É você
Só você
Que na vida vai comigo agora
Nós dois na floresta e no salão
Nada mais
Deita no meu peito e me devora
Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto rio afora
É você
Só você
Que invadiu o centro do espelho
Nós dois na biblioteca e no saguão
Ninguém mais
Deita no meu leito e se demora
Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto rio afora
Na vida só resta seguir
Um ritmo, um pacto e o resto rio afora
Capítulo 17
House chegou e ficou no pequeno altar com Wilson a tiracolo, pois o amigo era o seu padrinho de casamento. House estava desconcertado, afinal, aquela situação não era usual e não era algo que ele imaginou para a sua vida. House nunca se imaginou casando. Os poucos convidados começaram a chegar e a sentar-se nas cadeiras. De repente ele avistou Cameron, quem a havia convidado?
"Quem chamou Cameron?".
"Não faço ideia". Wilson respondeu. "Chase?".
"Eles não terminaram mal? E ele não dormiu com Michelle noite passada?".
"Não sei".
"Oh claro, você apagou a noite passada e não se lembra de nada".
"Culpa daquela vodka".
"Culpa de quem tomou a vodka".
De repente House ouviu uma voz conhecida.
"Meu filho".
"Oi mãe". Ele respondeu forçadamente.
"Você está deslumbrante".
"Eu estou normal, só coloquei uma roupa social".
"Você está elegantíssimo e eu estou muito feliz".
Ele sorriu com timidez. Era realmente uma situação de merda aquela. Se as pessoas se amam e querem ficar juntas, por que precisam fazer uma celebração estúpida para mostrar isso para os outros?
"Ah... Eu trouxe Alex". Ela apresentou. Esse era o homem que House julgava ser o seu pai biológico.
"É um grande prazer estar no seu casamento". O homem disse estendendo a mão.
"Já que você não esteve no meu nascimento, não é?".
O homem arregalou os olhos, Blythe corou e Wilson também, pois ele lembrou-se do homem no funeral de John House.
"Eu...". O homem começou a falar atordoado.
"Não hoje, eu já tenho muito que lidar aqui". House disse e Blythe puxou Alex para sentarem-se.
"House...".
"Não hoje Wilson".
Ele respirou fundo. Tudo o que queria agora era um Vicodin para passar por aqueles momentos.
"Eu não acredito no que os meus olhos veem".
"Eu te disse!". Foreman falou para Cameron.
"House realmente vai se casar?".
"Tudo é possível se tratando de House". Foreman respondeu e ela riu.
"O que ela faz aqui?". Chase perguntou incomodado.
"Parece que Foreman contou sobre o casamento de House e ela quis ver com os próprios olhos". Taub opinou.
"Eu não sabia que eles se falavam ainda".
"Acho que não se falam, acho que ele só ligou pra dizer isso". Taub comentou.
"Eu não sabia que Foreman era fofoqueiro". Treze se intrometeu.
"E que Cameron era uma penetra". Chase disse.
"Relaxa Chase, tente parecer natural". Treze sugeriu.
"Só falta ela querer impedir o casamento dizendo que está apaixonada por House". Chase disse sarcástico.
"Cuddy acabaria com ela". Treze falou bem humorada.
Cameron acenou para Chase que acenou de volta fingindo naturalidade. Ele precisava encontrar Michelle e ficar ao lado dela, ele precisava de uma companhia para essa festa.
De repente a Marcha nupcial começou a ser ouvida, House deu um sorriso fraco, afinal, ele tinha certeza de que Cuddy optaria pelo tradicional: Marcha nupcial e vestido branco.
Ela entrou acompanhada de Rachel e com um lindo buque de rosas vermelhas.
Todos olharam e comentaram, ela estava linda e radiante. Cuddy buscou os olhos dele assim que pisou no tapete vermelho. House estava elegante, vestia terno, colete e gravata, mas de alguma maneira particular ele não parecia Wilson, ele conseguia dar um toque dele em toda a coisa. Cuddy sorriu ao vê-lo, ela se casaria com House, quem diria? Apesar do caminho tortuoso que trilharam nos últimos vinte e poucos anos, eles acabaram ali, naquele momento. Surpreendentemente.
House se viu sorrindo enquanto Cuddy entrava. Ele nunca se imaginou casando, nunca quis, nunca valorizou esse passo que alguns casais dão, mas, por alguma misteriosa razão, ele estava bem com isso naquele instante. Era Cuddy, a única por quem ele abriria essa exceção.
Rachel acenava para todos a sua volta, ela estava mais orgulhosa que a própria mãe. Os convidados sorriam para a noiva e para a menina fofa ao lado.
Quando Cuddy viu Cameron ela franziu a testa, o que aquela mulher fazia ali? Ok, se fosse para ter a prova de que House iria se casar e estaria definitivamente indisponível, que fosse!
House foi encontrá-la. Eles falaram sem palavras quando as mãos se tocaram. Cuddy sabia que House só estava ali por ela, e sentiu-se muito amada e especial. House sabia que esse era um sonho de Cuddy e sentiu-se honrado por fazer parte daquilo, mesmo sendo algo que nunca valorizou, era Cuddy ali.
Rachel abraçou a perna de House e não queria soltá-lo. Todos os convidados riam. Cuddy também.
"Papai vai se casar com mamãe agora para sermos uma família, tudo bem?". Cuddy abaixou-se pra falar com a filha.
"Tá bom!".
"Então você fica com a vovó". Ela apontou para Arlene e Rachel correu para a avó.
Ela e House se encaminharam para o altar. Wilson havia chamado um conhecido para realizar a cerimônia. House o fez prometer que o sujeito não era dramático, romântico em demasia ou muito falante. Ele queria que a coisa da cerimônia fosse breve.
"Gregory House e Lisa Cuddy. Eu não os conheço, mas recebi um ótimo histórico de Wilson". O sujeito começou e todos riram. Menos House que encarou Wilson.
"Ele me disse que vocês dois correram um atrás do outro como gato e rato por anos, que negaram o sentimento das mais diversas maneiras possíveis, que atormentaram a vida alheia de modo impensável. Ele me contou algumas histórias que me fizeram rir e outras que me fizeram questionar até quanto o amor pode suportar. Por isso hoje eu sinto-me honrado em realizar esse casamento".
House revirou os olhos.
"A maioria dos casais passa pelas provas do casamento após a união, sinto que vocês já passaram por todas elas, e se hoje estão aqui, sobretudo Gregory House que sempre foi veementemente contra o casamento, é porque verdadeiramente se amam".
Cuddy tinha lagrimas nos olhos e House só queria que aquele sujeito parasse de falar.
"Tenho certeza de que quem os conhece percebeu em algum momento que a perseguição, a implicância, era algo além de irritação. O amor as vezes se mostra das formas mais variadas. Como um menino na escola que irrita a menina para esconder um interesse".
"Ele está nos chamando de crianças?". House perguntou baixo.
"Ele não está totalmente errado". Ela respondeu baixo.
"Devemos celebrar quando o amor prevalece. Quando a vida invade tudo ao redor e transcende nas sutilezas desse sentimento".
"Oh meu Deus!". House disse baixo e Cuddy apertou a mão dele, como ela o conhecia melhor do que ninguém, ela tinha certeza de que ele estava morrendo por dentro.
Wilson tentava conter algumas lagrimas insistentes.
"Então estamos aqui para celebrar o amor de Gregory House e Lisa Cuddy que se unirão hoje pelos laços sagrados do matrimonio".
House bufou alto quando ouviu a palavra sagrado.
"Eu sei. Aguente! Por mim!". Cuddy sussurrou.
"Lisa Cuddy, você aceita Gregory House como o seu legitimo esposo para amá-lo e respeitá-lo por toda a vida?".
"Eu aceito". Cuddy respondeu emocionada e olhando para House.
"Gregory House, você aceita Lisa Cuddy como sua legitima esposa, para amá-la e respeitá-la pelo resto de sua vida?".
"Sim". Ele respondeu rapidamente.
"Ninguém vai questionar se alguém é contra o casamento?". Arlene perguntou.
"Você espera algo assim?". Julia questionou a mãe.
"Não sei…".
"Eu tenho algo pra dizer". Uma mulher muito grávida entrou no salão gritando e todos olharam pra ela.
"Eu estou grávida de Gregory". Ela disse em alto e bom som.
"O quê?". Cuddy quase desmaiou.
House não teve reação.
"Eu sabia…". Arlene esbravejou.
"Você vai mesmo me deixar grávida e se casar com outra?". A mulher se aproximava.
O time de House tentava conter uma risada. Wilson estava chocado.
"Ok, não sei quem fez a brincadeira, mas já fez o seu ponto. Muito engraçado". House disse.
"House, quem é ela?". Cuddy perguntou confusa.
"Não tenho a menor ideia, na certa é uma atriz".
"Eu sou Brandie, não se lembra?".
"Uma prostituta?". Cuddy só queria morrer naquele momento.
"Cuddy, eu não tive nada com nenhuma prostituta desde que ficamos juntos". House tentava explicar, pois a mão dela suava. Ele estava preocupado com ela por conta da gravidez, mas ninguém sabia disso, exceto Wilson e Julia.
De repente a mulher gargalhou. "Presente de seus amigos". Ela tirou uma almofada debaixo da blusa que dizia: Chegou o seu dia!
"Filhos da puta!". House respondeu olhando para o time.
Chase ria alto. Certamente ele era o mentor daquilo.
Cuddy respirou aliviada. "Eu mato Chase depois". Ela disse baixo para House.
"Por favor!", House pediu.
"Bom… Acho que podemos continuar… Então eu vos declaro casados! Podem trocar as alianças".
"Ei, nada dos votos de casamento?". Arlene gritou. Cuddy corou.
"O casal prefere fazer os votos em particular".
"E como eu vou saber o que ele prometeu para minha filha?".
Todos riram.
"Você nunca saberá". House explicou.
"Mamãe, por favor!". Cuddy estava corada de vergonha. Aquela cerimônia já havia virada um sitcom completo.
"Era só isso o que faltava. Não tivemos um rabino e agora isso...". A senhora reclamou.
"Dê-me as alianças!". House pediu para Wilson. Ele só queria terminar logo aquilo para focar na festa e na noite de núpcias. Essas eram partes bem mais interessantes do pacote de casamento.
Wilson começou a tatear os bolsos e a não encontrar as alianças. Ele corou. "Eu penso que esqueci as alianças".
"O quê?". Arlene gritou inconformada.
"Você as esqueceu?". House não acreditava.
"Sim!".
"E depois eu sou a pessoa que estraga os eventos...". House disse balançando a cabeça em total descrença.
"Você sabe onde as esqueceu?". Cuddy perguntou.
"Provavelmente no carro, ou no meu quarto".
"Então vá procurar. Não volte aqui sem as alianças". Cuddy orientou.
"Nós teremos que esperar ele voltar?". House perguntou.
"Com certeza". Cuddy informou.
"Ok". Wilson disse e saiu.
"Isso é inacreditável!". Arlene reclamou.
"Só podia ser o casamento de House". Chase disse divertido.
"O que podemos fazer pra passar o tempo?". House perguntou alto trazendo risadas gerais.
"Que tal os votos?". Arlene sugeriu e House olhou feio para a senhora.
"Eu sabia que isso não daria certo". Cameron comemorou.
"Eles estão casados Cameron, só falta as alianças". Foreman disse.
"Mas não foi perfeito".
"E quando a vida desses dois foi perfeita? O casamento está a cara deles". Foreman disse. "Disfuncional, interessante, surpreendente, eu diria".
Cameron sorriu sem graça.
"Mamãe, porque está tudo parado?". Rachel correu para eles.
"Porque o seu tio Wilson é um idiota". House falou.
"Wilson foi buscar as alianças, filha".
"Ele esqueceu? Que bobo!".
House riu. "Tá vendo? Até ela sabe disso".
"Eu estou feliz, nada vai estragar o meu dia". Cuddy disse.
"Nem Wilson esquecendo os anéis? Nem aquela brincadeira idiota de Chase? Nem a sua mãe se intrometendo em tudo? Nem Cameron aqui?". Ele sussurrou para ela.
"O que Cameron faz aqui?".
"Eu adoraria saber".
"Você não tem nada a ver com isso?".
"Eu? Claro que eu não. Por mim não teria convidado nem o meu time, que dirá uma ex-integrante".
"Mas nem ela vai estragar o meu dia". Cuddy falou sorrindo e eles deram um selinho.
"Ei... Nada de beijo antes da hora". Arlene se intrometeu.
"Deixe eles, são tão lindos juntos!". Blythe disse e Arlene a fuzilou com os olhos. O que aquela mulher sabia sobre eles? Ela nunca apareceu.
Alex acenou para House.
"Ele é namorado da sua mãe?".
"Ele é meu pai biológico".
"O quê?". Cuddy perguntou em choque.
"Depois eu te conto a história toda".
"Eu acho que temos tempo agora".
"Meu pai John não era o meu pai biológico".
"Wilson meio que me disse isso". Cuddy admitiu.
"Wilson é um linguarudo de primeira mesmo...". House reclamou.
"Você conhece Wilson. Mas como você sabe que esse homem é o seu pai biológico?".
"Porque faz sentido. E porque ele tem a mesma cor de olhos que eu, e o mesmo formato de rosto, e sempre minha mãe olhava pra ele com uma feição diferente, mesmo quando eu era criança, eu me lembro de achá-la boba na presença dele".
"Wow!".
"E ela teve a cara de pau de trazê-lo aqui".
"Talvez eles estejam em um relacionamento agora e talvez ele nem saiba que você é filho dele".
"Ela não me disse que estava em um relacionamento".
"Nem você disse a ela sobre nós. Tal mãe, tal filho".
"ACHEI!". Wilson entrou gritando. "ACHEI!".
Todos aplaudiram. Parecia a comemoração de uma vitória esportiva.
"Finalmente!". Arlene reclamou.
House olhou feio pra ele. "Deixe-me ver se são as originais".
"Claro que são. Estavam em casa. Em estava nervoso".
"Eu que estou me casando e você que estava nervoso?".
"Eu também não estou na minha melhor forma desde ontem".
"Ok, podemos terminar a cerimônia?". Cuddy perguntou.
"Sim". O homem respondeu.
"É por isso que eu amo essa mulher". House falou a fazendo sorrir.
"Então vamos finalmente realizar a troca das alianças". House colocou a aliança no dedo dela, Cuddy achou linda. Depois ela colocou a aliança no dedo dele.
"Eu os declaro marido e mulher! Pode beijar a noiva!".
Nessa hora House se aproximou, mas Rachel foi mais rápida e correu para sua mãe.
"Um beijo mãe!".
Todos riram, inclusive House.
"Hoje ninguém me deixa te beijar". Ele reclamou.
"Venha aqui!". Cuddy o puxou contra ela e o beijou apaixonadamente.
Todos aplaudiram. Alguns assoviaram e outros gritavam.
"Que beijo escandaloso, desnecessário". Arlene reclamou.
"Deixa de ser chata Arlene". Tia Aby disse.
"Mamãe, não esqueça que sei tudo sobre você e Jesus, melhor se comportar". Julia a ameaçou.
"Você está me ameaçando?".
"Se for pra você se comportar".
"Julia!".
Mas ela ignorou a mãe.
Depois do beijo, House estava marcado de batom e Rachel riu muito.
"Senhoras e senhores, apresento Gregory House e Lisa Cuddy-House".
Ele riu. "Eu sabia que você não tiraria o Cuddy".
"Agradeça que eu inclui o House".
"Você me ama a ponto de mudar o seu nome".
"Sim".
"Eu mal posso esperar para ver o seu novo nome na placa da porta da sua sala. Quem diria que haveria um House na porta da sala da reitora um dia? Você sabe que isso não vai agradar a todos".
"Que se fodam!".
Ele arregalou os olhos. "Eu gosto de uma mulher que fala palavrões logo após se casar".
"Eu não estaria me casando com você se eu fosse uma mulher normal".
"É um fato!".
Eles riram.
Continua...
Música: É você - Tribalistas
