Capítulo 20
De volta da curta lua de mel, eles reencontraram Rachel.
"Senti saudades!". Rachel correu para eles.
"Eu também filha". Cuddy disse beijando a garotinha.
Ela abraçou os dois. House não queria admitir, mas estava morrendo de saudades da menina.
"Papai, você trouxe presente?".
Ele riu.
"Rachel, você não pode pedir presentes assim...".
"Mas ele é meu papai".
"Relaxa Cuddy, a menina tem razão. Ela sabe o que quer e vai direto ao ponto, não é como os adultos que enrolam, manipulam e mentem".
"Ok, ótimas palavras para a educação infantil...". Cuddy respondeu bem humorada.
"Eu estou ensinando a minha filha a não ser uma manipuladora, mentirosa".
Cuddy sorriu. Certamente House nem percebeu que usou a palavra 'filha', mas ela sim.
"O que foi?". House perguntou confuso.
"Nada... Acho que precisamos ter a conversa com Rachel".
"A conversa? Ela não é muito nova para falarmos sobre sexo com ela?".
"House!". Cuddy corou.
"O que é sexo?".
"Filha...". Cuddy tentou disfarçar imediatamente. "Mamãe e House... Mamãe e papai precisam dizer algo pra você".
"É sobre o bebê?". Rachel perguntou ansiosa.
Eles arregalaram os olhos.
"Sim".
"Vovó estava falando disso sem parar com tia Julia".
"Ah é? E o que ela disse?". Cuddy perguntou e então sussurrou para o marido, "eu não sei se deveria ter perguntado isso".
"Ela disse que já era tempo da sua barriga seca fazer alguma coisa".
Cuddy ficou ruborizada em um misto de raiva e de vergonha.
"Não ligue pra ela Cuddy, a pele dela é que é seca como uma ameixa". House tentou consolá-la.
"Mas eu não entendi o que vovó disse". Rachel falou inocente. "O que quer dizer uma barriga seca? Porque a minha só fica molhada no banho".
"Filha, deixe sua avó pra lá". House falou, ele a chamou de filha novamente.
Cuddy percebeu, mas não disse nada para não tirar a naturalidade da circunstancia. Apesar de ter sido a coisa mais fofa que ela já ouviu, quer dizer... Tirando a primeira gargalhada de Rachel e o batimento cardíaco dos gêmeos.
"Eu estou grávida, Rach. Isso quer dizer que há dois bebês na minha barriga".
"Dois?". Ela perguntou surpresa. "A mãe de Theo estava grávida, mas só tinha uma".
"É uma gestação de gêmeos, é mais raro". Cuddy tentou explicar.
"O que é raro?".
"Minha especialidade". House se gabou. Cuddy riu.
"Quer dizer que é mais difícil de acontecer". Cuddy explicou.
"E um vai sair e o outro vai ficar na sua barriga pra sempre?".
"Não filha, os dois irão sair". Cuddy falou. Ela realmente esperava que ambos nascessem com saúde.
"Dois?".
"Eu também estou preocupado Rachel". House disse bem humorado. "E serão dois iguais, eles serão dois gêmeos idênticos".
"Igual Steff e Jennifer?".
"Isso mesmo Rachel". Cuddy confirmou.
"Meu Deus!". Rachel colocou a mão na boca de forma dramática e Cuddy riu alto.
"Eu acho que ela entendeu bem". House disse. "Mas quem diabos é Steff e Jennifer?".
"Duas colegas de escola". Cuddy explicou.
"Elas são tão iguais que parecem a mesma". A menina disse com um tom de voz muito hilário.
House riu.
"Mas vamos saber amanhã se serão dois meninos ou duas meninas". Cuddy explicou.
"Meninas!". Rachel falou.
"Essa casa ficaria cheia de calcinhas". House disse.
Rachel riu alto.
"Como se você se importasse". Cuddy o provocou.
"Eu serei o único homem aqui, com quatro mulheres".
"Você prefere menino?". Cuddy perguntou.
"Deus, não!".
Ela riu. "Será o que tiver que ser".
"Meninas!". Rache decretou.
No dia seguinte foram para o hospital juntos, como marido e mulher. Todos olhavam pra eles como se vissem dois unicórnios e uma barriga crescente que carregava mais dois deles.
"Acho que todos já sabem sobre a gravidez". Cuddy cochichou com ele.
"Desde o minuto em que Wilson abriu a boca. Tenho certeza de que muitos não esperaram nem um segundo para divulgar a boa nova".
"Somos tão populares assim?". Ela perguntou divertida enquanto cumprimentava a todos com aceno simpático e se encaminhava para a sala.
"Você é a reitora e eu sou o médico mais insano, acho que somos tão populares assim".
Ela riu. "Como esse hospital sobreviveria sem nós?".
"Seria muito mais chato e entediante".
Eles riram e continuaram seu caminho até a sala dela.
Cuddy estava mais relaxada para esse ultrassom, nem ela sabia explicar a razão.
Quando ela chegou havia inúmeros buques de flores em sua sala. "O que é isso?".
"Não olhe pra mim, eu estou tão confuso quanto você".
Cuddy começou a ler os bilhetes e eram flores de parabenização pelo casamento e pela gravidez.
"Oh meu Deus, House. Olha isso...". Ela estava emocionada.
"Não sei por que eu imagino que não recebi nenhum desses na minha sala".
Ela riu entre lágrimas.
"Eu tenho que agradecer a todos. Hoje farei um comunicado oficial e terei uma reunião com o conselho para divulgar e definir como faremos durante a minha ausência".
"Ótimo, boa sorte com isso".
"Você estará na primeira reunião, não falte".
"Vou tentar".
"House!".
"Ok, mamãe".
Ela sorriu.
"Eu só quero saber quando verei a placa de Dra. Lisa Cuddy-House na porta dessa sala".
Cuddy riu alto. "Não é a prioridade".
"Como não é a prioridade? Eu pensei que já estaria pronta para a sua chegada".
"Aham, todo mundo iria parar as suas atividades para atualizar o meu nome na placa...".
"Se pararam pra mandar flores...".
"É diferente".
"É inadmissível!".
Ela caminhou até ele, acariciou o peito do marido e o brindou com um selinho na boca. "Eu cuidarei disso o quanto antes, marido".
"É bom mesmo".
Quando House entrou havia duas caixas de presente sobre a mesa dele.
"Não são cinquenta buques, mas é surpreendente". Ele disse alto.
Lá havia um relógio, presente de seu time. E um livro sobre papais e bebês, presente de Wilson.
"Olá! Como foi a lua de mel?". Chase perguntava.
"Muito sexo!".
Chase riu. "Tenho certeza disso".
"Mataram alguém enquanto eu não estive presente?".
"Só dois homens, mas eles não eram grande coisa".
House sorriu. "Obrigado, pelo... presente".
"Ok, foi Masters quem insistiu".
"Imaginei".
Mas aquilo foi muito mais do que Chase imaginava, ele de fato agradeceu? Cuddy havia feito milagres.
Durante o dia Cuddy convocou os funcionários para dez minutos de conversa, ela anunciou a gravidez e agradeceu a todos pelos presentes e felicitações. Depois ela se reuniu com o conselho e definiram que Dr. Clayton seria seu substituto durante a licença maternidade.
House esteve presente no primeiro anúncio e não pode evitar um sentimento de satisfação. Ele era o homem de Cuddy, ela era a mulher dele.
Horas depois...
"House, eu preciso que venha aqui agora".
"Eu acabei de chegar, não é possível que eu tenha feito algo errado".
"Venha!".
Ele bufou, mas foi até lá.
Assim que bateu na porta ela orientou que ele entrasse.
"Você vai sair às seis horas?".
"Pretendo".
"Eu preciso de Donuts".
"O quê?".
"Eu estou com desejo de Donuts de creme com cobertura de chocolate".
"Você quer que eu compre Donuts pra você?".
"Sim. Muitos!".
House riu. "Ok".
"Obrigada!".
"Você vai demorar muito para ir pra casa?".
"Algumas horas ainda".
"Cuddy, você precisa relaxar, não pode absorver tudo".
"Eu sei". Ela deu um selinho nele e já começou a fazer uma ligação.
"Desmarcaram o seu ultrassom de hoje, o que é um absurdo uma vez que você é a reitora, mas não quer dizer que você deva exagerar...".
"Olá Dr. Zingerman...". Cuddy o ignorou e começou a falar com algum médico.
House saiu da sala frustrado e deu de cara com Wilson.
"Ei...".
"Onde você estava o dia todo?". House perguntou curioso.
"Ocupado... Muitos pacientes".
"Uh...". House desconfiou.
"Como foi a lua de mel?".
"Oh, muito sexo na limusine, obrigado por isso". Ele disse alto e alguns pacientes que estavam de passagem riram, pois entenderam errado.
"Cale-se!".
"O quê?".
"Você vai pra casa agora?".
"Vou, depois de comprar Donuts".
"O quê?".
"Desejo de grávida".
"Oh, então é importante, você não quer os bebês com cara de Donuts".
"Você acredita mesmo nisso?".
"Claro que sim. Eu tenho uma mancha nas costas que parece uma melancia, porque minha mãe conta que ficou com desejo de melancia".
House riu.
"É verdade".
"Quero ver!".
"Não aqui".
"Então eu não acredito".
"Depois eu te mostro".
"Então eu só vou acreditar depois".
Wilson bufou irritado e começou a levantar a camisa para mostrar a mancha. Nesse momento Cuddy se aproximou.
"O que é isso aqui? Por que você está se despindo no meio do corredor do hospital?".
"Oh... eu...".
"Ele disse que está com uma marca e pensa que pode ser sífilis". House falou bem alto chamando a atenção de muitas enfermeiras, médicos e pacientes.
Cuddy franziu a testa.
"É mentira!". Wilson corou.
"Comportem-se pelo amor de Deus. Aqui é um hospital. Coloque a sua roupa, Dr. Wilson. E quanto a você". Ela apontou para House. "Donuts já!".
"Ok senhora reitora esposa Cuddy-House".
Ela tentou não sorrir, mas ele era impossível.
O fato é que House comprou uma caixa com doze Donuts e levou pra casa. Chegando lá Rachel quis comer um deles e House deixou.
"Esses Donuts são para os bebês".
"As meninas?".
"Não sabemos ainda se são meninas, os médicos idiotas quebraram a máquina de ultrassom".
"Médicos idiotas!". Ela repediu e ia pegando o segundo Donuts.
"Ei...". House puxou a caixa para longe.
"Tem muitos".
"Exatamente, muitos para três: Sua mãe grávida e seus dois fetos".
"O que é um feto?".
"Um bebê em formação".
"Como os bebês se formam?".
"Na barriga da mãe através dos alimentos que a mãe come, por isso ela vai comer os Donuts todos".
"Tudo isso?".
"Não sei ainda...". House respondeu.
"Eles comem muito!".
House riu. "Tecnicamente a sua mãe ainda come por eles".
"Como assim?".
House explicou com mais detalhes que os bebês se alimentam através das mães e ela ficou impressionada.
"Eu também me alimentava através de mamãe?".
House não sabia o que dizer. Cuddy havia dito algo sobre a adoção? Então ele mudou de assunto até que Cuddy chegou.
"Comprou os Donuts?".
"Sim". Ele apontou pra mesa e ela comeu. Ela comeu como uma esfomeada.
"Nossa... Mamãe é comilona". Rachel disse.
"São os bebês falando...". House respondeu.
"Eles comem muito!".
House riu.
Cuddy comeu oito Donuts.
"Eu estava com muito desejo disso. Obrigada!". Cuddy falou indo para o quarto.
"Se tivermos sorte a sua mãe não sairá rolando até a gestação terminar". Ele falou para Rachel que riu muito só de imaginar a mãe rolando pela casa.
"Ei, não vá fazer xixi na calça de tanto rir".
A menina não conseguia se controlar. "Mamãe rolando...".
Naquela noite House falou sobre a pergunta de Rachel. "Ela sabe que é adotada?".
"Eu...". Cuddy arregalou os olhos. "Eu tenho dito coisas de acordo com a capacidade de entendimento dela, mas eu já disse algumas pequenas coisas".
"Eu acho que você deve aumentar um nível então".
"Será?".
"Ela precisa saber que não veio da sua barriga".
"Você tem razão".
"Falando nisso... Seus seios estão grandes".
"E isso é ruim?".
"Pelo contrário, isso é muito bom!". House a puxou para a cama e fizeram amor.
No dia seguinte eles teriam o ultrassom. Talvez pudessem ver o sexo dos bebês e Cuddy estava ansiosa, não apenas por isso, mas ela sempre ficava assim. Ainda habitava muito fortemente dentro dela o medo de descobrir que seus filhos não fossem saudáveis. A calma do dia anterior não se repetiu. Ela quase não dormiu, enquanto House dormiu profundamente.
"Você roncou".
"Eu não ronco". Ele argumentou.
"Você ronca baixo, mas ronca. Quando você está cansado".
"Eu fiz você gozar duas vezes ontem à noite, isso me desgastou. Eu mereço o sono dos justos".
Ele tentou distraí-la, pois sabia a razão do mau humor: Falta de sono devido a ansiedade e preocupação pelo ultrassom que se aproximava. Mas nada ajudou, ela estava tensa.
Eles foram juntos para a clinica da Dra. Sara. Cuddy sempre preferia passar em consulta na clinica particular da médica, o parto ela faria em Plainsboro, Dra. Sara era médica lá, mas as consultas pré-natal ela fazia questão de realizar fora do ambiente onde poderia haver muitos olhos curiosos.
"Eu soube do casamento de vocês, muitas felicidades!". Dra. Sara disse.
Cuddy sorriu. "Obrigada!".
House apenas acenou com a cabeça.
"Vamos ver se conseguimos definir o sexo dos bebês?".
"Na verdade meu espermatozoide já definiu isso". House falou.
Dra. Sara riu. "Você tem razão. Vamos ver se conseguimos visualizar então".
"Melhor". Ele disse.
Cuddy não comentou nada, pois ela não conseguia ouvir e ver nada nesse momento, apenas o seu coração que batia forte e acelerado no peito.
"Vocês tem algum palpite?". Dra. Sara perguntou.
"Eu não sei. O que vier será bem vindo".
"Corta essa Cuddy, diga o que você realmente acha que são, meninos ou meninas?". House tentava desanuviar o clima.
"Meninos".
"Por quê?". Dra. Sara perguntou.
"Porque eu tenho uma menina, acho que é natural querer o sexo oposto".
"Não é, eu quero meninas". House disse.
"Oh, então será interessante". Dra. Sara disse divertida.
O exame começou. "Veja só, um dos bebês está com as pernas bem abertas e bem confortável, eu posso ver com nitidez. O outro é mais contido, mas também posso ver. Como são gêmeos idênticos, não há duvida. O sexo é...".
"Masculino". House complementou.
"Exatamente".
"Meninos?". Cuddy perguntou.
"Sim. 100% de certeza".
"Eu vou ter um menino?".
"Meninos". House a corrigiu.
"Vamos continuar o exame". Dra. Sara disse.
O coração de Cuddy acelerou ainda mais e ela buscou a mão do marido. House percebeu e segurou a mão dela com força.
"Tudo parece bem, vou fazer um eletrocardiograma dos dois".
"Algo errado?". Cuddy perguntou muito preocupada.
"É procedimento padrão em caso de gêmeos, para analisarmos os batimentos de cada um".
Cuddy apertou ainda mais a mão de House.
"Está tudo bem, é procedimento padrão". Ele disse.
O exame começou e Cuddy podia ouvir em alto e bom som os batimentos cardíacos dos fetos.
"Eu acho que o bebê desinibido puxou a mim". House disse e Cuddy sorriu. "Ele já sabe que tem potencial no meio das pernas".
"Cale-se!". Ela disse rindo.
Dra. Sara sorriu e percebeu que ele tentava distraí-la.
"O outro todo acanhado parece Wilson. Cuddy, me diga, você não engravidou de um gêmeo de Wilson, certo?".
"Como se fosse biologicamente possível que gêmeos univitelinos tivesse dois pais distintos". Ela respondeu.
"Bom ponto! Então o outro puxou você".
Ela sorriu. "Você realmente é exibido".
"Tá vendo? Um deles é meu filho de fato!".
"O outro também, não negue o fato de que você terá dois meninos".
"É assustador pensar em dois meninos idênticos".
"É assustador pensar em dois bebês".
Eles riram novamente.
"Está tudo normal, eles são muito saudáveis". Dra. Sara disse e Cuddy sentiu-se levitar com a retirada de quilos e quilos de preocupação de suas costas.
"Está vendo? Eles serão dois diabinhos".
Cuddy sorriu orgulhosa e feliz.
"Rachel não vai gostar, mas... Ela vai entrar no meu time dos insatisfeitos".
"Não fale assim dos meus filhos!".
"Wow, a mamãe loba ataca?".
"O que são?". Wilson foi os encontrar assim que entraram no hospital.
"Você é inacreditável Wilson". House falou. "Se meus dois garotos forem como você...".
"Dois meninos?".
"Sim!". Cuddy sorriu.
"Oh meu Deus! O mundo está perdido". Wilson falou.
Cuddy estava muito feliz, pois os bebês eram saudáveis. Dois garotos para alegrar a casa.
Naquela noite Cuddy estava radiante em casa, ela contou pra Rachel que seriam dois irmãos e a menina não gostou.
"Meninos são bobos".
"Ei, eu não sou bobo".
"Você não é menino, você é o papai".
"É, tudo bem... Meninos são bobos!". House concordou.
"House!". Cuddy chamou a atenção dele. "Meninos são legais, filha".
"Mas você deve ficar bem longe deles até começar a ter cabelos brancos". House avisou e levou uma cotovelada de Cuddy.
"Você sabe que você não veio da minha barriga, mas eu te amei assim que te vi, não sabe?". Cuddy abordou o assunto com a filha.
"Sim!". A menina respondeu. "Mas de que barriga eu vim?".
"Da barriga de outra mulher, mas Deus te trouxe pra mim".
Elas se abraçaram e House arregalou os olhos. 'Deus te trouxe pra mim?', ele pensou. "Não era outra mulher, era uma adolescente". Ele falou baixo para Cuddy.
"Cale-se!". Ela respondeu baixo.
"E o adolescente do pai dela...".
"Shhhhhh...".
"Os bebês também vão ser levados pra outras mamães?".
"Wow, não Rachel, eles ficarão conosco".
"Ela fez uma boa associação de eventos...". House comentou orgulhoso do raciocínio da filha.
"E por que eu vim pra você e não fiquei com a outra mamãe?".
"Porque você era especial!".
A menina não entendeu bem, mas aquela palavra 'especial' agradou.
"Vem cá minha filha, eu te amo!". Cuddy a abraçou.
"Os meninos vão brincar comigo?". Rachel perguntou.
"Sim filha, mas eles precisarão crescer antes".
"Demora?".
"Um pouco...".
"Que chato!".
"Sim, é chato. Sobretudo a parte das fraldas e do choro". House comentou.
Enquanto Cuddy fazia o jantar, House e Rachel ficaram assistindo desenho animado na televisão e rindo alto. Cuddy não sabia quem era mais criança, ela ou ele.
"Eu...". Cuddy se aproximou e House assustou.
"O que houve?".
"Eu estou com desejo...".
"Oh não... Eu já trouxe os Donuts".
"Mas eu preciso de outra coisa".
"Cuddy... Isso não é real, é a sua mente...".
"Eu preciso de algodão doce".
"O quê? Onde eu vou arrumar algodão doce a essa hora?".
"Não sei, mas eu preciso disso. E não o comprado pronto já embalado, o de maquina feito na hora".
"Fantástico!".
"Oba! Eu amo algodão doce". Rachel se divertiu.
"Ok, então venha comigo Rachel".
"Oba!".
A menina e seu pai saíram a procura de algodão doce. "Onde vou encontrar algodão doce a essa hora?".
Eles passaram em vários lugares e não encontraram nada.
"Sua mãe que me desculpe, mas vou ao Walmart comprar um algodão doce que vem em embalagem...".
"Mas mamãe não quer esse".
"Sua mãe terá que se contentar".
"Esse não é tão gostoso".
"A sua mãe te instruiu sobre o que você deveria falar? Porque parece que eu tenho a pequena Cuddy ao meu lado".
"Eu sou a pequena Cuddy?".
"Quem mais seria?".
Ela riu alto. House balançou a cabeça. Ele estava cansado e frustrado.
"Ok, onde você já comeu algodão doce?".
"Nas festas dos meus amigos".
"Onde mais?".
"Parques".
"Estão fechados e não há festa hoje. Onde mais?".
"No circo".
"Ok, talvez haja algum circo nas redondezas...".
House procurou e nada encontrou.
"Rachel, precisamos de mais opções. Onde mais você já comeu algodão doce?".
"Uh... Na escola".
"Não funciona... Onde mais?".
"Não sei... Eu quero fazer xixi!".
"Oh não, Rachel segure".
"Minha gina dói".
"Sua gina?".
"É como mamãe chama...".
"Oh Deus! Espero que ela não chame de gino a genitália dos meus filhos".
"XIXI!".
"Ok. Vamos parar em algum lugar. Vamos ao Walmart, e eu vou levar aquele algodão doce de embalagem".
Eles estacionaram e entraram. Lá House ficou procurando pelo banheiro, mas Rachel gritou em volume máximo.
"MINHA GINA DÓI!".
House corou e todos olharam pra ele sem entender nada. Alguns o acusaram com os olhos.
"Ok, ela está com vontade de fazer xixi, só isso. Eu sou o pai dela!".
O segurança chegou perto. "Senhor, posso ver o seu documento?".
"Eu preciso fazer xixi!". Rachel gritava.
"Eu posso mostrar meu documento, mas isso vai demorar e essa pequena garotinha molhará todo o seu chão...".
Eles foram liberados e House encontrou o banheiro, então começou o desafio número dois: Rachel não queria entrar no banheiro masculino.
"Rach, eu não posso entrar no banheiro das mulheres".
"Mamãe entra!".
"Porque ela é uma mulher".
"Eu sou menina".
"Mas eu não sou... E eu sou um adulto".
"Eu quero fazer xixi". A menina começou a chorar.
"Ok, definitivamente eu odeio algodão doce".
House pensou em pedir ajuda para uma funcionária, mas Rachel disse que não.
"Então faremos o seguinte: Você entra comigo no banheiro masculino de olhos fechados e eu digo quando você puder abrir, ok?".
"Sim".
"Ótimo".
E assim fizeram. Rachel entrou na cabine e fez xixi, House a limpou (ele já tinha feito isso outras vezes em casa).
"Ótimo, agora vamos pegar o algodão doce".
Eles seguiram até o corredor dos doces.
"Papai, mamãe não quer esse".
"Oh Cuddy mirim, sua mãe terá que aceitar".
"Olha papai!". A menina apontou para a prateleira e House já sabia o que deveria fazer.
"Vocês demoraram". Cuddy reclamou quando eles chegaram.
House olhou furioso pra ela.
"O quê?".
"Você não sabe a noite que eu tive, quase fui preso injustamente".
"O quê?".
"Papai comprou uma máquina".
"O quê?".
"Você completou a trinca dos 'o quê'". House falou mal humorado enquanto retirava uma grande caixa do carro.
"Eu simplesmente não estou entendendo... Oh meu Deus! Você comprou uma máquina de fazer algodão doce?".
"Não reclame".
"Eu...".
"Você poderá fazer e comer o seu próprio algodão doce pelo resto da vida". Ele disse entregando os ingredientes.
"Mas... eu não sei fazer isso...".
"Ótimo, uma chance de desenvolver uma nova habilidade".
"Papai eu quero um azul!". Rachel pediu.
"Primeiro eu preciso de um banho". House partiu cansado em direção ao banheiro.
"O que houve filha?".
"Nós fomos em muitos lugares e papai me levou fazer xixi".
Cuddy franziu a testa, certamente essa não era a história toda.
O fato é que House mostrou-se um exímio especialista em algodão doce, e Cuddy teve o que queria.
"Filha, vamos dormir!".
"Não mãe, não quero". A menina falou firme.
"Você não tem que querer, tem que ir".
"Eu não quero!".
"Rachel dormir agora!".
"Não!".
House estava vidrado vendo a discussão de mãe e filha.
Cuddy olhou pra ele fazendo sinais com os olhos. "Fale com a sua filha!".
"Ela não pode?".
"Não House!".
"Ok. Rachel pra cama".
A menina pegou o que pode do resto de algodão doce e arremessou longe. Cuddy havia notado Rachel mais rebelde nas últimas semanas, ela julgava que podia ser por conta dos gêmeos e o ciúme natural do filho mais velho.
"Rachel pegue esse algodão doce agora, coloque na mesa e obedeça a sua mãe". House falou firme.
A menina assustou, fez bico de choro, mas obedeceu.
Cuddy ficou impressionada e House mais impressionado ainda.
Na cama ele sentia muito peso na consciência. "Eu fui rude com ela".
"House, ela precisava disso".
"Ela não vai gostar mais de mim".
"É claro que ela vai te amar igual amanhã, ela precisa de limites e você como pai dela fez o certo".
"Eu não gosto disso".
"Bem vindo a paternidade!". Cuddy falou enquanto o abraçava carinhosa.
"Sabe... Eu não sei como serei um bom pai de menino. As meninas reagem assim, mas os meninos são violentos".
"Eles serão crianças".
"Um dia crescerão".
"Até lá você terá se acostumado com eles".
"Será?".
"Nós vamos aprender juntos". Ela o tranquilizou.
Eles dormiram abraçados.
No dia seguinte era domingo e House é acordado com sexo oral, perto do final Rachel bateu na porta.
"House vá para o banheiro".
"Agora?".
"Sim".
"Oh Deus, eu odeio crianças!".
Ele precisou sair correndo para se aliviar no banho enquanto Cuddy lidava com a menina.
Quando ele saiu do banho ligou a televisão e começou a assistir um programa bizarro, mas ele ria alto então Cuddy foi ver o que ele fazia.
"O que é isso?".
"Um programa muito bom".
"Rachel está assistindo desenho animado, ela já tomou café. Você não quer comer algo?".
"Daqui a pouco".
Cuddy deitou-se com ele e começou a assistir. Era um reality show sobre relacionamentos, o programa era tosco. Um casal que só se falava a distancia finalmente estava se conhecendo pessoalmente.
"Ele disse que ela tem mau hálito e ela explicou que é porque tem uma ulcera estomacal". House explicou rindo.
"E você acha graça nisso?".
"Muita!".
Cuddy balançou a cabeça e o beijou no pescoço. "Desculpe não conseguir terminar o que comecei hoje cedo".
"Depois você precisa me pagar em dobro".
"Pode apostar!".
Eles passaram o domingo juntos, os três. A noite Rachel maquiou House e ele colocou um vestido de Cuddy, um vestido folgado, de grávida.
Rachel riu tanto que passou até mal.
"O que foi filha?". Quando Cuddy viu House vestido e maquiado daquela maneira, ela não se controlou e gargalhou.
"O que foi?". Ele falava sério imitando uma voz feminina e as duas riam demais.
House começou a desfilar com salto alto, o melhor que podia tendo em vista a perna.
"Meu Deus! Você como mulher é um grande travesti". Cuddy disse.
"O que é travesti?".
"Um homem que gosta de se vestir de mulher".
"Papai é um travesti".
Naquela noite Cuddy fez sexo com House. Eles começaram a se atracar quando ele ainda estava vestido de mulher.
"Minha primeira experiência lésbica". Cuddy disse rindo depois de fazerem sexo.
"Você deixou meu pênis com uma marca de batom". House observou.
"Ainda bem que você não deixou a minha vagina com uma marca assim".
"Porque a sua boca tirou todo o meu batom". Ele disse imitando mulher.
"Cala a boca e me beije!".
E eles se entregaram ao desejo.
O grande problema de todo esse evento cômico foi que na festa de Rachel uma semana depois, ela disse para todos que seu pai era um travesti.
"Eu queria falar com o Dr. Gregory House. Acredito que ele trabalhe nesse hospital". Uma mulher dizia na recepção quando Cuddy entrou.
"Dr. Gregory House não aceita pacientes". A recepcionista disse.
"Mas eu não sou paciente".
"Bom dia. Você precisa de algo específico com o Dr. House?". Cuddy perguntou curiosa.
"Eu sou uma... Amiga".
"Amiga?". A mulher não parecia ser uma prostituta, Cuddy pensou enciumada.
"Eu não o vejo há algum tempo".
"Venha comigo!". Cuddy orientou. A mulher acompanhou Cuddy até a sala dela.
"Sente-se". Cuddy disse enquanto organizava as suas coisas na mesa.
"Diga-me, você conhece House de onde?".
"Mayfield, na verdade".
Cuddy se surpreendeu. "Mayfield?".
"Sim, minha cunhada era uma paciente lá quando ele... Teve um problema ... Desculpe, eu não sei se deveria falar sobre isso".
"Por que não?".
"Porque não sei quanto você está a par da vida de Dr. House".
"Oh fique tranquila, eu sei sobre Mayfield". Cuddy disse. "Qual é o seu nome?".
"Lydia".
"Eu me chamo Lisa. Lisa Cuddy".
"Eu vi na porta. Você é a reitora desse hospital". Lydia foi simpática. Ainda não haviam providenciado a troca da plaqueta da porta dela com o nome de casada.
"Sim. Eu vou avisar House que você está aqui".
"Obrigada".
Cuddy pegou o celular e fez a ligação.
"Casar comigo não te dá o direito de me acordar a essa hora". House respondeu sonolento.
"House eu estou com Lydia na minha sala. Você aparentemente a conheceu em Mayfield".
House deu um pulo da cama. Ele nunca havia falado sobre isso com Cuddy.
"Sim". Ele respondeu rapidamente e Cuddy percebeu que havia algo aí.
"Ela está na minha sala, se você quiser vir...".
"Sim". Ele respondia monossilábico.
Mas ele levantou-se em um pulo para tomar um banho e ir ao hospital. O que essa mulher fazia lá na sala da esposa dele? Os pensamentos o assustavam, era melhor chegar logo ao hospital.
"Dr. House deve chegar aqui em alguns minutos". Cuddy respondeu.
"Obrigada. Você deve ser a chefa dele. Certo".
"Na verdade eu sou a chefa de todos os médicos, enfermeiros e times técnicos". Cuddy esclareceu. "Mas eu também sou a esposa do Dr. House".
"Esposa?".
Continua...
