Desafio 100 temas: Tema 96 – Baseada na frase "Eu te amo".
Beta: Slplima, meu carinho, amizade e lealdade forever and ever! Obrigado amore, por mais uma vez aceitar betar uma de minhas loucuras!
Notas da Beta: Querida e talentosa amiga!
Esse capítulo foi tão encantador, de várias maneiras.
A persistência de Kardia é algo que enche a alma da gente de alento, pois que sim, ainda existem pessoas que amam simplesmente porque sentem o amor pulsar dentro de si. Sem barreiras, preconceitos e falsidade!
A dor e a tristeza de Dégel, sendo, aos poucos e visivelmente acalentados, pelas passadas rápidas e matutinas de Kardia a praça onde toca. A ansiedade do francês de revê-lo. O desejo de vislumbrar o quanto é querido.
E como foi lindo perceber que Dégel começa a se apaixonar também! Gradualmente se dá conta de que não pode mais viver sem a companhia do outro. Do grego atraente e charmoso.
Enfim, amiga, um deleite poder te ajudar a desenrolar esse enredo fascinante e cheio de amor. Obrigada por mais este presente e por confiar em mim para tanto,
Mil vezes parabéns! Você arrasou.
Fique bem.
Bjocas no seu coração.
Notas da Coelha: Eu confesso que esse capítulo ficou um pequeno salseiro em minha cabeça. Eu escrevi as partes separadamente, e na hora de montar, percebi que havia invertido tudo, e tive um trabalhão para arrumar tudo, e fazer os encaixes. Ficou bem focado em Kardia e Dégel, mas bem... a fic é sobre eles, não? Assim, espero que gostem do que irão ler!
Saint Seiya não me pertence, bem como as imagens utilizadas para as capas dessa minha fanfic. Todos os direitos são reservados aos criadores e seus fanartistas!
Música Inspiração: The last unicorn - America
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Como haviam combinado, na manhã seguinte, no mesmo horário de sempre, lá estava Kardia atravessando a rua. O loiro desaparecia por alguns minutos da visão curiosa do ruivo, e logo reaparecia, trazendo nas mãos os copos com a deliciosa bebida achocolatada quente.
O priori, Dégel pensou em reclamar com relação aquilo, mas sua boa educação no lhe permitiria fazer tamanha desfeita ao homem que a cada momento parecia, além de preocupado consigo, mais interessado em passar o pouco tempo que poderia estar dentro do estabelecimento à frente no calor do local a lhe fazer companhia na fria praça.
Apenas com uma troca de olhares se entenderam.
Aceitando o copo que lhe era oferecido, o ruivo se sentou confortavelmente no banco, tendo Kardia a seu lado.
- Como sempre o chocolate quente que Kostas prepara está divino! – Dégel murmurou ao mirar de soslaio ao grego.
- Sim, você tem razão! – concordou o engenheiro com um sorriso bonito a lhe iluminar o rosto. – Chegou com segurança em sua casa? – questionou como quem não quer nada.
- Oui! – respondeu sem titubear. Dégel sabia que o outro se preocupava consigo, e ter alguém que não era tão próximo a si querendo apenas o seu bem, parecia o fazer ligar seus alarmes e ficar na defensiva, por mais que já houvesse notado que Kardia não parecia ser igual aquela pessoa.
O simples fato de lembrar de quem lhe fizera sofrer tanto, quase o fez querer se recriminar em alto e bom tom, mas não seria legal com o loiro ser comparado com alguém tão vil e baixo. Sendo assim, o ruivo tentou guardar esses pensamentos em um canto qualquer, e prestar atenção ao que seu acompanhante lhe dizia.
O francês sabia que não podia generalizar, mas era muito difícil se abrir novamente. Havia feito um juramento! Algo tosco, como dizia Minos e até mesmo Albafica, mas ele era assim, e seus amigos tinham de respeitar sua vontade.
- Você parece um pouco distante hoje! – constatou Kardia ao lhe chamar a atenção.
- Impressão sua! – Dégel respondeu prontamente. E com o intuito de não precisar falar o que estivera matutando, bebericou mais um pouco de sua bebida, deixando o copo sobre o banco. Se esticando um pouco, pescou seu instrumento e voltou os olhos violáceos para sustentar os cerúleos que o miravam com maior interesse. – Escolheu algo para que eu toque para você? – e esperou um pouco.
- Na realidade eu até cheguei a escolher algo, mas que tal tocar algo que você gosta muito. Não me importo que seja popular ou mesmo clássico, apenas me surpreenda! – sorriu ao deixar a cargo do ruivo.
Com um olhar sonhador, Dégel se esticou mais uma vez, e plugando os cabos nas pequenas caixas anexas ao case de seu violino, mexeu em sua cintura, e uma melodia um tanto triste começou.
Fechando os olhos, o ruivo ajeitou o instrumento em seu local, e deslizando lentamente o arco sobre as finas cordas, começou a tocar a bonita melodia.
Kardia sabia que se Milo estivesse ali estaria louco para poder ter um teclado ou mesmo um piano para poder acompanhar ao ruivo. Csárdás de Vittorio Monti fora a primeira música clássica que o loirinho havia usado em sua primeira vernissage! E claro que todos da família iriam lembrar disso.
O engenheiro até pensou em pegar seu celular e começar a filmar aquele momento, guardá-lo para si apenas para poder ver o ruivo quando assim desejasse, mas preferiu não o fazer, não sem antes perguntar ao mesmo se assim poderia.
Não queria irritá-lo, apesar de que provocar um pouco seria um tanto excitante.
"Ah... melhor não!" - Kardia se repreendeu, desistindo de sacar o celular e fazer a filmagem, pelo menos naquele momento.
E nossa... como era deveras maravilhoso ouvir Dégel tocar! Seu talento era único, e ele se entregava as polcas, rapsódias e até mesmo ao popular, de uma forma que o grego só tinha visto em seu próprio irmão. E eles sabiam que talentos assim deveriam ser aproveitados de melhores maneiras. Claro, Milo ainda tinha muito o que aprender, mas Dégel já era um musicista de mão cheia. Assim, Kardia precisava persuadi-lo a tentar, quem sabe, fazer um teste para a orquestra de Vancouver mais uma vez.
Um talento nato não poderia ser desperdiçado nas ruas frias daquela cidade! O mundo deveria conhecer um talento assim, não deveria?
Com esses pensamentos lhe assolando, o loiro esperou até o final daquela rapsódia, para em seguida, depositar dentro do case algumas notas pela exímia reprodução de tão bela obra. Sem cerimonias ficou em pé, e com um aceno de cabeça mirou ao ruivo diretamente nos olhos.
- Tout simplement magnifique! (Tudo simplesmente magnífico!) – sorrindo, Kardia acenou antes de se virar para seguir seu caminho. Queria, na verdade, abraçar o francês, mas conteve seus ímpetos a tempo. Talvez, quem sabe, por isso estava evitando se despedir como queria. – Te vejo amanhã cedo, mon ami! (meu amigo!) – e sem olhar para trás foi embora.
Um tanto desconcertado ao guardar seu violino e notar a quantidade excessiva de notas deixadas, Dégel, de olhos arregalados, quis correr atrás de Kardia, mas se o fizesse poderia atrasá-lo para seu trabalho, pois tinha certeza de que se começasse a querer novamente devolver-lhe a quantia deixada em seu case, eles iriam se aferrar em nova acalorada discussão.
"Qual é o problema dele, afinal?" - perguntou-se, um tanto inquieto. Odiava não ter uma resposta tão simples. E odiava, ainda mais, não saber ler, nas entrelinhas, as reais intenções desse grego charmoso e cheio de sorrisos.
Bufando, guardou o valor no bolso interno de seu casaco e ao se voltar para o banco, novamente, sentiu que algo não estava bem. Parecia estar sentindo que algo tinha acontecido, mas não sabia dizer com quem.
Balançando a cabeça mais de uma vez, tentou acalmar seu coração. Se fosse algo com Camie, Minos e Albafica já teriam entrado em contato consigo. Deixando isso para lá, seguiu seu caminho logo após ajeitar suas coisas.
Aquele dia seria agitado e cansativo. Iriam tocar até um pouco mais tarde naquele noite! Precisava se preparar para aguentar tocar mais de três horas seguidas.
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Ao despertar naquele dia, o ruivo coçou os olhos e por um pequeno vão da cortina grossa se perdeu ao mirar a paisagem embranquecida.
O frio das manhãs estava fazendo Dégel repensar em suas idas as praças que costumava frequentar. A priori, sua teimosia parecia bater de frente com a obstinação de Kardia.
Pensar no que aquele engenheiro insistente lhe dizia com frequência, parecia, em tese, ser o mais correto a se fazer. Mas o que seria de suas contas sem o extra, que apesar de pouco, lhe ajudava e muito? E claro, ele gostava de estar ao ar livre, sentir a calmaria das manhãs, sentir os cheiros... e de forma alguma ele queria abrir mão do que havia conseguido. Obvio que ele nunca admitiria em voz alta que havia se afeiçoado a companhia daquele loiro atraente.
- Atraente? - ciciou, aturdido. Não compreendendo suas próprias emoções.
E balançando a cabeça rigorosamente, tentou afastar os pensamentos que começavam a afastá-lo de sua linha de raciocínio.
E suspirando exasperado, teve de concordar com o que sua mãe sempre lhes dizia: nem tudo pode e deve ser como a gente quer! Prova viva daquilo, acontecera naquela manhã mesmo, ao se encontrar com o loiro. Este se aproximara com o semblante um tanto preocupado, e deixando os copos sobre o banco, bem como sua sacola de tamanho razoável, invadiu o campo pessoal do musicista ao puxar, ousadamente, suas mãos desnudas bem próximas a seu rosto, quase unindo os corpos em sua preocupação descarada.
- Está muito frio hoje Dégel! – começara ao tentar, inutilmente, aquecer as mãos do ruivo ao esfrega-las entre as suas com firmeza, mas ao mesmo tempo com delicadeza. – Eu achei que pelo menos hoje você poderia ter ficado em sua casa! – ponderou ao sustentar-lhe o olhar penetrante.
- Non posso me dar a esse luxo! – o francês respondeu sem titubear. – Você sabe que tenho meus motivos, e Camus depende de mim! – fez questão de o relembrar daquele pequeno pormenor.
- Já lhe disse que posso ajudar! – Kardia puxou com um pouco mais de força as mãos do outro para que esse não desviasse seu olhar como estava fazendo naquele exato momento. Queria poder lhe ajudar mais, mas o teimoso musicista havia lhe permitido apenas pagar pelos desafios musicais, aos quais ele tocava algumas músicas no tempo que o loiro podia estar em sua companhia.
- Você já me ajuda e muito! – Deschamps respondeu um tanto envergonhado ao ter suas mãos postas tão próximas dos lábios do outro homem. O hálito quente aquecendo não somente aquela parte de seu corpo.
- Mas eu sinto que poderia fazer muito mais! – protestou ao controlar a vontade que sentia de o puxar para seus braços e o tê-lo ali, moldado ao seu corpo.
Definitivamente estava apaixonado por aquele homem misterioso!
Dégel sentiu-se um tanto incomodado. Havia jurado a si mesmo nunca mais se interessar por alguém, e até mesmo por isso havia se fechado! Mas como se afastar do insistente grego? Não queria o machucar, nem chateá-lo, mas tinha de fazê-lo compreender que ele não estava disponível, não da forma que o grego queria.
Era algo controverso!
Um sentimento confuso, pois tirando Minos e Albafica, Kardia era a primeira pessoa que se mostrava como um bom amigo!
- Você já me ajuda por demais! – Dégel retrucou. – E eu lhe sou muito grato! – e ao voltar seus olhos curiosos para o banco, sorriu um tanto sem graça. – Vão esfriar! – com um leve movimento de cabeça, indicou os copos no apoio.
Arregalando os olhos, Lykourgos finalmente pareceu se lembrar das bebidas fumegantes ali esquecidas.
Relutante, soltou as mãos do homem à sua frente, e pegou os copos, conseguindo notar que ainda estavam mornos.
- Creio que esfriaram um pouco. Desculpe! – lamentou, corado, ao entregar um ao ruivo.
- Tudo bem! Non tem problema! Afinal, non vamos desperdiçar o precioso chocolate quente, que monsieur Kostas nos preparou! – Dégel falou ao destampar seu copo e sorver um gole generoso da bebida ainda morna.
- Uma delícia, não? – perguntou Kardia ao também tomar um belo gole de seu próprio copo. Um pequeno sorriso surgindo em seus lábios ao reparar que o outro concordava consigo.
- Qual música gostaria de ouvir hoje? – Dégel perguntou com curiosidade. O que na verdade ele queria, era não deixar que o silêncio constrangedor tomasse conta de ambos.
- Na verdade, hoje estou com o meu tempo um pouco reduzido. Tenho de representar a empresa em uma reunião, algo como fazer as vezes de meu pai, e não poderei ficar por muito tempo! – comentou com pesar. – Assim, conversemos apenas! – e ao ver o ruivo com as sobrancelhas arqueadas, parecendo estar desconfiado de algo, completou. – Gosto de conversar com você! Tenho poucas pessoas que posso fazer isso, e você é uma delas, um amigo querido! – ciciou ao perceber que talvez poderia estar falando demais.
- Somos amigos? – balbuciou Dégel, um tanto confuso.
- Claro que somos! – Kardia respondeu prontamente. Seu coração bateu descompassado ao perceber como o violinista ficava mais enrubescido ao escutar aquilo.
- Amigos... – Dégel murmurou ao levar mais uma vez aos lábios o copo, e beber mais um pouco do seu conteúdo.
- Ouvi Milo conversando com seu irmão outro dia! – começou como quem não quer nada, e ao ter a atenção sobre si, continuou. – Meu irmão gosta de nos visitar no escritório, e ele levou Camus junto!
- Você conheceu meu irmão? – Dégel pareceu surpreso. – Quando foi isso? – perguntou. Seu semblante preocupado. – Camus non faz ideia que toco ao livre! Você non disse... – a voz foi morrendo na garganta ao notar as belas feições do loiro contrariadas.
- Eu não lhe disse nada! Disse sim que nos conhecemos, mas nunca disse ao seu irmão de onde seja! – Kardia respondeu prontamente. - Eles estavam falando a respeito da audição que terão em alguns dias, e eu estava me perguntando se poderíamos ir juntos, você quer? – e ficou no aguardo de qual seria a resposta.
- Camie me falou a respeito! – Dégel comentou. – Ainda temos tempo, e eu posso lhe responder depois, non? – perguntou incerto. Ele tinha medo de dar esperanças, e o principal, de começar a se interessar mais por aquele lindo homem!
- Está bem, mas já lhe adianto, eu não sou de aceitar 'não' como resposta! – gracejou o engenheiro.
Revirando os olhos, Dégel bebericou mais um pouco de seu chocolate. Ao perceber que o loiro ao seu lado estava checando as horas, se empertigando, deixou o copo sobre o banco, e ao fazer menção de buscar seu instrumento, parou ao sentir a mão de Kardia o segurando ao seu lado.
- Kardia, deixa eu pegar meu violino! – Dégel tentou argumentar.
- Sossega, Dégel! Eu disse que hoje só queria conversar com você! – Kardia sorriu, um sorriso jocoso, algo um tanto imprevisível e desconcertante. – Como vão as coisas em seu serviço? Você havia me dito alguns dias atrás que talvez o quarteto teria de se separar, e não me explicou realmente o por quê? – quis saber. – Se precisar de ajuda, sabe que pode contar comigo! – na realidade o loiro estava muito preocupado, quando Dégel resolvia falar era muito bom, e ter comentado sobre esse impasse em um de seus encontros musicais o deixou deveras agitado. O ruivo não merecia perder o emprego.
- Sim, eu sei, e lhe agradeço. – começou um tanto pensativo. – Os rapazes conseguiram outros locais para tocarem, eu ainda fui convidado a ficar no Hills. São apenas duas noites, mas já é melhor que nada! – dando de ombros, suspirou contidamente.
- Se precisar, sabe que estou aqui para lhe ajudar! Se souber de alguma coisa, prometo lhe avisar! – e para reforçar o que dizia, mostrou o próprio celular.
Demorara para o grego conseguir ter a troca dos números, mas assim que Dégel passara o dele, Kardia teve de se conter para não gritar de felicidade.
Todavia, se haviam se falado mais que três vezes por ligações e mensagens, havia sido muito.
- Eu prometo que se precisar non titubearei em lhe pedir auxílio! – prometeu solenemente o ruivo.
- Assim espero, meu amigo! – com um belo sorriso, Kardia por fim se colocou de pé. – Desculpe por ser corrido hoje, Dégel! Eu queria ficar mais em sua companhia, mas tenho mesmo de ir. Meu pai pode me esfolar se chegar tarde para a reunião! – e dando-lhe uma piscadela completou. – Vou aguardar com ansiedade sua resposta sobre ir comigo a audição de nossos irmãos! – e sem esperar por resposta, girou nos calcanhares, seguindo seu caminho assoviando uma melodia qualquer.
- Até amanhã, Kardia! – despediu-se Dégel ao vê-lo apenas acenar para si sem se voltar.
Levantando para ajeitar seu violino na case, o ruivo sentiu novamente aquela mesma sensação estranha que havia sentido no dia anterior. Olhando para todos os lados não viu nada que pudesse o colocar de prontidão, mas ao se virar para o banco, arregalou os olhos surpresos.
"Kardia esqueceu sua sacola aqui!" – pensou preocupado.
Aproximando-se do objeto esquecido pelo engenheiro, mirou seu conteúdo, e sendo acometido por sua curiosidade, pegou o pequeno papel dobrado sobre o que parecia ser uma jaqueta grossa de boa qualidade. Mordiscando o lábio inferior, abriu o que parecia ser um bilhete, e precisou segurar a respiração.
- Como assim para mim? – murmurou para si mesmo. – Kardia, seu maluco, o que está querendo fazer ao me dizer que esta jaqueta em perfeito estado estava guardada em seu guarda-roupas e achou... Ora! – grunhiu ao finalmente tirar a peça de roupa da sacola e observar melhor o tecido, a textura. Realmente, o grego tinha razão, ela parecia ser bem mais quente que sua velha e surrada jaqueta.
Mordiscando o lábio inferior, guardou-a com cuidado e ao bilhete junto. Odiava que os outros sentissem pena de sua situação, e gostaria de acreditar que o grego amalucado não tivesse feito aquilo por pena!
Guardando suas coisas que ainda faltava, o francês resolveu que era hora de trocar de ares por aquele momento!
Decidido, recolhendo todas as suas coisas, marchou para a estação de trens. Não era ingrato, mas não sabia como receber aquele gesto do grego.
Orgulhoso! Orgulhoso demais!
Antes, porém, de conseguir subir as escadas que o levariam para seu novo destino, sentindo em seu bolso seu eletrônico vibrar, pescou-o com rapidez, para assim tomar ciência que era um chamado de Albafica.
- Dégel, que bom que me atendeu! Estou já há algum tempo tentando te contatar. – a voz delicada mas com notas de preocupação o fizeram entrar em estado de alerta.
- Desculpa, Alba, eu estava tocando, o que aconteceu? – ele não precisava saber que estivera conversando e nem notara que seu celular havia vibrado várias vezes. Kardia tinha aquele poderio sobre si? Balançando a cabeça, tentou prestar atenção ao que o amigo lhe dizia e emendou rapidamente. - Camie, ele está bem? – preocupou-se ao parar abruptamente para poder conversar com o amigo.
- Camie está bem, não se preocupe, mas preciso que venha até aqui para falar com ele! – Albafica não gostava de fazer aquilo, mas quando seu pequeno hospede fazia molecagens, típicas da idade, ele preferia que o irmão mais velho lhe explicasse as coisas.
- Estou indo, e me desculpe se novamente ele tem causado problemas para vocês! – pediu ao voltar para a rua e parar no ponto de transporte urbano. – Estarei ai em poucas horas!
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Realmente, seu melhor amigo tinha razão! Ele iria ficar irritado!
Assim que Dégel chegou a simples mas bonita residência de Minos e Albafica, ele foi recebido pelo grego, que o levou para dentro onde pôde encontrar com o norueguês de longos fios platinados. Minos parecia mais calmo que seu marido, mas como o francês os conhecia muito bem, esperou para ser colocado a par do que o irmão mais novo havia feito daquela vez.
Aqueles três haviam estudado juntos na universidade. Ali todos eram musicistas, e apesar de terem seguido por carreiras diferentes, o francês não se sentia diminuído por estar à frente de um ex-componente da famosa orquestra de Rieu, e de um produtor em ascensão.
Ouvir o que os dois tinham para lhe contar, deixou Dégel um tanto preocupado e um tanto nervoso. Sabia que o irmão, assim como ele, não era de fazer muitas amizades, e assim, não queria o proibir de ver o único amigo. Prestara bem a atenção em tudo que o casal à sua frente lhe explicara, e entendia a preocupação deles.
Todavia, a conversa com o caçula dos Deschamps não fora muito boa. E aquilo o atormentara por deveras. Lembrara que muitas vezes, ele próprio, junto a Minos e Albafica, haviam feito estripulias, mas já não eram adolescentes. Tinham mais de dezenove anos quando tiveram o primeiro porre juntos, quando chegaram tarde nos dormitórios da faculdade, e não quinze anos! Ele tinha noção de que Milo e o irmão estavam ensaiando, que não haviam ingerido nada alcoólico, mas o ruivinho poderia ter avisado aos amigos que teria como voltar, onde estava e o que fazia!
Após uma longa conversa, e um pedido de desculpas aos donos da casa, Dégel pode suspirar aliviado. Abraçara forte ao ruivo que era definitivamente sua imagem ao espelho, e lhe sustentara os olhos avermelhados. Aquelas lindas íris rubras estavam entristecidas, e fora de cortar seu coração, mais uma vez ao se despedir. Todavia antes de sair mais uma vez para a rua, deixara um pouco de dinheiro com o irmão, e outro montante com os amigos.
Com um beijo estalado na testa do menor, Dégel pensou em se retirar. Mas ao passar pela sala, antes que pudesse deixar a casa, tivera nova conversa com Minos e Albafica, e estes lhe fizeram ver que nem todo mundo era igual ao seu ex Jean-Luc, e que uma boa ação não queria dizer que fora por piedade, pena ou qualquer outra tipo de sentimento que o ruivo não queria que sentissem por ele.
Sim, haviam conversado também um pouco sobre Kardia, e pelos dois amigos, Dégel deveria dar-lhe uma chance mesmo que fosse apenas para se tornar amigo do tal engenheiro. E que este aceitasse as coisas que ganhava! Principalmente a amizade que o outro homem estava a lhe oferecer!
E pensando melhor, seria muito falta de educação e tato não aceitar aquela linda jaqueta. Uma desfeita sem tamanho! E o francês não queria ficar com essa culpa nos ombros.
Mais tarde, naquele mesmo dia, ao deixar seu pequeno quarto na pensão em que se hospedava, saiu para ir tocar usando a bonita e quente jaqueta. A tira colo seu instrumento preferido, e claro, com novos pensamentos que tentava colocar em prática.
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No outro dia pela manhã, o violinista pensou realmente em não ir para a praça onde sempre se encontrava com o grego. Mas por mais que a razão lhe fazia pensar assim, a emoção bacorejava o trair. E realmente, parecia poder ouvir as vozes de Albafica e Minos.
"- Dégel não é bom ser sozinho!"
Primeiro fora Minos.
"- Minos tem razão, Dégel! Não queremos que você se atire nos braços do primeiro que lhe aparecer, mas se dê a chance de ter novos amigos, amigos que você permita estarem mais presentes em sua vida!"
Depois Albafica, como se quisesse lhe dar o tiro de misericórdia.
Claro que Dégel os entendia! Sabia que seus únicos amigos mais chegados, os que ele podia sempre contar, estavam a lhe dizer que precisava ter mais pessoas ao seu lado! E por mais que quisesse revirar os olhos, e deixar tudo isso para lá, não conseguia. Eles tinham razão, e sendo assim, lá estava ele, na praça e quiçá até mesmo com um pouco de ansiedade por já estar esperando o loiro que parecia estar atrasado.
Imerso ao som de uma nova rapsódia que estava a executar, quase perdera o compasso ao notar os olhos penetrantes que o miravam intensamente. Teria de parar de fechar os olhos em locais abertos, ou um dia desses poderia ter um dissabor!
Com um pequeno sorriso, indicou ao banco com um movimento pequeno de cabeça. Ao terminar de tocar, agradeceu a jovem que passava e parou um pouco para ouvir o final da execução e depositou uma cédula em seu case. Voltando-se para Kardia, deixou o violino repousar sobre o banco, e se sentou, ao mesmo tempo que aceitava o copo com a bebida que ambos gostavam.
- Bonjour! – Dégel ciciou ao desviar um pouco o olhar dos penetrantes de Kardia.
- Bonjour, mon ami! Comment ta le vous? – Kardia respondeu em seu fluente francês. Se tinha uma coisa que aquele grego tinha orgulho, era de saber falar muito bem a língua natal daquele francês misterioso e belamente turrão.
- Estou bem, obrigado! – Dégel respondeu em inglês. Estava surpreso em ver o grego usando e abusando um pouco de seu francês, que não se preocupara em lhe responder em sua língua natal. – Obrigado!
- Por quê? – Kardia bebeu um pouco de seu chocolate, tentando entender por qual motivo estava sendo agradecido. Ele até poderia desconfiar do que era, mas queria muito ouvir da boca do outro seus motivos.
- Sua jaqueta, ela é linda! – e para dar ênfase ao que falava, o ruivo deslizou uma das mãos pela manga da jaqueta negra, como se estivesse arrumando algum vinco.
- Não, agora ela é sua! – Kardia mirou-o de soslaio. – Eu lhe dei! E fico feliz que tenha ficado melhor em você do que em mim! – gracejou ao esticar uma das mãos e ajeitar melhor a gola da jaqueta para o ruivo. Sorrindo abertamente, o grego sentiu-se compelido em abraçar ao ruivo, mas conteve-se de imediato. Adorava ver-lhe com as bochechas levemente coradas.
Estava ficando, mesmo, muito difícil se controlar diante de tanto encantamento.
- Outro dia... – Dégel começou para disfarçar um pouco o que estava sentindo. Tinha certeza que estava com as bochechas rubras. E assim que notou que havia conseguido seu intento, prosseguiu. – Bem... outro dia eu toquei algo que gostava, hoje gostaria de saber se tem alguma música para me pedir, mas também lhe advirto para que não seja tão esbanjador comigo! Você já tem me ajudado muito, e não precisa ficar esbanjando seu dinheiro...
- Hei! Heiiii! Se eu deixei a quantia que for, é porque acho que você merece isso e muito mais! Assim sendo, se não me deixar pagar pelo que estou a lhe pedir, não vejo porque ficar exigindo ou solicitando algo de você! Veja como uma forma remunerada de te ajudar no que mais gosta de fazer... não seja obstinado, ou mesmo orgulhoso demais! – pediu por fim. – Aprendi a duras penas que não adianta nada ser orgulhoso ao extremo! – e deixou o que havia dito morrer.
O silêncio que se seguiu só foi quebrado pelo barulho do som provindo da case quase aos pés do ruivo. O som de um baixo e uma guitarra introduzindo a música que o francês iria executar.
Como bom amante da boa música, Kardia não pôde esconder a surpresa ao escutar, pela primeira vez, a Dégel executando uma música de tamanho sucesso! Nada mais e nada menos que 'Nothing else matters' do Metallica, que era uma das músicas favoritas do loiro.
E não tinha preço escutar aquela música sendo executada divinamente pelas delicadas cordas e hábeis mãos daquele homem ao seu lado.
Dégel, mais uma vez, tinha os olhos fechados ao executar com perfeição cada nota, cada movimento.
Kardia podia notar um pequeno sorriso de contentamento se desenhar naqueles lábios levemente rosados. Os mesmos lábios que almejava um dia poder sentir o gosto, a maciez e se embriagar em muitos beijos roubados... apaixonados!
Quando finalmente pôde ter as íris violáceas mirando-o com interesse, o loiro não pensou duas vezes em arrebatar a mão que segurava o arco para si, e sapecar com ímpeto um beijo sobre os nós dos dedos do musicista.
Espantando Dégel nem teve reação. Era uma sensação nova, ou que há muito havia sido esquecida. Uma corrente elétrica parecia percorrer seu corpo desde onde os lábios macios haviam sido depositados.
- Estupendo! – ciciou Kardia ao sorrir-lhe. E em um movimento rápido libertar-lhe a mão, pescando em seguida sua carteira, e retirando algumas cédulas desta.
- Non, Kar... – Dégel parou de falar ao sentir o toque rápido de dois dedos sobre seus lábios, e o deslizar da mão ousada para dentro de sua jaqueta, onde as cédulas foram parar no bolso interno.
- Aceite, por favor! E não pense errado sobre meu gesto. Não me recrimine e não pense mal de minha pessoa! – pediu ao falar rapidamente. – Se você não precisar de todo o valor, guarde-o! Nunca sabemos quando iremos precisar, uma emergência nunca anuncia sua chegada! – e dando uma piscadela para o ruivo, checando as horas em seu celular, Kardia se levantou de um pulo. Estava um pouco atrasado, mas valeria a pena chegar depois do horário. – Te vejo amanhã! Tenha um bom dia, Dégel! – e ao lançar-lhe uma piscadela, deixou-o apressado.
E assim, os encontros de no máximo uma execução de música, ou até mesmo de uma hora, foram acontecendo, estreitando mais a amizade de ambos, e da parte de Kardia sentindo-se mais atraído pelo charme que tanto o francês dizia não possuir.
Árias, sonatas, músicas eruditas, rock e até mesmo brincadeiras infantis se tornavam um belo som retirado das cordas daquele doce instrumento.
Dégel tinha o dom de deixar as manhãs mais alegres, não só de pessoas desconhecidas que passavam por ele, mas em especial a Kardia.
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O Natal havia passado!
O final do ano se aproximava, e com ele os dias pareciam ficarem mais frios. Kardia havia dado a Dégel um belo cachecol azulado e adorava vê-lo o usando. O azul destacava mais seus cabelos acobreados e sua pele de alabastro.
Queria muito que ele parasse com as idas para as praças, mas não havia conseguido! Assim sendo, não o deixava um dia que fosse sem sua presença.
E assim, lá estava ele, descendo a rua lentamente! Kardia já podia se imaginar sentado ao lado de seu querido violinista!
Com o coração aos trôpegos, não parecia que no dia anterior haviam estado juntos, e que o francês o havia surpreendido ao executar com primor a música que ele havia escolhido para que o mesmo tocasse.
Era estupendo ficar ao lado dele e ouvir-lhe tocar com delicadeza e, ao mesmo tempo, afinco aquele maravilhoso instrumento. Era palpável que Dégel se dedicava ao máximo, colocando sua emoção sempre unida a execução de cada nova música.
Simplesmente apaixonante!
E o engenheiro amava poder passar poucos momentos ao lado daquele homem que em tão pouco tempo havia conseguido o cativar. O que ele não daria por saber qual o motivo de tamanha tristeza, e até mesmo por isso, cultuava e guardava com afinco em sua memória cada sorriso, mesmo que pequeno, que a ele era direcionado!
Checando as horas em seu relógio, apertou um pouco os passos, ou teria muito menos de meia hora para poder ficar ao lado do ruivo. Pensava até mesmo em chegar mais cedo para aproveitar a doce companhia, mas sabia que se o fizesse, talvez quem sabe, o francês se incomodasse e isso era a última coisa que gostaria de fazer!
Assobiando uma melodia antiga, parou abruptamente ao notar, com certa euforia, que o ruivo, seu ruivo, como costumava pensar, executava a mesma melodia que vinha entoando.
Acenando com uma das mãos, atravessou a rua entrando no café do outro lado da rua, onde Kostas já o aguardava com dois grandes copos para viagem de chocolate quente com avelã.
- Hoje nosso amigo parece um tanto melancólico. – Kostas comentou ao devolver o troco para o loiro. – Desde que chegou tem executado músicas tristes, aconteceu algo?
Arqueando as sobrancelhas, Kardia ficou um tanto pensativo. Dois dias atrás eles haviam passado um tempo um pouco mais longo do que o costumeiro, e entre uma execução perfeita e outra, de vários estilos musicais, ele não havia notado nada de diferente. Muito pelo contrário, Dégel havia se soltado mais e até tinha deixado que Kardia o acompanhasse até a estação do SkyTrain!
- Talvez seja só impressão sua, mas vejamos se ele me diz alguma coisa, não? – Lykourgos murmurou, e antes de se afastar agradeceu a preocupação que o velho grego apresentara.
Ao atravessar a rua, aproximou-se lentamente do musicista, e a primeira coisa que pôde notar, fora o semblante entristecido do ruivo. Aquilo pareceu alarmá-lo terrivelmente. Todavia, ele não sabia como abordar o assunto.
Era surreal ver o ruivo tão mais entristecido do que ele se lembrava de já tê-lo visto. E aquele sentimento era quase palpável!
Muito, muito ruim! Desesperador até.
Kardia já havia notado que sempre que o homem à sua frente entoava melodias que mais gostava, que se envolvia nela avidamente também, deixando que sua alma fosse uma só com as cordas afinadas, com a melodia em si. E ele não demonstrava temor algum! Novamente era adverso tudo aquilo, tendo em vista que por muitas vezes seus olhos, os espelhos de nossas almas, diziam outra coisa!
Mesmo com tudo isso... as emoções pareciam inebriar a quem lhe ouvisse, a quem se desse a chance de poder parar pra ver uma exibição inteira, pois que acabava por se envolver.
Contagiante!
Era lindo!
Apaixonante!
Mas, por vezes, como naquele exato momento, o engenheiro gostaria de ser indulgente, e retirar o instrumento das mãos do francês, e o puxar para um abraço. Sem explicações, sem precisarem trocar uma palavra sequer. Apenas fazer, deixar seus corações se unirem em uníssono em uma única batida. E aquela vontade parecia o sufocar!
Mordiscando o lábio inferior, aguardou que a música terminasse, e sem nada dizer estendeu o copo na direção de Dégel.
- Pegue antes que esfrie!
- Bonjour, Kardia!
Se houvessem combinado, não haveriam de ser tão precisos ao se falarem ao mesmo tempo!
- Bom dia!
- Obrigado!
Risos baixos de ambas as partes se uniram mais uma vez ao demonstrarem tamanha sincronia.
Assim que Dégel acomodou seu violino em sua case, pegou o copo oferecido pelo loiro, deixando um pequeno sorriso surgir em seus lábios.
Kardia sentiu seu coração descompassar.
Já estavam se encontrando há algum tempo, e mesmo que muitas vezes poucas palavras tivessem sido trocadas, o grego sabia que havia conseguido muito, pois o francês empoado realmente não gostava de se abrir. Não gostava de falar de si, e fora um custo saber por acaso, que Camus, o melhor amigo de Milo, era o irmão mais novo que Dégel por vezes sempre falava. O que poderia ser considerado algo até mesmo esporádico, mas o loiro sabia que aquilo deveria só acontecer, pois o outro homem havia começado a confiar nele.
Mordiscando o lábio inferior, achou melhor deixar seus pensamentos românticos esquecidos um tanto, e não deixar que o mutismo de ambos viesse a estragar aquela manhã.
- A música que estava tocando antes...
- O que tem? – perguntou Dégel ao arquear uma das sobrancelhas. - É de um desenho antigo, eu creio que talvez você non o conheça. – comentou ao acaso.
Com um sorriso astuto, Kardia o mirou sustentando-lhe o olhar.
- Sim, claro que eu o conheço! – respondeu com euforia. – Quando era criança, eu adorava assistir, e acabei por incutir em Milo o gosto por ele também. – comentou com certo orgulho na voz. - Você estava tocando 'The Last Unicorn', não é? – perguntou mais para comprovar o que já sabia.
- Oui! A melodia é maravilhosa, e eu gosto muito da letra da música. Além é claro de ser um ótimo filme! – Dégel comentou ainda não acreditando que alguém além dele gostava daquela animação e de sua linda música tema.
Realmente, Kardia e ele tinham muitas coisas em comum! E aquilo até deixava um pouco Dégel curioso, pois queria saber até onde iriam essas coisas que compartilhavam.
- Você quer que eu a toque de novo? – perguntou ao pegar o violino, e assim que viu o loiro afirmar com um movimento de cabeça, recolocou o violino em seu local, e começou a melodia triste sobre o único unicórnio.
Ainda de olhos fechados, Dégel os abriu rapidamente, pois não esperava que o engenheiro tivesse uma voz tão bonita e que lembrasse da letra de uma música antiga!
Ao parar de tocar, o musicista parecia mais surpreso ainda.
- Desculpe, eu não pude resistir...
- Non! Non se desculpe! – pediu quase ao tropeçar no que dizia. – Sempre que quiser, pode me acompanhar se souber a letra! – com um sorriso pequeno o ruivo novamente foi pego de surpresa, ao ter um beijo rápido sapecado em seu rosto.
- Obrigado pelo música, Dé-gel! – Kardia lhe sorriu e sem mais nada dizer, colocou algumas cédulas no case do violino e se levantando, ajeitou sua roupa para poder seguir para o escritório. – Preciso ir, meu amigo! – chama-lo daquele jeito pareceu revolver suas entranhas, mas o que o grego poderia fazer? Ainda não conseguia acreditar que não fora empurrado por ter lhe dado um beijo mesmo que no rosto, e o melhor seria não abusar, não é?
- Nos vemos amanhã? – perguntou o francês como quem não queria nada.
- Sim, nos vemos! Apenas tome cuidado com esse tempo mais frio, ok? Não seria legal que você ficasse adoentado! – preocupou-se Kardia.
- Agradeço sua preocupação, Kardia! Quase non fico doente! – respondeu Dégel ao lhe acenar em despedida.
Com um suspiro resignado, o ruivo viu quando o outro homem se foi para cumprir com suas obrigações.
Checando as horas em seu relógio, suspirou mais uma vez. Precisava organizar suas coisas para seguir para outro lado. Esperava conseguir um pouco mais de dinheiro antes de voltar para o quarto alugado.
E assim o fez!
Dégel não queria admitir, mas assim que Kardia o deixava, a manhã parecia ficar um pouco sem graça.
Bufando, fechou a case de seu violino e com um olhar vago para o café do outro lado da rua, acenou para quem ele achou ser Kostas parado na janela, e se foi!
Quando a última lua aparece
Sobre a última estrela da manhã
E o futuro é passado
Sem mesmo um último aviso despreparado
Então olha para o céu onde pelas
Nuvens um trajeto é formado
Olhe e veja como ela brilha
É o último unicórnio
Eu estou vivo! Eu estou vivo!
The Last Unicorn – America
oOoOoOo
Lembretes e Explicações:
Csárdás: é uma composição musical do compositor italiano Vittorio Monti.
A rapsódia escrita inicialmente em 1904, baseada no folclore húngaro, foi originalmente composto para violino, bandolim ou piano.
Título alternativo - Czardas Ano/Data da composição - 1904 Primeira publicação - 1904 Dedicação - Juliette Dantin Duração média - 4 minutos Período histórico do compositor - Romantico
Instrumentação Solo: violin Orchestra: piccolo, flute, 2 oboes, 2 clarinets, 2 bassoons, 4 horns, 2 trumpets, 3 trombones, timpani, harp, strings – by Wikipédia
Rieu: Sim, é uma clara declaração ao quanto amo esse musicista, André Rieu patrono da Johann Strauss Orchestra. A Johann Strauss Orchestra é uma orquestra holandesa. A orquestra foi fundada como um grupo de doze membros em 1987 pelo maestro e violinista André Rieu. Mais tarde, a orquestra foi expandida e passou a conter entre quarenta e cinquenta membros.
Nothing Else Matters (Metallica) watch?v=sjLyRTwaEp4 executada por Golden Salt
The Last Unicorn: é um filme de 1982 produzido por Rankin/Bass para a ITC Entertainment e animado por Topcraft. O filme é baseado no livro homônimo escrito por Peter S. Beagle, que também escreveu o roteiro do filme. By Wikipédia
The Last Unicorn watch?v=lWBDdLkSE7Y Violin concert e a versão original do grupo America watch?v=vexkyaz2Hr4
Momento Coelha Aquariana no Divã:
*arrumando o capítulo novo para ir ao ar, e ouvindo David Garret e sua versão com violino de Viva La Vida do Coldplay*
Kardia: *desacreditando do que está lendo por sobre o ombro da loira. O queixo caído, quase embasbacado se assim podemos dizer*
O que foi bichinho? *percebendo o demonho logo atrás da cadeira* Está gostando do que estou escrevendo?
Kardia: Você está melhor? *colocando a mão sobre a testa para aferir febre*
Heiii... tira a mão daí, seu doidivanas! Eu ainda não estou bem de tudo, mas esses dias eu consegui embaralhar esse capítulo todo, e depois desembaralhar... Então, pega leve!
Kardia: Dégel! Traz um chá gelado de camomila pra Coelha! Não, eu mesmo vou pegar! *saindo correndo*
Camomila? Chá? Hein? Acho que talvez eu deva ficar doente mais vezes! *sorriso de lado*
Olá! Obrigado a você que chegou até aqui! Eu realmente ainda não estou muito bem com as crises de ansiedade, e de uns tempos para cá, percebi que ela tem alterado um pouco minha pressão que é normal! Então, tenho me concentrado e cuidado ao máximo... Agradeço de coração quem ainda está me apoiando, nesses dias escuros, eu não tenho consigo nem conversar direito... só querendo ficar quieta no meu canto, e pra mim é uma vitória ter consigo, mesmo que me atrapalhando ter escrito esse capítulo, assim, saber que ainda tenho pessoas por ai, fico muito feliz!
Merci!
Até meu próximo surto!
Bjs
Theka Tsukishiro
