Capítulo 10
Ele entrou na sala dela sem bater. "Que história é essa sobre você e outro homem?".
"Oh Deus! Sério que as pessoas estão falando disso?".
"Explique-se!".
"Sente-se!".
"Eu prefiro ficar em pé".
"Não aconteceu nada, House. Não vamos fazer uma tempestade em um copo de água. Sente-se, por favor!".
Ele obedeceu desconfiado.
Cuddy explicou tudo.
"Esse idiota está aqui no hospital ainda?".
"Com certeza ele já foi embora. House, eu lidei com ele. Deixei claro que eu não tenho interesse em ter nada com ele porque eu estou feliz com o meu noivo". Cuddy falou isso enquanto se levantava. Ela fechou as cortinas da sala e virou para encará-lo. "Eu te amo e não me interessa nenhum outro homem".
"As pessoas vão falar". House referiu-se as cortinas fechadas.
"Você se importa?".
"Você sabe que não sou eu quem me importo".
"Eu tampouco. Se as pessoas falam de qualquer maneira, que falem que eu estou fazendo sexo com o meu noivo. Pelo menos chega mais perto da realidade".
"Nós faremos sexo?".
"Sim".
"Sério?".
"Sim, só não aqui e agora".
"Cuddy...".
Ela se aproximou dele e o beijou com ternura. "Nunca duvide de mim".
"Eu não...".
"Eu tive muitos anos para ficar com homens aleatórios, mas nenhum deles era você".
House sorriu. "Ok. Mas se esse Mike voltar...".
"Eu vou chamar os seguranças".
"Me chame também, por favor".
"Tudo bem, eu te avisarei se isso acontecer".
House voltou para a sua sala.
"Dessa vez vocês guardaram o sangue do paciente? Ou venderam para outra seita demoníaca?". Ele perguntou bem humorado.
"Acho que não há problemas no paraíso". Chase falou para os colegas.
"Só há um problema: Taub e seu membro pequeno".
Todos riram.
"Eu não fiz nada demais, eu só falei algo que ouvi...".
"Da próxima vez lave a boca pra falar de Cuddy".
"Uhhhh...". Os outros instigaram uma discussão, como adolescentes fazem.
"Se você confiasse tanto nela não teria ficado tão abalado". Taub disse e todos arregalaram os olhos esperando pelo pior.
House riu sarcástico. "Você não tem ideia do que eu fui fazer".
Olhos curiosos.
"Eu não direi mais nada... Vamos... Paciente morrendo".
Logo a notícia de que House e Cuddy fizeram sexo na sala dela se espalhou. Além disso, mais tarde Taub estava no restaurante almoçando com os colegas e encontrou um cartaz com uma foto dele e seu número de telefone:
Procuro especialistas em aumento peniano, já tentei de tudo sem sucesso.
Todos riam ao olhar pra ele.
"Eu mato House".
"É melhor parar com essa briga ou você vai perder muito mais". Chase o orientou, mas antes tirou uma foto do cartaz.
"Eu me pergunto, como House fez isso tão rapidamente?". Treze perguntou divertida.
"É verdade, Taub? Sobre você sabe...? O tamanho e tudo mais?". Masters questinou.
"NÃO!".
Todos riram.
Cuddy entrou e viu imediatamente o cartaz, ela já sabia quem seria o autor daquilo. "Manutenção, por favor, tire aquilo imediatamente".
"Sim, Dra. Cuddy".
"Taub, eu não sei nada a respeito, mas imagino que alguma razão deva existir para isso. Tome mais cuidado nas próximas ocasiões". Cuddy falou o deixando encabulado. "Filtre melhor o que você ouve, ou você pode realmente ter um problema com isso... Sabe... Existem muitas maneiras de se perder um membro".
Todos arregalaram os olhos.
"Wow!". Chase disse.
"Olha, se ela fosse homossexual, bissexual, House teria um problema comigo". Treze falou divertida.
"House eu preciso ir a um jantar com alguns amigos". Cuddy falou na noite seguinte.
"E você quer um passe livre?".
"Não. Eu quero que você vá comigo".
"Realmente?".
"Sim, mas por favor não haja como das últimas vezes em que você saiu com algum amigo meu".
Ele riu. "Você acha que eu vou te fazer passar vergonha?".
"Eu me lembro como foi nosso jantar com um casal de amigos. Você o humilhou".
"Ele era um idiota, ele acreditava que o homem nunca havia pisado na lua. Que o que vimos era um tipo de holograma. Eu odeio essas pessoas que acreditam em todas as teorias da conspiração ao invés de acreditar na ciência".
Ela respirou fundo. "Nem todo mundo vai concordar com você sobre tudo".
"Eu sei disso, nem todo mundo é perfeito, mas não precisam ser estúpidos".
"House, você poderia tentar ser mais flexível, sociável e paciente dessa vez?".
"Wow, você quer uma pessoa diferente de mim então".
"Não eu quero você só que com essas moderações".
"Resumindo: uma pessoa diferente".
"Vamos House. Um jantar, não será tão ruim".
"Quem é o seu amigo?".
"Peter e sua namorada Tina. Lana e Ashley".
"Se eles são tão amigos seus porque eu não os conheci antes?".
"Eu os conheci no curso de mergulho e falamos eventualmente".
"Ok, então eventualmente eu tenho que sair com eles?".
"É só um jantar"
"Ok".
"Ok?".
"Ok".
Na noite seguinte eles estavam prontos para o jantar.
"O que você fez na barba? Está diferente...".
"Eu aparei".
House estava com a barba maior do que o habitual, mas muito bem aparada na região do pescoço.
"Ficou... Bom".
"Obrigado".
Ele também vestia uma calça e sapato sociais, uma camisa passada e blazer.
"Wow House, você está elegante".
"Eu sei me comportar se eu quiser".
Ela franziu os olhos. Cuddy vestia um vestido preto.
Chegaram ao La Trattoria e os amigos já estavam lá.
"Lisa... Quanto tempo não a vejo. Acho que já faz dois anos".
"Sim. Com certeza muito tempo. Esse é Greg House, meu noivo".
"Wow, você está noiva?".
"Aparentemente eu sou um felizardo". House disse simpático cumprimentando um a um dos presentes.
"Ele é médico e trabalha no hospital".
"Quer dizer que ela é a sua chefa?". Peter perguntou.
House tinha várias piadas e comentários para fazer sobre isso, mas segurou a língua. Cuddy estava na expectativa para ouvir algum comentário machista.
"Sim, ela é uma excelente chefa por sinal".
Cuddy olhou pra ele em choque.
"E qual é a sua especialidade?". Lana perguntou.
"Sou especializado em doenças infecciosas e nefrologia. Mas atuo no departamento de Diagnóstico".
"Dr. House é um médico diferenciado". Cuddy explicou.
"Imagino que sim, pra conquistar você". Ashley falou divertida. "Não me leve a mal Greg, mas eu tentei apresentar milhões de amigos pra ela e nunca nada estava bom o suficiente para os padrões de Lisa".
"Oh, eu sinto-me lisonjeado então". Ele respondeu.
Cuddy estava chocada com o comportamento do noivo.
Todos na mesa impressionados com House. Ashley a olhou com olhos de aprovação. Mais tarde naquela noite ela disse que Cuddy havia tirado a sorte grande, ele era bonito, simpático, inteligente e sexy.
A conversa fluiu bem. House se esforçando para espalhar simpatia e evitar os comentários ácidos que faria normalmente.
A certa altura Cuddy fingiu que recebeu uma ligação e disse que precisava de House por um segundo. Ele a seguiu. Cuddy o empurrou para o banheiro feminino e o prensou contra a parede.
"Você está sexy como o inferno".
"Wow, quer dizer que quando eu me comporto você não se comporta?".
Ela o beijou com intensidade.
"Em casa eu te quero todo pra mim".
"Eu acho que devo me comportar com mais frequência".
"Não... Em casa eu não te quero nenhum pouco comportado".
Eles se beijaram novamente e House começou a acariciar os seios dela.
"Calma lá meu leão... Em casa...".
Ela saiu do banheiro e o deixou ali, excitado.
Uma mulher entrou no banheiro e ele se desculpou, disse que havia confundido as portas.
"Tarado!". Ela falou quando olhou para a calça dele. House tratou de sair de lá e voltar para a mesa.
"Desculpem, eu tive um problema...".
"Imagina, sabemos como é a vida de médico". Lana respondeu muito simpática.
No carro House e Cuddy já começaram a pegação. Eles não se controlavam. Quando chegaram eles já entraram se agarrando. Antes Cuddy teve dificuldade para abrir a porta. A primeira vez foi no sofá mesmo, o quarto ficava muito distante. Depois foram para o quarto onde continuaram a saga sexual.
Eles estavam abraçados e muito satisfeitos e felizes.
"O que você achou deles? De verdade?". Cuddy perguntou.
"Peter é arrogante e acha que é o melhor investidor dos EUA. Ele já tentou me convencer a investir na carteira de oportunidades dele, você ouviu?".
"Sim, mas isso é mal de investidor".
"Mas ele está traindo a namorada".
"O quê?".
"Ele e Lana estão tendo um caso".
Cuddy riu alto.
"É verdade. Reparei em como eles se olharam e as mãos deles se esbarraram em mais de uma oportunidade, depois na despedida ele passou a mão nas costas dela de forma demorada e ela não se surpreendeu, aquilo é uma rotina".
"Não!".
"Sim...".
"Não é possível".
"Cuddy, tudo é possível".
Ela arregalou os olhos. "De qualquer forma, eles ficaram encantados com você".
"Eu posso ser encantador".
"Pode mesmo. E eu não sei se seria bom... Eu teria muitos problemas com você. Prefiro você rebelde".
Ele riu alto. "Sério?".
"Ok, nem sempre".
"Decida-se mulher!".
Ela riu. "Você é impossível. Eu te amo!".
"Eu também, apesar de você ser uma mulher confusa...".
Ela mordeu o mamilo dele.
"Aí!".
"Bem feito!".
"House, eu tenho o dia do papai na escola semana que vem". Rachel falou no dia seguinte.
"Ah é?". House respondeu já imaginando o pior.
"Você vem comigo para ser o meu papai?".
House ficou branco.
"Você vem? Por favor!". Rachel insistiu.
"Eu?".
"SIM!".
"Rachel...".
"Você é meu papai". A menina o abraçou de forma tão carinhosa que ele não teve outra saída senão abraça-la de volta.
"E o que eu teria que fazer exatamente lá?".
"Nós vamos cantar para os papais".
Ele quis rir, pois House nunca se imaginou em tal situação.
"E nós desenhamos os papais em uma folha bem grande".
"Oh, você me desenhou?".
"Sim, bobo".
"Sua mãe não pode ir?".
"Não, mamãe é mamãe. Não é o papai".
"Faz sentido".
"Você precisa falar com a sua mãe antes". House não sabia como Cuddy reagiria. Ela realmente queria que House fosse a figura paterna para sua filha?
"Tudo bem". A menina saiu feliz para perguntar a mãe dela.
Minutos depois a menina voltou. "Mamãe disse que depende de você".
"OH...".
Cuddy se aproximou e chamou House. "Filha, mamãe precisa falar com House. Por que você não vai assistir à televisão?".
A menina correu para ligar a tv.
"House... Não se sinta pressionado, eu posso pedir para Wilson".
"O quê? Pedir para Wilson bancar o pai dela?".
"Sim". Cuddy respondeu desanimada. Ela sabia que adotando uma filha solteira ela passaria por isso eventualmente, mas era o preço a se pagar para realizar um sonho de maternidade.
"Por que você chamaria Wilson?".
"Porque Wilson é bom com crianças, Rachel o conhece".
"Rachel o conhece como tio Wilson e não como pai Wilson".
"E o que você sugere?".
"Eu irei!".
Cuddy arregalou os olhos. "Sério?".
"Sim". House respondeu confiante testando a reação dela.
"Você sabe que ficará uma manhã toda fazendo as honras de pai. Receberá presentes, abraços, ouvirá músicas...".
"Nada que eu não possa lidar".
"Você tem certeza?".
"Se estiver bom pra você...".
Cuddy ainda estava chocada. Desde que Rachel começou a chamar House de pai ela não interviu muito, deixou as coisas acontecerem, mas agora ela sentia que precisava falar com a filha e explicar que House não era o pai dela, só que isso? House a surpreendeu.
"Por mim está ok, eu pensei...".
"Que Wilson era melhor?".
"Não. Absolutamente!".
Mas House sentiu-se magoado e se afastou. Ela o deixou, afinal, ela também precisava de um tempo para pensar, as coisas estavam caminhando muito rapidamente e Rachel estava envolvida agora, e se House causasse um trauma na menina?
Naquela noite Cuddy tentou se aproximar.
"Você vai ler a noite toda?". Ela se aproximou insinuante com sua camisola transparente. Mas House se afastou.
"O que houve?".
"Eu estou cansado".
"Cansado?".
"Sim, eu não tenho o direito de estar cansado?".
"Você nunca está cansado para sexo. Nem quando está doente".
"Tudo tem a primeira vez". Ele disse apagando a luz, mas ela reascendeu.
"House, o que houve? É sobre o episódio com Rachel, certo?".
"Por que você não quer que eu vá com ela? Você não confia em mim?".
"Não é isso. Você realmente quer ir ou só está fazendo isso para me agradar?".
Ele deu uma risada sarcástica. "E se eu quiser ir de verdade?".
"Eu adoraria que você fosse. Mas é Rachel, uma criança. Você ir significará que você é o pai dela, entende o que isso implicará?".
"E se Wilson for?".
"Eu conversaria com ela e explicaria que ele é tio dela e que ela não tem um pai".
"E o que eu estou fazendo aqui ao seu lado? Eu seria o eterno tio de Rachel?".
Cuddy arregalou os olhos. "Você quer ser o pai dela?".
Ele respirou fundo. "Não sei, por que dar nome a tudo?".
"Porque ela é uma criança e o cérebro deles precisa de definições. Se você for ela te verá como pai e não só nessa ocasião".
"Nós iremos nos casar. Rachel viverá conosco. Se alguém deve assumir a figura paterna, sou eu!".
Ela se surpreendeu com aquelas palavras. "Ok".
"Ok?".
"Ok". Ela disse feliz.
"Então é isso".
"Sábado limpe a sua agenda no período da manhã e vá disposto para ouvir crianças desafinadas cantando".
"Sério?".
"Confie em mim, eu passo por isso todo dia das mães, mas não poderia estar mais feliz!".
Ele sorriu.
"Eu tenho certeza de que você chora durante todo o tempo".
"Acertou!". Ela riu.
Então ela começou a beijá-lo e logo sentiu que House reagiu.
"Bem-vindo de volta garanhão!".
"Espera! Você irá para o evento de dia dos pais da escola de Rachel?".
House olhou sério para Wilson.
"Cuddy concordou com isso?".
"Eu não vou te dizer nada".
Wilson riu alto.
House continuou sério.
"Eu acho isso ótimo!".
"Oh, eu consigo ver como você acha ótimo".
"Não House, sério. Eu estou rindo porque não deixa de ser hilário imaginar você nessa situação".
"Cuddy queria convidar você para ir com Rachel".
"Eu?".
"Aparentemente tio Jimmy tem cara de pai Jimmy".
"Mas eu não tenho a mesma intimidade com Rachel que você tem".
"Ela mudou de ideia com medo de que pensassem que Rachel tinha um pai gay...".
"O quê? Ela disse isso?".
"Não com essas palavras".
"Sério?".
"Wilson, você pode continuar sendo o tio gay, fique tranquilo".
Wilson arregalou os olhos.
"Eu estou preocupado porque provavelmente serei o cara mais velho lá. Velho e manco". House disse com a voz triste.
"Ei... Você não deve se importar com isso. Você não se importa com nada que os outros pensem".
"Eu estou mais pra avô, Wilson".
"Rachel te convidou, ela te quer lá. Você é a figura paterna na vida dela".
"Então... Eu? Pai? Eu nunca quis isso, você sabe...".
"Bem... Você pode não ter escolhido essa vida, mas ela te escolheu".
Naquela noite House viu a nova cartela de anticoncepcionais na mesa de cabeceira de Cuddy. E ele lembrou-se de que Cuddy não havia menstruado ainda, estava atrasado. Um pânico tomou conta dele. Mas então um pensamento sensato interveio a seu favor. 'Isso é resultado da mudança hormonal por ter ficado quase um mês sem receber os hormônios. O corpo dela está se ajustando'.
Quando ele voltou para o quarto Cuddy o esperava na cama. "Ei... Você demorou... Estava com saudades".
Cuddy sempre foi muito disposta para sexo, mas ela estava especialmente inclinada a isso nos últimos dias.
"Você acha que eu preciso me barbear?".
"O quê?". Cuddy perguntou confusa.
"Para ir ao evento do dia dos pais com Rachel. Acha que eu deveria raspar toda a minha barba?".
"Não".
"Será?".
"Não, nunca! Eu não abro mão dessa barba raspando a minha virilha, você sabe disso".
Ele sorriu. "É uma sugestão?".
"É uma ordem".
Ele sorriu e a obedeceu.
Na manhã seguinte Cuddy acordou com muito enjoo, ela vomitou e se recompôs. Essa virose estava demorando a passar. Então ela olhou a cartela cheia de anticoncepcionais sobre a cabeceira da cama. "Oh não!". Ela foi olhar o calendário menstrual que tinha no celular e notou que ela estava há quase uma semana atrasada. "Ok Lisa, sem pânico!". Ela falou para si mesma. "Você não pulou nenhuma única pílula. A virose está alterando o seu ciclo, acontece... Ou a menopausa prematura".
"Pare de pensar!". House esbravejou.
"Volte a dormir!". Ela respondeu sorrindo.
"Você vomitou?".
"Você ouviu? Pensei que você dormia".
"Não quando alguém vomita alto me acordando".
"Oh, desculpe se meu vomito é um inconveniente".
"Você está bem?". Ele abriu os olhos.
"Sim, deve ser uma virose".
"Você está com essa virose há dias".
"Demora a passar...".
"O que você sente?".
"Um pouco de mal estar, tontura, fraqueza, enjoo, dor de cabeça".
Podia não ser nada, mas podia ser. House tinha que descobrir, mas como?
"Eu preciso ir!".
"Você está bem pra ir?".
"Sim!". Ela se aproximou para beijá-lo.
"Você vomitou e quer me beijar?".
Ela arregalou os olhos. "Eu escovei os dentes".
"Ah tá".
"Não! Agora sou eu quem não vou te beijar". Ela saiu indignada e o deixou pensativo. Mas Cuddy voltou poucos minutos depois.
"Olha o que estava embaixo de nossa porta". Era um bilhete:
Vizinhos depravados, se querem fazer sexo façam dentro de suas casas, não na porta de entrada. Esse é um bairro familiar.
"O que diabos é isso?". Cuddy perguntou intrigada.
House pensou. "Eu acho que podemos ter nos empolgado dias atrás quando voltamos do jantar".
"Oh meu Deus!". Cuddy cobriu a boca com a mão.
"E nem fizemos sexo em público, só preliminares…"
"Quem será que colocou esse bilhete?".
"Algum vizinho recalcado. Nem ligue pra isso".
"E se Rachel tivesse pego o bilhete? Ou Marina?".
"Rachel não sabe ler e Marina iria pensar que nós temos uma vida sexualmente ativa e vizinhos enxeridos".
Cuddy foi para o hospital aquele dia olhando em volta para tentar identificar quem era o intrometido.
Durante a manhã ela passou mal no hospital e resolveu passar em consulta com a amiga e médica Dra. Sara.
"Lisa, você pode estar grávida?".
"Eu estou tomando pílulas".
"Você pulou alguma?".
"Não".
"Você tem feito sexo?".
"Sim. Regularmente".
"Sem proteção?".
"Sim".
"Vamos fazer um teste para garantir, ok?".
"Ok". Ela respondeu completamente por osmose. Aquela ideia era absurda. Ela era estéril, tinha mais de quarenta anos, estava tomando anticoncepcionais.
"A tarde eu te chamo quando os resultados saírem".
House passou o dia pensando em meios para testar a noiva sem que ela percebesse. Como ele conseguiria sangue ou urina dela?
Mas ele se ocupou com um paciente e Cuddy desapareceu completamente pelo resto do dia.
Em determinado momento ela entrou no consultório de Wilson sem bater e sentou-se no sofá.
"Vejo que realmente casais vivem tanto juntos que adquirem hábitos uns dos outros". Ele falou estranhando o comportamento dela.
Ele a observou por alguns minutos e ela não esboçou nenhuma reação.
"Você espera que eu diga algo?". Wilson falou.
"Eu posso estar um pouco... grávida".
"O quê?".
Ela mordeu o lábio. "Ok, eu estou muito grávida!".
"WOW! O filho é de House?".
Ela o olhou ofendida. "Claro que sim".
"Oh desculpe, eu só...".
"Eu não saio por aí...".
"Não foi o que eu quis dizer". Ele corou.
"O que eu faço?".
"Você tem certeza de que...".
Ela mostrou o exame de sangue para ele.
"Oh, realmente você está muito grávida".
"Wilson... Como eu vou dizer isso pra House?".
"Vocês não usavam proteção?".
"Wilson, você usaria proteção com o amor da sua vida em um relacionamento fixo?".
Wilson arregalou os olhos.
"Eu tomo pílula, não pulei nenhuma, não sei como isso foi acontecer".
"Vocês devem ser muito férteis então".
"Essa é a questão", ela quase gritou. "Você sabe que eu tentei e não engravidei anos atrás. Eu fiz inseminação, três vezes. Duas delas não vingaram e uma... Eu tive um aborto espontâneos. Eu... Não posso passar por isso novamente".
"Quem disse que será igual dessa vez?".
"Eu não posso Wilson. Eu não aguentaria passar por isso novamente, ainda por cima perder um filho de House".
"Um filho de House". Wilson repetiu meio bobo. "O universo sempre nos desafiando, hein?".
"Ele está sob pressão atualmente. O casamento, Rachel... Será que ele vai aguentar mais isso?".
"Bom... Se ele está se preparando para se o pai de Rachel, mais um...".
"Eu estou falando sério".
"Eu também".
Ela curvou o tronco e colocou a mão no rosto.
"Você não quer esse bebê?".
"Em outros tempos eu sonhava com um teste positivo. Eu só vi um em toda a minha vida e fui tão feliz, por o quê? Um mês. Até... Tudo dar errado. E eu estava sozinha... Naquela sala gelada enquanto faziam curetagem".
"Isso não vai acontecer dessa vez".
"Como você sabe?".
"Porque é filho de House. House é teimoso, se o filho puxar ele...".
Cuddy riu. Era a primeira vez que ela ria desde que recebeu o resultado do exame.
"E você não está sozinha dessa vez. Olhe o anel no seu dedo".
"Wilson, por favor, não fale nada pra House ou pra ninguém".
"Mas você não vai dizer?".
"Na hora certa. Por favor!".
"Ok".
"Obrigada". Ela sorriu e saiu da sala.
"Oh Deus! Esse será o bebê do apocalipse!". Wilson falou em voz alta.
A noite eles se reencontraram em casa.
"O que vocês estão fazendo?". Cuddy perguntou quando chegou e encontrou House e Rachel cozinhando.
"O jantar. Papai está me ensinando a cozinhar". Rachel respondeu empolgada.
"Uh... Que cheiro é esse?". Ela perguntou depois de dar um selinho em House.
"Bacon. Só para a base do molho".
Cuddy saiu correndo em direção ao quarto.
"Cuddy?". Ele perguntou.
Mas ela se trancou no banheiro e vomitou. Depois ela respirou fundo, limpou a boca, trocou de roupa e voltou para a cozinha.
"O que houve? Eu não fui atrás de você pra não deixar Rachel sozinha com as panelas".
"Eu não gosto de bacon".
"Você não precisa comer... Eu estou fazendo outro molho pra você. Um bechamel".
"Ok, eu vou pra sala porque esse cheiro está me fazendo mal".
"Você está com enjoo?". Ele perguntou suspeito.
"Esse cheiro embrulha o meu estomago".
Mais uma evidência de uma eventual gravidez, House pensou.
Eles jantaram. Cuddy ficou bem longe de ter qualquer contato com o bacon.
"Você ficou ocupado com o paciente hoje". Ela disse.
"Se meu time não fosse tão inútil".
"Você sabe que eles não são inúteis".
"Inútil". Rachel repetiu.
"Filha não fale isso, não é bonito".
"E você? Como está a virose?". House perguntou tentando sondar.
Cuddy não podia demonstrar qualquer indicio da gravidez, não ainda. "Acho que melhorou".
"Tanto que você correu para vomitar agora há pouco?".
"Isso foi por conta do bacon".
"Com certeza...".
Cuddy mordeu os lábios, será que ele suspeitava? House era um gênio do diagnóstico. Oh meu Deus, ele não podia descobrir assim, não agora. "Vocês vão sair de casa amanhã cedo, eu gostaria de ser uma mosca para ver vocês durante o dia dos pais". Ela tentou mudar de assunto.
House pensou que a atitude dela era suspeita, mas entrou na onda. "Eu e Rachel vamos ser os mais legais dessa festa. Não é, Rachel?".
"SIM!". Ela falou e fizeram um cumprimento ensaiado.
Cuddy achou fofo.
Ela demorou a ir pra cama aquele dia. Ela ficou no laptop até tarde.
"Sério que você ficará trabalhando?".
"É só uma coisinha que eu tenho que terminar".
E ele foi pra cama frustrado. Não era normal que eles não fossem pra cama juntos e não fizessem sexo.
Cuddy não conseguia deixar de pensar na reação que House teria quando recebesse a notícia. Ele desconfiaria dela? Acharia que ela engravidou propositadamente? Entenderia? Surtaria? Isso estava tirando a sua paz.
No dia seguinte todos acordaram cedo, pois House e Rachel teriam o evento do dia dos pais.
"Se alimentem bem, vocês vão precisar com toda a cantoria". Cuddy disse enquanto fazia os ovos mexidos.
"Eu só vou sentar e observar". House falou. Ele tentava fingir naturalidade, mas estava extremamente tenso.
"Papai vai amar!". Rachel disse muito feliz e empolgada. Ela estava louca para apresentar House para os amiguinhos.
Eles foram.
House dirigiu até lá e quando chegaram algo o queria fazer voltar. Então ele respirou fundo e desceu com Rachel. Pegou a mão da menina e caminharam até a entrada.
"Ei Rachel". A recepcionista a cumprimentou.
"Ei papai!". A mulher disse para ele.
House achou estranho ouvir aquilo. Já era esquisito ouvir de Rachel, quanto mais de um estranho.
Eles entraram e Rachel se empolgou quando encontrou George e Bella.
"Esse é meu pai".
"Wow! Como ele é velho". George disse e House corou. A vontade dele era pegar o garoto e esganá-lo.
"E como você é nanico. Rachel é maior que você".
O menino arregalou os olhos.
"É verdade". Bella concordou.
Rachel riu. "Meu pai é o maior de grande de todos os pais".
"Ele é grande". Bella falou admirada.
House sentiu o seu ego inflar.
"Pais, o café está servido para vocês e seus filhos. Sirvam-se!". Uma professora anunciou.
House olhou o banquete e não fez pouco caso, ele partiu para o ataque. Rachel também.
"Ei, você chamou o meu filho de nanico?". Um homem se aproximou dele.
"Oi. Ele me chamou de velho".
"Mas ele é uma criança".
"E tem que ter educação". House disse.
"Como você? Você e sua filha estão devorando o buffet...".
"Wow! Eu não sabia que além de nanico havia sido você quem pagou pela comida toda".
O homem ficou ruborizado.
Rachel riu.
House sabia que não devia criar confusão logo no começo do evento, o que Cuddy iria pensar? Ele tentou se controlar e sorrir para outros pais. Mas ele era um dos mais velhos do evento, só ganhava do Steve Martin.
"Quem é aquele?". Ele perguntou para Rachel.
"Pai do Jason".
"Wow... Se ele é pai eu posso ser também". House falou para si mesmo.
"Eu quero dizer que eu não sou tão baixo assim". George se aproximou dele.
"E eu quero dizer que eu não sou tão velho assim". House falou.
"Ok".
"Ok".
E assim ficou. Rachel voltou a brincar com George e Bella.
"Desculpe por antes... Eu fico fora de mim quando mexem com o meu filho. Meu nome é Bruce".
House franziu a testa e conteve a vontade de mandar o sujeito a merda. "Gregory House".
"Minha esposa me obriga a vir, mas eu não sou fã desses eventos". O homem disse. "E você?".
"Oh, eu sempre choro em eventos assim. A paternidade mudou a minha vida". House disse.
"Que bom!".
House pegou mais comida.
"Agora peço para todos os pais sentarem-se e para as crianças procurarem a professora Rose. O show vai começar!". A voz no auto falante anunciou.
House terminou de engolir o resto da comida que havia pegado e se aproximou das cadeiras que ficavam em frente a um palco. Ele se sentou. House lembrou-se de que Cuddy pediu para que ele filmasse a apresentação de Rachel, então ele preparou o celular. Seria muito ridículo ele filmando como um pai coruja?
Minutos depois a cortina no palco abriu e as crianças graciosas vestiam terno e gravata. Rachel acenou pra ele muito feliz, ele sorriu e acenou de volta. E então elas começaram a cantar, enquanto a professora tocava piano. House queria rir, pois era sofrível, pra dizer o mínimo. Uma menina loira gritava em plenos pulmões atrapalhando toda a harmonia. Um menino, com a voz mais aguda que House se lembra de ter ouvido, destoava de todos. Era uma guerra entre a loira e o menino harpia. House gravava a tudo.
A música era sobre pais, devia ser uma composição da professora, House pensou.
Ao final os homens aplaudiram e as crianças correram para encontra-los.
"Papai House, eu tenho um presente". Rachel entregou um cartão com um desenho. Certamente era ele na capa do cartão. Havia barba, olhos muito azuis e uma bengala. Ele abriu.
Papai
Você é meu papai, meu House e eu te amo!
House sorriu. "Quem escreveu isso pra você?".
"A professora, mas eu que falei o que era pra ela escrever".
"Obrigado garota".
"De nada!". Ela o abraçou.
Depois Rachel pegou na mão dele e o arrastou.
House sentiu-se estranho, era como se ele estivesse vivendo a vida de alguém, como se ele fosse um impostor. Mas ele gostou daquela sensação, por mais estranho que parecesse.
"Professora, esse é meu papai".
"Olá. Muito prazer pai da Rachel".
"Gregory". Ele estendeu a mão.
Ela estendeu a mão de volta. "Lisa tem bom gosto".
House franziu a testa, a professora estava dando em cima dele ou apenas sendo gentil?
"Vem papai...". Rachel continuou puxando ele.
"Só uma pergunta professora. Podemos continuar comendo?".
Ela sorriu. "Sim, o buffet está à disposição".
"Ótimo, obrigado!".
"Vem papai!".
"O que foi Rachel?".
"Essa é a minha outra professora".
"Oh, muito prazer Gregory!".
"Muito prazer! Eu não sabia que Lisa era casada".
"Noiva". House disse.
"Oh, parabéns!".
"Obrigado. Ela é gostosa, não é?".
"A mulher ficou ruborizada".
"Ok... Bom falar com você". House percebeu que falou demais, puxou Rachel e foi pegar mais comida.
"O que faremos agora macaca?". House perguntou.
"Eu não sou macaca".
"Ok, Rachel. E o que temos pra agora? Qual a próxima atração?".
"Eu não sei".
"Você estava ensaiando, como você não sabe?".
"Não sei...". A menina respondeu graciosa e pegou alguns petiscos.
"Pais, agora nós teremos uma apresentação de vocês!". A mulher disse e House quase cuspiu a comida.
"O quê?".
"Eu me esqueci de falar". Rachel disse rindo.
"Você esqueceu-se de falar que eu deveria fazer uma apresentação?".
Ela balançou a cabeça em confirmação.
"Fantástico macaca!".
"Eu não sou macaca!".
O primeiro subiu e recitou um poema para a filha. House teve que segurar a risada, foi ridículo, pra dizer o mínimo. O segundo cantou para o filho, a voz dele era razoável, e a apresentação foi entediante. O terceiro fez malabares, House poderia ter feito isso, ele pensou. Todos subiram e mostraram algum "talento". Um dançou, outro imitou palhaço.
"Pai da Rachel Cuddy". A professora chamou.
Ele sorriu e foi até o palco. Rachel aplaudiu entusiasmada.
"Posso usar aquele piano?".
"Claro que sim".
"Obrigado".
House subiu, respirou fundo e pensou que eram apenas crianças. Ele se sairia bem. Então ele começou a tocar e a cantar uma música engraçada que se lembrou, pois na infância ele adorava aquela música. Ele cantava imitando vozes e as crianças gargalhavam. Ao final ele foi muito aplaudido, inclusive pelas professoras.
"Muito bom Gregory!". Uma professora disse.
"Papai! Engraçado!".
"Gostou macaca?".
"Sim!".
Antes de terminar, House ainda comeu mais algumas coisas.
Quando chegaram em casa Cuddy aguardava por eles.
"Como foi?".
"Bem!". Ele respondeu.
"Papai foi o melhor!". Rachel disse empolgada.
"Sério?". Cuddy perguntou curiosa.
"Sim! Todo mundo gostou. Ainda bem que ele é o meu papai".
Cuddy arregalou os olhos.
"A criança está exagerando". Ele respondeu. "Eu gravei a apresentação de Rachel". Ele mostrou pra Cuddy. Ela riu alto.
"Quero ver também". Rachel falou e reviram.
"A voz desse menino deveria ser proibida, ele ultrapassa os decibéis aceitáveis". House disse e Cuddy ria alto.
"E essa menina? Eu não saberia quem era o pior. Foi uma bela competição". Cuddy gargalhava.
"E eu?". Rachel perguntou.
"Culpe seus dois amigos, eles bloquearam o som de todos os outros". House respondeu.
"Você ganhou algum presente?".
"Ah sim". Ele mostrou o cartão para Cuddy.
"Que desenho lindo Rach".
"Obrigada mamãe".
"Você vai guardar isso?". Cuddy perguntou para House.
"Claro que eu vou!". Ele arrancou o cartão da mão de Cuddy e foi para o quarto. Ele precisava de um banho, ele precisava se afastar um pouco de tudo e todos, afinal, muitas emoções diferentes do habitual.
"Olha Rach, as sua professora mandou o vídeo do seu pai". Cuddy falou.
"Quero ver!".
Elas acessaram o vídeo e Cuddy ficou impressionada. Era como se House fosse um animador de festa infantil. Ele tinha jeito, ele tinha ritmo ele tinha carisma. As crianças amaram.
"Papai é muito bom!".
"Sim ele é". Cuddy falou lembrando-se de que havia uma parte dele em seu ventre que ninguém podia imaginar, exceto Wilson, isso a deixou em pânico.
Continua...
