Não mesmo, nem em mil anos! Então os dedos dele tocaram a curva de suas costas e ela arrepiou-se. Talvez mil anos fosse tempo demais...

A voz dele a arrastou daquele abismo de negação e divagação.

— A gente precisa ir ou vamos nos atrasar para o jogo. Yahiko vai matar a gente.

— Sasuke — ela murmurou, envergonhada, à medida que apenas partiam

— Hm...

— Você quis dizer o que eu estou pensando que quis?

— Eu não sei o que está pensando — argumentou, enquanto forjava uma falsa desimportância no assunto.

— Não se faça de idiota! — Ralhou, ficando irritada e constrangida, o que o fez rir.

— Qual é sua dúvida, Hinata?

— O que você teve vontade?

Ele novamente a aprisionou, e, sinceramente, ela sentiu mesmo o ar faltando de seus pulmões e o calor irradiando todo seu corpo. Ela precisou levantar mais a cabeça para olhá-lo.

— Tenho vontade de muitas coisas com você... — o polegar deslizou sobre os lábios carnudos. — Vontade de foder sua boquinha, de descobrir cada tom que sua voz é capaz de alcançar gozando, vontade de fantasiar você e não menos importante... — ela engoliu em seco, com a boca dele tão próxima da sua — ...vontade de foder sua bunda. Por que não?

Ela abriu os lábios, mas nenhum som era emitido. Seu rosto estava tão quente quanto uma fogueira, suas pernas tremiam.

— S-sexo a-anal? E-eu não...

Ele a silenciou ao beijá-la. Afastou-se um pouco para sussurrar:

— Desejos, Hyuuga. Eu falei os meus, espero pelos seus também — ele estendeu a mão para ela.

Pela primeira vez naquele dia, eles enlaçaram os dedos e andaram de mãos dadas como se fossem apenas um casal normal. Embora ela estivesse quase certa que estava vermelha demais e muito trêmula, agora com uma sementinha da perversão plantada na sua mente.

Quer dizer, ela jamais daria aquele buraco, não mesmo... ou daria? Sasuke já tinha muito de si, ele não teria seu traseiro também.

(...)

Eles estavam muito mais que acostumados com aquela sala ou casa. Como amigos de velhos e novos tempos, os caras tinham uma certa liberdade na casa do Uzumaki. O jogo que marcaram de assistir juntos começaria em alguns minutos.

Sobre a mesa de centro, havia uma variedade de salgadinhos e petiscos, bem como algumas latas de cerveja enfiadas em um balde com gelo. Sai e Gaara se provocavam, enquanto Shikamaru estava em um canto da sala mexendo no celular ocasionalmente e dirigindo o olhar para os mesmos.

Naruto estava literalmente dividido entre os amigos. Às vezes participava da conversa e às vezes falava uma coisa ou outra com o Nara. Esse notou uma certa inquietude no Uzumaki e não hesitou em arrancar dele.

— Duas vezes — ele disse, sem levantar o olhar do seu celular, e ainda assim era capaz de ver perfeitamente o cenho franzido do loiro o encarando. — Seu celular acendeu. Mesmo silencioso, eu notei que era chamada e você recusou ambas... devo presumir que tem relação com o bolo que a sua namorada deu em você?

Naruto girou o aparelho entre os dedos e esboçou um sorriso entre arrogante e frustrado, quando o enfiou de volta no bolso de seu jeans. Não foi uma pergunta alta, mas fora feita exatamente no meio do silêncio da sala, durante o comercial pré-jogo passava.

Sai foi o primeiro a lhe lançar um olhar, seguido de um risinho malicioso.

— Problemas no paraíso? — Indagou o No Sabaku, virando um gole da cerveja e se sentando perto de Naruto. — É... aposto que sim. Sakura é uma mulher bem antipática.

Naruto riu nasalado, virando, logo após, um gole de sua própria cerveja.

— Não é ela, tá legal? Mulheres, no plural. Todas elas se tornam problema em algum momento na vida. Quer dizer, aos treze, você apenas pensa em seios, aos dezesseis em buracos e quando você tenta ser... — ele gesticulou, o dedo indicador apontou para qualquer lugar tão perdido quanto a divagação do loiro — ...ser um cara legal.

— Eu não quero ser um cara legal! – Gaara ditou, fazendo uma careta. — Eu quero viagens, um salário vantajoso, vadias gostosas e não precisar responder nada a elas. Quem diabo trocaria uma vida perfeita de solteiro por garotas?

— Sabe... eu não sou do tipo supersticioso, nem do que deseja mal... — Shikamaru acendeu um cigarro. — Aliás, eu sou sim. Sabe, Gaara, um dia ou você pega uma maldita DST que arrancará seu pau ou vai receber uma criança em um cesto na porta de sua casa com uma carta do tipo "te vira", de uma das suas "vadias".

O ruivo franziu o cenho, deixando evidente a sua indignação.

— Você é um homenzinho tão puritano e irritante, Nara!

Sai apenas gargalhou, rindo quase tanto quanto Naruto, e, após, ajeitar-se, ele falou:

— Não é puritano não, é tipo tesão reprimido. Yamanaka, hm?

— Cala a boca, Sai — murmurou Shikamaru sem olhá-lo, mas Naruto e Gaara tinham um sorrisinho provocante nos lábios.

— Ino Yamanaka? Delícia de espanhola se quer saber — provocou, gesticulando formato de seios à sua frente. – Aliás, podemos colocar a boca nessa lista também. Oh, Deus! Ela ama um pau, chupa igual uma...

— Cala a merda da boca, seu animal! — Shikamaru rosnou, exaltando-se pela primeira vez, tão longe do seu feitio que costumava ser tão calmo e analítico.

Viu o risinho de escárnio em Gaara. Era óbvio que o colega o estava provocando, ele adorava aquela merda.

— Qual o problema, Nara? — Desdenhou, abrindo outra lata de cerveja.

— Pega leve, Gaara — Naruto alertou, vendo uma pequena veia surgir na têmpora de Shikamaru.

— Qual é! Eu nem ligo em dividir, a gente deveria mesmo fazer isso.

— Eu topo — Sai falou e, imediatamente, jogou um dos salgadinhos na boca, recebendo um olhar irritado de Shikamaru. — Que é? Ela é uma puta gostosa! — Trocou um soquinho com Gaara, que ria da cena como um todo.

— Uma garota, Gaara. Já pensou nisso? Que ela é uma garota que tem sei lá... expectativas ou, de repente, sentimentos?

— Gostaria que ela tivesse sentimentos por você, né? 'Tadinho do Shikamaru! É o ombro amiguinho da peituda e nunca a fodeu — Sai gargalhou, recebendo o dedo do meio como resposta do Nara.

— Vocês são uns merdas — sorriu um tanto zombador. Então voltou a olhar para o celular, onde uma nova mensagem havia entrado. Logo, ele apenas bloqueou a tela e guardou o aparelho. — Deveriam crescer ou... crescer.

— Não vem de papinho ou fique com raiva – Gaara sentou ao lado de Shikamaru e agarrou seus ombros lateralmente. — Sou um merda vadio? Sou, mas meu sexo é 100% consensual. Se elas abre as pernas ou qualquer amiga dela, é porque elas gostam.

— É um alívio saber que meu amigo, além de um merda, não é um estuprador nojento.

—Viu só? A gente se entende.

— Pelo amor de Deus! — Shikamaru rosnou, o empurrando e se levando, indo para o mais longe possível para não correr o risco de socá-lo, ou seja, para cozinha.

Naruto o seguiu em meio a risinhos. Não se metia naquela picuinha, dava sempre alguma merda. Da última vez, fora seis pontos em Sai, mas não significava que o loiro era completamente indiferente. Então pegou uma cerveja long neck na geladeira e debruçou-se na ilha, encarando o melhor amigo.

— Não evitaria isso se apenas... sei lá, disse que é apaixonado por ela desde o primeiro ano? Quer dizer, ela nem se lembra que vocês se beijaram naquele festival de verão.

— 'Tava morta de bêbada. Ela não se lembrava nem do próprio nome, e foi ela que me beijou.

— Olha, admiro mesmo sua força de vontade e cavalheirismo por não se aproveitar de uma garota, mas poderia só falar.

— 'Tá vendo aquele bosta sentado no seu sofá? Ela é completamente apaixonada por ele. Sabe onde eu fico nisso?

— Na friendzone — Naruto riu, com provocação. — Você é muito idiota. Qual é a sua?

— Sei lá... talvez só queria estar lá quando ela acordar dessa merda, e descobrir que seu príncipe encantado é um lixo que a trata como deposito de porra.

Naruto assoviou longamente.

— Eu não perderia meu tempo. Você deveria tipo receber algum titulo de honra ou ser declarado o idiota da década.

Shikamaru sorriu com a ironia daquilo e limitou-se a responder:

— Acho que esse título é todo seu. Não restringiria apenas a década, mas ao século, talvez.

— Credo! Não sabe brincar, não desce pro play.

O loiro se jogou no sofá e logo sentiu o celular vibrar. Era uma mensagem, vinda de Kabuto, falando sobre o projeto deles e, naquele momento, foi inevitável para Naruto não pensar na Hyuuga. Um instante em um devaneio idiota que nem mesmo ele sabia de onde veio.

Primeiro ano de faculdade e era dia de são Valentim. Ele estava saindo do vestiário do treino com o time e Hinata estava à sua espera com uma pequena caixa em mãos. Ela era tão estranha e sempre toda corada perto de si e gaguejando.

Ele se lembrou da garota o estendendo a droga de caixa. Uma que ele nem agradeceu e apenas empurrou para o seu armário, quando ela fugiu. Levou um final de semana inteiro ali dentro para descobrir se tratar de biscoitos de chocolate com gotas duplas. O melhor cookie que ele já havia provado.

E pensar que, quando ele olhou a caixa assim que abriu o armário, a sua intenção era jogar aquilo no lixo. "Idiota!", a mente apontou sua frustração.

A música que marcava o início da transmissão do jogo finalmente soara alto o despertando daquele transe.