Bom final de semana! Espero que esse capítulo seja motivo de distração e risos e ajudem vocês a relaxar.


Capítulo 07

House sabia que ele precisava de um anel de verdade, mas ele era péssimo para comprar esse tipo de coisa. Wilson poderia ajudá-lo, experiência não faltava afinal, mas ele não queria envolver Wilson mais ainda nesse assunto.

House se lembrou de que Blythe ofereceu um anel de família quando ele estava com Stacy, apesar da senhora não gostar de Stacy. Mas House recusou dizendo que jamais se casaria, e de fato ele nunca pensou em oficializar seu relacionamento com ela, embora tenham ficado juntos por cinco anos. Mas ele não queria envolver a sua mãe também e tampouco queria um anel velho, ele sentia que Cuddy merecia mais e melhor.

Então ele começou a pesquisar no Google quais eram os melhores anéis, melhores lojas. Encontrou uma em Nova Iorque que parecia interessante. Mas como ele iria até lá sem levantar suspeitas?

"Cuddy".

"House, tudo bem?". Ela estranhou a ligação que ele fez para o ramal dela. Ele nunca fazia isso, ele sempre invadia a sala dela quando tinha algo para falar.

"Sim, só pra avisar que eu precisarei sair durante o meu horário de almoço. Não demoro mais do que alguns horas".

Ela franziu a testa. "Aonde você vai?".

"Isso é uma pergunta da minha chefa ou da minha namorada?".

"Da sua noiva e da sua chefa".

"Bom... Para minha chefa eu diria que é pessoal. Para a minha noiva eu diria que preciso ir até uma agencia bancária em Nova Iorque resolver uma questão antiga".

"Você irá pra Nova Iorque no seu horário de almoço?".

"De moto eu chego lá em quarenta minutos".

"Você não vai de moto!".

"Vamos Cuddy, eu sei o que estou fazendo".

"Lembro-me bem de quando você caiu de moto anos atrás indo justamente para Nova Iorque".

"Eu estava voltando de lá, e um idiota me fechou".

"Você quer me deixar preocupada? Ótimo, você conseguiu".

"Por favor, mãe!".

"E que assunto de banco é esse? Por que tanto mistério?".

"Não há mistério, é uma conta corrente antiga que preciso fechar".

"E por que fazer isso hoje?".

"Por que não? Uma hora eu tenho que resolver isso. E eu não tenho paciente hoje e não é como se as agencias bancárias funcionassem fora do horário comercial".

"House... Chame um táxi".

"Confia mais no táxi do que eu mim?".

"Vá com o meu carro então".

"Eu vou de moto e ficarei bem, prometo!".

Cuddy bufou contrariada. "Se algo acontecer a você eu te mato!".

Ele sorriu e desligou. Etapa um completa. Agora faltavam só as outras duas etapas.

Poucos minutos depois ele deixou o hospital a bordo de sua moto, mas antes passou na casa de Cuddy. Estava vazia, já que Rachel estava na escola agora. Ele pegou a chave do esconderijo dela e abriu a porta. House precisava de um anel para ter a medida exata do dedo dela. Mas ela tinha alguns anéis, então ele forçou a mente para se lembrar qual deles ela costumava usar no dedo anelar. "Esse!". Ele sorriu satisfeito quando se lembrou.

House colocou o anel no bolso e seguiu rumo à Nova Iorque.

Quarenta e cinco minutos depois ele estacionou em frente à Forever Diamonds NY.

"Posso te ajudar, senhor?".

"Oh, boa tarde. Eu preciso de um anel de noivado".

"Oh, parabéns!". A mulher disse sorrindo. As vendedoras eram lindas e extremamente bem maquiadas e vestidas, House pensou que aquilo custaria caro. Muito caro.

"Temos algumas opções, venha que eu te mostro nosso mostruário exclusivo".

'Exclusivo', palavra que sempre encarecia qualquer coisa.

House olhou e ficou em extrema duvida. "Wow são...".

"Lindos não?".

"E caros!".

A vendedora sorriu. "São joias de extremo bom gosto para o momento mais especial da sua vida".

House riu, obvio que esse papo devia ganhar muito cliente. Por que alguém sonha em andar com um anel desses? E se alguém cortasse os dedos da mulher para levá-lo?

"Eu acho que esse combina com ela". House pegou um em mãos.

"Ótima escolha, esse é fabuloso!".

"Você diria isso para qualquer escolha que eu fizesse".

A mulher sorriu. "Obvio que sim, mas não diria fabuloso. Talvez: lindo, chique, elegante".

"Você quer me dizer que esse é o mais caro?".

"Não. Mas é também o meu preferido".

House riu, era impossível discutir com aquela mulher. Afinal, ela fazia isso para viver.

"Você pode criar o seu próprio anel, exclusivo. Ou optar por esse como está".

"Eu acho que Cuddy gostaria de um exclusivo".

"Cuddy é a felizarda?".

"Eu não diria isso". House riu. "Diria que ela é corajosa".

A mulher riu. "Você gostaria de ouro branco ou amarelo?".

"Definitivamente branco".

"Ok. É um começo".

"Diamantes ao redor do aro?".

"Sim".

"Quantos?".

House fez algumas contas mentalmente e se lembrou de que se conheceram em 1987. Isso seria 24 anos.

"24 diamantes".

"Excelente".

"E quero esse modelo. Ela é médica e não pode ter um anel com muita altura por razões obvias".

Ele optou por um modelo com um grande diamante central, mas em uma altura baixa, assim ela não precisaria retirar o anel para fazer alguns procedimentos.

"Não que ela seja médica... Ela é mais administradora". Ele falou bem humorado.

"Ela deve ser uma mulher e tanto para administrar um hospital".

"Sim, ela é". Ele disse com olhos tão brilhantes quanto os diamantes.

"Vai ficar belíssimo!".

House sorriu. Se fosse pra custar o olho da cara, que pelo menos ficasse perfeito.

"Você quer alguma escritura gravada na parte interior do anel?".

"Oh...".

"Temos algumas sugestões".

"Que tal...". House pegou um papel para escrever. "Sempre foi você!".

"Lindo!".

House riu. Essa mulher era treinada para ser agradável o tempo todo, como deveria ser o treinamento que elas recebiam?

"Agora precisamos do tamanho...".

"Aqui". Ele entregou o anel de Cuddy.

"Excelente! Um homem preparado é tudo. Vamos confeccionar o seu anel exclusivo, ele ficará pronto em uma semana".

"Uh... Ok. Agora você vai me dizer o valor e me matar do coração?".

A mulher riu uma risada elegante. "Você não se arrependerá, é algo pra sempre".

"Nem sempre...".

"No seu caso será, tenho certeza disso".

"Ok, você quer conhecer meu amigo? Ele também é otimista assim e já se divorciou várias vezes".

House deixou boa parte do limite de seu cartão de créditos naquela loja. Ele só esperava que Cuddy gostasse do anel.


House chegou em Plainsboro perto das quatro horas da tarde.

"Finalmente!". Cuddy foi encontrá-lo perto do elevador.

"Eu sai daqui à uma hora da tarde. Disse que levaria algumas horas. Vim rápido".

"Eu fiquei angustiada aqui até agora".

"Desculpe por se preocupar a toa, mas eu estou bem".

"Resolveu o assunto no banco?".

"Oh sim. Conta encerrada".

"Ótimo".

"Deixe-me ir mamãe!". House falou entrando no elevador.

Cuddy achou tudo muito suspeito, mas daria um voto de confiança para ele, afinal, como seria diferente? Como ela viveria com duvidas e desconfianças assim? Mas uma coisa era certa, ela precisava arrumar um paciente para ele com urgência.

House não precisaria voltar à Nova Iorque para buscar o anel, eles enviariam para ele. No valor já estava incluso o frete de entrega, também depois de pagar uma fortuna por um anel...

O resto do dia transcorreu rapidamente e logo ele se viu entrando na casa de Cuddy e levando com ele uma mala de roupas. Ele realmente estava começando a se mudar pra lá oficialmente, era tudo tão perturbadoramente rápido. Noivado, mudança. Ele sentia que não tinha controle do carro ribanceira abaixo, mas, de alguma maneira bizarra, aquilo era reconfortante.

"House!". Era Rachel que correu para recebê-lo.

"Ei menina".

"Mala?".

"É... Eu trouxe algumas roupas".

"Vamos ver os carros grandes e malvados de novo?".

"Pra você não dormir de noite depois? Eu passo".

"Eu quero ver os carros grandes". A menina fez bico.

"Só quando você crescer". House explicou.

"Mas eu sou grande".

"Muito grande…". House riu.

Cuddy sorriu quando o viu carregando a bagagem.

"Eu te ajudo".

"Não precisa".

"Deixe no meu quarto. No nosso quarto". Ela se corrigiu.

"Ainda é o seu quarto Cuddy... Eu não quero tomá-lo de você".

"Você não toma nada, eu quero que seja seu também. Quero que você se sinta em casa aqui. Inclusive...". Cuddy abriu uma gaveta na cozinha. "Tome!".

"Uma chave?".

"A chave de casa. É bom que você tenha uma com você, afinal, suas coisas estão aqui".

"Algumas coisas".

"Você pode ir trazendo o que precisar".

"Uh... o meu piano?".

"Arrumaremos um espaço se você quiser".

"Sério?".

"Qual o problema?". Ela fingiu naturalidade, mas por dentro Cuddy estava completamente aterrorizada. Ela estava propondo morar junto com House sem dizer exatamente essas palavras, mas ele não era bobo, claro que não.

"House, vamos brincar?".

"Depois Rachel".

A menina fez bico.

"Eu prometo que brincaremos mais tarde".

"Você lê pra mim?".

Cuddy sorriu com a fofura daquela cena.

"Sim, eu leio pra você".

"Eba!". A menina comemorou.

"Ela falou o dia todo sobre os carros grandes". Cuddy disse.

"Eu já aprendi a lição". House falou.

"Ela gostou, mas ficou impressionada". Cuddy tentou consertar a situação, pois ela pensou que havia sido muito rude no dia anterior. "Talvez quando ela for mais velha possa entender melhor".

"Ok".

"Eu vou pedir um gnocchi de ricota pra mim e fettucini para Rachel. O que você quer?".

"Aonde você vai pedir isso?".

"No Battello".

"Oh, eu gosto do bife à parmegiana com batatas que eles têm".

"Ok". Ela respondeu sorrindo e ligou para pedir o jantar.

Eles comeram e falaram sobre assuntos aleatórios. Cuddy estava especulando sobre Nova Iorque.

"Não é nada demais Cuddy, eu fechei uma conta corrente que não uso há séculos".

"Por acaso é uma conta corrente em conjunto?".

"O quê?".

"Há alguns anos, quando eu te contratei, eu vi que você tinha uma conta corrente em conjunto com Stacy".

"Oh...".

"Era essa conta, não era?".

House não esperava por isso. De fato havia uma conta corrente com ela que foi fechada anos atrás.

"Não, não era aquela conta".

"Mas vocês tinham uma conta corrente juntos. Vocês pensavam em se casar?".

House respirou fundo e se arrependeu profundamente de ter inventado essa história que envolvia contas correntes.

"Como você soube dessa conta corrente?".

"Estava no seu cadastro".

"O número da conta, quer dizer que a grande reitora investiga os detalhes mais íntimos dos funcionários contratados?".

"Não... eu...". Cuddy não sabia o que dizer, pois ela havia pegado a ficha dele do RH para olhar com detalhes tão logo ela o contratou. Cuddy não fazia isso com ninguém, ele foi a exceção, pois ela sempre teve um crush por ele.

"Cuddy, eu fico lisonjeado que o seu interesse por mim te levou a pesquisar detalhes da minha vida na época. É um pouco esquisito, meio perseguidora louca, mas...".

Ela corou. "E você que já olhou o meu lixo. Ou você acha que eu não sei?".

"É diferente".

"Diferente?".

"Eu sou um maníaco louco assumido".

Cuddy riu. "Não mude de assunto".

"Há décadas atrás eu e Stacy abrimos uma conta corrente em conjunto para guardar dinheiro e conseguirmos comprar uma casa maior. Quando terminamos o nosso relacionamento nós fechamos a conta meses depois. Na verdade eu fui a agencia e saquei o que considerava ser a minha parte e tirei meu nome. Não sei se ela manteve a conta aberta até hoje".

"Vocês não falavam em casamento?".

"Não".

"Por quê?".

"Porque nem eu e nem ela tínhamos planos de nos casar".

"O que é casamento?". Rachel perguntou.

"Oh querida. Casamento é quando duas pessoas querem ficar juntas pra sempre, então elas se casam".

House não concordava muito com aquela definição, mas não iria contestar e arrumar confusão.

"Você e papai são casados?".

Os dois olharam pra ela sem entender.

"Papai? Quem é papai queria?".

A menina apontou para ele. "House!".

Ele engasgou e começou a tossir.

"Oh meu Deus! House!". Cuddy foi ajudá-lo. "Respire! Calma!". Ela batia nas costas dele e Rachel gargalhava achando graça de tudo.

Minutos depois House, com lágrimas nos olhos devido ao engasgo, foi ao banheiro se recompor.

"Tenha calma House, ela é só uma criança e não sabe o que diz".

Quando ele voltou, Cuddy o recebeu com um sorriso acolhedor.

"Está melhor?".

"Sim. Vivo ainda".

Eles terminaram a refeição e House ficou brincando um pouco com a menina. Antes disso eles viram o vídeo de segurança que Cuddy havia salvo no laptop, realmente não havia como identificar ninguém abrindo a porta da sala de House. Cuddy mantinha a ideia de que aquilo era um fenômeno sobrenatural.

Depois ela lavava a louça enquanto isso e pensava que a filha dela era implacável. 'Ela não é a minha filha biológica, mas não poderia ser mais parecida comigo'.

Continua...