Capítulo 16

Cuddy não dormiu aquela noite anterior ao ultrassom, House percebeu que sua noiva estava agitada. Ela tentou disfarçar, mas nada passava despercebido aos olhos dele. House preferiu fingir que dormia profundamente, mas ele também acordou durante toda a noite, ele estava preocupado, ele daria tudo para que os bebês fossem saudáveis, ele pensou que daria até a própria vida, o que não fazia nenhum sentido. House estava confuso com o misto de sentimentos que experimentava, isso era culpa? Só podia ser, pois não existia essa coisa de amor incondicional, definitivamente uma invenção da mente humana para romantizar a multiplicação da espécie.

Cuddy levantou-se muito cedo. Ela aproveitou para fazer uma sessão de ioga e tentar harmonizar a mente. Cuddy estava apavorada com a ideia de receber uma noticia ruim. Ela tinha certeza de que a qualquer momento essa noticia viria, era questão de tempo. Mas apesar de estar na expectativa, ela sabia que seria terrível para ela e para House.

"Você quer waffle?". House perguntou.

"Não, obrigada".

"Você precisa se alimentar".

"Eu irei. Tem uma salada de frutas na geladeira".

"Cuddy".

"Ok, eu sei... Estou sem apetite hoje".

"Coma um waffle mágico pelo menos, eu farei especialmente pra você". Ele insistia.

"Eu quero Waffle mágico, papai". Rachel chegou dizendo.

Ele riu. "É claro que você quer".

"Ok, eu vou comer um waffle mágico também então. Mas sem esse monte de calda de morango, chocolate, creme de amendoim e pasta de Nutella".

"Mas é muito bom com tudo isso mamãe, dá um sabor especial". Rachel falou.

Ela abraçou a filha e a beijou. "Eu sei. Mas o meu eu quero sem nada disso".

"Tudo bem, você não sabe o que é bom". House falou. "Você não aproveita uma boa mágica".

Eles comeram e se prepararam para sair. Iriam direto para o ultrassom naquela manhã. Deixaram Rachel na escola e seguiram para o consultório de Dra. Sara.

"Vai dar tudo certo". House disse quando chegaram. Ele não fazia ideia da razão para dizer aquilo, pois ele sabia que podia dar muito errado, mas era uma maneira de acalmá-la. Será?

Cuddy esboçou um fraco sorriso, mas nada respondeu.

House se sentiu muito estranho aguardando no consultório para ser chamado, enquanto ficava calado, pois Cuddy não falava nada, ela só esfregava uma mão na outra em sinal claro de ansiedade e nervosismo. Ele não podia fazer nada para acalmá-la e aquilo o estava matando.

"Lisa, Greg. Como vão?".

Eles sorriram e foram até o consultório.

"Eu não vou negar que estou ansiosa". Cuddy disse. House pensou que ansiosa não era o termo exato, ela estava em pânico.

"Vamos conseguir ver com mais detalhes agora, isso será bom". Dra. Sara disse otimista.

Cuddy se preparou e deitou-se na maca para que o ultrassom pudesse ser realizado. House teve gana de rezar mesmo sendo um ateu.

"Vamos começar...".

À medida que o gel era aplicado na barriga de Cuddy, ela sentia que estava mais perto de uma parada cardíaca.

"Aqui estão. Uma única placenta e duas bolsas bem definidas. Eles estão bem posicionados". Dra. Sara falou.

"Univitelinos mesmo?". House perguntou.

"Sem dúvidas".

"Vamos ouvi-los?".

"Mas já?". Cuddy quase se levantou da mesa em desespero.

"Vamos ver...".

De repente o som de dois batimentos cardíacos descompassados se fez ouvir em alto e bom som.

"Oh meu Deus!". Cuddy falou.

"Dois batimentos. Dois coraçõezinhos". Dra. Sara disse sorrindo.

Cuddy começou a chorar muito. House se assustou, pois era muito choro.

"Tudo bem?". House perguntou para ela.

"Sim". Ela respondeu em prantos. "Desculpe!".

O fato é que Cuddy estava deixando vir à tona todo o estresse emocional, toda a tensão que carregava desde que soube sobre a gravidez. Era como se aquele momento fosse um limite e seu corpo estava liberando tudo o que manteve trancafiado à sete chaves nas últimas semanas.

"Lisa, eu preciso fazer as medições. Posso continuar?". Dra. Sara perguntou.

"Sim, claro que sim". Ela disse.

Dra. Sara fez as marcações. "Tudo parece bem. Você pode se limpar e vestir a sua roupa".

Cuddy foi.

"Ela está bem?". Dra. Sara perguntou para House enquanto isso.

"Eu não sei...".

"O que ela diz?".

"Nada... Esse é o problema".

"Ela está com medo, em negação?".

"Talvez".

Quando Cuddy voltou eles mudaram o assunto imediatamente.

"Lisa, tudo parece bem. Como você tem se sentido?".

"Um pouco sonolenta".

"E o enjoo?".

"Diminuiu".

"Você tem tomado as vitaminas?".

"Sim".

"Sente alguma contração?".

"Nada".

"Em breve o seu abdômen deve começar a tomar forma, quando você pensa em comunicar sobre a sua gestação?".

"Eu não pensei nisso". Ela disse insegura.

"Talvez após a 13° semana". House falou.

"Semana que vem?". Cuddy perguntou surpresa.

"Você já estará com 13 semanas".

"Não... Talvez precisemos esperar um pouco mais. Vamos nos casar na semana que vem".

"E seria ótimo divulgar na festa, todo mundo estará lá mesmo". House disse.

"Não!". Ela falou bruscamente.

House e Dra. Sara notaram que ela não queria contar com medo de que algo desse errado. Eles trocaram um olhar e preferiram calar-se.

Quando saíram House puxou o assunto.

"Cuddy, está tudo bem com os fetos".

"Eu sei...".

"Sua barriga já está apontando, imperceptível ainda para quem não te vê nua, mas logo eles notaram também".

"Eu sei...".

"Ok".

"Ok".

E não falaram mais a respeito durante todo o dia.


"Como foi o ultrassom?". Wilson foi até a sala de House assim que pode.

"Não fale disso com Cuddy".

"Algo deu errado?".

"Não, tudo está certo, mas ela teve um colapso durante o exame".

"Colapso?".

"Ela chorou. Muito!".

"Ela deve ter se emocionado".

"Você não está entendendo. Ela chorou muito, rios de lágrimas".

"Por quê?".

"Se um dia você entender as mulheres ficará rico".

"Mas está tudo bem?".

"Tudo normal".

"São univitelinos mesmo?".

"Sim".

"Eu não consigo imaginar você com gêmeos idênticos".

"Eu não consigo me imaginar com dois bebês".

Wilson riu e deu um leve tapinha no ombro do amigo. "O mundo é um lugar insano".

"Vá dizer isso para a sua gata". House respondeu irritado e Wilson se afastou rindo.


À noite Cuddy demorou para voltar pra casa, House sabia que ela estava procrastinando a volta para evitar falar sobre os acontecimentos do dia.

"Ei Rachel, quer me ajudar com o jantar?".

"SIM PAPAI!".

"Venha, vamos fazer um ravióli de gorgonzola com molho Funghi".

"O que é isso?".

"Uma massa recheada com queijo fedido e molho de cogumelos".

"Queijo fedido?". Rachel riu.

"Sim".

"Credo!".

"É gostoso e caro".

"Mas ele não toma banho?".

"O queijo?".

"Sim!".

House riu. Ele não sabia se eram todas as crianças, mas Rachel era engraçada e o fazia esquecer-se dos problemas.

"Ele é francês, então não gosta de banho". House explicou divertido.

"Eca!". Ela riu alto.

"Ei!". Cuddy entrou.

"Mamãe!". Rachel correu pra ela. "Nós estamos fazendo um aioli de um queijo fedido que não toma banho".

Cuddy olhou confusa para House.

"É ravióli de gorgonzola com molho Funghi".

"Ah. É uma delícia!".

"Ainda mais que sou eu quem estou cozinhando". House se exibiu e ela sorriu.

"Vou tomar um banho".

"Ok".

Cuddy foi para o banheiro enquanto os dois ficavam cozinhando. Ela se despiu, respirou fundo, depois olhou no espelho. Realmente sua barriga já estava despontando. Cuddy colocou a mão sobre o abdômen e acariciou. Ela sentia que, pela primeira vez, não podia negar a existência daqueles seres dentro dela, eles tinham coração, eles estavam vivos e cresciam em seu ventre. Eles eram dela!

"Papai, o queijo fedido está gostoso!".

"Falei que era gostoso". House respondeu.

"Isso quer dizer que eu não preciso tomar banho".

"Rachel!". Cuddy chamou a atenção dela em tom divertido.

"Se eles são fedidos e são gostosos...".

"A única diferença é que eles são queijos e você é uma garotinha". Cuddy fez cocegas na filha que caiu na gargalhada.

"Eu acho que alguém preciosa de mais cocegas!". House falou imitando uma voz de monstro e partiu para cima dela.

Todos riram muito, a menina até ficou sem ar de tanto rir.

"Cuidado!". Cuddy falou assustada.

"Não é como se a menina fosse morrer por conta de cócegas". House disse.

"Nunca se sabe...".

"Cuddy!".

Rachel se jogou no sofá cansada de tanto rir. "Eu acho que fiz xixi na calça".

Cuddy balançou a cabeça. "Agora você cuida disso então, senhor".

"Eu não posso dar banho nela". Ele respondeu em pânico.

"Por que não?".

"Ela tem... hoo hoo".

"E qual o problema? Ela é uma garotinha".

"Eu não sei como lidar...".

Cuddy riu. "Ok. Eu vou. Mas você lava a louça".

"Mas mãe! Eu já cozinhei!".

"E eu estou grávida. De gêmeos!".

"Ok, você venceu!". Ele respondeu desanimado.

Depois do jantar eles estavam na cama, House queria falar algo, mas não sabia como iniciar uma conversa assim, ele não tinha sensibilidade o suficiente. Mas ele reparou que Cuddy colocou a mão na barriga e acariciou.

"Você... acariciou a barriga".

"O quê?". Ela corou.

"Você acariciou a barriga".

"E isso é um problema?".

"Não, mas isso é novo".

Ela não respondeu.

"Cuddy, isso é bom".

"É mesmo? E se eu me apegar e algo der errado?".

"Eu não posso prometer que nunca nada de ruim acontecerá, mas até agora tudo está bem".

"Eu tenho mais de quarenta anos, são gêmeos, e todo o meu histórico...".

"O meu abuso de drogas também". Ele foi solidário.

"Então... As chances de algo dar errado... Má formação, problemas intelectuais".

"Você quer fazer um exame cromossômico?".

"O que mudaria se soubéssemos?".

"Não sei, eu sempre penso que é melhor saber do que não saber...".

Ela respirou fundo. "Eu não quero nada invasivo. Não!".

"NIPT? Não é invasivo mas não é recomendado para gestante gemelar". House informou.

"Eu sei...".

Ele ficou em silencio.

"Eu prefiro seguir só com os ultrassons". Cuddy disse.

"Tem certeza?".

"Sim. Do que adiantaria eu saber de alguma alteração cromossômica agora?".

House iria dizer que poderiam terminar a gestação, mas isso seria a coisa errada a falar. Mesmo ele sendo um cara insensível, sabia que essas palavras cairiam como uma bomba.

"Ok. Faremos como você preferir".

Ela sorriu e deitou a cabeça sobre o ombro dele.

"Obrigada!".

"Ok".

"Não apenas por essa conversa, mas por tudo o que você tem aguentado de mim recentemente".

"Oh, não é nada". House respondeu. "Eu só faço pelo sexo".

Ela riu.

Se ela soubesse que foi ele quem gerou tudo isso com uma decisão egoísta e precipitada...


O grande dia chegou. Eles finalmente se casariam.

Seria uma cerimônia pequena e simples, mas de muito bom gosto. Cuddy pediu a ajuda de Wilson com a decoração e ele tinha muito bom gosto, escolheu as flores, os arranjos e tudo mais. House zombou dele dizendo que depois de velho ele virou uma tia solteirona, já que ajudava na decoração de casamentos, estava cada vez mais especializado em fofocas e compartilhava sua vida e apartamento com uma gata, o animal.

"Você está pronto?".

"Sim, mãe. Ou melhor: tia".

"Eu só estou preocupado em fazê-lo chegar no horário".

"Você está sempre preocupado com tudo. É como Cuddy, só que nasceu no sexo errado".

Wilson respirou fundo. "Eu nem acredito que você irá se casar".

"Você não é o único. Cadê as alianças?".

"Estão em segurança".

Wilson havia ido até Nova Iorque buscar as alianças que House encomendou. Elas eram em ouro branco e combinavam com o anel de noivado de Cuddy. Elegantes e caras. Muito caras!

"Como eu estou?". House perguntou. Ele vestia um terno azul marinho, com coletes, uma camisa azul claro e gravata azul marinho.

"Está ótimo. Também, eu ajudei a escolher a roupa".

"Mas você não me ajudou a escolher a minha boxer".

"Ok, não quero saber como será essa".

"É uma pena, você se surpreenderia".

"Vamos?".

"Eu preciso dar um jeito no cabelo".

"Você nem tem cabelos".

"Que engraçado Wilson, você deveria ser o Rei da Comédia". House disse passando a mão pelos fios de cabelo e os deixando bagunçados. "Pronto!".

"É isso? É assim que você arruma os cabelos?".

"Por quê?".

"Você deveria penteá-los, passar alguma pomada capilar...".

"Eu não sou você".

"Você nem raspou a barba".

"Eu aparei".

"Mas deveria ter raspado".

"Cuddy não quer. Ela gosta que a minha barba raspe na virilha dela enquanto...".

"Ok, ok. Eu não quero saber".

"Mesmo?".

"Mentira, eu quero saber sim. Cuddy gosta disso? Pensei que as mulheres preferissem não ter atritos com pelos faciais masculinos".

"Wilson, você não sabe nada de mulheres, por isso se divorciou tantas vezes".

"Vá se foder House!".

"Eu irei. Estou pronto!".

Wilson riu com o trocadilho que o amigo fez por conta de estar prestes a se casar.


A caminho do buffet House notou que Wilson estava com dor de cabeça.

"Reflexo da bebedeira de ontem?".

"Você não bebeu quase nada, mas eu sim".

House riu. "Você sempre exagera Jimmy. Você e festa não são duas coisas compatíveis".

Eles não fizeram propriamente uma despedida de solteiros, fizeram uma confraternização na casa de House e Cuddy. Eles tinham um espaço onde colocaram uma mesa de sinuca, alguns sofás, comes e bebes e chamaram alguns amigos. Julia e John, Wilson, Chase, Helen, Foreman, Masters, Taub, Treze. Poucos funcionários do hospital mais próximos de Cuddy. Também duas amigas de faculdade dela compareceram: Michelle e Cleo. As duas não acreditaram quando souberam que Cuddy se casaria com o lendário Gregory House anos depois de Michigan.

Os convidados jogaram sinuca, beberam, comeram. Havia karaokê e uma jovem monitora especializada para cuidar das crianças. Wilson exagerou na bebida e perto do final da festa ele estava deitado só de cuecas e camisa social sobre a mesa de sinuca.

House e Cuddy não ficaram juntos o tempo todo durante a festa, mas sempre que se esbarravam eles se tocavam. Um pegava na mão do outro, beijos breves eram trocados, mãos nos glúteos de Cuddy, e até uma mão apalpando a masculinidade dele. Em dado momento eles se trancaram no banheiro juntos e se divertiram um pouco mais, até Masters bater na porta porque precisava usar o banheiro.

"Eu disse que devíamos ter ido ao banheiro do nosso quarto". House respondeu frustrado.

Ela sorriu. "Mais tarde...".

Quando abriu a porta House olhou furioso para a sua funcionária. "Masters, você é virgem e não quer que ninguém se divirta também".

"Não ligue pra ele". Cuddy falou rindo enquanto passou por ela ajustando a blusa.

Masters ficou vermelha como um pimentão quando notou que ambos estavam lá dentro.

Chase ainda tentava se dar bem com Helen, mas a mulher não estava facilitando sua vida.

"Chase achou uma mulher que não cai por ele só por conta desse cabelo perfeito". House disse.

Wilson, que já estava bêbado, riu exageradamente alto.

"Eu tenho outras qualidades além do meu cabelo". Chase contestou.

"Os cílios". House disse e Wilson gargalhava.

"O que ele tem?". Chase perguntou.

"Bebida em excesso". House respondeu.

"Eu não estou bêbado". Wilson falou com a voz totalmente embriagada.

"Claro que não!". House falou.

Treze havia levado uma acompanhante do sexo feminino. Julia e John estavam chocados com as duas mulheres juntas, era tão fora da realidade deles.

Michelle achou Chase interessante e começou a investir, Chase acabou aproveitando a situação, afinal, Helen não queria nada mesmo.

"Michelle continua igual". House falou para Cuddy ao final da festa.

"Ela não perde tempo". Cuddy disse bem humorada.

"Ela vai perder essa noite...".

"Por quê?".

"Porque Chase é bonitinho e tal, mas não tem nada muito impressionante embaixo das ceroulas".

"E como você sabe disso?". Ela perguntou rindo.

"As pessoas falam".

"Que pessoas?".

"Ué, pessoas em geral".

"Ok House".

"Pergunte pra ela depois".

"Eu não vou perguntar isso".

"Até parece que vocês não se falam...".

"Eu não quero saber sobre Chase. Eu quero saber sobre você". Ela disse maliciosa.

"Ok, me convenceu. Vamos acabar logo com essa festa e fazer o que temos que fazer".

Ela riu e balançou a cabeça. Esse seria o seu marido e ela estava muito satisfeita com esse fato.


"Você está linda!". Julia disse para a irmã de volta ao dia do casamento.

Ela estava com um vestido branco simples, mas era branco. Cuddy sempre quis casar-se de branco. Ok, o casamento meteórico não valeu, ela estava bêbada e não amava o sujeito, agora era diferente e ela queria que durasse pra sempre.

"E eu tia July?". Rachel perguntou. Ela estava com uma roupa parecida com a de sua mãe e entraria junto dela.

"Você está maravilhosa, Rachel".

A menina sorriu satisfeita.

Cuddy olhou atentamente no espelho para ver se o vestido deixava à mostra a barriga que havia despontado nas últimas semanas, mas parecia bem. Ela havia escolhido um vestido não tão justo por conta do abdômen em expansão. Então ela colocou a mão na barriga e imaginou os bebês, sem perceber ela sorriu.

"Cuddy, quando você vai me dizer que está grávida?".

Ela olhou para Julia com semblante espantado.

"Eu já engravidei três vezes. Tenho experiência nessas coisas".

"Está tão evidente?".

"Não, eu te conheço porque sou sua irmã. E porque você estava acariciando a barriga com um semblante de mãe".

Cuddy sorriu, mas se preocupou. E se ela fizesse isso durante o casamento? Mais pessoas notariam?

"Você acha que mamãe vai notar?".

"Não se você não ficar acariciando a barriga".

"Foi involuntário".

"Eu sei... Eu tentarei te avisar se vir você fazendo isso".

"Obrigada".

"Mas eu posso te parabenizar sutilmente pelo bebê?".

"Bebês".

"O quê?".

"São gêmeos".

"Oh meu Deus! Você fez inseminação?".

"Não. Foi natural".

"Oh Lisa...". Julia a abraçou nada sutilmente. Rachel viu e correu para abraçar as duas mulheres. Ambas riram. Cuddy chorou. Ela estava sentimental.

"Quem mais sabe sobre isso?".

"Além do pai? Só Wilson".

"Eu me sinto privilegiada em ser a primeira mulher e familiar a saber. De quanto tempo?".

"Treze semanas".

"Wow Lisa. Eu estou tão feliz. Como você está?".

"Foi difícil. É difícil. Eu ainda penso que algo pode acontecer a qualquer momento. Eu tentei não me apegar e negar a existência deles, mas depois que eu os ouvi... Eles estão vivos, eles são meus".

"Quem está vivo?". Rachel perguntou curiosa.

"Nós! Todo mundo está vivo e todo mundo vai continuar assim por longos anos". Julia disse enquanto abraçava Cuddy novamente.

"Depois conversamos melhor". Cuddy falou, agora ela precisava focar em terminar de se vestir e não dar muitas pistas sobre a gestação para Rachel que estava presente.

"Só uma última coisa... Como House está lidando?".

"Bem, surpreendentemente bem".

"Que bom!".

"Lisa, me deixe vê-la". Era Arlene que entrava.

"Oi vovó. Eu estou bonita?".

"Oh Rachel, sim e você pode usar branco. Já a sua mãe...".

Julia e Cuddy viraram os olhos como sinal de desaprovação.

"Lisa está linda!". Julia disse.

"Não disse que ela está feia..." Arlene falou.

Cuddy riu. Sua mãe era inacreditável.

Então Aby entrou, ela era a tia preferida de Cuddy. Durante a infância e adolescência Cuddy desejava que ela fosse filha de Aby, pois a tia a entendia perfeitamente.

"Lisa, você está radiante!".

"Obrigada tia Aby!".

"Você está com um ar... não sei explicar. Um ar que transcende luz".

Cuddy e Julia trocaram um olhar cumplice. Depois Cuddy abraçou a tia e Arlene bufou. Ela sempre achou sua irmã exagerada, deslumbrada.

"O seu noivo já está pronto. Aliás, que noivo sexy hein". Aby falou e as mulheres riram, exceto Arlene.

"Gregory está aceitável, mas poderia ter feito aquela barba pelo menos". Arlene falou.

"Ainda bem que ele não fez. Não seria ele". Cuddy disse.

"Você está pronta?". Julia perguntou.

"Sim". Cuddy respondeu olhando no espelho.

"Vamos?".

"Sim!". Ela respirou fundo, pegou na mão de Rachel e seguiu.

Ela iria se casar com o homem que amava. Poucas vezes Cuddy teve tanta certeza de algo na vida.

Continua...