Capítulo Sete

Ao falar com os antigos colegas de trabalho, ela ficou um pouco mais tranquila sobre o estado de saúde de seu ex-chefe. Ele fora muito bom para ela, quando ela precisou de um emprego em Nova Orleans, depois da separação.

Elena se recordou de que fora Caroline quem fizera o arranjo. O cunhado dela, Elijah Mikaelson, era um cirurgião de renome no hospital e Caroline falou com ele sobre uma oportunidade para Elena. Ela conheceu o irmão de Klaus e a esposa dele, Gia, em um jantar na casa da amiga. Ela e Elijah conversaram um pouco e trocaram telefones. Ao final daquela semana, ela fora convidada para integrar a equipe de PS por Henry Rolland, o diretor geral.

Durante os vários meses em que trabalhara no hospital, Elena vira Elijah poucas vezes, mas sempre se sentira grata a ele pela chance de conseguir seu emprego. Ela se surpreendeu quando recebeu uma ligação dele pedindo que ela fosse a NOLA para que conversassem.

De início ela pensou que fosse algo sobre Klaus e ela, mas logo descartou esse pensamento. Klaus não era do tipo que permitia interferências em sua vida, ele fazia o que queria e quando queria. Depois ela passou a pensar sobre seu antigo chefe, sobre a saúde dele. Ela questionou Klaus, mas este fora vago e dissera que não sabia do que se tratava.

Por fim, a curiosidade venceu, aliada a oportunidade de ver Klaus novamente, e Elena dirigiu até Nova Orleans. Ela se encontrava agora no escritório da direção.

— Elena, como vai? Sente-se, por favor! — disse Elijah MIkaelson, os olhos astutos suavizaram ao fitá-la.

Elena gostara de Elijah quando o conhecera e do pouco tempo juntos no hospital. Ele era um grande profissional e um bom homem, honrado e sério. Ela morria de curiosidade quando se sentou e calmamente dobrou as mãos sobre o colo, aguardando que ele falasse.

— Henry não voltará — explicou o homem num tom sereno. — Falei com o médico dele pessoalmente, avaliei os exames. Se ele levar uma vida calma, evitar se estressar e não sofrer outro ataque, ainda poderá viver alguns anos. Mas não poderá voltar a trabalhar aqui no hospital, ainda mais em um cargo de direção. Terá que se aposentar mais cedo do que esperava. Wes Maxfield está sendo promovido ao cargo de Diretor Geral e eu ocuparei o cargo o vice-diretor. Dianne Freeman deixará o PS e assumirá a cirurgia geral em meu lugar.

Elena permaneceu calada, aguardando que Elijah continuasse. Ele se curvou para a frente na cadeira e explicou:

— Eu preciso de alguém para assumir o PS. Alguém experiente, competente e dedicado. E eu pensei em você.

Aquilo era uma surpresa.

— Você fez um excelente trabalho durante todo o tempo que esteve aqui. Todos falaram bem de você e de seu trabalho. Não tenho dúvidas de que você é a pessoa ideal para o cargo, mas sei que agora você tem uma vida em sua cidade natal. Peço apenas para que considere a proposta. Pense sobre. A escolha é sua.

Elena permaneceu calada, surpresa. Voltar para NOLA não estava em seus planos, não agora pelo menos. Mas ela tinha que concordar que era uma grande oportunidade em sua carreira, uma chance de crescer e prosperar, como ela sempre desejara. Além disso, estar em NOLA significava estar perto de Klaus. E embora eles tivessem decidido serem apenas amigos, isso era mais do que Elena esperou por toda a vida.

Enquanto retornava à Mystic Falls, ela ia pesando os prós e contras daquela mudança, isso se ela aceitasse. Ela pensou em sua carreira, na responsabilidade que teria, na visibilidade, em como seria bom para seu currículo. Também pensou na vida pacata que levava em Mystic Falls e em todas as lembranças que a cidade trazia. Passou a recordar o tempo em que vivera em NOLA, e se animou com a possibilidade de aproveitar mais a cidade, a comida, a noite, e Klaus. Quando chegava em casa, ela já tinha ideia do que iria responder a Elijah Mikaelson.

Assim que ela entrou em casa seu celular tocou. Ela sorriu ao ver que era Klaus quem ligava. Provavelmente, Klaus já sabia daquela proposta, pensou Elena.

— Olá, Klaus! — Ela tentou esconder a alegria de falar com ele, especialmente porque era ele quem ligava para ela.

— Gostaria que soubesse que eu fiquei muito feliz pela proposta de Elijah. Ele acabou de me contar. Eu tinha certeza de que você era a escolha perfeita para o cargo.

— Então você tem um dedo nisso?

— Só uma sugestão. Elijah estava falando sobre a organização dos cargos no hospital e estagnou quando chegou ao PS. Eu apenas o lembrei de que você trabalhou lá antes e que podia ajudar no caso de ele precisar de uma indicação na equipe. No entanto, ele imediatamente considerou você para a vaga.

— Bem, obrigada! — murmurou.

— Já está em Mystic Falls?

— Sim.

— Bem, irei até aí amanhã. Vou deixar umas coisas na casa da mãe de Caroline. Gostaria que saísse comigo para jantar à noite.

Elena não esperava que ele fosse a Mystic Falls tão cedo, eram várias horas de viagem. Além disso, não costumava marcar encontros durante a semana, já que não sabia quando precisaria ficar trabalhando até tarde. Mas ao ouvir o convite de Klaus, a precaução habitual voou pela janela. Ela queria passar mais tempo com ele.

— Claro, com prazer!

— Eu a pegarei às oito.

— Maravilhoso.

— Até, então!

Klaus e Eleja jantaram por três dias seguidos. Se não tivesse um jantar de negócios agendado para a sexta-feira, Klaus teria saído com ela todas as noites da semana. Ele ficara hospedado no hotel da cidade, embora tenha sido convidado por sua ex-sogra para ficar na casa dela.

Elena não questionava sua boa sorte. Simplesmente, desfrutava todos os momentos que passavam juntos. Lembrando-se que ele pedira apenas para serem amigos, tentava não dizer nada ou fazer qualquer gesto que ele pudesse interpretar como flerte, embora isso, às vezes, parecesse pouco importar, considerando os beijos que eles trocavam quando se despediam.

Quando Klaus lhe dava um beijo de boa-noite, o beijo leve acabava se prolongando, como se ele fosse inexoravelmente atraído pelo calor suave dos lábios dela. No instante seguinte, ela se achava presa entre aqueles braços fortes e se beijavam com o fervor contido de dois adolescentes. Mas não acontecia nada além disso. Klaus sempre se afastava antes de as carícias se tornaram mais íntimas, o que ela interpretava como falta de interesse da parte dele em terem um relacionamento mais sério. Ele parecia satisfeito com as coisas do jeito que estavam. Tinha companhia, conversa agradável, bem como o conforto de interesses compartilhados.

Elena desejava mais do que eles tinham agora. Queria tudo que ele tivesse para lhe oferecer, mas talvez ele já estivesse lhe oferecendo tudo que podia. Sabia que Caroline jamais saía da mente dele e sempre que falavam sobre ela, como inevitavelmente acontecia, a expressão de Klaus se tornava distante.

Klaus havia dito que iria retornar a Nova Orleans e Elena não pôde deixar de se sentir triste por isso. Ela gostava da companhia dele, desfrutava bastante da "amizade" que eles estavam desenvolvendo. Então a proposta de Elijah retornou a sua mente e ela pensou que talvez isso fosse um sinal divino de que ela devia ir para lá, tentar algo com Klaus.

No dia seguinte ela ligou para Elijah para informar da sua decisão.

— Eu não preciso pensar muito. Eu aceito o cargo. — Disse Elena.

— Tem certeza? Você terá que mudar para cá.

— Eu sei disso, mas é uma grande oportunidade que não posso perder. Estou decidida, eu irei.

— Bem, nesse caso, bem-vinda a equipe! Estaremos bastante em contato, visto que você será minha subordinada direta. Mas tenho certeza de que vamos fazer um ótimo trabalho. — Disse Elijah.

— Sim, farei o máximo que puder. — Confirmou Elena sorrindo para Elijah.

— Quando pensa em se mudar para cá? Vou dar andamento a sua contratação e assim que tiver uma previsão, peço que me informe.

— Claro!

Duas semanas depois Elena assumia o cargo de Diretora do PS no Hospital de Nova Orleans. Ela tinha se mudado alguns dias antes para um pequeno apartamento próximo dali e acreditava que havia tomado a melhor decisão. Ela e Klaus passaram a sair para jantar com frequência.

Klaus dava leves beijos nos lábios de Elena quando se encontravam, além dos intensos, mas contidos beijos de despedida. Ela pensou em sobre como as coisas estavam acontecendo tão rápido. Klaus e Nova Orleans não estavam nos planos dela tão cedo, mas estava acontecendo e ela queria se entregar, viver o que pudesse com o homem pelo qual estava apaixonada, além de aproveitar a oportunidade de trabalho.

Aquilo estava começando a parecer um relacionamento sério e não havia nada que a fizesse retroceder agora, que a impedisse de fazer o que queria. Pensou em Caroline e seus olhos se fecharam brevemente. Teria morrido no lugar da amiga, se pudesse. Mas ninguém tinha direito a fazer tal escolha. Klaus estava livre agora, física, legal e, porque não dizer, emocionalmente. E qualquer chance que pudesse ter com ele, não seria desperdiçada.